Durante um sambão com feijoada que aconteceu nesse feriado, o tiozão da foto tentava arrastar todo mundo pra dançar e ninguém ia. Como eu adoro samba de raiz e não tenho problema nenhum pra sacudir sem saber dançar, fui pra pista com o tio, para o espanto de todo mundo que estava sentadinho, cheio de preguiça e achando que ele era só um lelé entre tantos normais que deveriam evitá-lo.
Meu sobrinho ergueu as sobrancelhas ao me ver levantar da mesa, me chamou de tia louca e impediu numa fração de segundos que o tiozão arrastasse mais duas das mulheres da família pro samba. Disse que a mãe dele não podia porque ele estava com fome e só ela sabia fazer o prato do jeito que ele gostava e que a minha cunhada também não ia porque estava de muleta (mentira, quem estava de muleta era meu irmão, mas foi a desculpa mais rápida e eficiente que ele podia ter dado para que o tiozão dançarino desistisse de convidá-la).

Depois que sai da mesa pra dançar, várias outras pessoas também foram, o tiozão deixou de ser o maluquinho do samba, todo mundo passou a se divertir, mas eu não resisti de curiosidade sobre o comportamento do meu sobrinho e fui falar com ele. É que, desde que ele era pititico, eu desconfiava que ele não ia muito com a minha cara. Sempre soube que tínhamos personalidades e naturezas muito diferentes e que isso, provavelmente, o faria levar pelo menos duas décadas pra me conhecer e respeitar por amor e não por obrigação de sobrinho.
Como ele não deu a mínima quando aceitei dançar, quis saber porque ele havia impedido a mãe e a namorada do meu irmão e eu não. Já estava certa de que ele gostava menos de mim do que do resto da família quando…

– Bonito hein, Vini! Sua mãe e a namorada do seu tio você não deixa que saiam da mesa pra dançar, mas quando me chamam você não diz nada, né?

Ele olhou pra mim e respondeu com a resposta mais linda que eu podia ter ouvido, mostrando que não só gostava de mim, como também gostava do jeito que sou, bem antes das duas décadas que pensei serem necessárias…

– Ahh, tia Alê… E quem é que te segura? E se você não é a doida ninguém dança!

Passei o resto da tarde com cara de bocó alegre, tentando ensiná-lo como é que se sacode sem saber dançar… 🙂

Alê Félix



Escrito pela Alê Félix
26, abril, 2011
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Não se trata de uma necessidade de controle, mas sim da mais pura vontade de ser sua, completamente sua, sem exigir que você seja meu. Eu odeio falar tanto, pensar tanto. Bastaria ter pedido que você ouvisse e compreendesse essa música do primeiro ao último “não”…

http://migre.me/4lFaF



Escrito pela Alê Félix
25, abril, 2011
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E aí Lucifer criou a timidez, a vergonha, a água com gás… Tenho certeza de que Deus é o responsável pela paixão, a tentação e água ardente. Ninguém vai me convencer do contrário.
Sai pra beber com umas amigas que falam mais de sexo do que de trabalho, graças ao meu Deus. Odeio mulheres que marcam clubes da luluzinha pra falar dos problemas de comunicação que enfrentam no trabalho, os erros da empregada e a amante do marido. Sinceramente, minha amiga? Vibrador, outro emprego, yoga e um amante (pra você!). Ninguém merece a sua vida.
Vou ter que pedir desculpas pra quantas esposas amanhã de manhã? Enfim…
Eu tô apaixonada… Eu posso fazer qualquer coisa. Posso falar mal das minhas amigas, elogiar Deus, falar mal do Diabo. Não me importa nada, nada me interessa (além dele), nenhuma bobagem e fofoquinha corriqueira me chama mais a atençao. Obrigada deus pelas quantidades exageradas de saquê…
A grande vantagem de um restaurante japonês é o disfarçado saquê… Nada mais me interessa além do saquê (e ele!).
Quanto tempo faz que eu não fico realmente feliz? Feliz, independentemente dele, das mentiras e verdades dele (e do mundo!), dele inteiro por mais que ele seja lindo, incrível, sensível, gostoso, inteligente, aparentemente verdadeiro, aparentemente bem intencionado, aparentemente não superficial, aparentemente legal… Qual é mesmo o contrário de não superficial e babaca? Ele não é… Não parece, eu não enxergo… Mas por que diabos eu não enxergo nada de ruim naquele homem??
Como posso ter ficado tanto tempo sem encostar naquele corpo, sem respirar os aromas de cada palavra que ele me dá e me rouba?
Tanto faz se eu estiver errada… Vou ligar pra ele. Adeus.



