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Será que isso faz de mim um tiquinho mineira? Todo mundo pergunta por que eu não tiro o trem da boca e eu nunca soube responder. Acho que está aí a resposta… Meu trem deve vir de Poços de Caldas.



Escrito pela Alê Félix
3, julho, 2004
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Ultimamente tenho achado que ter um blog é desvio de caráter. Estou pegando pesado? Esqueça as exceções e pense bem. Ok, ok, então vamos deixar de lado o caráter de quem pratica post-análise e falar sobre as conseqüências de ter um blog. Um blog é um deformador de ego. Você entra carente e sai pirado, alucinado, obcecado, retardado, viciado e muito mais solitário. Sim, muito mais do que já era, mas com a ilusão de que, depois do blog, você tem alguma coisa ou algumas pessoas. Essa porcaria deixa as pessoas burras e surtadas. Só deve mesmo servir para quem tem quatorze anos, porque pessoas com quatorze anos normalmente estão acima dessas picuinhas de gente que se acha grande. Antes dos blogs, eu não confiava em ninguém com mais de trinta, hoje não confio em ninguém com mais de vinte. Para adultos, ter um blog é regredir, despertar a inveja, escrever com a vaidade, deixar rastros dos seus erros e perder a cabeça com qualquer ameaça ao seu imperiozinho virtual. Exceções à parte, nunca vi tanta gente cínica, arrogante, inescrupulosa, alpinista social-virtual metida a besta como no mundo Blog. Ter um blog é sinal de fracasso em algum departamento da vida. Só pode ser. Eu mesma achei por aqui alguns dos meus departamentos de fracasso. É que no fundo, no fundo, bem lá no fundo, eu sou uma moça carente de afagos… e uma neurótica com mania de perseguição também. Ah! E arrogante e pedante. Não posso esquecer desses dois. São os que mais me incomodam. Mas vou dizer: fazia tempo que eu não me sentia tão ridiculamente estúpida. Só tendo um blog para passar por uma cena patética como a de ontem. Eu não ia contar, mas agora vou. Vou porque eu mereço a humilhação…
Cá estava eu com as nádegas gorduchas estateladas na cadeira em frente ao micro, quando toca um telefone (eu tenho dois sobre a mesa de trabalho). Atendi. Era o Danilo – meu irmão – que ligou para me dar uma aula sobre fundos de investimento (algo que eu não acredito que possa ser bom, mas que ele teima em achar que é). Pobre não tem que investir dinheiro em ações; tem sim é que comprar terra, construir casinhas para outros pobrinhos e alugar tudo. É assim que um pobre sobe na vida – morando na casona em cima das outras casinhas. É simples! Mas, enfim, ele não acredita nas minhas casinhas de aluguel e eu acredito no pai da Scarlett O’Hara: terra é sempre terra. Enquanto não concordávamos, o outro telefone tocou. Atendi com a outra orelha (ainda vou enfartar deste hábito); era um jornalista da TV SENAC querendo agendar uma entrevista com a Daniela Abade. Conversa vai com meu irmão e espera telefônica para confirmação de alguns dados sobre a minha editora e a minha primeira escritora, abri o browser e decidi dar uma espiadinha nos comentários do último post aqui do blog. Foi quando bati os olhos em um comentário que dizia, entre outras coisas, isto aqui:
“Tu não sabe o que eu descobri… tem um filminho teu num site meio pornô. E embora tenha te visto apenas uma vez no lulu, acho que era tu fazendo umas caretas sensuais num elevador”.
Minha reação na hora:
– Danilo, falo com você depois. Tchau!
– Mas o CDB é uma opção para…
– CDB pra mim sempre foi e sempre será Casa Da Banha. Tchaú!
– Estou falando pra você que é…
– Tuuuuuuuuuuuuuunnnnnnnnnn….
Desliguei um e…
– E quando ela estará na FLIP?
– No dia 09, no Casarão do Cunha, à partir das 21 horas. Ela participará da noite de autógrafos na Noite da Permuta de Idéias ao lado da Paula Foschia que é editora responsável pela Editora Candide e escritora do livro “Primavera Eterna”. Também estarão presentes o Paulo, autor do livro “O Cabotino” e outros escritores. Só preciso checar a data e o horário, mas só terei esta informação amanhã.
– Certo. Então aguardo o seu contato amanhã para combinarmos a participação dela no programa Mundo da Literatura. Obrigada pela atenção.
– Por nada. Até amanhã e bom dia pra você.
