Da vida?
E, enfim, o único ato de protesto da brincadeira. Quando eu crescer quero ter tempo pra ser assim.



Escrito pela Alê Félix
17, agosto, 2007
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Dá para acreditar que aqui na minha rua ninguém se cumprimenta? Juro, nada de “bom dia”. Fui dar uma volta a pé pelo bairro só para me certificar e, nada. Até mesmo as pessoas que estão carecas de me ver pela vizinhança abaixam a cabeça, ignoram ou viram de lado meio sem jeito quando passo por elas. Não, não é pessoal, seus bestões. Já vi da janela que é geral. Um amigo que mora no interior do Rio, veio pra cá dia desses, pegou ônibus e metrô e disse que o movimento paulista dos “cabeças baixas” e dos “caras amarradas” são assustadoramente grandes e que um simples “oi” para uma garota bonita fazia ele se sentir convidando-a para um motel. Sai pra conferir e ele tem razão, não é um problema que afeta somente as pessoas da minha rua. Ninguém sorri pra ninguém, simpatia e pedido de esmola são ignorados com o mesmo tipo de nariz empinado e amedrontado. Feio, feio… Tanto ignorar um quanto o outro.
Minha gente, falando sério, custa? Tudo isso é medo de ladrão? De tarado? De tarada? Não há sorriso porque o mundo está perigoso ou o mundo está perigoso porque não há sorriso?
Não faço idéia de como é onde vocês moram, mas aqui em São Paulo a coisa está triste, triste… Sou a favor de combatermos o movimento dos “caras amarradas” com o movimento do “oi com sorriso”, “bom dia não é assalto”, “cara feia pra mim é fome”, “quer um biscoito?”. Podem me chamar de louca para sempre… Vou dar “bom dia” para todo mundo que me der na telha e no horário que for. Se a timidez apertar, vou só de sorriso até pegar o jeito. E vocês deviam fazer o mesmo!



Escrito pela Alê Félix
13, agosto, 2007
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Passei a semana toda com o nome de um lugar na cabeça. Segundo um amigo que sempre me convidava para ir até lá, um lugar bom-bonito-barato. Rô é um moço de bom gosto apesar de ser um confesso cara estranho… E, sinceramente, eu já devia ter idade suficiente para desconfiar dos três bes, nem vou reclamar da indicação.
Convidei os amigos-paus-para-todas-as-obras sem apelar: “Vamos pro Milo Garage? Tô com a intuição.Tô com a intuição. Melhor a gente ir… Pensem na intuição! Foco na intuição que todo mundo se dá bem. Vamos pela-mor-de-deus?”. Fomos.
Uma garagem de maconheiros vestidos como intuito de chamar atenção num bairro de riquinhos. Este é o tal do Milo Garage! Nada contra roupas de brechó e o uso de plantas de efeito duvidoso, estas foram constatações óbvias. Uma das caixas de som estava com problema e eu não conseguia parar de reparar. Acho que é necessário ter menos de vinte anos ou mais de dez doses de tequila no sangue pra isso não acontecer, mas enfim… Eu parecia ser a única que ouvia os estalos. Uma amiga, antes de irmos, disse que lá tocava indie rock… Logo pra mim, né? Como se essas variações me dissessem algo. E, talvez, não diga pra mim nem pra ninguém. Nada além de uma necessidade humana de rotular para poder se encaixar. Mas eu gostei das músicas. São legais, não dão dor de cabeça… Se bem que eu também teria gostado se eles tocassem Waldick Soriano ou Mamonas Assassinas… Ignorem qualquer opinião minha.
De verdade? Meus amigos são boas companhias e eu teria sobrevivido ao lugar sem divagar muito se tivesse bebido, mas não quero mais beber. Suco de uva sem açúcar é algo revelador… chega de álcool, sabe? Tô bem assim.
Generalizando só pra deixar meu cérebro viajar: devia ter mais de duzentas pessoas ali dentro. Rodinhas de amigos que não olham para os lados, não vêem nada além de seus próprios mundos, não se interessam por nada além do gênero musical que escolheram. A impressão que tive é que aquelas pessoas saíram de suas casas para fazer o que podiam fazer em seus próprios quartos. Ou, talvez, a repetição do vazio seja inevitável… Não sei. Num dos cantos do bar vi uma moça de uns quarenta e poucos anos com uma cara meio cheirada, sozinha e sacudindo no mesmo lugar feito todos os outros. Não consegui tirar os olhos dela… Sozinha, sozinha… E eu não parava de me perguntar em que encruzilhada da vida ela se perdeu…
Saímos do Milo Garage, encontrei um amigo da época da adolescência, o suco de uva me fez falar um monte de besteiras imperdoáveis, dei tchau para os amigos que peitaram a roubada ao meu lado e, ao invés de correr para casa, entrei no bar ao lado. Um lugar chamado Savassi que estava fechado para uma festa particular, mas – sei lá eu porque – pediram meu nome e me deixaram entrar. Fiz cara de pastel de vento e fiquei. Festa bacana, gente bem nascida, trintona, sem nenhum traço de rebeldia, tranqüilas em seu habitat natural de moedas de ouro. Cheirava festa de publicitários, mas não quis descobrir. Nenhum baseado misturado com o cheiro de perfumes caros. Casa bem ventilada, lugar bom, bonito e conta paga pelo dono da festa. Músicas que fizeram e fazem sucesso nas rádios eram tocadas pelas mãos de um DJ lindo, lindo… Nunca arrisquei ficar sozinha em um lugar assim, foi a primeira vez, foi um estalo de um nada qualquer. Adoro, adoro observar as pessoas… E elas estavam todas sozinhas, sozinhas. Tanto de um lado quanto do outro, tanto em um bar como no outro, independente do tanto de hipocrisia e de tristeza que cada um carregasse ou fingisse em seus sorrisos, a impressão era a mesma. Ninguém se mistura, ninguém se conhece, ninguém abre a guarda e todos gargalham e discursam sobre superficialidades em qualquer buraco que você se enfie nessa cidade. Todos loucos pra escancarar a guarda, mas… Como fazer isso sem parecer que o louco é você, não é mesmo? Lembrei da quarentona do Milo Garage, olhei para mim mesma no Savassi… Pedi mais um suco, mas lá não tinha o de uva.
Vou dormir. Acabo de ter uma das noites mais longas da minha vida e os anúncios de dia dos pais no rádio do carro acabaram de me lembrar que ainda tenho uma família pra olhar. Volto depois. Fui.



