Free Burma!

Post do Inagaki:

“Se você não sabe do que se trata, saiba que, desde agosto, a população de Mianmá, liderada pelos monges budistas, protesta contra a ditadura imposta por um regime militar, em um movimento catalisado pelo recente aumento dos preços dos combustíveis e da cesta básica. Há anos, porém, o país sofre com a opressão imposta por seus generais: há centenas de prisioneiros políticos, dentre eles Aung San Suu Kyi, líder do movimento democrático e Prêmio Nobel da Paz de 1991. Além disso, casos de escravidão infantil são comuns em Burma. A repressão às manifestações pacíficas que mobilizaram mais de 100 mil pessoas foi covardemente violenta. Um vídeo da CNN mostra homens desarmados sendo espancados por soldados”.



Escrito pela Alê Félix
4, outubro, 2007
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Meus pais, irmãos, tias e sobrinho invadiram minha casa logo depois que me separei. Não porque minha casa é grande, mas porque eles acharam que eu poderia me sentir pequena, No primeiro fim de semana vieram meus pais, meu sobrinho e minha tia número três (classificando por idade. Tenho cinco tias-tias: aquelas que são irmãs do pai e da mãe). Depois veio um irmão, o outro, a irmã, a prima, meus pais de novo, mais tias, meu sobrinho toda vez porque criança não tem vez.
Sempre tinha alguém por aqui… Gente conversando, abrindo a geladeira, rindo, contando histórias, abrindo os jornais, cozinhando, fofocando, abrindo mais uma latinha de cerveja, vendo fotografias sobre a minha cama, dormindo no quarto ao lado, na sala, nos colchonetes espalhados pelo chão. Um fim de semana depois do outro, um dia da semana depois do outro, dia sim, dia não até que voltei a viajar e eles perceberam que podiam ficar tranquilos porque eu continuava bem grandinha. Mas também, né? Com uma família desse tamanho, impossível crescer só um pouquinho.
Indo pra Brasilia daqui a pouco. Outro casamento… 🙂



Escrito pela Alê Félix
4, outubro, 2007
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Tenho que tirar os comentários do blog por um tempo. Problemas estruturais que em breve deverão ser resolvidos. Acho. Já que estou com trauma de pedreiros.



Escrito pela Alê Félix
2, outubro, 2007
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Começo a achar que só empurramos a vida com a barriga, quando a barriga está maior do que a vida.
Melhor eu voltar a frequentar o Palmeiras. Grunf…



Escrito pela Alê Félix
1, outubro, 2007
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Descobri agora pouco como foi que o Casagrande se estourou daquele jeito nas ruazinhas calmas da Lapa. Quase fiz o mesmo nas ruazinhas calmas do Brooklin… Madrugadas vazias pesam sobre os pés. Deve ter sido isso…



