Preciso pedir um favor para vocês. Não me importo de pedir favores quando a causa vale a pena ou quando é de vida ou
morte. Neste caso não há chance de ninguém morrer, mas a vida de alguém pode mudar bastante e eu garanto que este
alguém vale muito a pena.
Estou falando da Lia, uma das garotas mais carismáticas e
populares entre o público infantil e adolescente do universo dos blogs. A Lia é uma menina. Bem crescidinha é
verdade, mas com coração, jeito, gostos, tudo de garotinha. É uma dessas pessoas raras que ainda crêem em amor
eterno, conto de fadas e seres humanos. É engraçado falar da Lia… somos tão o oposto uma da outra que falar dela
me remete um pouco à doçura que eu acho que a vida me tirou. Nada que me faça gostar da Barbie mas de cor de rosa,
talvez. 🙂 Mas vamos ao que interessa.
Um dia o maridon achou o site da Lia e me disse que talvez fosse um bom veículo para fazermos divulgação. Era um
site de montagem de dolls, um dos vários sites que ela
desenvolveu. A mocinha passava o dia fazendo sites, tinha vários e sobre diversos assuntos. O dolls era a sua
fábrica de bonecas virtuais, a sua menina dos olhos, o seu palácio, como ela mesma o chamava no inicio.
Com conexão discada, aprendendo HTML e ASP (sozinha ou com a ajuda do namorado e com o incentivo da família que se
desdobra até hoje para custear faculdade, acesso a internet e tudo mais), o dolls foi crescendo e ganhando
reconhecimento.
A Lia é uma garota simples, que se esforça muito para conquistar os seus objetivos e que tem o dom de colocar uma
pitada do seu amor em tudo. Com todos esses ingredientes, era natural que o dolls virasse um sucesso mas, mais do
que sucesso, a Lia precisa de remuneração suficiente para contribuir nas suas despesas pessoais.
Ela quis arranjar um emprego, e eu temi que ela arranjasse um emprego bobo que não lhe desse o devido valor. Não
achava justo que uma garota tão esforçada e com um futuro tão promissor botasse tudo a perder arranjando um emprego
que lhe tirasse tudo o que ela construiu.
Como eu não pude fazer muito por ela, muitas vezes me perguntei se não era melhor que este emprego surgisse para que
ela abandonasse de vez a esperança de algo maior. Mas recentemente surgiram alguns sinais, acredito eu, de que esta
menina pode estar no caminho certo.
Ela ficou entre os dez finalistas do ibest na categoria entretenimento e tenho certeza de que esta é uma conquista
sem apadrinhamento, sem indicações duvidosas ou coisas parecidas. Qualquer mérito se deve aos seus esforços e ao
público fiel e querido que ela cativa. Nunca imaginei que um dia eu pediria para alguém entrar no ibest para dar um
voto, tenho muitas dúvidas sobre o sistema de votação dessas pessoas. Mas, se essa menina chegou até aqui sozinha,
porque não posso acreditar que ela pode ir um pouco mais longe? Não sei quantos benefícios reais ela terá com esse
prêmio, mas acho que pode ser um bom começo para uma garota que é digna de um estalo de varinha de condão sobre a
sua cabeça.
Vote no futuro da Lia você também.



