Tenho que tirar os comentários do blog por um tempo. Problemas estruturais que em breve deverão ser resolvidos. Acho. Já que estou com trauma de pedreiros.



Escrito pela Alê Félix
2, outubro, 2007
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Começo a achar que só empurramos a vida com a barriga, quando a barriga está maior do que a vida.
Melhor eu voltar a frequentar o Palmeiras. Grunf…



Escrito pela Alê Félix
1, outubro, 2007
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Descobri agora pouco como foi que o Casagrande se estourou daquele jeito nas ruazinhas calmas da Lapa. Quase fiz o mesmo nas ruazinhas calmas do Brooklin… Madrugadas vazias pesam sobre os pés. Deve ter sido isso…



Escrito pela Alê Félix
30, setembro, 2007
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– Pense em alguém que só trabalha…
– Eu passo os dias pensando em mim! Mas sabe, eu até que não me queixo muito. Só gostaria de que os dias tivessem pelo menos 30 horas.
– Quantas horas livres você gostaria de ter?
– Pelo menos cinco, e longe de tudo e de todos, para fazer o que bem entendesse. Evidentemente nesse “tudo e todos” incluem-se somente os que fazem parte do meu cotidiano.
– Hum… 8 horas de sono, 7 horas de trabalho, 4 horas com família, 5 horas de liberdade e eu acabo de te dar a receita do tempo perfeito.
– Se bem que eu não sei do que estou me queixando. Na minha cidade dá pra sair pelado às 2 horas da manhã e, certamente, ninguém vai ver. Para que mais tempo, então?
– Nenhuma alma viva as duas da manhã?? Vocês não tem Fran’s Café aí??
– Ah, tem, sim. E em todos os lugares tem promoção, aquela da xícara vermelha escrita NESCAFÉ. Não tem nem o mais simples café expresso!
– Eu morreria sem um Fran’s ou algo 24hs… Se bem que, poder sair pelada nesse horário e perambular de assombração pela cidade, é uma idéia muito da bacana.
– Nessa época não dá pra sair pelado, está muito frio.
– Ah, nessa época que é legal! Dá pra apostar quem agüenta mais tempo pelado sem morrer congelado. Lindo!
– Isto mesmo. Até que tu me deu uma idéia interessante, sabia!? Vou programar a primeira corrida noturna de Candelária City. Com brindes de vodka na chegada, prefeito fazendo pronunciamento e tudo mais.
– Também quero!
– Vodka ou correr?
– Vodka, principalmente se for aquela edição colecionável da Absolut e correr… Pelada! Não vamos esquecer a parte mais importante.
– E vai ganhar a corrida. Certamente ninguém daqui é bobo de querer correr na tua frente!
– Hum… não tinha pensado nisso. Ok, me chame pra cobrir o evento, tá? Eu vou de fotógrafa.
– Fechado. Vou mesmo fazer a proposta para o prefeito aqui da cidade.
– Posso cortar a fita da largada?
– Acho que o prefeito…
– Hum… Não, não. Pensando bem, melhor não. Eu sou meio cega, adoro vodka… vai que corto outra coisa!?
3 horas depois…
– O prefeito adorou a idéia e disse que você está convidada para dar a largada!
– Anh?? Dar na largada nem pensar!
– Não, sua louca! Dar A largada, cortar a fita e tal… Só pediu pra você manter toda a atenção na fita. Sabe como é… para evitar acidentes.
– PROMETO beber com moderação e não decepcioná-lo!
– Fechado.
– Fechado.
Dá pra acreditar que mês que vem eu vou até uma cidadezinha bacanona do Rio Grande Sul passar a tesoura numa fita dessas? Deus existe!