Com os dois telefones no gancho, li novamente o comentário e pensei:
“Mais um anônimo filho da puta querendo me sacanear. Era o que faltava… vídeo pornô. Será possível? Não lembro de ter transado em nenhum elevador… Não depois que encheram essas porcarias de câmeras. Droga. Melhor investigar quem é esse cara no Google, nos IPs, no FBI… Site inexistente. Droga, droga, droga. Esse comentário deve ser uma charada. Vamos ver… Qual é a desse cara? Sóbria, eu tenho certeza que não fiz cara sensual em elevador nenhum. Não nos últimos dez anos. Será? Não, não… Não fiz nada. Tenho certeza. Só se eu tenho uma sósia, uma irmã bastarda por parte de pai… Mas eu sou a cara da minha mãe. Impossível. Será que minha mãe teve gêmeos quando nasci, deu a outra pra alguém e eu tenho em algum lugar do planeta uma irmã gêmea que é atriz pornô? Uma Úrsula? Não, não… Seriado americano demais para o meu gosto. É sacanagem desse pateta! Deixa ver de onde vem esse trem… Bicu? Sei… Pensa que engana quem? Vou mandar um e-mail para o seu alter-ego antes que o seu suposto vídeo me transforme na Paris Hilton do mundo blogueiro. Afe! Paris Hilton do mundo blogueiro é bizarro. Deixa pra lá. Deve ser algum engraçadinho querendo atenção. Como tantos outros que vira e mexe aparecem para encher o meu saco.”
Mas quem disse que eu deixei pra lá? Pensei no cretino um dia inteiro. Fui dormir pensando. Mesmo com a certeza absoluta de que eu jamais poderia ser a protagonista da suposta cena do elevador. Dormi, sonhei com alguma coisa que não me lembro mais e acordei às cinco da manhã falando sozinha:
– Claro! É da história da mulher do pires! O cachorro comeu meu sutiã, eu sai de lá fazendo caretas de nojo dentro do elevador e o porteiro achou que…
Ah! Não vou contar o final dessa história. Ela está nos rastros de erros dos arquivos deste blog. Uma vergonha, mas graças a Deus não tinha vídeo pornô nenhum! Eu é que sou retardada. O Bicu, um leitor novo que se enfiou nos confins dos meus arquivos, esmiuçou post por post, saga por saga, leu toda a história da “Mulher do pires” e me fez perder uma noite de sono porque eu estou louca, paranóica, afetada e com mania de perseguição. Deus me livre! Que presunção a minha achar que alguém perderia seu tempo tentando destruir minha imagem de moça de família. Hehehe… Tudo por culpa de um blog, esta maldita ferramenta deformadora de egos. E eu achando que o problemático era o coitado do rapaz… Me internem, por favor.
Para o Bicu: Queridão, obrigada pelos afagos. Eu lembrei da mulher do pires antes do seu e-mail explicativo, e morri de rir – antes e depois. Ah! E antes que eu esqueça, abra um blog. Como você pode ver, é divertido. 🙂 Só espero que as pessoas cheguem até aqui cientes de que este post foi um post leve e sem intenção de agredir ninguém. Apesar de não parecer em um primeiro momento, eu escrevi rindo e EXAGERANDO – que é o que eu faço melhor na vida. Enfim, nem tudo que parece é, e se eu tiver que explicar, aí sim eu vou ficar brava. Acho que já expliquei… é uma merda. 🙂 Beijo, menino! Adorei.



Escrito pela Alê Félix
2, julho, 2004
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Quando a Marilu e eu entramos na delegacia, o Zarolho e o Corcel ainda esperavam a vez para falar com o delegado…
– Enquanto a namorada do Corcel estiver grudada no pescoço dele, não temos como fazer nada. E agora?
A garota não parava de acariciar os cabelos do namorado. Coitados, tive pena. Dia dos namorados, briga, delegacia, ovo… que pesadelo. Mas aí eu lembrei do Dancing… Não dava pra entender como é que o infiel e a Marilu se atracaram por lá, se eu estava presente e não vi os dois juntos. De qualquer forma, se não fosse blefe da Marilu, ele bem que mereceu a omeletada.
– Você não ficou com esse cara…
– Hum…
– Como vai dizer que ficou, se não ficou?
– Com a namorada por aqui, não dá pra gente fazer nada… Droga!
– Hum, sei… Pode deixar, eu dou um jeito. Mas depois eu quero saber direitinho essa história do Dancing.
Precisávamos de um guarda. De preferência um que não soubesse dizer não para mulheres aparentemente indefesas e inocentes.
– Seu guarda, pode me fazer um favor?
– Pois não.
– Não é por nada não, mas é que o nosso amigo – aquele ali do cabelo enroladinho – arranjou uma briga com o rapaz que está sentado no banco com a namorada. A mãe da menina está lá fora esperando ela no carro e pediu que avisássemos. Só que não dá pra gente avisar por que o nosso amigo pode achar que estamos conversando com o inimigo. Entendeu? Chato, né? Será que o senhor pode avisá-la? É só ir até ali e dizer que a mãe dela acabou de chegar e que está lá fora no estacionamento. Resumindo: a mãe dela soube que ela está aqui, não quer entrar e quer falar com ela lá fora. O senhor faria essa gentileza pra gente?
