Diz o senhor do dicionário que loucura é substantivo feminino (oras, convenhamos, só podia). Ele também diz que a danada da loucura é um distúrbio, uma alteração mental caracterizada pelo afastamento mais ou menos prolongado do indivíduo de seus métodos habituais de pensar, sentir e agir. Eu discordo. Acho que loucura não tem nada de “mais ou menos prolongado”. Tem gente que tem loucura na mente e tem gente que não tem. É simples assim. O que acontece é que, às vezes, a figura está menos abilolada. Mas deixar de ser? Impossível. Logo depois dessa descrição, o moço que escreveu o dicionário disse que loucura também é paixão, gosto desmedido por alguém ou por algo. Aí eu concordei. Concordei porque eu já tinha conhecido muita gente louca nessa vida, sabe? Gente só louca. Louca que eu achava que não se apaixonaria nem por um prato cheio de sarapatel. Mas, depois daquela menina das ancas, vou contar… Loucura e paixão são realmente farinhas do mesmo saco. Eu é que não tratava de investigar melhor os outros casos de maluquice que chagavam aqui na minha lojinha.
Quando ela me procurou, sim a menina das ancas, quem mais? Quando ela chegou aqui na lojinha e contou o que queria fazer, achei que fosse brincadeira. Se fosse paixãozinha adolescente, haveria um pouco de sanidade na cabeça daquela desmiolada. Mas eu não abri a boca. Separei as biqueiras, agulhas, tintas e deixei ela e a amiga falarem pra ver se a garota tomava consciência e desistia sozinha…

– O senhor acreditaria se eu dissesse que essa mulher bateu os olhos no Marcelo e pirou que ele era o homem da vida dela? Nunca tinha visto o cara, não sabia nada a respeito do sujeito e encanou que ele era perfeito, alma gêmea, um amor a primeira vista e todas essas sandices que a gente diz quando não quer admitir que está matando cachorro a grito.
– Eu não estava matando cachorro a grito, Juliana…
– Não, claro que não Laurinha… E eu que achava que você era uma das minhas únicas amigas que assumia quando a coisa estava feia para o seu lado. Antes, cinco meses era o seu limite! Mais do que isso você começava a beber pra esquecer. E ali, quando conheceu o Marcelo, fazia quantos meses? Dois, três no máximo.
– O que significa que você não tem a menor razão no que está dizendo…
– O que significava que: alternativa número 1 – o período de abstinência diminuiu drasticamente, alternativa número dois – só o Pinel cura, alternativa número três – Laura e Marcelo serão felizes para sempre, alternativa número quatro – a maluca vai realmente tatuar a cara do Marcelo na lateral direita da bunda! Dá pra acreditar, meu senhor?

Pra falar a verdade, eu não acreditava não. Já tinha visto neguinho pedir muita tatuagem bizarra: de vampiro mastigando galinha a Mickey Mouse em um dos seios. Mas, tatuar a cara do namorado na poupança, era a primeira vez.

– O seu problema Laura é que o Marcelo manda em você.
– Ele não mandou eu tatuar nada, Juju. Estou fazendo isso por amor, porque sei que nossos sentimentos são para sempre…
– Ué! Então por que é que ele não está aqui tatuando as suas bochechas na bunda dele?
– Já falei. Por que ele tem medo de agulhas. Só por isso.
– Sei, sei… E você, a masoquista da história, não tem medo nem de agulha, nem de ser feita de palhaça? Vai mesmo carregar o mané do Marcelo para o resto da sua vida aí nas partes?
– O nome disso é anca. Culote. Flanco!
– O nome disso pra mim é burrice! Valha-me Deus, onde já se viu? Meu senhor, dá uns minutinhos pra minha amiga antes de começar, pela-mor-de-deus? Dá uns conselhos, diz pra ela que isso é caso de internação, não de tatuagem.
– Pode tatuar, moço. Eu não preciso de tempo pra pensar, não. Aqui está a foto do meu namorado. Quero um close do rosto dele no meu quadril, invadindo a nádega direita… É a parte do meu corpo que ele mais gosta.
– Não falei que era na bunda…
– Xiii! Quieta, Juju. Já falou demais. Eu não vou desistir.
– Você está louca…
– Estou apaixonada, isso sim.

Eu bem que pensei em dizer pra menina das ancas que o moço do dicionário tinha escrito que loucura era um substantivo feminino que tem um gosto desmedido por se apaixonar só para poder fazer besteiras maiores do que as que são feitas normalmente pelas mulheres. Mas aí eu lembrei que a minha carteira estava bem vazia naquela semana… E, como o Marcelo tinha um tremendo de um cabeção, aquela era uma tatuagem que daria uma boa grana.

– Quer com anestesia ou sem?
————>>Continua.



Escrito pela Alê Félix
1, novembro, 2005
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Não desgrudar do celular e de todas as regras e muros impostos.
Ficar ao invés de namorar.
Ficar com alguém que você não vai querer conversar no dia seguinte.
Não pedir em namoro de vez quando só pra romancear.
Não dançar de rosto colado.
Beijar antes de flertar.
Adotar tantos padrões e modelos e preconceitos sem questionar de onde essas porcarias vieram.
Aceitar tão bem as revoluções visuais dos tonalizantes para cabelo e não abrirem caminho para uma revolução de idéias, atitudes…
Usar calças de cintura baixa.
Se vestir como todo mundo.
Pintar o cabelo da cor que todo mundo pinta.
Pensar como todo mundo pensa.
Ter tanto medo de ousar.
Fazer tatuagem sem que ela tenha uma história.
Transar sem camisinha.
Transar sem estar aberto pra se apaixonar.
Se relacionar sem ter coragem de se entregar.
Se entregar cagando de medo de se ferrar.
Fazer sempre o que é mais conveniente e aceitável e ignorar sua mente, seu coração.
Se espetar com coisas de metais por todos os cantos, como se tivessem aberto as portas da aldeia.
Pensar em morar com os pais até os trinta e muitos anos.
Não pensar em mudar o mundo mesmo que você não faça a menor idéia de por onde começar. Mesmo que isso nunca passe de um pensamento, como podem nunca pensar sobre questões maiores do que carreira, grana, egos e derivados?
Viver enclausarados entre paredes, TVs, computadores, cameras, telefones e esse emaranhado todo de fios que deixam a vida da gente tão desligada.
Ser conservadores, caretas, coxinhas e de direita com menos de vinte anos de idade.
Exceções e detalhes a parte, me expliquem o que fizeram com vocês. Como isso aconteceu? Foi o show da Xuxa ou a bicharada da TV Colosso? Eu juro que quero entender melhor essas coisas.



