Mujer Que Camina
Alejandro Filio
Composição: Desconhecido
No conforme con tus ojos
Te propongo menos cielo, más abrazo
Hace tiempo que te sueño
Y ya no se como explicárselo a estas manos
Que se rompe en el espacio
Cuando pasas simplemente caminando
Cuánta estrella llevas puesta en la silueta
Que me sigue deslumbrando
No es la noche ni el café
lo que me obliga a caminar por esta casa
Esta maldita incomprensión
Que no despega de tu cuerpo la mirada
Sigues siendo irremediable
Imprescindible para todo lo que estalla
Como luna irrepetible
Como viento entre las ramas
Mujer para el sol de mañana
Mujer hasta el borde del alba
Mujer que te pierdo y encuentro
Mujer para afuera, mujer para adentro
Mujer desafiando a los astros
Mujer que camina sin rastro
Mujer que me abrazas el alma
Mujer que me robas…
Mujer que me robas la calma
De tu boca tengo el sueño
Cada noche, cada luna solitaria
De tu pecho el medio sol al horizonte
Que se pierde, que se escapa
Sigo siendo para el fuego y el dolor
Para el miedo y el olvido
No me pidas que defina un corazón
Desatándote el vestido



Escrito pela Alê Félix
15, agosto, 2005
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Medo da Chuva
Raul Seixas
Composição: Raul Seixas
É pena
Que você pense que eu sou
seu escravo
Dizendo que eu sou seu marido
E não posso partir
Como as pedras imóveis na praia
Eu fico ao teu lado sem saber
Dos amores que a vida me trouxe
E não pude viver
Eu perdi o meu medo
Meu medo, meu medo da chuva
Pois a chuva voltando pra terra
Traz coisas do ar
Aprendi o segredo
O segredo, o segredo da vida
Vendo as pedras que choram
sozinhas no mesmo lugar
E não posso entender
Tanta gente aceitando a mentira
De que os sonhos desfazem
Aquilo que o padre falou
Porque quando eu jurei
Meu amor eu traí a mim mesmo
Hoje eu sei que ninguém nesse mundo
É feliz tendo amado uma vez
Uma vez
Eu perdi o meu medo
Meu medo, meu medo da chuva
Pois a chuva voltando pra terra
Traz coisas do ar
Aprendi o segredo
O segredo, o segredo da vida
Vendo as pedras que choram
sozinhas no mesmo lugar
Vendo as pedras que choram
sozinhas no mesmo lugar
Vendo as pedras que sonham
sozinhas no mesmo lugar



Escrito pela Alê Félix
14, agosto, 2005
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Tai, o homem sábio devia declarar o seu amor como o Djavan e pedir desculpa como o Nando Reis.
Por Onde Andei

Nando Reis
Composição: Nando Reis

Desculpe estou um pouco atrasado
Mas espero que ainda dê tempo
De dizer que andei errado e eu entendo
As suas queixas tão justificáveis
E a falta que eu fiz nessa semana
Coisas que pareceriam óbvias até pr’uma criança
Por onde andei enquanto você me procurava
Será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me faltava
Amor eu sinto a sua falta
E a falta é a morte da esperança
Como um dia que roubaram seu carro
Deixou uma lembrança
Que a vida é mesmo coisa muito frágil
Uma bobagem uma irrelevância
Diante da eternidade do amor de quem se ama
Por onde andei enquanto você me procurava
E o que eu te dei foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei algumas roupas penduradas
Será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me faltava
Amor eu sinto a sua falta
E a falta é a morte da esperança
Como um dia que roubaram seu carro
Deixou uma lembrança
Que a vida é mesmo coisa muito frágil
Uma bobagem uma irrelevância
Diante da eternidade do amor de quem se ama
Por onde andei enquanto você me procurava
E o que eu te dei foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei algumas roupas penduradas
Será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me faltava
Por onde andei enquanto você me procurava
E o que eu te dei foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei algumas roupas penduradas
Será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me faltava



Escrito pela Alê Félix
11, agosto, 2005
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Vez em quando eu me afundo ouvindo tudo de uma figura só. Encanei com Djavan há alguns meses e ando cantarolando encantada com as letras que sairam daquele menino.
Todo homem devia ouvir Djavan, todo homem devia gostar do jogo da sedução, homem nenhum devia deixar de ser insistente. Porque faz parte da natureza do homem conquistar, porque faz parte da natureza da mulher estender a conquista e porque do jeito que estamos jogando perdemos o que há de mais sensual nos romances.
Se

Djavan
Composição: Djavan

Você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim
Quer saber?
Quando é assim
Deixa vir do coração
Você sabe que eu só penso em você
Você diz que vive pensando em mim
Pode ser
Se é assim
Você tem que largar a mão do não
Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer pra decidir
Só dizer sim ou não
Mas você adora um se…

Eu levo a sério mas você disfarça
Você me diz à beça e eu nessa de horror
E me remete ao frio que vem lá do sul
Insiste em zero a zero e eu quero um a um
Sei lá o que te dá, não quer meu calor
São Jorge por favor me empresta o dragão
Mais fácil aprender japonês em braile
Do que você decidir se dá ou não.