Escrito pela Alê Félix
27, setembro, 2007
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Devia existir uma empresa onde a gente pudesse contratar temporariamente maridos respeitáveis e eloquentes. Calma! Não estou a perigo. Estou brava com os pedreiros-eternos que contratei no século passado pra arrumar essa casa e não acabam isso nunca. Se você, minha querida amiga solteira e independente, acha que só pagar um pedreiro basta, saiba que não basta. Vou te contar como é: se você é legal e paga adiantado eles desaparecem, se você paga por dia eles demoram demais, se paga pelo trabalho tem que ficar em cima para que eles não o façam de qualquer jeito. É um inferno… Eles são especialistas em contos trágicos. Só me toquei que as histórias contadas não eram verídicas depois da décima vez que adiantei dinheiro para o infeliz do mestre de obras e o encontrei no boteco torrando o salário em cachaça com os amigos. Cheguei a triste conclusão de que homens mais primitivos só honram seus compromissos quando fecham acordos com outro homem e, de preferência, um que ele tenha medo ou respeito. E, acreditem, essas duas caracteristicas são mais complexas do que podemos imaginar. Por exemplo: a primeira opção me faz pensar em armas de fogo, meus berros e ameaças que estragariam, no mínimo, meu esmalte. A segunda parece simples, mas, pelo menos pra mim, é quase trabalho de evolução espititual. Pensa que é fácil lapidar a postura da voz ao sorriso e, mesmo assim, relacionar no papel cada serviço que será feito, estabelecer metas diárias, ir embora, mas manter a força dos nossos olhos e da nossa palavra sobre a cabeça de uma pessoa? É um pesadelo não poder esperar das pessoas que a palavra delas seja suficiente. Eu odeio esse mundo cheio de papéis, assinaturas e voz grossa.
Aliás, sabe aquele sonho lindo e cor de rosa onde construimos uma casa, uma familia e o cheiro de produtos quimicos da Doriana pela manhã faz a vida parecer ter um sentido? Baléla! Vou dizer uma coisa séria: construir uma casa e lidar com pedreiros deve ser algo muito parecido com a criação de um filho. Você acha que vai pagar dez e paga mil, acha que vai durar dez e dura cem, acha que está construindo um abrigo quando na verdade só está deixando uma herança.
A vantagem das pequenas reformas e dos pedreiros-eternos é que eles nos dão a exata dimensão do que é campo dos sonhos e do que é alicerce. Uma parede texturizada é bonita diante dos nossos olhos, mas tijolo, areia e cimento para erguê-la, não é não.
Tenho dormido e acordado com marteladas mantras “Tem certeza de que você quer dar o seu sangue, seu tempo e o seu suor por uma parede cor de rosa que precisará de reformas de cinco em cinco anos?”. Não paro de me fazer essa pergunta… Tanto para a construção da casa quanto para a construção do resto da minha vida.



Escrito pela Alê Félix
26, setembro, 2007
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Sai do toalete depois que acabou aquele barulho de sucção a vácuo que as descargas de avião fazem. Sabem como é? Vuuuuuuuum, chulap! Bizarro aquilo. Me pergunto se alguém já conseguiu ficar em paz e sentadinho na imitação de porcelana enquanto a descarga faz seu trabalho. Nananina-não! Nenhum temor pelo bumbum crumbiano que deus me deu. É aquele som que me dá aflição, sabe? Raramente vou até lá fazer xixi. Vou para matar o tempo porque me irrita ficar parada. Aproveito e dou uma checada no espelho, lavo as mãos com aqueles pingados de água morna-esbranquiçada e fico apertando a descarga só para ouvir o barulho bizarro e imaginar minha sobrevivência em caso de queda. Assim como em Lost, quem está no banheiro na hora da desgraceira, sempre sobrevive. O que me faz acreditar que deus deve proteger as crianças e os cagões… E parece justo.
A luz vermelha acendeu e o pisca-pisca sonorizava para que eu voltasse à minha poltrona e apertasse os cintos. Fiz hora. Esperei mais um pouco para ver se chacoalhava mais, e nada. Alarme falso. Abri a porta e sai do banheiro. Todo sentadinhos e com cara de turbulência passada, sorriam aliviados até que o co-piloto avisou “Chuva em São Paulo, pouso autorizado”. O que era sorriso virou reza. Mais esquisito do que descarga de avião e se trancar no banheiro em casos de sacolejo é ver que, depois dos acidentes, as palavras “congonhas”, “chuva” e “pouso autorizado”, causam a mesma reação que “apertem os cintos o piloto sumiu”.
Sentei rapidinho, viramos pra lá, viramos pra cá e na primeira brecada básica a dona que estava ao meu lado agarrou minha mão e disse “Reza que acaba logo! Reza que acaba logo!”. Acabou antes que eu considerasse a possibilidade. O povo aplaudindo no final como se tivesse sido salvo pelo superman. Uma tia no banco da frente fez sinal da cruz e confessou que pagaria a promessa feita nos últimos segundos. Acreditem, pousar em Congonhas com chuva tornou-se uma espécie de esporte radical com aumento significativo no número de ovos em cima de telhados e dedicados a Santa Clara.
Uma outra senhora começou a tagarelar sobre a premonição de um vidente de não sei onde que já registrou em cartório um acidente que, segundo ele, deve acontecer em outubro. Se rolar, querem apostar quanto que o sujeito será nomeado santo dos passageiros brasileiros desesperados e vai desbancar Santa Clara-pára-chuva?
Na saída, dei tchau para as comissárias e ouvi uma delas dizendo que é só chover que o povo aplaude. Vejam só que coisa: nas praias do Rio de Janeiro a galera aplaude o pôr-do-sol e aqui em São Paulo aplaudimos a falta de chuva na pista do aeroporto. E lá lá…
Outubro tô embarcando de novo, mesmo com a ave de mau agouro do vidente tacando o terror por aí. Esporte radical e filosofia de banheiro. Sabe como é, né? Depois de um tempo vicia.



