Foi só eu falar, caí de cama… Primeiro fim de semana de sol em São Paulo e tive que passá-lo embaixo das cobertas tentando controlar a febre e o mal estar. Poucas partes do meu corpo não doem, não sei como vou fazer com os compromissos que assumi para esta semana. Há mais de três anos não ficava gripada… E isso está tão forte que nem sei se é gripe. Ótimo presente de aniversário, ótimo…



Escrito pela Alê Félix
1, dezembro, 2008
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A única vantagem de envelhecer é que pra nos derrubar de vez, só se for a morte.
De volta. Firme, forte, pronta pra outra e rezando por novos personagens.



Escrito pela Alê Félix
28, novembro, 2008
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Graças a Toquinho e Vinicius de Moraes…
Eu caio de bossa eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa xingando em nagô
Você que ouve e não fala / Você que olha e não vê
Eu vou lhe dar uma pala / Você vai ter que aprender
Você que lê e não sabe / Você que reza e não crê
Você que entra e não cabe / Você vai ter que viver
Você que fuma e não traga / E que não paga pra ver
Vou lhe rogar uma praga…
Eu vou é mandar você pra…



Escrito pela Alê Félix
27, novembro, 2008
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Há semanas que sonho o mesmo sonho: estou em uma cidade qualquer sem saber se ela é minha ou se é só mais uma paisagem, entro em uma espécie de cabine para comprar uma passagem aérea para a cidade vizinha e alguma coisa acontece. A cabine, que antes era parte do aeroporto, se desloca do chão e é arrastada por um mar que ninguém sabe de onde surgiu porque – até então – não parecia se tratar de uma cidade praiana, embora fosse próxima de uma outra que deveria ser o meu destino. De dentro da cabine, com mais duas garotas que eu não conhecia e que só falavam em alemão, vendo as águas tomarem conta das ruas, me pergunto se o que acontece é somente uma tragédia local. Penso se vou conseguir voltar para casa e se lá vai ter alguém a minha espera. A cabine travou em uma esquina de terra ou eu pulei de cena no sonho, não sei direito. Sei que ando, ando, ando, descubro que dinheiro não vale mais nada, muito menos meus cartões de crédito. Procuro um carro porque me sinto protegida dentro de carros e eles me dão uma boa sensação de fuga, mas tudo a minha volta é caos e dentro do caos não há espaço para bolhas mágicas. Sigo em busca de velocidade, de algo que me leve mais rápido, que me leve longe e quase sou atropelada. Uma mulher com uma bicicleta é jogada no mundaréu de água enquanto alguns homens buscam irracionalmente salvação lutando por aquele par de rodas. Como se houvesse muitos espaços de terra firme… Telefones… sem sinal, sem linha, sem alô, sem poder dizer o quanto amo antes de desistir ou ser devorada. Tantos números na cabeça e nem sequer sabia direito para quem seria minha última ligação. Jornais voavam diante dos meus olhos e eu os agarrava para me secar da água e me proteger do frio. Nenhuma notícia valia de nada… água, água, água, Osama, Obama, Bush, Lula, Chaves, salvação vinda de Hu Jintao… Por que diabos precisamos tanto de mocinhos e bandidos, meu deus? Tão fácil mudar o mundo… Bastou oferecer dois mandatos para um imbecil para que ele derrubasse um império e um dos maiores preconceitos de uma nação. Tenho quase certeza de que o que está acontecendo hoje demoraria muito mais tempo para acontecer, caso não tivessem jogado a história do mundo nas mãos de um débil mental. Como são importantes os imbecis… Eles definitivamente aceleram os processos de mudança. Mas até quando eles serão necessários? Cansa… E que tipo de olhar não os percebe nos primeiros discursos, meu deus?
Quando se está diante de uma tragédia ambiental é impossível não lembrar do fim do mundo religioso, mas eram poucos os que rezavam. Parecia ser mais fácil virar bicho e cobrir todo mundo de porrada, invadir supermercados… Tanta gente se estapeando… E não era um pesadelo, eram só constatações de fragilidades sociais que desde pequena, do alto do meu muro e da minha infância, eu questionava. Era quase bom ver a terra engolir o piche, as águas guiarem os carros e a insanidade humana rasgar, enfim, os seus paletós. E eu que achava que eles – os paletós – seriam destruidos pela razão… Se não fosse minha própria vontade de estar em casa, eu ficaria quietinha num canto, vendo as pessoas correrem para a única certeza de suas vidas: todos se degladiando para salvar suas famílias, genes e pele. Sem crueldade alguma de minha parte, pelo contrário. Não conseguia parar de chorar pela dor de cada um deles. Se a vida só faz sentido quando nos unimos, era óbvio que no fim do mundo (ou no fim da daquela cidade) a maior tristeza seriam as separações forçadas. Matar e morrer só não devia ser pior do que matar e morrer por um filho, mas… Ver tantas famílias se protegendo enquanto destruiam outras, só me fazia pensar sobre o que era solidão, desespero e egoísmo. Aquilo não me parecia amor, só me parecia medo e falta de solidariedade. Eu chorava, seguia para qualquer lado, me escondia das multidões e lembrava daquele papo cristão sobre “amor ao próximo”. Jesus deve ter sido um puta cara legal… Acho que eu teria me apaixonado perdidamente por ele. O Rubens tinha razão, ninguém entendeu nada. Queria tanto entender… Mas como? Eu também queria minha casa, um pouco de calor, meu cobertor, minha geladeira, meu filtro de água, meu chuveiro com água quente, meus travesseiros, papel higiênico, privada, descarga, roupas que me protegessem, portas e trancas. Eu também estava com medo… Como ele nos rouba a capacidade de compreensão, não é mesmo?
Mudanças climáticas pareciam tão distantes… Achava que quando a Terra se voltasse contra os Homens, eu já teria morrido. Não conseguia pensar em outra possibilidade além do nosso descaso, egoísmo. Tanta fé em deuses, em si próprio e tão pouca fé na Terra… Olha só a merda que deu… Precisava muito saber se era o fim de um mundo ou a destruição temporaria de uma cidade e porque caixas cheias de dinheiro estavam caindo do céu, mas acordei. Acordei no meu mundinho de água quente, potável e abundante. Com amores por todos os lados e, graças a deus, sozinha e desarmada.
Preciso sair dessa cama e começar a reciclar meu lixo… Foda-se que é tarde.



