– O que aconteceu?
– Nada! Acredita?
– Nada? Não era sua mãe no telefone?
– Achei que fosse, mas parece que não era.
– Como assim “parece”?
– A dona Olga não tocou no assunto…
– E falaram sobre o quê esse tempo todo?
– Nada.
– Pára, Alê!
– Juro! Um papo furado sobre bom comportamento e só.
Pela expressão da Marilu, minha versão dos fatos não foi muito convincente. Mas eu não quis falar sobre. Imaginei que, se eu contasse sobre as
insinuações da diretora, ela voltaria lá para tirar satisfações. Desconversei e ela não insistiu.
– Bom, vou pra sala de aula.
– Esquece, a professora de matemática faltou.
– De novo?
– Graças a Deus! Duas aulas vagas seguidas. As meninas conseguiram que liberassem a rede de vôlei. Você vai jogar?
– Não. Preciso estudar. Tenho que terminar o trabalho de geografia.
– Quer ajuda?
– Sua? Está brincando?
– Por que estaria? Não é porque eu sou à toa que eu sou burra. É sério! Tudo bem que é uma das únicas matérias que eu mando bem, mas de burra eu não
tenho nada.
– Nunca achei que fosse. Só acho você desinteressada.
– Por sala de aula? Pode ser… Mas não pela vida.
– É uma boa resposta, mas conveniente.
– Bom, pense o que quiser. Só estou oferecendo ajuda porque está um tédio no pátio. Eu até jogaria, mas não gosto daquelas garotas.
– Que garotas?
– Da Julia e da Marina. Elas que descolaram a rede.
– Ah, é? Eu também não gosto delas.
– Não? Achei que fossem amigas.
– E éramos. Antes delas revelarem suas facetas do mal.
– Que história é essa?
– Peguei as duas falando de mim pelas costas e desde então não somos mais tão amigas assim. Não parei de falar com elas, mas acabou a proximidade.
Marilu desatou a rir…
– Quando? Como foi?
– No banheiro aqui da escola. Já faz tempo.
Contei toda a história do flagrante do banheiro. Quer dizer, tentei contar. Quando ela não ria, fazia um milhão de perguntas paralelas.
– Que caras de pau!
– É. Mas a raiva já passou. Além do mais, foi bom eu ter ouvido o que elas disseram sobre mim. Foi no começo da amizade…
– Cara, como pode? Você é muito metida a “boa samaritana”. Deveria ter saído de trás da porta e enfiado a mão na cara delas.
– Marilu, eu não sou como você.
– Deveria. Teria adquirido respeito.
– Existem outras maneiras de se adquirir o respeito das pessoas. A questão é que, delas, eu não quero nada. É como se elas não existissem mais. Não
quero respeito, não quero amizade, não quero nada.
– O velho hábito de ignorar… Ignorar é péssimo! Você ignora e tudo continua como está. Um filha da puta só pára quando alguém mete a mão na cara
dele.
– Não acredito. Nunca conheci um maledicente que não fosse carente de atenção. Ou é carência, ou auto-afirmação. Neste caso, revidar pra quê?
– Não acho nada disso. Filha da puta é filha da puta e pronto! O resto é desculpinha pra boi dormir. Essas meninas tem prazer em falar mal das outras
pessoas. É um esporte para elas.
– Todo mundo fala mal dos outros, Marilu! Eu falo mal, você fala mal, elas falam também.
Ela me olhou com cara de paisagem por um instante e…
– Você tem razão. Somos todos um bando de filhos da puta! Vem, eu tenho uma idéia. Isso não pode ficar barato desse jeito.
– Que idéia, Marilu? Isso aconteceu há um tempão!
– Não interessa. Vem.

———-> Continua

Clique aqui para ler o Post I – A saga do primeiro beijo.