Escrito pela Alê Félix
10, agosto, 2005
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Se não fosse o maridon me puxando a orelha pra eu andar na linha, acho que eu já teria entrado para o mundo do crime. Desculpem o mau exemplo crianças, mas tenho que confessar que acho essas histórias incríveis.



Escrito pela Alê Félix
8, agosto, 2005
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– Você o quê??
– O nariz da “Milagrosa” é o seu nariz, oras! Qual o problema?
– Eu não acredito que você usou uma parte do meu rosto nesse desenho pornográfico feito para rótulo de bebida levanta defunto!
– Não é um desenho pornográfico.
– Não, não é não! Olha a boca de chupar ovo dessa, dessa…
– Critica, mas não esculhamba a “Milagrosa”! A boca nem foi inspirada em você. Se quiser reclamar de alguma coisa reclama do nariz. A boca não! A boca é da Lurdinha.
– Anh??
– É… Boca da Lurdinha, seu nariz, olhos da Juju, cabelo da Yara, pernas da…
– Ex-namoradas… Todas ex-namoradas! Peraê… Você namorou a Yara??
– Ergh… Mais ou menos… A gente só ficou.
– Espera aí, espera aí… Eu te apresentei a Yara! Não vai me dizer que…?
– Juro que não foi naquela época!
– Foi quando então??
– Depois, bem depois…
– E por que ela nunca me disse nada?
– Eu sei lá! Vocês mulheres são muito esquisitas. Ela pediu pra não contar, achou que estragaria a amizade entre vocês, e…
– Chega! Eu não quero ouvir. Você é doente. Não tinha nada que meter meu nariz nessa história! O que você tem na cabeça? A base de catuaba ainda por cima… Eu devia te processar, sabia? Uso indevido de imagem.
– Mas foi só o nariz!
– Aí de você se fosse outra coisa! Se bem que nos últimos anos eu engordei tanto que viver da glória do passado não seria nada mau… Só o nariz mesmo… Não que eu nunca tenha tido um corpo parecido com este, mas… Deus do céu eu preciso voltar com algum tipo de regime. Só sobrou o nariz e… Mesmo assim isso é uma ofensa! Olha essa senhora… Você é biruta! Ai! Ai de você se tivesse desenhado mais de mim nesse esboço de boneca inflável para bebum fracassado!
– …
– Que foi? Que cara é essa? Não me diga que tem mais de mim nisso daqui?
– No desenho da Milagrosa não, mas sabe como é, né? Eu tenho que buscar inspiração em algum lugar e…
– E o quê? Fala logo!
– E uma das meninas do “Poderoso” tem alguns traços que podem parecer familiares e…
– Deixa eu ver essa garrafa!
– …
– Eu não acredito! Você desenhou o seu rosto no cara do desenho!
– Só um pouco mais magro e com um pouquinho mais de cabelo…
– Pouquinho!? Toma vergonha! Ok, pra mim chega. Vejo você no tribunal.
– Deixa de frescura. Você não é disso. Além do mais, com que argumento?
– Com o argumento de que você está fazendo propaganda enganosa desenhando suas ex-namoradas com a cara e… A cara e sabe lá deus o quê, que elas tinham quinze anos atrás. Isso que dá ficar amiga de ex! Ex bom é, realmente, ex morto. Quando não colocam os defeitos da gente na banca para os amigos, colocam nas prateleiras dos supermercados!
– O que você está fazendo? Para de apontar este celular pra mim…
– Celular e câmera fotográfica, seu bestalhão. Prepare-se para ver o seu retrato na internet junto com uma recomendação de todas as suas ex-namoradas!