Escrito pela Alê Félix
31, janeiro, 2003
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Fui uma péssima irmã. Dessas que ignora a existência dos mais novos, do “bom dia” ao “passa o sal”. Era tão
egocêntrica e metida a besta que quase não os vi crescer. Depois que saí da casa dos meus pais, passado o susto das
primeiras contas que tiveram que ser pagas, me dei conta do quão relapsa e fria eu havia sido com meus irmãos.
Deu uma crise de arrependimento e tentei correr atrás do prejuízo. Convidei minha irmã para um café – ela achou que
eu tinha surtado mas aceitou. Tentei aceitar as diferenças com meu irmão do meio e torná-lo menos distante do meu
dia a dia e passei a dar mais atenção para o caçula que não desgrudava do meu pé.
De lá pra cá as coisas melhoraram muito. Na medida do possível, tentamos sobreviver aos vínculos familiares e
perdoar os deslizes do passado. Mas, com meu irmão mais novo, a coisa às vezes sai do controle. Vira e mexe,
brigamos de bater o telefone na cara um do outro, mando ele à merda todas as vezes que estou com o ovo atravessado e
perco a paciência sempre que suas atitudes me parecem absurdas.
Sugeri, há alguns meses, que ele abrisse um blog. Eu, com meus planos megalomaníacos, achei que em breve ele
poderia, com o blog, tornar um pouco mais concretos seus sonhos de trabalhar com música. Ele gostou da idéia, fez o
blog, achou tempo no seu dia corrido para escrever, responder e-mails, conhecer as pessoas, visitar outros blogs e
tudo mais. Foram dois ou três meses, se muito. No início ele queria tirar férias para se dedicar ao blog mas a
agenda de trabalho não permitiu. Ele, que já andava estressado, piorou, mas continuou driblando a falta de tempo e
cuidando de todos os compromissos que assumiu.
O mês de dezembro foi um desastre, bateram no seu carro quatro vezes. Na última, o motorista se aproveitou das
circunstâncias e entrou com um processo para ser ressarcido pelos danos que, segundo ele, meu irmão causou. Estresse
e injustiça aliados à sua falta de atenção, mas não vou bancar a irmã chata. Não hoje.
O fato é que, na última sexta feira, meu irmão conseguiu tirar alguns dias de férias. Chegou aqui em casa no fim do
dia com uma expressão cansada, a voz meio rouca. Estava com uma boa grana na conta, suficiente para quitar os
prejuízos do mês anterior e dar entrada num carro meia-boca que facilitasse o seu dia. Foi até o computador:
correspondência atrasada e caixa postal cheia, velhos e novos comentários, velhas e novas amizades virtuais; há
quase uma semana não atualizava seu blog.
Eu achei que ele tinha desistido, cheguei até a criticá-lo:
– Não vai mais postar nada não, é?
– Não.
– Humm…
– Eu não tenho mais vida. Nem durmo direito. Passo mais tempo pensando neste blog do que em qualquer outra coisa. Eu
gostei de abrir o blog. Conheci muita gente legal por conta dele. Não vou parar de postar, mas não vou ficar escravo
disso. Aliás, vou tirar a parte de comentários e toda aquela parafernália que me faz procurar um computador o tempo
todo só para dar manutenção ao blog. Eu tô esgotado. Não vou fechar o blog, mas vou fazê-lo pra mim e não para
outras pessoas.
Acho que foi a primeira vez que ouvi meu irmão com seriedade. Ele tinha razão, a mais pura razão. Ele voltou para o
micro, ficou lá um tempo, escreveu por quase uma hora e em seguida apareceu na sala com cara de criança quando faz
traquinagem.
– Que foi garoto? Que cara é essa?
– Vou pra Salvador.
– O quê?
– Vou pra Salvador. Embarco amanhã cedo de Cumbica, volto de ônibus, fico um pouco em algumas cidades do sul da
Bahia, depois Rio de Janeiro e volto para São Paulo.
– E grana? E o carro? E o processo?
– Não me importo de ficar mais um tempo sem carro, não é o fim do mundo. O cara que me bateu está errado. Se ele
quis entrar com um processo, isto é problema dele, não meu. Mesmo que eu tenha que pagar pelo que eu não fiz, esse é
um problema menor e que eu só vou me preocupar quando tiver que pensar nisso. Eu sempre quis conhecer o nordeste,
sempre quis fazer uma viagem dessas: sozinho, sem saber direito para onde ir, como vai ser, quem eu vou conhecer…
essas coisas que você vivia fazendo, muito mais nova do que eu.
Levei-o ao aeroporto no dia seguinte, orgulhosa pra caralho. Falei com ele por telefone dois dias depois. Era outro
cara. Um cara confiante, sorridente, cheio de coragem e com a voz embriagada de uma felicidade que me soou familiar
e distante. Deu um aperto no peito, deu saudade de mim mesma e de tantas outras viagens e pessoas que estacionaram
nas lembranças da minha vida. Passou… dei com a minha cara cheia de lágrimas no espelho do banheiro e vi que
passou. Foi bom ter passado… Não me sinto mais como a irmã mais velha, não me sinto mais como a irmã ausente, não
os sinto mais como desconhecidos. Agora sou só a amiga e, por coincidência, a irmã.