Escrito pela Alê Félix
24, setembro, 2007
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– Oi!
– Oi…
– Tudo bem?
– Cansada, mas bem.
– Alguma novidade?
– Não.
– Ainda preocupada com a roupa do casamento?
– Claro! Experimentei uns vestidos, mas não consigo conceber a idéia de ir vestida de trabalho de educação artistica!
– Tire as lantejoulas do vestido, oras!
– Mesmo sem brilho eu sei que ficarei com vergonha de usá-lo.
– Vergonha do quê?
– Tenho vergonha de usar roupa de festa.
– Vai simples.
– E se todos forem chiques?
– Vai chique.
– E se eu chegar lá e todos estiverem simples?
– Bom, então a lógica é simples: Pra você o que é pior? 1 – Ir chique e todos estarem simples. 2 – Ir simples e todos estarem chiques.
– Ir chique e todos estarem simples…
– Então pronto. Melhor arriscar o que menos você acha pior.
– Ahhhhh, eu não sei mais o que fazer! Só quem deveria ir vestida de bolo em um casamento é a noiva. Ninguém mais.
– Só não ir de branco.
– Todas vão de bolo. A noiva é um bolo branco, as outras mulheres bolos de cores diversas.
– Que tal você ir de Floresta Negra?
– Um pretinho básico recheado de detalhes cor de cereja?
– Anram.
– Nem pensar!
– Grunf…
– Seus amigos são muito frescos? Sua familia é enjoada? Jura que tenho que ir de vestido?
– Acho que sim, mas se você não quiser ir não tem problema, amor. Só colocar uma calça, saia social, sei lá…
– Tem certeza de que temos que ir chiques?
– Não, é só…
– Não??? Putz, vou ter que ligar para as suas amigas! Não… melhor… para sua irmã! Não, não vou ligar pra perguntar uma besteira dessas. Deus do céu se você não faz nem idéia de como as pessoas que você conhece vão, como é que eu vou!?
– Ok, não vou ressaltar que perguntei para a noiva.
– Ligou pra ela só pra perguntar isso??
– Sim.
– Arght! Agora ela vai achar que sou uma incompetente de festa que não sabe nem o que vestir!
– Ah, sim… não tenha dúvida. Mesmo o casamento dela sendo amanhã tenho certeza de que ela não para de pensar na sua incompetência.
– Vamos fazer assim… Tenta lembrar, hein! Lembra que a Cris foi em uma festa com um vestido que você achou horrível?
– Lembro.
– Era uma festa de casamento?
– Não lembro.
– Ahhhhhhhh!
– Era longo, curto ou no joelho?
– Joelho e de pano de cortina estampado. Bolo de frutas!
– A festa aconteceu durante o dia ou a noite?
– Noite.
– Hum… pode ter sido casamento. Ai, ai, ai, viu! Eu queria um que fosse só até o joelho, mas o que me vestiu melhor foi um longo.
– Então vá com ele.
– Mas ele tem cara de formatuuuuura!
– Então não vá com ele. Assunto encerrado.
– Que igreja vai ser?
– Tenho que ver.
– Grunf.. Que numero de terno você usa?
– Não sabia nem que terno tinha número. Camisa é 6. Mas eu não vou de terno não, anjo.
– Como assim?? Entao eu não vou de longo!
– Achei que isso já havia sido decidido quando disse “formaturaaaaaa”.
– No convite tem o nome da igreja…
– Igreja São Pedro de Alcântara.
– Essa igreja é simples ou chique?
– Nunca ouvi falar. Mas fica no Lago Sul, logo deve ser algo minimamente chique.
– Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
– Amor, conversa com a minha irmã… Deixa recado no Orkut dela perguntando e dizendo que a dúvida está levando você a loucura.
– Heterossexual insensivel!
– Não é heterossexual insensível. Eu tentei TUDO que eu pude. Eu falei com três pessoas diferentes, eu liguei pra noiva, para o meu chefe que acabou dando fora com duas mulheres só para que eu soubesse disso. Mas eu não posso afimar como todos os 250 convidados irão vestidos.
– Que fora seu chefe deu?
– Perguntou como elas iam no casamento e elas falaram que não receberam convite. Quando ele foi perguntar pra terceira eu pedi pra ele parar.
– Amor, enfim, isso nao é pra ser um problema.
– Puxa, desculpa… Deve ser tpm, stress ou sei lá o que. Desculpa…
– Não tem porque pedir desculpa, anjo… Só não vejo mais como ser útil.
– Só pode ser tpm, eu não sou assim! Sou?
– Não, não é tpm, é simplesmente ser mulher.
– Eu sou assim normalmente!?
– Hum…
– SOU!?
– Não, você não é assim. É normal que mulheres se preocupem com essas coisas… Só isso.
– Ai… mas agora tô arrependida de ter te perguntado tanto sobre isso. Porque se você já perguntou para o seu chefe, para a noiva e pra deus e o mundo, não posso mais ir simples. Se eu for simples, eles vão se perguntar porque fiz tanto alarde pra ir tão simples. Agora sou obrigada a ir chique!
– Você não tá falando sério…
– Claro que estou! E pode preparar seu terno porque não vou chique sozinha.
– Não vou de terno. Sapato, calça, camisa social e gravata. Só!
– Mas se você for assim eu terei que ir simples!
– Sério, preciso ir ou vou enlouquecer.
– Sério, terno, please…
– Ok.
– 🙂
– Agora deixa eu ir porque…
– Disse que vai de terno só pra me agradar, né?
– Só.
– Só pra me agradar não precisa. Não quer ir, não vá. Eu passo vergonha sozinha. Não preciso de companhia.
– Entenda meu raciocínio porque ele é simples: Essa história da roupa é importante pra você. Pra mim não faz a menor diferença se eu vou de terno ou de bermuda e chinelo. Mas você é importante pra mim. Sendo assim é irrelevante se vou de terno ou não. Mas se pra você isso importa, não custa nada que eu o faça. Sendo assim eu vou sim de terno e é só pra te agradar.
– 🙂
– Agora eu vou embora porque tenho praticamente absoluta certeza de que eu vou sonhar com vestidos e ternos.
– Adoro quando você diz coisas aparentemente complexas como um terno parecerem tão simples quanto uma bermuda… Quer saber? Esquece o terno. Você tem razão, isso é bobagem e se você quiser vou de bermuda e chinelo contigo até em casamento no Pálacio da Alvorada.
– Hum… É impressão minha ou acabei de descobrir a cura para a tpm?
– Se eu perceber que o senhor anda me agradando só pra conseguir as coisas que quer, considere-se um homem morto!
– Estava falando de paciência, amor e gestos simples. Nada além disso.
– Sei, sei… Bermuda recheada de cereja?
– Anram.