Qualquer um faria o que eu quisesse para sair de perto de mim quando eu falava atropelado daquele jeito. Era um dom que fazia os homens mais velhos me obedecerem e os da minha idade fugirem. O guarda não seria exceção. Olhou pra nós com pinta de quem entendeu melhor o decote da Marilu do que o que eu havia dito, não fez perguntas e seguiu em direção ao casal…
– Funcionou!
– E quando foi que não funcionou?
– Eu sei! Mas a facilidade é sempre surpreendente.
– Agora você despista o Zarolho enquanto eu puxo o Corcel de canto. Assim que eu virar o corredor e estiver a sós com ele, você larga o Zarolho e volta pra me ajudar. Alê, não vai esquecer: independente de como estiver o papo entre nós, você aproveita os ganchos, joga frases sobre o dia do Dancing e improvisa o máximo que conseguir.
Seguimos o combinado, mas despistar o Zarolho não foi fácil…
– E aí?
– Esperando…
– Relaxa, menino! Vai dar tudo certo.
– Tanto faz… Estou cansado dessa vida.
Ops! Se o papo ficar profundo eu não terei como correr daqui. Preciso desconversar urgente! Mas, coitadinho do Zarolho…
– Oh, Zarolho… Também não é assim, né?
– Posso te contar um segredo, Alê?
Não, não… agora não.
– Claro!
– A única coisa que eu queria agora era ter uma namorada pra passar a mão na minha cabeça e ficar ao meu lado. Como o Corcel…
E o Zarolho inventou de vir com aquele papo mela cueca bem naquela hora… Eu precisava agir rápido.
– Zarolho, senta aqui…
Respirei fundo, segurei sua mão e…
– Nós ligamos para o Seu Manuel e ele deve chegar daqui a pouco.
– Eu não pedi para ligarem.
– Estamos em uma delegacia, esqueceu? Na falta de um advogado em um lugar como este, o seu Manuel poderá ser bastante útil. Além do mais, ele se preocupa com você do mesmo jeito que nos preocupamos.
– Sei, sei… Se preocupam tanto que me seguiram.
– O que não deixa de ser um jeito de dizer que gostamos de você.
– Alê, sem essa.
Eu precisava sair dali…
– Será que tem um bebedouro por aqui? Estou com sede…
– Não sei… E a Marilu? Onde foi?
– Anh? Ah! Foi procurar o delegado. Ver se ele vai demorar e… Putz! Eu fiquei de ajudá-la.
– Ajudar a procurar o delegado?
– É… pois é. Bom, vou lá então…
– Sabe, eu andei pensando e acho que vou parar de estudar e cair na vida. O que você acha?
Isso lá é hora de falar sobre isso?
– Acho um absurdo! Olha, o quer que você esteja pensando em fazer agora, não pense. Não é um bom momento para pensar. Eu preciso ir lá fora agora, mas…
– Minha mãe está sabendo que eu estou aqui?
– Não. De jeito nenhum.
– Ufa…
– Regra número um, esqueceu?
Enfim, um sorriso… – Coitadinho. Droga! Vira e mexe ele vinha com essa história de jogar a vida para o alto e largar mão de tudo…
– Zarolho, eu sei da sua vida. Sei o quanto você já se deu mal, o quanto se esforça e o tamanho da revolta que você sente por não ter uma vida comum, um nome simples e uma família menos complicada. Mas é aquilo que você disse no carro: todos nós fracassamos, temos nossos problemas, defeitos… Não interessa se o Voadora é bonitinho, se o Ivo coleciona medalhas, se a Marilu tem os pais mais liberais do mundo e se eu sou a mais inteligente da turma…
Rimos…
– O mais inteligente sou eu, Marilu é a mais esperta e você tem que se contentar com o segundo lugar nos dois quesitos.
– Eu me contento…
– Está rodeando para chegar aonde, Alê?
– Estou rodeando para dizer você tem razão sobre aquela conversa no carro. Que somos um bando de incompetentes mesmo. Principalmente nas nossas relações.
– Eu falei na hora da raiva… Vocês não são incompetentes.
– Somos sim! Claro que somos. E não falo só de amor… Falo das relações de forma geral. Família, amigos… Parece incrível, mas até hoje eu não sei quando eu estou ajudando e quando estou atrapalhando.
– Desculpa ter falado da Maria… Peguei pesado.
– Teria doído menos se tivesse falado do Nando, mas na boa. Já passou. Afinal de contas, para que servem os amigos, se não para cutucar as feridas?
– Para curar as feridas…
– Sabe que de vez em quando você me parece muito mais bonitinho do que o Voadora?
– Vai a merda, Alê!
– Bom, eu preciso mesmo ir para algum lugar antes que seja tarde demais…
– Eu acho um inferno essa fase de namoros, sabia? Às vezes eu queria poder dormir e acordar com quarenta anos.