milagrosa.jpg



Escrito pela Alê Félix
8, agosto, 2005
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– Chorou?? Como assim?
– Ué, chorou! Chorou, chorando.
– Do nada?
– Do nada.
– Uma choradeira ou um chorinho?
– Qual deles?
– Como assim “qual deles”?
– Esse é o segundo que chora.
– Dois caras? Mentira!
– Tô falando pra você… O negócio tá feio. O cara do mês passado chorou só um pouquinho. Uma ou duas lágrimas. Eu vi uma delas, mas acho que a segunda lágrima rolou antes de eu perceber que havia algo errado. Já o cara de ontem não teve como esconder, foi uma choradeira que Deus me livre!
– E o que você fez?
– Fingi que não vi a segunda lágrima do primeiro e inventei uma dor de barriga para o segundo. Fui embora.
– Ah, pára!
– Sério.
– Sem dizer nada? Não perguntou porque eles choraram?
– Eu, não! Vou perguntar o quê? “Ei, acabamos de transar! Tá chorando por que, queridinho?” Eu não! Deus me livre.
– Mas foi logo depois do cutuco?
– Logo depois do auge do cutuco!
– Credo!
– Nem me fala.
– Mas que diabos será que você anda fazendo com esses caras pra eles chorarem no final?
– Eu?? Eu não tenho nada com isso! Só tive o azar de sair com dois caras esquisitos. Só isso.
– Será que foram casos isolados ou tem uma porção de caras chorando depois que transam? Sim, porque pode ser um problema de geração. Já pensou nisso? Qual a idade deles?
– Um tem vinte nove e o outro trinta e dois. Por que?
– Tô falando! Batata! Caso típico de insegurança oitentiana.
– Anh?
– É… Esses caras de trinta anos são muito frágeis. Culpa das mães da década de oitenta. Elas protegeram demais os garotos e, hoje em dia, ou eles se acham a última bolacha do pacote, ou são meio inseguros, dependentes. Basta ver a quantidade deles que anda perdido por aí sem nunca ter saído da barra da saia da mãe… Eles não conseguem casar, ter filhos, não conseguem se comprometer. E aí o que acontece? Acabam chorando depois do cutuco e depois de todo tipo de situação que fica fora do controle deles. É o que dá crescer sendo o filhinho da mamãe. Não é regra, mas…
– Deus do céu, Alê! Você tá cada dia pior. Eu aqui pensando em me benzer e você querendo fazer um estudo comportamental de uma geração com a minha situação! Era o que me faltava…
– Que mané estudo comportamental! Não fala bobagem. O que eu faço é só observar, julgar e condenar. Só isso.
– Esqueceu de dizer que você executa no final.
– Não faço isso.
– Sei que não faz. Mas, pensando bem sobre esse lance de observar, você podia perguntar isso pra mulherada que lê seu blog, né? Podia perguntar se é só comigo que acontece essas paradas ou se os caras andam chorando por aí e a gente não sabe por falta de comunicação.
– E desde quando meu blog virou prestação de serviço?
– Custa!?
– Tá bom, tá bom…
– Aproveita e pede para os meninos dizerem se já choraram também.
– Você acha que eles são bestas de dizer que já choraram?
– Diz pra responderem com outro nome, criatura!
– Enquete anônima?
– É, ué.
– Hum… E eu posso dizer que foi você que pediu pra perguntar?
– Claro que não, né!
– Hum… sei. Então tá.