Escrito pela Alê Félix
30, janeiro, 2003
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Desde o dia que eu abri esse blog tenho dado muito mais atenção a ele do que deveria. Com o passar dos posts fui
descobrindo que eu não tenho mais a habilidade para gerenciar várias tarefas ao mesmo tempo. Meu melhor dom feminino
foi para o beleléu. Acabou! Já fui boa nisso, hoje em dia sou mono-tarefa. Preciso me dedicar, preciso de tempo,
preciso pensar, preciso do prazer extraído do trabalho, preciso de paz e preciso, principalmente, trabalhar pouco;
uma meta quase impossível para alguém que mal consegue tirar férias sem ter crises de consciência.
Se eu tivesse filhos e precisasse me preocupar com o café da manhã, estaria completamente abilolada. Olho para essas
mulheres que se dividem entre a profissão, os afazeres domésticos, filhos, marido, entre outras invenções do
universo da mulher moderna e simplesmente não acredito. Fico me perguntando se dá tempo de viver, se dá tempo de
curtir o tempo, se dá tempo para se questionar ou mesmo sentir-se feliz. Talvez esta seja a questão: nunca conheci
uma mulher que lidasse bem com a ociosidade. Se há tempo, há uma enorme quantidade de bobagens passando pela nossa
cabeça. Partindo deste principio, quanto menos tempo livre, menores as chances do diabo se instalar e se esparramar
nas nossas mentes. É o acumulo de tarefas que sabota qualquer sensação de falta de importância, dedicação,
realização, etc e nos dá ares de missão cumprida no fim do dia.
Acho que deve ser por conta disso que nos enchemos de obrigações e nos dividimos em dias de missões impossíveis. Por
que eu estou dizendo nós? Não sou mais uma mulher maravilha. Já perdi os meus super poderes. Não sou mais como a
maior parte das mulheres. Que seja. Não tenho nada que precise da minha existência tanto assim… só a editora, a
editora precisa de mim e eu preciso dela para gerar produtividade nos meus dias de ócio. Produtividade? Não seria
“sentido”?
Ter um blog dá trabalho; escrever dá trabalho, mesmo que seja sobre os nossos umbigos.
Não consigo mais responder e-mails, comentários, não consigo mais tempo para comentar. Não vou parar de vir aqui,
até porque não consigo e não posso parar de ler os velhos e os novos blogs. Mas o meu tempo, que nunca foi precioso,
será oferecido para uma única tarefa. A única tarefa importante da minha vida sem responsabilidades e dependentes.
Vou cuidar mais e melhor da minha editora… porque talvez ela seja a única coisa verdadeiramente minha nestes dias
estranhos que me fazem acreditar que eu gosto mais de sol do que de chuva.



Escrito pela Alê Félix
29, janeiro, 2003
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Esqueceram de avisar São Pedro de que é verão na cidade de São Paulo e que, de vez em quando, o sol deveria dar as
caras.



Escrito pela Alê Félix
28, janeiro, 2003
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Estranha felicidade, estranho desconforto… a vida está mudando mais uma vez. Hora de ficar quieta no meu canto e
esperar os sentimentos se acalmarem.