– E se aos quarenta estivermos na mesma?
– Não… Impossível. Toda menina ajeitada que fala “oi” pra mim, eu me apaixono. É uma desgraça. Aos quarenta isso não deve acontecer.
– É… A gente se apaixona umas três vezes por semana, acha que vai morrer se não ficar para sempre ao lado da figura e um mês depois ela vira um pé no saco.
– Essa fase eu desconheço. Se eu passasse do primeiro estágio já estava de bom tamanho.
– Será que nenhum amor adolescente é eterno?
– Não sei. Quando eu for um velho eu te conto. Hoje eu só queria mesmo é beijar na boca.
– Bom, aí eu já não posso ajudar. E chega desse papo! Vou atrás da Marilu. Mas olha, uma coisa é certa sobre a eternidade: de todos nós, você é o único que sempre foi e sempre será o tesão da vida do Voadora. Disso eu tenho certeza.
Ganhei um tabefe leve no braço, mais um sorriso e sai correndo. A Marilu já devia estar em apuros. E estava, pelo jeito que olhou pra mim. Quando me aproximei, eles fizeram uma pausa, mas não pararam de falar. A conversa parecia nervosa… Tentei me situar antes de abrir a boca.
– No Dancing. Estou dizendo que foi no Dancing, no banheiro das meninas, logo depois de você desmaiar de bêbado e os seus amigos te salvarem de um possível coma alcoólico.
– Não delira, garota! Eu não fiquei com você…
– “Ficou”, não! Você transou comigo. E prometeu que me ligaria no dia seguinte, disse que estava apaixonado…
– Eu nunca te vi na vida!
E não é que aquele era o cara do banheiro feminino? Por aquela eu não esperava. Eu não estava por perto quando o pegaram e colocaram pra fora da danceteria, mas parecia ser ele mesmo. E se ele era o cara do banheiro, a Marilu só podia ser a moça dos gemidos em inglês…
Que perua traidora! E eu pensando que ela estava falando de uns beijinhos apenas… Por que ela não me contou sobre eles antes? Ei, boa lembrança a dos gemidos em inglês. Acho que já dá pra eu me meter na conversa. Mas, que depois ela me paga… ah, se paga! Pra que serve uma melhor amiga, se não para dividir um bafão deste tamanho?
——————————–Continua e não acaba logo. Não mais. 😐
Para ler o Post I, clique aqui.



Escrito pela Alê Félix
29, junho, 2004
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Se você está lendo os posts “O ovo negro e os incompetentes no amor” e está
curioso(a) para saber quem era a Maria dos Pacotes, aguente firme. Em breve ela será escrita, mas não aqui.



Escrito pela Alê Félix
27, junho, 2004
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Na entrada da delegacia, encontramos um telefone público. Ainda era cedo, ainda bem! Se fosse muito tarde da noite e precisasse acordar o Seu Manuel para resolver uma pendenga como aquela, eu estaria frita. Ele era um homem de padaria: dormia tarde e acordava antes do sol nascer. Um bom sujeito, mas vivia para fazer dinheiro e voltar para a sua Lisboa. Éramos todos crianças quando o conhecemos. Ele mudou para o bairro e, em seguida, inaugurou a panificadora “Pôr do Sol do São Francisco”. Quando tiraram a faixa de cima do nome, o Zarolho odiou e a primeira coisa que falou para o português foi:
– Oh, Portuga! Por que não botou “Eu Sou o Pão do São Francisco”?
E ele riu. Riu e, nos meses seguintes, se encantou tanto com o interesse que o moleque demonstrava pela fabricação dos pães e pela cara de pau de contar piadas de português, que decidiu educá-lo e torná-lo seu braço direito. Não mudou o nome da padaria, mas adotou o Zarolho. Solteiro, impossibilitado de ter filhos, sem jeito com as mulheres, quarentão e obcecado pelo trabalho, Seu Manuel encontrou no bairro muito mais do que um lugar para sobreviver. Se fosse um dia qualquer, talvez ele não se importasse de ir atrás de nós para livrar a cara do Zarolho, mas naquele dia, não seria tão simples assim. Ele estava de coração partido e, talvez, a última coisa que ele quisesse ver, fosse a cara de um nós.
– Alê, liga você!
– Eu não! De jeito nenhum. Liga você que deu a idéia.
– Dei a idéia, mas você se dá melhor com ele.
– Não, Ivo! Não vou ligar. Ele deve achar que o que aconteceu com a Maria dos Pacotes foi culpa minha.
– E quando é que você vai deixar de achar que a culpa foi sua?
– …
– Então liga você, Marilu!