Escrito pela Alê Félix
21, novembro, 2008
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Escrito pela Alê Félix
17, novembro, 2008
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Como sou covarde, para ser eu mesma, as vezes preciso ser outra. Preciso ser Alejandra, Alejandra Marques, Alejandra Marquez, Alessandra Marquez, Ale Marquez, Ale Felix, Felix como o gato, todas as Ales ou um pouquinho de cada. Acordei e ainda lembro… E agora? Tomara que não tenha se perdido, tomara que não esqueça. Nem da Colômbia, nem da colombiana, nem da Estrela, nem da Lapa, nem das Farc, muito menos daquela escritora mentirosa que sabia como… Como se divertir.
Seria bom. Pelo oitavo livro, seria bom.



Escrito pela Alê Félix
17, novembro, 2008
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Boa parte dos anos que passei na escola, passei conversando e pensando. Minha dedicação aos estudos foi bem menos exercitada do que o meu poder de persuasão e minha vocação para a vagabundagem. Lá, pela quarta ou quinta série, eu já havia elaborado técnicas de fuga e cola muito mais complexas do que qualquer outro membro da rede de ensino particular seria capaz. Nessa época, a escola que eu estudava era pública e eu jamais acreditaria que só seria vencida em minhas habilidades, depois de conhecer os alunos das escolas particulares. Você pode não acreditar, mas gente rica cresce muito mais malandra do que a classe média das periferias.
No começo de cada ano letivo a primeira coisa que eu fazia era conhecer a sala de aula, escolher minha carteira (sentava na frente: apesar de vagal, sempre fui exibida), procurar os novatos, passar meu detector de beleza física pelo ambiente, me certificar de quantas faltas eu podia ter no ano e qual o mínimo de pontos necessários para não ser reprovada. Repeti uma única vez. Tomei pau na sexta série, mas nunca admiti. Como eu havia entrado na escola mais cedo do que o normal, dizia pra todo mundo que nunca havia repetido. Nenhum namorado nunca soube disso, meu ex-marido nem sonhava e, inacreditavelmente, até meus amigos da época esqueceram que um dia bombei a sexta série. Achava que talvez minha mãe ou o povo lá de casa não fosse esquecer. Mas aí na semana passada uma tia veio do interior pra São Paulo e começou um papo de que na nossa família todos são muito inteligentes, e isso, e aquilo… E minha mãe “É… Super, inteligentes! Aqui em casa, nunca ninguém perdeu ano de escola”!
Como pode? Ou ninguém presta atenção em absolutamente nada a sua volta ou as pessoas acreditam somente no que querem acreditar. Depois dessa, daqui a pouco, até eu vou achar que aquele ano nunca aconteceu. Ou vai ver que me formei em ilusionismo e, mandei tão bem, que também nem reparei. Alguém com um poder desse realmente não merecia ter tomado pau… Injustiça. Mas ainda bem que ninguém lembra. Assim fico com fama de inteligente, sem nunca ter chegado nem perto disso.



Escrito pela Alê Félix
29, outubro, 2008
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Trecho do sexto post do trezentos e sessenta e cinco dias de solteira, com os links lá no final para quem quiser continuar lendo.
– Com ela rindo desse jeito eu não consigo!
– Isso é pra eu aprender a nunca mais dar abrigo pra amiga desorientada!
– Devíamos ter largado ela rebolando com as meninas lá da travecolândia…
– Pra ela ter acordado nos braços da Nicole?
É nessas horas que você se dá conta de que a noite anterior pode ter sido bem mais longa e que quem ri por último realmente pode rir melhor. Estava morta de curiosidade para saber quem era o domador de potranca e sacanear a Clara pelas suas brincadeiras de cama, mas a idéia de que eu podia ter acordado nos braços de uma Nicole, me fez parar e ativar direito a memória.
“Quem diabos é Nicole”?

Para ler o capítulo inteiro, só clicar aqui ou lá na Uol.



Escrito pela Alê Félix
28, outubro, 2008
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