Escrito pela Alê Félix
30, setembro, 2007
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– Pense em alguém que só trabalha…
– Eu passo os dias pensando em mim! Mas sabe, eu até que não me queixo muito. Só gostaria de que os dias tivessem pelo menos 30 horas.
– Quantas horas livres você gostaria de ter?
– Pelo menos cinco, e longe de tudo e de todos, para fazer o que bem entendesse. Evidentemente nesse “tudo e todos” incluem-se somente os que fazem parte do meu cotidiano.
– Hum… 8 horas de sono, 7 horas de trabalho, 4 horas com família, 5 horas de liberdade e eu acabo de te dar a receita do tempo perfeito.
– Se bem que eu não sei do que estou me queixando. Na minha cidade dá pra sair pelado às 2 horas da manhã e, certamente, ninguém vai ver. Para que mais tempo, então?
– Nenhuma alma viva as duas da manhã?? Vocês não tem Fran’s Café aí??
– Ah, tem, sim. E em todos os lugares tem promoção, aquela da xícara vermelha escrita NESCAFÉ. Não tem nem o mais simples café expresso!
– Eu morreria sem um Fran’s ou algo 24hs… Se bem que, poder sair pelada nesse horário e perambular de assombração pela cidade, é uma idéia muito da bacana.
– Nessa época não dá pra sair pelado, está muito frio.
– Ah, nessa época que é legal! Dá pra apostar quem agüenta mais tempo pelado sem morrer congelado. Lindo!
– Isto mesmo. Até que tu me deu uma idéia interessante, sabia!? Vou programar a primeira corrida noturna de Candelária City. Com brindes de vodka na chegada, prefeito fazendo pronunciamento e tudo mais.
– Também quero!
– Vodka ou correr?
– Vodka, principalmente se for aquela edição colecionável da Absolut e correr… Pelada! Não vamos esquecer a parte mais importante.
– E vai ganhar a corrida. Certamente ninguém daqui é bobo de querer correr na tua frente!
– Hum… não tinha pensado nisso. Ok, me chame pra cobrir o evento, tá? Eu vou de fotógrafa.
– Fechado. Vou mesmo fazer a proposta para o prefeito aqui da cidade.
– Posso cortar a fita da largada?
– Acho que o prefeito…
– Hum… Não, não. Pensando bem, melhor não. Eu sou meio cega, adoro vodka… vai que corto outra coisa!?
3 horas depois…
– O prefeito adorou a idéia e disse que você está convidada para dar a largada!
– Anh?? Dar na largada nem pensar!
– Não, sua louca! Dar A largada, cortar a fita e tal… Só pediu pra você manter toda a atenção na fita. Sabe como é… para evitar acidentes.
– PROMETO beber com moderação e não decepcioná-lo!
– Fechado.
– Fechado.
Dá pra acreditar que mês que vem eu vou até uma cidadezinha bacanona do Rio Grande Sul passar a tesoura numa fita dessas? Deus existe!



Escrito pela Alê Félix
27, setembro, 2007
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Devia existir uma empresa onde a gente pudesse contratar temporariamente maridos respeitáveis e eloquentes. Calma! Não estou a perigo. Estou brava com os pedreiros-eternos que contratei no século passado pra arrumar essa casa e não acabam isso nunca. Se você, minha querida amiga solteira e independente, acha que só pagar um pedreiro basta, saiba que não basta. Vou te contar como é: se você é legal e paga adiantado eles desaparecem, se você paga por dia eles demoram demais, se paga pelo trabalho tem que ficar em cima para que eles não o façam de qualquer jeito. É um inferno… Eles são especialistas em contos trágicos. Só me toquei que as histórias contadas não eram verídicas depois da décima vez que adiantei dinheiro para o infeliz do mestre de obras e o encontrei no boteco torrando o salário em cachaça com os amigos. Cheguei a triste conclusão de que homens mais primitivos só honram seus compromissos quando fecham acordos com outro homem e, de preferência, um que ele tenha medo ou respeito. E, acreditem, essas duas caracteristicas são mais complexas do que podemos imaginar. Por exemplo: a primeira opção me faz pensar em armas de fogo, meus berros e ameaças que estragariam, no mínimo, meu esmalte. A segunda parece simples, mas, pelo menos pra mim, é quase trabalho de evolução espititual. Pensa que é fácil lapidar a postura da voz ao sorriso e, mesmo assim, relacionar no papel cada serviço que será feito, estabelecer metas diárias, ir embora, mas manter a força dos nossos olhos e da nossa palavra sobre a cabeça de uma pessoa? É um pesadelo não poder esperar das pessoas que a palavra delas seja suficiente. Eu odeio esse mundo cheio de papéis, assinaturas e voz grossa.
Aliás, sabe aquele sonho lindo e cor de rosa onde construimos uma casa, uma familia e o cheiro de produtos quimicos da Doriana pela manhã faz a vida parecer ter um sentido? Baléla! Vou dizer uma coisa séria: construir uma casa e lidar com pedreiros deve ser algo muito parecido com a criação de um filho. Você acha que vai pagar dez e paga mil, acha que vai durar dez e dura cem, acha que está construindo um abrigo quando na verdade só está deixando uma herança.
A vantagem das pequenas reformas e dos pedreiros-eternos é que eles nos dão a exata dimensão do que é campo dos sonhos e do que é alicerce. Uma parede texturizada é bonita diante dos nossos olhos, mas tijolo, areia e cimento para erguê-la, não é não.
Tenho dormido e acordado com marteladas mantras “Tem certeza de que você quer dar o seu sangue, seu tempo e o seu suor por uma parede cor de rosa que precisará de reformas de cinco em cinco anos?”. Não paro de me fazer essa pergunta… Tanto para a construção da casa quanto para a construção do resto da minha vida.