– Dá aqui esse telefone. Isso não será necessário, mas…
Marilu ligou. Foi tranqüilizadora e direta. Ela era boa nisso. Entendia dos adultos melhor do que todos nós. Dava as piores notícias de um jeito tão natural que fazia o problema parecer menor. Dizia que nenhuma tragédia adolescente é tão trágica quanto pintam e que era só evitar o suspense e frisar sempre que não haviam mortos, nem feridos.
– Pronto. Ele está vindo. Agora eu preciso contar uma coisa, mas vocês vão ter que me prometer que vão ouvir, não vão fazer perguntas e vão fazer o que eu disser. Depois eu explico o que vocês quiserem.
– Lá vem…
– Voadora, custa você concordar comigo uma vez na vida? É pelo bem do Zarolho. Se tudo der certo, quando o Seu Manuel chegar estará tudo resolvido.
Se o Seu Manuel o considerava como um filho, o Voadora o considerava o amor da sua vida. Voadora, tinha sentimentos contraditórios pelo Zarolho. Ora o menosprezava, ora sentia ciúmes de suas amizades, ora o elogiava, mas nunca o deixava na mão. Pelo bem do melhor amigo, até fazer acordos com a Marilu e comigo, que ele vez ou outra implicava, ele faria.
– Ok. Qual é o plano?
– Ótimo. Alê, vou precisar principalmente de você. E de vocês dois… Caso haja briga.
– Vixe, já vi que vai sobrar pra mim…
– Relaxa, Ivo. O Voadora é que é o bom de briga aqui.
– Capoeira não é uma luta, capoeira é uma arte! Quando é que vocês vão entender isso?
– Bom, o negócio é o seguinte: eu conheço o cara do Corcel. Fiquei com ele no final de semana passado.
– No Dancing?
– É…
– Mas não é possível, Marilu. Você estava com o…
Ela passou a mão no nariz, eu fiquei quieta. Aquele era o nosso sinal. O sinal do “concorde com tudo que eu disser. Depois eu explico.”
– Deixa eu ver se entendi… Você ficou com o cara e ele está com a namorada na delegacia. Ou seja, a não ser que ele tenha arranjado uma namorada do último domingo pra cá, ele chifrou a namorada com você?
– Bingo, Voadora!
– Marilu se você não fosse tão inteligente eu casaria com você…
– Ivo, presta atenção. Eu vou entrar com a Alê na delegacia e, na primeira oportunidade que tivermos, eu vou puxar o cara de canto e conversar com ele.
– Mas você vai dizer o quê?
– Deixa comigo. O único problema é que, se o papo não funcionar, você e o Voadora terão que inventar uma história para o delegado. Tudo bem pra vocês?
– Feito.
– Eu detesto mentira, mas se é por uma boa causa…
– Alê?
– Precisa perguntar?
E não precisava mesmo perguntar. Se fôssemos uma gang, a Marilu seria a mentora de grande parte dos nossos crimes. Não era novidade trabalharmos em equipe por diversão ou para livrar a pele de alguém. Podíamos até acordar com a consciência pesada no outro dia, mas na hora não dava pra escolher voltar pra casa e dormir.
——————————–Continua.
Para ler o Post I, clique aqui.



Escrito pela Alê Félix
26, junho, 2004
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Tô afim de ir em um(a) sobrenatural… Alguém aí tem uma indicação quente? Precisa ser em São Paulo – não vou viajar pra saber do futuro, é muito sacrifício pra pouco benefício. Mas, veja lá! Não vá me indicar um Walter Mercado da vida. Se for dar o contato do sobrenatural, se possível me conta antes o tamanho da adivinhação.



Escrito pela Alê Félix
26, junho, 2004
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Quem leu, leu. Para quem não leu, só sobraram pedaços.
“Isso aqui é só um blog. Respostas para crises existências quem oferece é a igreja, os livros de filosofia, o sexo por paixão, as crianças, a Discovery Channel, a voz da Maria Bethânia, a voz do Israel Kamakawiwo’ole cantando What a Wonderful Word, chás de cogumelos industrializados, amigos viajandões na maionese, as flores, os tomates, as boas festas, os bons enterros, o bolinho de bacalhau do Yokoyama, beijo na boca no meio da tempestade, um cabeleireiro gay, os horizontes das estradas, uma manicure tagarela, uma massagista muda, banho pela manhã, Dancing Queen no último volume, balanços, escorregadores, montanhas-russas e mangas arregaçadas, não eu!”
