Pronto! Agora eu tenho MSN e ICQ. E aguardem! Eu tenho novidades. 😉

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Escrito pela Alê Félix
5, janeiro, 2004
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Sou uma besta quadrada por não ter comemorado meu aniversário de trinta anos. Deveria ter feito uma festa de
criança. Como a que eu e minha irmã fizemos hoje para o meu sobrinho. Festa com piscina de bolinha improvisada,
línguas de sogra, apitos, playstation, twister e guerra de brigadeiro. Este ano eu comemoro os trinta e um.
Juro! Eu sinto falta de festas. Principalmente das que fazemos aqui em casa. Mesmo sendo um trabalho absurdo
preparar uma festa infantil e mesmo a casa virando um retrato pós guerra no final, vale a pena. Eu estou
arrebentada, mas fazia tempo que não me divertia tanto.
Como foi de última hora, vieram poucos amigos, alguns filhotes e um pedaço pequeno da família. Só agora tive uma
folga pra ver os presentes. Entre eles, uma garrafa de vinho branco trazida por um amigo solteiro que,
aparentemente, não freqüenta aniversários de bebês há muitos anos.
A tia agradece… 😉



Escrito pela Alê Félix
5, janeiro, 2004
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Oito horas da manhã, eu sozinha naquele fim de mundo da casa dos meus pais e, mesmo assim, algum excomungado
insistia em me acordar com o barulho da campainha. Pra piorar, garoa. Muita garoa e muito cinza claro no céu. A
pior garoa paulistana é a da virada do ano. Não bastasse mofar na cidade vazia, ainda precisamos agüentar esse
chove-não-molha que acontece em quase todos os reveillons. Eu não achava o chinelo de jeito nenhum. E,
como o imbecil estava prestes a tocar a nona sinfonia apertando a maldita campainha, atravessei o quintal
molhado descalça e do jeito que eu acordei.
Segui preparada para amaldiçoar o infeliz, quando abro o portão e me deparo com duas alegres balzaquianas:
– Feliz ano novo! Feliz ano novo! Viemos buscá-la. Vamos fazer compras.
Eram minhas amigas… As únicas que sobreviveram às transformações da minha adolescência, meu mau humor e à
minha ausência.
– Vocês sabem que horas são?
Amarrei a cara e apertei o passo para fugir dos pingos. Satisfeitas com a sacanagem matutina, elas me seguiram.
Nossa velha amizade sempre consistiu em tentarmos atingir, um dia, a inimizade. Só pode ser este o motivo de
sermos tão cretinas umas com as outras. Eu ralhando do horário, do tempo e…
– Puta-que-o-pariu! Pisei na merda.
Dez anos sem cachorro em casa e sem a preocupação de olhar por onde eu piso. Eu havia esquecido completamente da
existência da Sasha. Sasha é a rottweiler que o meu pai comprou para substituir a dobermann que cresceu comigo.
A dobermann, antes de sua morte trágica, jamais cagaria cocozinhos tão imperceptíveis aos olhos humanos. A Sasha
é uma tragédia. Ela deve achar que, só porque aprendeu a rolar sob o comando do meu pai, pode defecar toneladas
de trocinhos pelo quintal. E eu com os dedos dos pés desnudos…
– Caralho, caralho, caralho!
As duas, cagando de rir…
– Alê, relaxa! Pisar na merda é como ter a casa invadida por um rato. Parece nojento, mas é sinal de bons
presságios. Ainda mais em plena virada do ano, isso deve ser um bom sinal.
– Bom sinal porque os vãos são meus e não seus! Puta-que-o-pariu… Onde está a mangueira, o listerine, o pinho
sol?
– Você não é iniciante nesse negócio de pisar na merda. É uma veterana, relaxa. Se não me falha a memória, uma
de suas pisadas fez o Rubens se apaixonar por você.
– É veterana em dar moradia para ratos também. Lembra da ratazana que invadiu o apartamento da M’Boi e ela ficou
com dó de usar uma ratoeira?
E riam…
– Por que vocês não vão a merda?
– Porque você pisou nela antes da gente!
E, às minhas custas, as duas patetas se divertiam cada vez mais. Eu querendo paz e ganhei a companhia ilimitada
daquelas três mulheres da minha antiga vida de solteira. Era o que me faltava para fechar o ano…
– Vai, Alê! Vai lavar as partes, porque já estamos atrasadas.
– Atrasadas? Eu não vou a lugar algum.
– Vamos sim! Temos uma lista enorme de mandingas para preparar até a meia-noite. Já calculamos a sua numerologia
e fizemos umas anotações pra você.
– Oi! Tem alguém aí nessa cabecinha loira? Sou eu! A sua chata e velha amiga descrente. Eu não acredito nessas
porcarias! Esqueceram?
– Querida, finge que eu sou surda e conversa aqui com a minha mão!
– Vocês andam lendo aquela merda de blog suas vigaristas?
– E não esquece de escovar os dentes. Sua boca está mais suja do que o seu pé direito.
Inconformada, molhada e premiada, eu olhei para o céu em busca de compreensão…
– Por que eu não fui para a Praia Grande dividir colchonete com meus irmãos? Por quê?
Duas horas depois de muita viadagem, desinfetantes, papo calcinha e horas no banho esperando que elas
desistissem de mim, lá fomos nós atrás de louro, arruda, sal grosso, roupas íntimas, lençóis, coisas vermelhas e
uma infinita lista de ingredientes que alimentam o bozó anual das passagens de ano.

—————-Continua…



Escrito pela Alê Félix
3, janeiro, 2004
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