Escrito pela Alê Félix
30, setembro, 2003
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Não sou do tipo que faz reclamações desnecessárias. E isto não é uma queixa, é um aviso.
Há três dias estou completamente sem internet e, desde janeiro, minha conexão (speedy), está pior do que qualquer conexão discada.
Eu não sei se conseguirei postar já que, estou usando uma conexão discada da UOL que mais parece as conexões com os velhos modens 1200 instalados em
XTs.
Fujam. Fujam como o diabo da cruz da UOL e da Telefônica. O atendimento e o serviço são péssimos, o suporte é um circo e, como se não bastasse,
quando a coisa fica feia os caras mandam a gente brigar na justiça pelos nossos direitos.
Detalhe: não há ressarcimento de horas. Não está funcionando? Eles não dão previsão de quando será arrumado o problema, não dizem qual é o problema,
não o assumem, não devolvem o dinheiro, mandam você procurar um advogado e, pra completar, dão um chá de espera com uma musiquinha escrota de meia
hora.
Depois eu escrevo. Estou nervosa e de saco cheio de pagar pra enfartar um dia desses.



Escrito pela Alê Félix
30, setembro, 2003
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Eu não vou lembrar o nome ou o apelido de todos que participaram… mas, o chat de ontem que se arrastou até hoje, foi demais. Adorei vocês e o
papo! Agora, “vou dormir, vou dormir, vou dormir, vou dormir…” – Se a mentalização não der certo, vou apelar para o dormini alguma coisa. Aquele
que foi recorde de indicações contra a minha insônia. Fui!



Escrito pela Alê Félix
29, setembro, 2003
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Tenho o hábito besta de sorrir involuntariamente para algumas cenas do cotidiano. Sorrio um sorriso bobo, de lábios cerrados e olhos alegres. Me
dá um não-sei-quê, um comichão, um bem-estar qualquer.
Passo tempo demais olhando para a tela do computador, para as impressões do papel, o arquivo cinza, os caracteres do teclado, minha bagunça por
todos os lados da mesa… Posso ir a qualquer lugar e não sinto falta de lugar algum. Tanto tempo dentro, que quando olho pra fora todo detalhe se
sobressai; parece mágico, doce e ao mesmo tempo triste, docemente triste. É assim que somos, é assim que a vida me parece. E me pergunto se aqueles
que correm de um lado para o outro todo santo dia com a certeza de que sabem para onde estão indo, também sorriem à toa.



Escrito pela Alê Félix
25, setembro, 2003
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Alguém aqui sabe me dizer se conhece um remédio bom pra insônia? Sem efeitos colaterais, por favor! Sim, porque eu tenho efeito colateral até com
Biotônico Fontoura. Por isso, vejam lá o que vão me receitar.
A longo prazo não tem sido nada bom dormir duas, três horas por dia… E também não agüento mais esses médicos que passam anos na faculdade e mandam
a gente tomar leite quente e cheirar camomila. Pra isso eu tenho mãe!



Escrito pela Alê Félix
24, setembro, 2003
Comentários desativados em Dias e dias sem dormir…
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Quer mandar um recadinho bacana pra algum blog que você está de olho? Então mande! Está aberta a seção “Blog do Coração”. Você manda o seu recado
para rec@amarulacomsucrilhos.com.br e diz a música que você quer de fundo. Se quiserem, eu linko
os blogs.

Estreiando, eu tenho aqui em minha tela o recado do Isaac. Um recado singelo e apaixonado
destinado à Bianca. Um recado ao som da música mais batida da novela das oito, mas
que sempre arranca um sorriso bobo de um coração enamorado.
Aumente o seu volume, dê uma clicadinha e derreta-se.