“E percebi que – no fundo, no fundo – estamos sempre sozinhos e que a única coisa que podemos fazer é realmente tentar arregaçar as mangas e fazer o que é possível. Lembrei também de três pessoas que passaram pela minha vida e atiraram na minha cara o quão ridícula e arrogante eu era quando empinava o nariz para as fraquezas dos outros. Lembrei da mãe de um amigo meu que tentou se matar mais de dez vezes e arruinou com a estrutura emocional dos filhos para que – no final das contas – durante um enfarto que a pegou desprevenida e que a matou, ela fizesse o maior escândalo pedindo a Deus que não a deixasse morrer. Lembrei de uma história que o meu pai contava, de um garoto de seu bairro que não só viu o pai se suicidar como ouviu do corno cretino, que ele estava fazendo aquilo por culpa da esposa – mãe do garoto. Lembrei também de um livro, não lembro o nome, que uma professora de português leu na sala de aula quando eu estava na sexta série. Era uma história sobre uma mulher que não sabia mais administrar as suas tristezas e tentou duas ou três formas de acabar com a sua vida. Na última, ela amarrou uma pedra nos pés e se atirou de uma ponte. Enquanto se afogava ela encontrava respostas para a dúzia de problemas que nem sequer ela tinha. Quando percebeu a besteira que estava fazendo, infelizmente era tarde demais e morreu. Nunca esqueci essa história. Não lembro dos detalhes e posso até ter modificado o seu sentido na minha confusa caixa de memórias, mas é assim que eu lembro dela quando vejo alguém que se perdeu ou quando eu mesma estou perdida.”
“Não sei por que eu coloquei a opção de e-mail neste blog. Eu não respondo e-mails, assim como raramente respondo comentários. Visito os visitantes, mas não costumo deixar rastros por deixar. E não é por arrogância, descaso ou por que eu tenho um super-ego, é só instinto de preservação. Há anos que meu maior trabalho é me manter distante. Já disseram que é síndrome do pânico, que me tornei uma pessoa anti-social e que enlouqueci. De verdade eu acho que é só tristeza. Não me refiro a depressões e tragédias cotidianas, mas a necessidade de solidão e de compreensão de tudo que não sou eu. Minha tristeza é a tristeza humana que todos nós carregamos, mas tratamos de ignorar. Minha tristeza é uterina e reflexiva, é profunda sem ser destrutiva e inútil. Minha tristeza me fortalece, me oferece respostas, mas me isola. É uma tristeza necessária e silenciosa que me faz ter o cuidado de compreendê-la escrevendo. E, por enquanto, só por mim.”
“Apesar de tantos avisos e cercas de arames farpados, existe uma placa de madeira talhada pendurada em alguma porta da minha vida que diz que meus dias se resumem a encontrar a minha heroína perdida e que, por isso, se o seu chamado for um pedido de socorro, eu deixo você entrar.”
“Eu entendo que é necessário uma puta coragem para viver, mas é preciso coragem para morrer também. Viver dói. E dói uma dor que não é privilégio dos suicidas. Sendo assim, não encha o meu saco com esse papo furado de “eu quero morreeeeer”. Isso pra mim está mais para piada do Didi Mocó do que para desespero existencial. E não interessa o que eu tenha escrito. Não tente me transformar no seu mestre dos magos por que eu não sei onde está a saída. Deveria ser visível, mesmo para alguém que só enxerga o próprio nariz, que uma pessoa que diz estar a procura da sua heroína perdida, não passa de uma covarde de plantão. Resumindo: A não ser que a sua vida seja algo próximo da vida de um garotinho ou garotinha iraquianos que tiveram seus irmãos assassinados, sua mãe estuprada e o seu pai degolado, não conte comigo para falar de suícidio.”
Respondendo os comentários…
Neto, imagino que muita gente não deva gostar e, sinceramente, acho isso ótimo por que quem precisa desse tipo de reforço, acaba desistindo de vir aqui. E acho uma babaquice essa dinâmica de retribuição de comentários. A troca de idéias é legal, mas a troca de números é foda. Pra quem quer ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar, é compreensível. Eu não tenho mais idade, nem saco pra essas coisas. É claro que eu visito outros sites, que respondo e-mails e que comento, mas só quando posso, quando quero, quando não esqueço, quando me divirto e quando há o que ser dito. Não acho que isto seja egoísmo, mas sim bom senso. Até pouco tempo atrás poderia ser medo de proximidade. Eu simplesmente não queria contato, mas isso me fez mal. Me sentia arrogante e ao mesmo tempo frágil demais, mas isso é passado. Não foi uma época muito legal e se eu pudesse pediria desculpas pra todo mundo que escreveu e eu ignorei. Elas não fazem idéia do quanto me fizeram bem. Quanto ao comentário no seu blog, eu acho que não é assim que a gente se aproxima de alguém. Achei muito legal o que você escreveu, mesmo não concordando com nada. Honestidade misturada com demonstração de carinho faz com que eu me aproxime, convites superficiais não. Um beijo pro cê e, se isso faz diferença, eu te vejo.
Ponto, estar coberta de razão raramente é algo saudável. 😐 rs.