Escrito pela Alê Félix
12, agosto, 2007
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Logo, logo, aqui em São Paulo também. Aguardem.



Escrito pela Alê Félix
10, agosto, 2007
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Nicole está melhor, teve alta ontem e já está em casa apesar da descoberta de um edema pulmonar e hipertensão. Obrigada aqueles que puderam atender meu pedido. 😉



Escrito pela Alê Félix
9, agosto, 2007
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O que realmente importa…
Minha braço direito e esquerdo tem uma filhota linda de quatro anos que passou ontem por uma cirurgia cardiaca séria onde uma valvula que não funcionava direito desde que ela nasceu foi trocada. Ela está na UTI, estão tentando controlar a pressão desde ontem e tratar as diversas alergias que foram constatadas durante a cirurgia.
Estou escrevendo para pedir que se vocês estiverem aqui em São Paulo e puderem doar sangue pra nossa baixinha, eu serei muito, muito grata. De verdade, de coração.
Para quem puder doar:
Hospital do Coração
Rua Abilio Soares, 176 – Paraiso
Das 08h00 às 18h00 – inclusive aos sábados.
Dizer que a doação é para a Nicole Cezanhoque Rosa internada no Hospital Alvorada de Moema



Escrito pela Alê Félix
2, agosto, 2007
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Se existe algo que me causa grande inveja, é humor estável. Queria ter a serenidade de dormir e acordar dia após dia sem grandes oscilações, sem amar pela manhã, odiar durante a tarde e querer matar ou morrer em cada fim de noite. Juro que queria.
Hoje, só hoje e sabe lá deus até quando, estou mais tranquila. Por anos, cheguei a esquecer que o dia seguinte é sempre um milagre.



Escrito pela Alê Félix
2, agosto, 2007
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Voltei a dirigir de forma perigosa e, mesmo sabendo que já passei por isso antes, não consigo me controlar. Sarei no período que estava casada, mas acho que preciso que algo mais forte que eu me faça parar… Não quero que seja necessário, óbvio.
Três multas por excesso de velocidade, duas por não respeitar faróis vermelhos, uma por estacionar em lugar proíbido, uma por não usar cinto de segurança e outra por circular na contramão… Minha cara, né? Incontrolável, impaciente, arrogante, indestrutivel, rebelde… Burra!
Pouco antes de casar eu dirigia um pouco pior, mas naquela época não havia esse festival de radares e eu andava menos sozinha. O banco do passageiro ocupado é um “algo mais forte”…
Era bom não ter que pagar em dinheiro o preço das minhas lutas… Voltar pra casa de madrugada vendo o velocimetro bater os cento e dez, cento de vinte kilometros por hora na marginal era uma espécie de terapia de paz interior antes de chegar em casa, discutir com meu pai, desmaiar sobre a cama e acordar chorando dos pesadelos diários onde eu tentava sem sucesso agredir alguém (meu pai), gritar verdades para alguém (meu pai), mas só conseguia acordar com o peito arrebentado e chorar sem ninguém (sem ninguém). E era sempre assim, era sempre um vai e vem de confusões ignoradas nos dias seguintes e remoidas no inconsciente.
Ele simplesmente esquece tudo depois de ler o jornal e tomar o seu café da manhã… Não conversa, não é coerente, não se desculpa. Age como se nada tivesse acontecido depois de um ou outro surto, age de acordo com suas conveniências e não acredito que alguém saiba realmente o que se passa dentro daquela cabeça. E, pra não enlouquecer com hipóteses, aprendi a guardar as explicações carmicas positivas e a passar cafés depois de acordar dos meus pesadelos…
Eles voltaram logo depois que o Rube pegou a chave do apartamento… Meu pai tem me ligado todos os dias pra saber se estou bem. Tenho dito que sim… Óbvio.



Escrito pela Alê Félix
31, julho, 2007
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