Escrito pela Alê Félix
7, agosto, 2005
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Quando eu contei para a minha avó qual era a minha primeira lembrança, ela disse que, no dia anterior ao da ginástica olímpica, ele organizou sozinho a minha festa de quatro anos de idade. Eu nunca lembrei desse detalhe, mas lembro muito bem do dia seguinte, óbvio. Por que me lembraria do afeto dele, se eu precisaria tanto das nossas brigas para ser quem eu seria no futuro?
Fui com meu pai para o centro esportivo onde ele treinava. Ele era maratonista e eu estava certa de que aquele seria o meu primeiro dia nas aulas de natação. O lugar era voltado para a preparação de atletas. Ou seja, mesmo escolhendo fazer natação, seria necessário ser escolhida por professores especializados em observar e escolher crianças que aparentassem algum futuro no esporte. Meu pai não me contou essa parte, essa parte eu deduzi sozinha vendo centenas de pais arrastando seus filhos entre a fila de uma modalidade e outra. Deduzi vendo a molecada chorar por não ser aprovada para aprender o futebol do pai ou o ballet da mãe. Lembro de ter visto essas cenas pendurada de cavalinho no pescoço do meu pai e de ter dado graças a deus porque seguíamos em direção a piscina.
Meu alívio não durou muito. Nos aproximamos da entrada para as piscinas, passamos a entrada, eu avisei meu pai que ele estava indo na direção errada, ele disse que pegaríamos um atalho, viramos a direita, meu sorriso começou a desmanchar, descemos uma escadaria, o atalho não existia, a piscina ficou para trás… Ficou junto com algum caminho que podia ter sido. Algum lugar com atalho, piscina e cavalinho de pai. Quando eu vi, estávamos no ginásio, na fila da ginástica olímpica, junto com o caminho que eu precisava percorrer, o caminho que o meu pai queria que eu percorresse.
Aquele foi, de longe, o maior escândalo que eu fiz na vida. Muito maior que a gritaria feita quando eu cortei meu dedo com uma faca de pão e achei que morreria porque, até então, nunca tinha visto meu próprio sangue. Muito maior do que os choros que eu choraria por traição, paixão e desilusão.
Não queria de jeito nenhum fazer ginástica olímpica. Meu pai sim. Ele devia ter algum complexo de Nadia Comaneci porque insistiu do começo ao fim. Ficou horas ignorando os berros mais estridentes do ginásio sob os olhares críticos dos pais que lotavam o lugar e, mesmo assim, continuamos lá. Ele estava tão obcecado em me ver dando saltos mortais, que não se preocupou com a fatalidade das suas próprias ações. Segurou meu braço e apertou firme. Firme o suficiente para que doesse, eu obedecesse, entrasse na fila e fizesse daquele dia a minha primeira lembrança.
Lembro de ter chorado com um pouco mais de maestria ao ser apresentada à coordenadora da equipe de ginastas (eu nasci sabendo representar…). Lembro também de ter parado com a choradeira quando ela trocou o meu ingresso na sua equipe, por meia hora pulando na cama elástica (eu nasci sabendo fazer bons acordos… ). Meia hora na cama elástica… Dá pra acreditar? Que tipo de criança troca o futuro por meia hora de cama elástica? Qualquer uma. Assim como qualquer adulto oferece doces em troca de tarefas (eu vou morrer acreditando nas pessoas…).
Deve ser muito difícil para pai e mãe, não jogar os próprios sonhos no colo de seus filhos. Os meus me ensinaram cedo que, infelizmente, filhos não nascem para fazer os pais reaprenderem a brincar, filhos nascem para aprender com os pais que a vida é um jogo sério. Um jogo de vida e morte. Um jogo onde está claro que a diversão deveria ser mais importante e gratificante, mas que a gente aprende a ignorar rapidinho, rapidinho.
Por mais garotinha que eu fosse, na minha cabeça, o que eu queria era transformar a minha vida em uma brincadeira e não em uma disputa de saltos mortais. Mesmo assim, fiz quatro anos de ginástica olímpica. Quatro anos seguidos de sintonia com o meu pai, participação nas paradas públicas de sete de setembro e quatro anos de professores nazistas gritando – três horas por dia – que eu precisava acertar os meus movimentos. Até que, um dia, minha mãe engravidou do meu irmão caçula e precisou de repouso absoluto – ela e eu. Nunca mais voltei para a ginástica, matei para sempre os meus saltos e vi a sintonia com o meu pai se transformar em silêncio. Mas, enfim, aos meus olhos, meus movimentos pareciam certos. Nunca mais brinquei em camas elásticas, nunca aprendi a nadar tão bem quanto eu queria e tentei extrair daquela época o que ela podia me dar de melhor. Bem ou mal, a flexibilidade contorcionista que meu pai e os professores nazistas queriam que eu tivesse, foi bastante útil no começo da minha vida sexual. Diversão e prazer… Tenho certeza de que por essa meu pai nunca esperaria. Pais acham lindo que as filhas abram espacate sorrindo, mas nunca as pernas.

Dia desses assisti um documentário sobre como alguns professores de ballet tratavam suas alunas. O programa mostrava uma das melhores e mais temidas professoras do mundo selecionando meninas de quatro a seis anos de idade para a sua escola. Qualquer palavra que saía da boca da mulher, era com o intuito de humilhar as crianças. Uma louca que justificava seu comportamento insano com a indisciplina daquelas crianças que, certamente, também trocaram meia hora de cama elástica por um alguns anos de sorrisos forçados e lágrimas em busca de perfeição e aceitação materna, paterna.
A foto abaixo eu vi por aqui em algum site. E ela, assim como este documentário que eu citei, apertam o mesmo nó na garganta que eu tenho amarrado as minhas lembranças que acabaram com uma parada de mão imperfeita. O nó do “e se…”.

ballet1.jpg



Escrito pela Alê Félix
6, agosto, 2005
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