Existem fases na vida que nada do que possamos dizer, nenhuma atitude aparentemente coerente, trará resultados tão positivos quanto pode trazer o exercício do silêncio.

Nos últimos meses (talvez anos), cada dia que passa prometo a mim mesma alguma mudança comportamental relevante, que coloque freio na minha agressividade, impulsividade e vocação para a insanidade. E, como todos os movimentos sempre foram em vão, decidi declarar guerra contra mim mesma, contra o meu ego, contra a minha língua.

Na maior parte dos casos, se eu não falasse absolutamente nada, se eu tivesse o mínimo de quietude pra esperar o tempo passar sem abrir a minha boca, além de evitar cansaço, desgastes e algumas tragédias, acredito que tudo se resolvesse naturalmente.

Como não consigo ser uma pessoa normal, que pensa antes de falar, que se expressa pra construir e não para destruir, decidi que meu primeiro ataque será um voto de silêncio. E para evitar que eu sabote o começo dessa minha guerra contra mim mesma (antes que eu acorde de bom humor e levante uma bandeirinha de paz , me permitindo abrir o bocão antes do tempo), decidi escrever para me comprometer e colocar algumas regras no processo para não prejudicar o dia a dia da minha vida profissional e familiar.

Levando em consideração o atrelamento da minha vida pessoal e profissional com a internet e o fato de que posso ser tão nociva escrevendo quanto falando, considerei nas regras abaixo que “falar” será o mesmo que “escrever”. MSN, e-mail, Skype, DMs, replys, retweets e e-etc serão usados no modo motorista de ônibus, ligado no “fale somente o necessário”.

Seguem as regras do meu primeiro ataque, as regras do voto de silêncio moderno.

Permissão Verde.

Eu sei que vai parecer campanha telefônica do tipo “fale a vontade”, mas @#$%-$#.

A “permissão verde” será usada para falar livremente nos seguintes casos e com as seguintes pessoas:

– Assuntos profissionais.
– Reuniões de Trabalho.
– Trabalhos voluntários.
– Funcionários, colaboradores, parceiros, sócios, clientes e quaisquer pessoas envolvidas direta ou indiretamente com minha vida profissional.

Permissão Amarela.

Sei também que os engraçadinhos dos meus amigos e parentes vão comemorar a decisão, dizer que enfim vou exercitar os ouvidos, mas já vou logo avisando que abusos na “permissão amarela” podem implicar em mudanças de categoria imediata.

A “permissão amarela” será usada para falar (escrever) com total atenção nos seguintes casos e com as seguintes pessoas:

– Amigos.
– Familiares.
– Desconhecidos que necessitem tratar de assuntos profissionais ou que falem somente o necessário, contanto que o assunto não seja pessoal.

Voto de silêncio.

– Desconhecidos e tentativas de comunicação sem propósito.
– Ex-namorados.
– Ex-maridos.
– Familiares e amigos de qualquer categoria de ex.

Prazo: três meses.
Objetivo: obter algum tipo de controle emocional, transformar a minha língua (mão) em uma língua (mão) e não na espada que ela se tornou.

Pareço maluca, né? Pois é…  Maluquice maior foi ter passado a vida defendendo meus pontos de vista, falando, escrevendo, tentando existir através das palavras. Saber ouvir e aceitar as diferenças é saber se comunicar, é construção de um bom caminho para ser trilhado junto. Mas o resto… O resto é só ego falando com ego, é nada, é lugar nenhum, é relação nenhuma.



Postado por:Alê Félix
13/06/2011
5 Comentários
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Kivia

dezembro 3rd, 2013 às 10:03

Deu tudo certo com o seu voto?


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Melo

março 5th, 2015 às 1:56

Parabéns ! Nunca desista. Nunca é tarde para tentar. Desejo sorte. Genial sua idéia.


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Carla Maria

abril 3rd, 2015 às 21:40

Ale, gostei de sua iniciativa. Estou querendo fazer isso também!! Eu não me aguento mais!! São tantas coisas, que nem sei por onde começar. Me identifiquei com o que escreveu. Então tentarei fazer um voto de silêncio para meu próprio bem e as pessoas ao meu redor!


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Priscila

junho 26th, 2016 às 18:21

Oi?!

Acho que te compreendo bem. Estou nos preparativos do meu voto. Você tem algum conselho ou relato para dividir?

Te agradeço.


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Daniel F.V.

fevereiro 7th, 2018 às 16:57

a


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