Só penso em você


Torcida nos bastidores:
Locução: Jaime
Edição: Maridon
Figas: Alê Félix



Escrito pela Alê Félix
23, setembro, 2003
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Nos apresentamos à diretora, mostramos os bilhetes falsificados e aguardamos enquanto ela ajeitava os óculos e conferia as assinaturas. O
silêncio do ambiente era perturbador, mas antes que se tornasse insuportável, ele foi quebrado pela campainha do telefone.
– Dom Duarte… Alô, alô, alô… Fale um pouco mais alto… Sim… Como vai dona Maria? Sei… Sim, está aqui na minha frente.
O que era aquilo? Filme de terror? Senti meus olhos lacrimejarem e minhas pernas adormecerem. Por que minha mãe ligaria para a escola? Marilu segurou
minha mão e fez um sinal para que eu procurasse me manter calma. Não adiantou. O rumo da conversa era aterrador.
– A senhora não se preocupe porque está tudo sob controle… Nada que não possa ser corrigido… Claro… Acabei de lê-lo… A senhora fique
tranqüila porque sua filha está em boas mãos.
Comecei a chorar. Não conseguia segurar uma gota de lágrima. A diretora, de costas pra nós, falava ao telefone e, a cada palavra que ela pronunciava,
eu via nitidamente a minha mãe do outro lado da linha. Que ingenuidade a nossa achar que falsificar as assinaturas dos nossos pais resolveria o
problema! Diante da cena patética de me ver chorando de medo, a Marilu passou a mão por trás da cadeira e me deu um beliscão nas costas. Doeu tanto
que precisei respirar fundo para não dar na cara dela. Senti um ódio tão grande que parei com o choro e me recompus. Quando a diretora virou
novamente o corpo para nós, apesar de roxa de ódio e rosto esfregado, eu já não dava mais tanta bandeira de preocupação. Estava pronta para o pior,
mas estava com mais raiva da Marilu do que medo da minha mãe ou da diretora.
– Marilu você pode ir para a sala de aula. Alessandra fica.
Estremeci, mas pelo menos não chorei. Foi a vez da Marilu bambear. Ela ficou como barata tonta, não sabia se ia, se ficava, se argumentava…
– Saia e deixe a porta aberta. Quero ouvir os seus passos bem longe daqui.
Sem escolha, Marilu saiu da sala e me deixou a sós com a dona Olga. Durante alguns segundos, ouvimos em silêncio o solado do Conga chiando contra o
piso de cerâmica.
– Alessandra, eu quero te pedir um favor.
Favor? Que tipo de favor?
– Favor? Claro, dona Olga.
– Eu quero que você cuide da Marilu.
O quê? Ela devia estar brincando. Será possível que não era minha mãe do outro lado da linha? Que papo era aquele? Desde quando a Marilu precisava de
cuidados? Ela era capaz de cuidar daquela escola inteira, inclusive da própria dona Olga.
– Como assim dona Olga?
– Sabe minha filha, alguns amigos operam verdadeiros milagres nas nossas vidas. E é por este motivo que estou pedindo a sua ajuda. Você é muito nova
para compreender a dimensão do que eu estou dizendo, mas vou apostar na sua sensibilidade. Marilu é uma menina com muita personalidade, mas ainda é
uma menina. E é importante que você acredite que ela precisa tanto de você, quanto talvez você precise dela.
– Desculpe, dona Olga, mas eu não entendi o que a senhora quer que eu faça. Ela tem algum problema?
– Problemas, todos nós temos. Mas o que eu quero é que você não deixe de se impôr com a Marilu. Não se sinta deslumbrada com as idéias mirabolantes
dela, faça valer as suas, combinado?
Era tudo muito confuso, mas eu só queria sair daquela sala.
– Tudo bem.
– Assim espero. Um dos sinais de que você estará cumprindo o prometido, será se mantendo longe desta sala. E isso vale pra vocês duas.
Concordei novamente e pedi licença para me retirar. Fechei a porta e respirei aliviada. Nada de assinaturas falsas, telefonemas e nada da minha mãe.
Eu não sabia se ria ou se chorava, mas acabei rindo ao ver a Marilu no corredor, só de meias e na ponta dos pés, tentando se aproximar da sala da
diretora para saber o que estava acontecendo. Era uma palhaça…

———-> Continua

Clique aqui para ler o Post I – A saga do primeiro beijo.



Escrito pela Alê Félix
22, setembro, 2003
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Meu irmão, esse rapaz descabelado no centro da foto, me encheu a paciência pra
fazer as fotos da banda. Nem um photoshop milagroso resolveria a parada. Eu não tenho mais idade pra essas coisas… sou uma velha senhora cegueta.
Por sorte, essa banda já veio com nome. A última vez que ele me pediu opinião sobre isso, eu afundei os pobres rapazes com o nome “Batiscafo”.
Dona Chica é simpático. Ah, e o vídeoclip feito pelo Equilibrista,
ficou bem legal.
Se tiverem paciência para baixá-lo, é só clicar aqui.

donachica.jpg



Escrito pela Alê Félix
21, setembro, 2003
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