Escrito pela Alê Félix
27, janeiro, 2003
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Poucas pessoas que passam por aqui conhecem o P.A.. E quem o conhece sabe que sempre que se fala dele ou se fala com
ele é melhor sentar, respirar fundo e esperar, porque lá vem história. Vou contar pra vocês quem é este cara.
Eu conheci o P.A. em Junho de 1987. Foi em um congresso da UNE ou da UMES, não lembro mais. Foi a primeira vez na
vida que eu viajei sozinha, foi quando eu me apaixonei por política e foi um dos momentos que mais me trouxe pessoas
e histórias pra contar. O congresso aconteceria na cidade de Bauru e estudantes de toda a capital paulista se
reuniram na Estação da Luz para irmos de trem até a cidade. Lembro até hoje, com uma certa emoção, da estação tomada
por estudantes cantando a música “Será” do Legião Urbana. Era uma multidão boa de olhar, um frio na barriga bom de
sentir e eu não me recordo de ter batalhado tanto por algo, como fiz para convencer os meus pais a permitirem que eu
fosse àquele congresso. Fiz de tudo. Expliquei, persuadi, discursei, manipulei, menti, só não me permiti chorar e
espernear; afinal de contas eu não tinha mais idade para essas coisas.
Eles cederam com a condição de que me acompanhariam até a hora do embarque para se certificarem sobre os fins da
viagem e com que tipo de gente eu viajaria. É claro que eu pagaria o maior mico da face da Terra! Imagina! Eu seria
a única bobinha com papai e mamãe à tiracolo, mas era o preço. Me submeti às ordens dos donos da minha existência e
tratei de ser o mais discreta possível ao lado deles. Quanto menos gente me visse, menor o número de comentários
sobre a “protegidinha da mamãe” – os meios justificariam os fins.
Chegamos na estação e, não satisfeitos em me darem uma carona, eles quiseram conversar com os responsáveis pelo
congresso. Queriam saber com quem eles poderiam brigar caso tudo desse errado, coisas de pais. Como se houvessem
pessoas disponíveis para me proteger, como se eu não soubesse me proteger sozinha! Mal sabiam eles que ali era cada
um por si e deus a favor de todos. Mas eles quiseram se certificar de que eu estaria em boas mãos e eu tratei rápido
de pensar em alguém com cinco anos a mais do que eu, que estivesse afinado na retórica e que sacasse rápido que eu
precisava de uma defesa. Fui atrás de um dos organizadores e o apresentei para família. Começaram com as perguntas
básicas: kit de sobrevivência, possibilidades de más companhias e se havia divisão de meninas e meninos na hora de
dormir. Não adiantou eu dizer que o meu saco de dormir era individual. Vergonha das vergonhas, mas fazia parte do
processo “te amamos e nos preocupamos com você”.
O interrogatório ia de vento em popa até que surgiu no campo de visão da minha querida mãe quatro rapazes
entusiasmados carregando tantos garrafões de vinho que não era possível identificar seus rostos. Foi o fim! A cara
dos manés não dava pra ver, mas seus gritos de “Oba! Vamos encher a cara!” ecoavam até a Catedral da Sé.
Minha mãe me agarrou pelo braço.
– Vinho pra quê? Com esses bêbados você não vai a lugar algum!
Quis morrer de catapora preta! Fuzilei o organizador com meu olhar de “me salve agora e faça esses meninos
desaparecerem”, mas não adiantou muita coisa. Por um momento, até ele parecia não entender o que significava aquilo.
Foi quando um dos entusiasmados por trás dos galões de vinho surgiu e caminhou em nossa direção com um sorriso que
eu temi ser fruto de teor alcóolico. Ele chegou, se apresentou e eu joguei as mãos para o alto da cabeça. Eu tinha
completa convicção de que minha ida estava arruinada, até que o senhor simpatia, depois das apresentações, começou a
falar.
Sem que ninguém mencionasse a preocupação dos meus pais e o que estava em jogo naquele momento, ele imediatamente
explicou que o vinho seria usado pela organização do congresso, que venderia vinho quente na festa junina que
aconteceria na faculdade que hospedaria os estudantes. Explicou que o vinho havia sido comprado em uma adega, em
quantidade suficiente para aumentar as possibilidades de lucro e que meus pais não precisariam se preocupar com a
idéia de que aquele vinho seria consumido pelos estudantes, pois isso não seria permitido. Falou também sobre
estadia, responsabilidade e deu a palavra dele de que nada de ruim me aconteceria. A convicção usada pelo rapaz era
tão grande que até hoje eu acredito que o vinho teria tido o destino alegado por ele, mas minha mãe não acreditou e
queria me levar de volta para casa de qualquer jeito.
Perdidas as esperanças, pensei em chorar e espernear, me jogaria no chão se fosse preciso, cruzaria aquela estação
arrastada pela minha mãe implorando que ela me deixasse ir mas, antes que eu destruísse a minha reputação e
dignidade, os garrafões de vinho rolaram escadaria abaixo. Quinhentas pessoas olhando a cena boquiabertas, o vinho
se esvaindo pelos trilhos da plataforma do trem, as músicas cantaroladas e o som dos violões pararam para ouvir o
estilhaçar do vidro das garrafas. Foi quando o senhor simpatia fechou a boca, se recompôs do prejuízo, virou para os
meus pais e disse:
– Agora vocês não precisam mais se preocupar. – Houve um instante de silêncio, todos se olharam, meus pais se
entreolharam, curvaram-se até a minha altura, me abraçaram e disseram:
– Agora você pode ir.
Até hoje fico me perguntando o que falou mais forte naquela noite, se o santo dos meus pais que não queriam que eu
me metesse em encrencas, se o meu que queria desesperadamente passar por aquela experiência, ou o santo P.A que
falou tudo na hora certa e do jeito certo.
Foi assim que eu conheci o P.A, um amigo querido que o destino trouxe em horas que eu muito precisei. Mas por que
é que eu tô contando essa história? Ah! Deve ser porque hoje é o aniversário dele eu quero ver todo mundo na festa
das perucas, ou vai ver que é porque eu não sei fazer convites sem contar os meus causos. 😉

