Desde o dia que eu abri esse blog tenho dado muito mais atenção a ele do que deveria. Com o passar dos posts fui
descobrindo que eu não tenho mais a habilidade para gerenciar várias tarefas ao mesmo tempo. Meu melhor dom feminino
foi para o beleléu. Acabou! Já fui boa nisso, hoje em dia sou mono-tarefa. Preciso me dedicar, preciso de tempo,
preciso pensar, preciso do prazer extraído do trabalho, preciso de paz e preciso, principalmente, trabalhar pouco;
uma meta quase impossível para alguém que mal consegue tirar férias sem ter crises de consciência.
Se eu tivesse filhos e precisasse me preocupar com o café da manhã, estaria completamente abilolada. Olho para essas
mulheres que se dividem entre a profissão, os afazeres domésticos, filhos, marido, entre outras invenções do
universo da mulher moderna e simplesmente não acredito. Fico me perguntando se dá tempo de viver, se dá tempo de
curtir o tempo, se dá tempo para se questionar ou mesmo sentir-se feliz. Talvez esta seja a questão: nunca conheci
uma mulher que lidasse bem com a ociosidade. Se há tempo, há uma enorme quantidade de bobagens passando pela nossa
cabeça. Partindo deste principio, quanto menos tempo livre, menores as chances do diabo se instalar e se esparramar
nas nossas mentes. É o acumulo de tarefas que sabota qualquer sensação de falta de importância, dedicação,
realização, etc e nos dá ares de missão cumprida no fim do dia.
Acho que deve ser por conta disso que nos enchemos de obrigações e nos dividimos em dias de missões impossíveis. Por
que eu estou dizendo nós? Não sou mais uma mulher maravilha. Já perdi os meus super poderes. Não sou mais como a
maior parte das mulheres. Que seja. Não tenho nada que precise da minha existência tanto assim… só a editora, a
editora precisa de mim e eu preciso dela para gerar produtividade nos meus dias de ócio. Produtividade? Não seria
“sentido”?
Ter um blog dá trabalho; escrever dá trabalho, mesmo que seja sobre os nossos umbigos.
Não consigo mais responder e-mails, comentários, não consigo mais tempo para comentar. Não vou parar de vir aqui,
até porque não consigo e não posso parar de ler os velhos e os novos blogs. Mas o meu tempo, que nunca foi precioso,
será oferecido para uma única tarefa. A única tarefa importante da minha vida sem responsabilidades e dependentes.
Vou cuidar mais e melhor da minha editora… porque talvez ela seja a única coisa verdadeiramente minha nestes dias
estranhos que me fazem acreditar que eu gosto mais de sol do que de chuva.



Postado por:Alê Félix
29/01/2003
Comentários desativados em Ao trabalho Comentários
Compartilhe

Comments are closed.