Escrito pela Alê Félix
26, setembro, 2007
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Sai do toalete depois que acabou aquele barulho de sucção a vácuo que as descargas de avião fazem. Sabem como é? Vuuuuuuuum, chulap! Bizarro aquilo. Me pergunto se alguém já conseguiu ficar em paz e sentadinho na imitação de porcelana enquanto a descarga faz seu trabalho. Nananina-não! Nenhum temor pelo bumbum crumbiano que deus me deu. É aquele som que me dá aflição, sabe? Raramente vou até lá fazer xixi. Vou para matar o tempo porque me irrita ficar parada. Aproveito e dou uma checada no espelho, lavo as mãos com aqueles pingados de água morna-esbranquiçada e fico apertando a descarga só para ouvir o barulho bizarro e imaginar minha sobrevivência em caso de queda. Assim como em Lost, quem está no banheiro na hora da desgraceira, sempre sobrevive. O que me faz acreditar que deus deve proteger as crianças e os cagões… E parece justo.
A luz vermelha acendeu e o pisca-pisca sonorizava para que eu voltasse à minha poltrona e apertasse os cintos. Fiz hora. Esperei mais um pouco para ver se chacoalhava mais, e nada. Alarme falso. Abri a porta e sai do banheiro. Todo sentadinhos e com cara de turbulência passada, sorriam aliviados até que o co-piloto avisou “Chuva em São Paulo, pouso autorizado”. O que era sorriso virou reza. Mais esquisito do que descarga de avião e se trancar no banheiro em casos de sacolejo é ver que, depois dos acidentes, as palavras “congonhas”, “chuva” e “pouso autorizado”, causam a mesma reação que “apertem os cintos o piloto sumiu”.
Sentei rapidinho, viramos pra lá, viramos pra cá e na primeira brecada básica a dona que estava ao meu lado agarrou minha mão e disse “Reza que acaba logo! Reza que acaba logo!”. Acabou antes que eu considerasse a possibilidade. O povo aplaudindo no final como se tivesse sido salvo pelo superman. Uma tia no banco da frente fez sinal da cruz e confessou que pagaria a promessa feita nos últimos segundos. Acreditem, pousar em Congonhas com chuva tornou-se uma espécie de esporte radical com aumento significativo no número de ovos em cima de telhados e dedicados a Santa Clara.
Uma outra senhora começou a tagarelar sobre a premonição de um vidente de não sei onde que já registrou em cartório um acidente que, segundo ele, deve acontecer em outubro. Se rolar, querem apostar quanto que o sujeito será nomeado santo dos passageiros brasileiros desesperados e vai desbancar Santa Clara-pára-chuva?
Na saída, dei tchau para as comissárias e ouvi uma delas dizendo que é só chover que o povo aplaude. Vejam só que coisa: nas praias do Rio de Janeiro a galera aplaude o pôr-do-sol e aqui em São Paulo aplaudimos a falta de chuva na pista do aeroporto. E lá lá…
Outubro tô embarcando de novo, mesmo com a ave de mau agouro do vidente tacando o terror por aí. Esporte radical e filosofia de banheiro. Sabe como é, né? Depois de um tempo vicia.



Escrito pela Alê Félix
24, setembro, 2007
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