Escrito pela Alê Félix
29, outubro, 2005
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Meu queridão me mandou essa foto ontem por e-mail com o título “Bob Esponja Brasileiro”. Eu adorei… mas depois fiquei triste. Sempre que eu vejo alguém dormindo na rua penso em como devem ser foda os dias de chuva. No caso da esponja então…
Dia ruim. Nem de piada tô conseguindo rir em paz.

bobesponja.jpg



Escrito pela Alê Félix
26, outubro, 2005
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Ela é louca. Uma louca apaixonante. Já falei dela algumas vezes, mas sou obrigada a falar de novo porque a maluca é tão maluca que vive fazendo questão de jogar fora as coisas lindas que ela faz. Mas, graças a deus, ela ainda ouve minhas preces: Rita Apoena está de volta.



Escrito pela Alê Félix
26, outubro, 2005
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Não consigo dormir… Novidade, né? Fui fuçar os arquivos do blog e adivinha? Que merda… Será que ter um blog será sempre um eterno motivo para constrangimentos?
Seja o que for, a gente tem que ter uma cara de pau desgraçada pra postar e assinar embaixo. Que vergonha… Pior é que, mesmo assim, tô eu aqui escrevendo bobagem.



Escrito pela Alê Félix
26, outubro, 2005
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Queridões e queridinhas, os lançamentos dos livros Malvados e Blog de Papel acontecerão nos mesmos dias. Anotem aí:

Dia 12 de Novembro na Feira do Livro de Porto Alegre:

Tarde de Autógrafos, às 15h30, no Memorial do RS com o André Dahmer (Malvados) e com Milton Ribeiro, Ticcia Antoniete, Ane Aguirre (Blog de Papel).

Logo depois, às 16h30, na sala O Retrato do Centro Cultural Erico Veríssimo, haverá uma mesa de bate-papo sobre Literatura e Internet com a participação do Dahmer, os autores do Blog de Papel e mediação do escritor Armindo Trevisan.

Dia 19 de Novembro na Primavera dos Livros em São Paulo – OCA/Parque do Ibirapuera:

No espaço reservado para lançamentos, a partir das 18h00 – Coquetel de lançamento do livro Malvados com a presença do André Dahmer e, também, do Blog de Papel com os 14 autores e os 14 ilustradores que participaram da edição.
Rio de Janeiro e Goiania, ainda sem local e data confirmados.
Acho bom vocês irem se preparando. Novembro será um mês agitado e eu espero que vocês tirem o bumbum da cadeira e não me deixem vendo navios. Outra coisa: eu fiquei com vergonha de colocar meu nome lá em cima, junto com o pessoal do Blog de Papel, mas a verdade é que eu criei coragem e decidi aceitar o convite do Nelson Natalino para participar do livro como autora também. Morrendo de vergonha e rezando para os outros autores não desistirem de suas participações depois do meu ingresso, mas aceitei. Então é isso… De introMetida, estarei com eles aqui em São Paulo e, caso meu pavor de avião permita, em Porto Alegre e no Rio de Janeiro.

Beijinho e até já. Daqui pra frente várias novidades sobre os lançamentos.



Escrito pela Alê Félix
23, outubro, 2005
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O Biajoni vai comemorar seu aniversário nesta SEXTA (21 de Outubro) aqui na Vila Madalena, no Canto da Vila (fica na rua do Sacolão. O do sushi).
A festança será aberta aos blogueiros e leitores de plantão. Boa oportunidade pra papear, sair do virtual e, quem sabe, pegar um bom vírus da gripe falando comigo.
Maiores informações, no blog do Bia. Beijo e até lá.



Escrito pela Alê Félix
19, outubro, 2005
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Eu tinha dito que iria regularizar meu título pra votar no referendo, mas descobri que o prazo pra regularização acabou no mês passado. Dei graças a deus. Idéia estúpida aquela minha. Se eu tivesse regularizado, até agora estaria na dúvida sobre o que votar. Acho que, na hora H, seria sim. Mas enfim…
Algumas pessoas queriam saber como seria o processo de regularização do título caso eu o fizesse. Eu não fiz, mas meu irmão, que não volta e não dá as caras nas urnas há quatro eleições, passou pelo mico todo. Aliás, mico não, mico é votar.
Estou com ele no telefone… Ele tá dizendo que foi até o cartório onde ele tirou o título de eleitor, disse que queria regularizar a parada, apresentou o título e a carteira de identidade, rapidinho a mulher preencheu uns papéis, deu um boleto bancário pra ele pagar em qualquer banco no valor de R$9,10 (nove reais e dez centavos), ele pagou, voltou no cartório e fim. Isso tudo, segundo ele, sem fila e muito mais rápido do que o tempo que ele normalmente perdia na época que se dava ao trabalho de participar da palhaçada toda.



Escrito pela Alê Félix
19, outubro, 2005
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