Camilinha, acho que o grande problema é que eu não confio em alguém que pensa em se matar e deixa isso claro para as pessoas a sua volta. Entendo que as pessoas queiram desabafar, mas vir com esse papo de “estou pensando em me matar” é de lascar. Enfim, de forma alguma você foi inconveniente e obrigada pelo carinho. Quanto a religião, eu não tenho mesmo. Mas também não tenho mais nada contra quem tem. Antigamente eu achava que era uma perda de tempo, hoje eu entendo quem precisa de uma. Você é espírita?
Mr. Snail, gostei do “caríssima”. 🙂 Então, eu tenho uma dificuldade enorme para não meter o bedelho na vida dos outros. Esse é um dos motivos que me levam a querer distância. E eu não ligo tanto quanto deve parecer, mas não consigo ser indiferente. Posso fingir que sou enquanto ignoro, mas não consigo deixar de ler e muito menos deixar de sentir.
Blue Woman, post fantasma é aquele que eu escrevo, posto e tiro do ar depois de um tempo. Eu fazia isso com uma certa freqüência e algumas pessoas percebiam. A Camila por exemplo, leu o post antes da complementação. Normalmente eu devolvo eles para o rascunho e não mexo mais. Mas este me deixou meio triste e eu não achei legal fugir dele. Agora virou versão editada. Não está tudo aqui mais. É isso. E, ah! Eu li seu último post e adorei você. Acho que temos idades próximas. Eu escrevi um post parecido com aquele – que está no rascunho – mas só sobre as profissões. O seu está gracinha. Fiquei até com vontade de te dar um template. 🙂
Renato, bacana esse seu sobrenome, hein? Me amarro em sobrenome… Bom, eu não concordo com você. Não acho que é uma saída desonrosa e também não acho fácil. Ao contrário. Saddam Hussein se tivesse se suicidado quando os americanos o encontraram, por exemplo, teria honrado seu povo e a sua história por pior que ela tenha sido. Ele foi covarde. Se é que aquele cara é ele realmente. Acho que o verdadeiro suicida é acima de tudo um ser de extrema coragem. Agora, o que não dá pra engolir são aqueles que não tem coragem para viver, nem pra morrer e ainda ficam usando isso para comover as pessoas. Isso não dá. Quanto a você não ir no enterro dos amigos que fizerem isso, que diferença faria? O cara já teria morrido! Não dá pra imaginar alguém pensando: “Pô, não vou me matar por que senão ninguém vai no meu enterro…” hehehe -Impossível!. Beijo, querido!
Gabi, não li. E desculpo toda e qualquer falta de seriedade, sempre.
Isabella, que história de lelé a desse menino, hein? Afe! Bom, também pode ter sido sacanagem dele. Deleta.
Vinking, eu morro de dó das pessoas, mas só das que não possuem grandes alternativas na vida. O que eu não agüento é essa ladainha da tristeza burra. Nunca ouvi falar tanto de doenças psicológicas como hoje em dia. A infelicidade é super valorizada pelas pessoas e eu não tenho a menor paciência com esse povo do “oh céu, oh vida…”. Tanque, querido! As pessoas precisam de um belo tanque de roupa suja! Nascer pobre com uma família que não atrapalhasse e não confundisse, seria um bom começo. Mas seria impossível transformar isso em lei. rs
Ainda existem fãs da Xuxa? Isso me parece tão distante…
E, ei! Eu também gosto de ser querida. Todo mundo acho que gosta. Mas gostar de alguém significa querer conhecê-la e não invadi-la. Eu quero mais ser respeitada do que querida. Pra mim, abuso mental é covardia e desrespeito. Quem faz isso com um desconhecido pode fazer também com os filhos. Não tenho a menor dó. Ok, é mentira… eu tenho. Mas não passo a mão na cabeça. Dou um joelhaço. rs
Paula, eu não aceitei a proposta da revista. Fiquei muito tentada, mas era uma proposta que atendia muito mais o meu ego do que o meu cérebro. Além do mais, eu não me sentiria bem escrevendo uma coisa e fazendo outra. O que eu digo já não tem muito peso, se o que eu escrevo também não tiver… Não dá, né? rs. A saga do primeiro beijo começou aqui, acaba aqui, mas continua sendo minha. Não parei de escrevê-la, mas ainda não deu pra postar.
Puta trabalhão que dá esse negócio de responder comentários. Por hoje chega. Vou dormir. Fui.



Escrito pela Alê Félix
24, junho, 2004
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– Começou…
– Calma, Zarolho. O cara é um policial.
– É, pega leve…
– Siqueira, Sargento Nunes, venham ver. O garoto aqui se chama Um Dois Três de Oliveira Quatro. Dá pra acreditar? Tu é filho de quem rapaz?
E o Zarolho, roxo de raiva… Ele era um destemperado; sempre foi. Um rebelde massacrado por todo tipo de piada de mau gosto. Pedir que ele controlasse a sua língua e a sua ira, era quase um abuso. Esperávamos que, diante de um policial, ele tivesse bom senso, mas…
– Do seu pai, seu pangaré!