Maiores detalhes sobre a Festa da Peruca no blog
da Sol
, velha companheira de movimento estudantil e grande companheira da vida do P.A



Escrito pela Alê Félix
24, janeiro, 2003
Comentários desativados em Festa da Peruca e santos milagreiros
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Normalmente eu dou um puta trampo para preparar uma festa, mas na festa das máscaras isso não foi possível. Ela foi
pensada de última hora e o único trabalho foi fazer os banners. Fiquei bastante receosa de que este encontro fosse
catastrófico mas, no final, além dele ter sido bem divertido acho que ele abriu um novo universo para os usuários do
blog. Pelo menos pra mim, abriu. Quero ver de novo várias das pessoas que estiveram por lá. Não é média não. Não
preciso fazer tipo só porque as conheci pessoalmente. Tenho o mau hábito de comunicar às pessoas o começo e o fim
dos meus sentimentos de amizade.
Foi só uma festa, eu sei. Não conheci ninguém direito, lembro de alguns nomes e eu posso estar completamente
enganada. Pode ser que na verdade sejamos todos uns grandes malas, mas eu estava aqui preparando as fotos para
colocá-las no site e, puta-que-o-pariu, foi legal! Gostei de vocês, cacete! Eu sei que eu sou cheia de empolgação e
fé com novas amizades, mas eu não me importo de ser assim – acho até bom. Tanto que, pra mim, é dificil compreender
pessoas que se sentem ameaçadas ou desconfiadas com gente nova. A vida traz o que tem que trazer. Se vier gente boa,
fica; se vier tranqueira, eu encaro como lei do carma e tá resolvido. Parto sempre do princípio de que o destino
pode me dar várias rasteiras, mas não é possível que ele não me estenda um tapete vermelho de vez em quando.

(Minha primeira obra de arte no Photoplus… éca :b)



Escrito pela Alê Félix
22, janeiro, 2003
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Sabe aquele silêncio constrangedor que assombra algumas conversas? Aquele que pinta quando você conhece alguém e,
papo vai, papo vem, acaba o assunto e paira no ar um silêncio que a gente pensa: “putz e agora? O que é que eu
faço?”? Alguém sabe do que eu estou falando? Eu espero que sim, porque pra mim esta situação é tão familiar que dá
até desgosto. Tenho pavor dela e acho que é por isso que eu falo pelos cotovelos, assim ninguém precisa se preocupar
com a hora do silêncio.
Ontem no Bar Brahma, depois de horas de falação, pintou uma breve ausência de som e em seguida um coro:

“Vaca amarela cagou na panela
quem falar primeiro come toda a bosta dela”

Todos menos eu, óbvio! Como vocês puderam perceber, os caras passaram as pobres infâncias de suas vidas brincando
errado. Todo mundo sabe que o correto é:
“Vaca amarela cagou na panela
Três mexeu, três comeu
quem falar primeiro come toda a bosta dela.”

Pronto! Acabou o meu sossego. Todos se viraram contra mim, discurssaram sobre concordância, métrica e a minha
suposta imaginação fértil. Como se eu fosse a única a cantar “três mexeu, três comeu”! E, como se não bastasse, o
Senhor Eppur, decidiu fazer uma pesquisa para comprovar a
veracidade dos meus versinhos.
Corram para lá e provem para eles que o “três mexeu, três comeu” está vivo dentro dos nossos corações. E ai daquele que disser que eu fraudei a pesquisa!



Escrito pela Alê Félix
21, janeiro, 2003
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