Escrito pela Alê Félix
19, abril, 2011
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… 05 de abril às 18:37
Posso te fazer uma pergunta?

… 05 de abril às 23:30
Sim.

… 05 de abril às 23:45
Pode parecer meio esquisito, mas… Por que você não conversa comigo?

Dez dias depois…
Os dez dias mais alegres, apaixonantes, contagiantes…

… 15 abril (2 dias atrás)
PS: Reparei que não disse o óbvio. Amo você. Beijo!

…15 abr (2 dias atrás)
Vem hoje a noite? Não, hoje não, pois ontem atravessamos a madrugada por um fio. Vem amanhã cedinho? Me acorda com café? Passa um dia inteiro comigo? Como é possível sentir saudade de alguém que nunca nos tocou a face?
PS: Acho que eu também te amo.

12 dias depois…
Eu desço dessa solidão
Espalho coisas sobre
Um Chão de Giz
Há meros devaneios tolos
A me torturar
Fotografias recortadas
Em jornais de folhas
Amiúde!
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes…
Disparo balas de canhão
É inútil, pois existe
Um grão-vizir
Há tantas violetas velhas
Sem um colibri
Queria usar quem sabe
Uma camisa de força
Ou de vênus
Mas não vou gozar de nós
Apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom…
Agora pego
Um caminhão na lona
Vou a nocaute outra vez
Prá sempre fui acorrentado
No seu calcanhar
Meus vinte anos de “boy”
That’s over, baby!
Freud explica…
Não vou me sujar
Fumando apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom
Quanto ao pano dos confetes
Já passou meu carnaval
E isso explica porque o sexo
É assunto popular…
No mais estou indo embora!
No mais estou indo embora!
No mais estou indo embora!
No mais…

No mais, me sinto com a face arrebentada no solo frio de mais um abismo que me deu o frio na barriga do salto, a fé e o prazer que nos levam a crer na possibilidade de voar e mais um fim. No mais, doze dias depois, vinte e duas cartas depois, vinte e quatro horas depois, diante da letra da música mais adequada… Vou jogar nossas cartas num pano de guardar confetes, lacrimejar sempre que lembrar do seu sorriso olhando meu carro partir e… sumir.



Escrito pela Alê Félix
17, abril, 2011
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Se eu contar que tenho acordado a mulher mais feliz do mundo, você me ajuda a ficar assim só mais um pouquinho? Só mais alguns dias e eu juro que deixo outras moças ocuparem esse primeiro lugar mundial…
Se eu te contar que, nesse nosso caso, qualquer dia menos feliz que possa vir, tem me parecido tão além da felicidade…
Se eu contar que tenho acordado sorrindo depois do tanto que chorei, você acreditaria que passei a perdoar e respeitar cada lágrima que derramei até aqui?
Se eu contar que tô achando que as palavras, nossa dose de verdade e esse tanto imenso de carinho estão consertando uma grande falha que se formava no meu coração e me impossibilitava de gostar direito…
Se eu contar que toda noite sinto vontade de te dar meu corpo, embalado num tanto de desejo que você poderia guardá-lo só pra você, pelo tempo que quisesse… Talvez, dentro de um baú, junto com o seu coração, mas cujas únicas chaves fossem nossas próprias mãos…
Se eu te contar que a vida tem parecido mágica, generosa e prestativa…
Se eu contar que tenho acreditado que talvez ela seja assim pra qualquer um de nós, que basta tratá-la de igual pra igual… Igual a gente tem feito…
Se eu te contar que também gosto do vermelho, dos ventos que brincam com nossos cabelos e das chuvas que nos abraçam…
Se eu te contar que adoro pimenta, que açucar pode me levar a nocaute e que tenho pena da história de vida da picanha…
Se eu te contar que fiz carinha de triste sobre a parte dos aviões, mas dei graças aos céus pelos 100KM de distância…
Se eu contar que gosto dos seus filhos, de todos os seus retratos na parede, de todos os vínculos de sangue que te fizeram crescer, todos os amigos que te fizeram sorrir e questionar, todas as mulheres que te ensinaram a amar… Gosto verdadeiramente de cada pessoa que passou pela sua vida e te fez bem, te faz você…
Se eu contar que você me faz respirar fundo, feito suspiro de encantamento, os mesmos que inspiro quando sinto cheiro de mato depois da chuva, jasmin quando anoitece, mar quando amanhece…
Se eu contar que acabei de voltar de uma feira, que fui atrás de tomate seco e que vi um pássaro escapando de uma gaiola, um que batizei de bem-te-vi, mesmo sem saber se ele preferiria ser chamado de outro nome. E que comecei a chorar, no meio de uma feira-livre, um choro de alegria que eu precisava tanto, mas tanto que ninguém jamais acreditaria se eu contasse…

