Envelhecer é uma merda. Quando era inconscientemente, ok. Mas chega uma hora que você se olha no espelho e compreende, enfim, que a morte e as rugas são mesmo uma questão de tempo. Odeio morrer. Odeio envelhecer, odeio não saber como escapar do destino. Daria tudo e mais um pouco por qualquer possibilidade de vida eterna, fonte da juventude, qualquer um desses sonhos fúteis de quem não é – e não pretende ser – espiritualizado.
Sempre, nas vésperas dos meus aniversários, ou fico gripada ou apaixonada. Dois tipos de vírus que só existem para nos jogar na cama, causar desconforto e nos fazer valorizar a saúde. Um a saúde física, o outro a mental.
Estou cansada. Cansada de todas essas gripes, ciclos, vésperas e de toda essa infinita capacidade de me apaixonar, esquecer e seguir em frente…
Até que a morte me separe.
Passei a vida pensando e só fiz descobertas nas poucas vezes que desliguei os pensamentos, passo as manhãs me exercitando e só emagreço enquanto durmo, corro atrás do pão nosso de cada dia e ele só me aparece quando sento. Tento deixar as coisas do amor pra lá e elas não param de se achegar. Quanto melhor eu respiro, melhor eu acho que vivo, mais eu esqueço da lição… O que nos alimenta é o que nos mata.
Vivo me sentindo cheia de coragem, mas tudo o que faço é viver esperneando e tentando fugir da morte. Porra nenhuma… Preciso aprender logo que o segredo é porra nenhuma.
Acabei de me hospedar em um hotel com outro nome… Queria saber se é fácil, difícil, queria não ouvir meu nome por alguns dias. Hotéis são bons lugares para morrer… Basta colocar a plaquinha do “não perturbe” e você pode ficar tranquilo para pecar ou desaparecer sem que o telefone da recepção toque no auge da brincadeira. Adoro o silêncio e senso de privacidade dos hotéis… Não existe solidão maior, também não existe solidão melhor.
O Candy me dizia que não gostava de viajar a trabalho porque se sentia terrivelmente só quando se hospedava em hotéis muito luxuosos e impessoais. Louco! Odeio me sentir sozinha quando preciso chorar por algum tipo de miséria, mas dentro de um hotel todo tipo de solidão só me remete a preguiça e a luxúria. Dentro de um hotel, tenho a falsa impressão de que nem deus nem o diabo a quatro das pessoas conhecidas, estarão de olho nas merdas que posso vir a fazer. Paraíso… pedacinho de paraíso.
Ester Vasti de Amestris… Eu sei, devia ter dado um nome mais simples, mas ando precisando me sentir uma rainha rebelde. Uma ou duas? Tanto faz… Quantas rainhas e identidades secretas forem necessárias para fugir e mudar a história.
Foi uma noite sem paz, dessas que os sonhos acontecem como se fossem programas de televisão. Assisti todos e de nada eles me serviram. Acordava durante a madrugada, revirava, abraçava, achava que adormecia, mas não me ligava mais…
De vez em quando meu corpo desperta pedindo que eu tome alguma atitude… Urgente, de preferência. Levei um susto quando o sol entrou pelo quarto e me fez ver que, além de não estar acordada, ele já havia partido. Tentei avisá-lo pela janela, mentir que o café estava na mesa só para trazê-lo de volta, mas lembrei que na semana passada troquei o pó pelo chá. E ele nunca foi de chá… Talvez, ele nunca tenha sido de dose nenhuma, de droga nenhuma além de mim. Me tomou pra experimentar um pouco dos sonhos que aconteciam como se rodassem dentro das TVs, deixei que ficasse porque sonhei que ao lado dele eu dormiria para sempre e em paz…
E o tempo tem passado cada vez mais rápido… Tão rápido que um dia é capaz que a gente sinta saudade das pessoas que trocamos por nós próprios. Será a saudade o despertador necessário para enxergarmos que até o amor próprio é uma grande bobagem? Que auto preservação só serve pra nos tornar comuns e anestesiados, sobrevivendo entre espaços vazios que silenciam até mesmo o nosso pulso? Talvez, a gente só precise experimentar, aproveitar e parar de questionar… Tanto. Estamos acordados, a mesa está vazia e já é dia. Nada mais nos impede de ir embora, além dessa maldita cama que ainda nos faz perder a hora. Então, meu amor… Não me pergunte mais “e agora?”. Eu só preciso dormir… e gozar um pouco antes.
Deitei sem conseguir dormir, levantei sem querer sair da cama, tô em pé e com medo de cair. Odeio as fases das decisões importantes. Antigamente eu até que encarava bem. Respirava fundo e tentava não esquecer que, no final das contas, são elas, as decisões importantes, que se tornam as boa histórias do futuro. O problema é que hoje eu acordei de saco cheio do futuro… Preferia ter ganhado do presente a possibilidade de ser covarde em paz e não fazer absolutamente nada. Mas não… como sempre, tá lá meu cérebro bancando o despertador e gritando “acorda, babaca! anda e chega de drama!”.
E lá vou eu obedecendo, caminhando, as vezes batendo, as vezes apanhando, quase sempre com medo, quase sempre disfarçando.
PS. O blog está de volta. Escrever, por incrível que pareça, foi o único jeito que encontrei nessa vida para mentir menos.
Troquei o blog pelo twitter nos ultimos meses, não só pela falta de tempo mas também porque minha curiosidade me mata. Não que eu tenha gostado do twitter, não gosto. Assim como também não gosto de blogueiros. E aí você vai dizer e dizer e dizer e eu te digo: escrevo em um blog, não sou blogueira. E nem ache que ativei os comentários, isso é só mais um problema que não se resolve, esta aí de enfeite. Enfim, enquanto não volto…
www.twitter.com/alefelix
Ando numa fase chata, dessas que a gente passa a achar a humanidade (tô dentro) totalmente cafona e doente. Se não fosse pelo sexo e a morte, já tinha ido embora daqui.
Tô com a minha mãe no telefone e o namorado com cara feia esperando eu desligar esse monte de aparelho, então vou contar a novidade e sair correndo, mas depois eu volto. Agora tô aqui também ó:
www.bloglog.com.br/alefelix