Escrito pela Alê Félix
22, setembro, 2007
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Quando a dúvida era comprar ou não um notebook, a Fal dizia que o que ela queria era ter uma vida que justificasse ter um notebook. A frase era tão boa que me fez ignorar as promoções por um bom tempo. Trabalhando em casa, eu me sentia a mais vagal toda vez que pensava em esticar no sofá com um notebook no umbigo. Já bastava as pessoas acharem que eu trabalho pouco só porque faço meus horários, porque acordo de pijama e atendo ligações com meu padrão de eficiência Vavá Tour… Lembra, né? Pois é.
Mas aí aconteceu que no ano passado morei alguns dias em São Paulo, outros dias em Brasília e nos dias de tpm fugia para o Rio de Janeiro. Num desses vai e vem, percebi que aquela era a desculpa necessária e… em suaves dez mil prestações, comprei a belezura que está agora sobre o meu umbigo. Aproveitei a deixa e enterrei meu cartão assinando a aquisição de uma poltronona maneira igual aquela do Chandler e do Joey. E tambem um massageador de pés daqueles que vibram e relaxam até o cérebro da gente. Agora minha casa parece o paraiso… Posso escrever enrolada debaixo das cobertas antes de acordar e me matar de trabalhar, posso fazer meditação esticada na poltrona depois de almoçar e relaxar os pés nos dias muito corridos. Posso, mas faço isso uma vez na vida outra na morte. Porque desde que me separei tenho descoberto que hoje em dia a coisa mais dificil do mundo não é ter um trabalho que permita pequenos prazeres, mas sim, descobrir o que realmente dá prazer.
Fui parar em um café numa madrugada dessas. Além de mim, seis pessoas matavam o tempo entre uma golada de coisa quente e… E uma digitada! Todos eles com notebooks, todos eles indo para a rua fazer exatamente o que deviam ter enjoado de fazer embaixo das cobertas. Por que é que alguém leva um notebook pra um lugar cercado de pessoas e entra em um chat para conseguir se comunicar? Não me venham com papinho de timidez. Timidez é a desculpa mais covarde que usamos.
Fiquei aliviada por ter saído de casa feito os velhos seres humanos de antigamente, a pé e com dinheiro contado no bolso de trás da calça jeans. Lembrei da Fal… A conheci por causa dos blogs, nunca a conheci direito. A gente parecia ser tão ocupada… Será que alguém realmente é? E se é, por quê? Saudade da Fal… Será que ela me acharia muito estranha se um dia desses eu a roubasse para um café? Tomara que não.



Escrito pela Alê Félix
21, setembro, 2007
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