– Vixe, agora já era.
– Puta-que-o-pariu, Zarolho…
– Pangaré? Que merda de xingamento é esse?
– Quem você pensa que é, seu moleque? Repete! Repete pra você ver só o que é bom pra tosse!
– Ah! Essa é boa… Quantos anos esse cara tem? Cinco?
– Quieto, Ivo!
Ali eu pensei que não teria mais jeito. Seria do carro para o camburão, do camburão para a cadeia, da cadeia para uma cela com um monte de bandidas, da cela para um reformatório e do reformatório para o mundo do crime. O pior de tudo era a sensação de medo. Nunca a gente pensa tanto nos pais como em uma hora dessas. E se meu pai e minha mãe tivessem que me buscar na delegacia… ai, ai, ai. Doía imaginar. E doía mais ainda ver, pelo espelho do carro, que o doido do Corcel vinha em nossa direção, querendo briga. Cego de ódio por conta da ovada, ele quase passou por cima do policial…
– Foi esse aí! Esse aí mesmo que me tacou o ovo! Esse vândalo! Vem tacar ovo agora, vem!
– Pronto! A polícia e o Corcel II… Que pesadelo. Agora sim, estamos fritos.
Foi eu dizer isso, pra Marilu ter um ataque de riso. Assim, do nada! Uma risada alta e nervosa, dessas que faz os olhos lacrimejarem.
– Ficou louca?
Botou a mão na boca e prendeu o riso. O policial segurou o rapaz que já estava agarrado no vidro do carro, tentando pegar o Zarolho…
– Opa, opa, opa! Tá pensando o quê, rapaz?
– Ele tacou um ovo em mim e na minha namorada!
Marilu teve outra crise de riso e dessa vez o policial viu e fez uma cara de quem não gostou nada, nada. O Corcel II foi pra cima de novo…
– Separa! Separa! Mais respeito, rapá!
O Corcel respirou fundo…
– Tudo bem… Mas eu quero prestar queixa contra esse imbecil!
– Quem decide isso sou eu! Vamos com calma… Diz aí, Um Dois Três, por que você tacou um ovo no casal?
– Um Dois Três? Seu nome é Um Dois Três?
– De Oliveira Quatro! Por quê? Não gostou? Pega eu, Corcel II de meia-tigela.
– Onde nós estamos? No jardim da infância? Ninguém mais sabe dar uma resposta decente? Meia-tigela, Zarolho? Não me envergonha…
– Zarolho, pára! A gente já está encrencado demais com você quieto. Falando desse jeito, essa história vai acabar na cadeia! E você, pára de agitar, Ivo!
– Chega! Todo mundo pra delegacia!
– Não falei…?
A namorada do Corcel, mesmo com raiva, tomou uma decisão que ninguém esperava…
– Não precisa ir todo mundo não, seu guarda. Foi só o do cabelo lambido que estava no carro e tacou o ovo. Os outros entraram depois. Eles não tem nada a ver com isso.
– Isso é gel! Lambido ficou o seu com a clara de ovo.
– Quieto! Tem certeza, moça?
– Tenho sim.
O Corcel II não entendeu por que a namorada estava livrando a nossa cara, mas confirmou a história e o policial se contentou em levar só o Zarolho pra delegacia…
– Ok, então o resto pode ir embora. O Um Dois Três vem com a gente.
Por um lado, nos sentimos aliviados, mas por outro…
– E agora? A gente vai deixar o Zarolho se ferrar sozinho?
– Claro, o maluco do ovo é ele!
– Nem a pau! Eu não perco isso por nada desse mundo. Eu vou junto.
– Marilu, sem essa. Não quero ninguém atrás de mim.
– Não interessa o que você acha. Eu vou com você, Zarolho. E acho que todos nós deveríamos ir.
– Marilu, não! Eu sou maior de idade, eu resolvo isso. A Alê é de menor, você e o Ivo também. Vão embora.
– Não. Vai por mim, eu conheço o cara do Corcel. Eu não posso explicar agora, mas eu preciso ir com você. Na pior das hipóteses, a gente liga para o Seu Manuel e pede ajuda. Ele vai entender.
– De onde você conhece esse sujeito?
– Saindo! Vamos lá, Um Dois Três e já!
– Que policial babaca… Eu vou também.
– Alê, seus pais vão te matar.
– Eu dou um jeito. E aí? Ivo e Voadora, vocês vão ou não vão?
– Vou. Zarolho, dá a chave e o documento do carro, que eu dirijo. A gente se encontra lá.
– E você, Ivo?
– Tá, tá, tá! Mas antes a gente pára em um orelhão e liga para o Seu Manuel. Eu que não vou dormir no xilindró por causa de um bando de jardim da infância como vocês.
——————————–Continua.
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Escrito pela Alê Félix
22, junho, 2004
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