PS: Acho que eu também te amo.



Escrito pela Alê Félix
14, abril, 2011
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Tenho a impressão de que todas as tragédias que acontecem no mundo ocorrem enquanto estou dormindo. Lembro do ataque às Torres Gêmeas nos EUA… Acordei com a notícia na TV, meu ex-marido me sacudindo pra eu não perder as cenas que pareciam ser o início de uma possível guerra, um acontecimento histórico. Eu acordava, pensava e sentia uma coisa estranha meio tristeza, meio culpa, como se não me fosse permitido estar bem diante de uma tragédia de proporções maiores do que as que recheiam diariamente os jornais. Lembro de ter sido acordada por vários comentários e noticiários de enchentes que destruíram cidades brasileiras, mas não me recordo mais do nome de nenhuma delas. Devo ter ficado chocada na época que aconteceram, devo ter escolhido qual jornal eu devia ler só pela quantidade de informações sobre o assunto e, provavelmente, repeti as mesmas frases-idéias-opiniões que todos repetem nessas horas…

Sabe acidente de trânsito? Sabe aquela fila de carros passando devagar ao lado do defunto atropelado, só pra ver o tamanho do estrago ou sentir um pouco do cheiro da morte? Algo me diz que é assim que a gente olha pras tragédias que assolam o mundo. Se ao invés de ter virado presunto o atropelado tivesse perdido só uma perna, tenho certeza de que alguns carros da fila parariam para lhe doar uma blusa de lã velha ou qualquer outro tipo de lixo que aliviasse sua consciência diante do espetáculo de azar de um e sorte do outro. Tem gente que olha rapidinho e depois fecha os olhos, tem gente que vira o rosto, tem gente que enfia a cabeça pra fora da janela, tem gente que buzina, mas por um instante todos devem se nutrir do mesmo sentimento… Tá lá o fim, pegou esse numa curva, passo reto, ignoro ou rezo?

Nunca entendi porque somos assim, porque rodeamos a morte e os infortúnios como se precisássemos nos certificar de algo, nos sacar realmente mortais. Quando digo para os meus amigos que vou viver pra sempre eles sorriem como se essa fosse mais uma das minhas ideias brincalhonas. O que eles não percebem é que também acham o mesmo que eu, agem, vivem diariamente como se nunca fossem morrer, como se nunca fosse possível o defunto da estrada ser eles.

Essa semana acordei com as manchetes sobre o terremoto e o tsunami no Japão. E, sempre que ouço falar que uma tsunami bateu em uma costa, logo me veem a mente que ela vai voltar para algum outro lado. Pensei nas cidades do Chile que no ano passado enfrentaram os mesmos problemas e foi esquecida pelo mundo alguns meses depois. Nosso senso de generosidade e humanidade raramente vai além da nossa culpa, do velado “antes ele do que eu”. Ser humano acha que solidariedade é doar roupa velha enquanto a tragédia é notícia fresca. Um ano depois, quem lembra do Chile, quem volta na cena do crime pra ver se foram tomadas medidas de segurança, quem vai lembrar do estado da estrada onde morreu o defunto?

A propósito, você lembra? http://migre.me/43wwW

Escrito por Alê Félix, semanas atrás, poucos dias depois do terremoto e tsunami que atingiram o Japão em Março de 2011.



Escrito pela Alê Félix
8, abril, 2011
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