Insones duram pouco ou isso é lenda? Morro de inveja de quem dorme. Principalmente dos que dormem e acordam no tempo certo do sol.
O lado bom é que, mesmo que seja breve, eu viverei mais. E o ruim é que eu vivo sonhando com os sonhos que eu deixo de sonhar.



Escrito pela Alê Félix
6, agosto, 2003
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Vocês conhecem este site? Deveriam. A Natalia, a dona do pedaço, é uma moça lá de Minas Gerais. Uma
garota que dá um duro danado pra deixar a vida em ordem. E nas horas vagas, ela ainda acha tempo para ter um blog… Mas quem disse que é um blog
sobre ela? Que nada! É um blog para quem está perdido neste universo de blogs, um blog que esclarece dúvidas e que ajuda qualquer um a entrar nessa
brincadeira.
Se vocês forem até lá, aproveitem para votar nela, tá? A votação acaba depois de amanhã por isso, corram. Ela merece, é uma boa menina.
Beijo e até mais tarde. Eu ganhei alguma coisa de um posto de gasolina. Desses que a gente preenche o cupom, sabe? Vou ver o que é. 😉



Escrito pela Alê Félix
5, agosto, 2003
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Dona Olga orgulhava-se da fama de diretora mais severa que a escola já tivera. Eu acreditava que levaríamos uma boa bronca pelo incidente do Hino
Nacional, mas nos pegar usando o banheiro dos professores e ainda por cima aos palavrões, era um bom motivo para uma suspensão. Palavrões eram
intoleráveis pela direção e certamente nós pagaríamos pela indisciplina.
– Venham comigo.
Obedecemos a diretora, caminhamos até a grande sala que ela ocupava, sentamos e esperamos caladas pelo pior.
– A Esther me disse que vocês conversaram durante o Hino Nacional. Vocês sabem que isso é um desrespeito, não sabem?
Sacudimos a cabeça para baixo e para cima.
– Não me surpreende vê-la em minha sala, Marilu. Mas você, Alessandra? Até hoje nunca tivemos nenhuma queixa sobre o seu comportamento. Ao
contrário, seu currículo escolar é um dos melhores da sua turma. Suas companhias sempre foram muito saudáveis e suas notas exemplares. Já você,
Marilu, deveria envergonhar-se. Não contente em estragar o seu próprio futuro, agora pretende desvirtuar os bons alunos que temos? Pois saiba que eu
não permitirei que isto aconteça. Alessandra, você pode ir. Reflita sobre este incidente e não volte a cometer os mesmos erros. A Marilu fica.
Não tive reação; nem verbal nem física.
– Vamos, pode ir.
Minha cabeça girava num misto de medo e vergonha. Eu tentei falar, tentei explicar que a Marilu era inocente, que eu é que estava desatenta na hora
do hino, que ela só quis me alertar para que eu prestasse atenção… Levantei da cadeira com os joelhos trêmulos e, de cabeça baixa pela falta de
coragem, saí em silêncio.
– Quando sair, feche a porta.
Dois nítidos caminhos surgiam à minha frente e, por inércia, eu segui o de costume. Sair daquela sala e deixar que a Marilu fosse punida sozinha, me
garantia a imagem de boa aluna e belo exemplo, mas dali para a frente, eu teria que carregar no colo a minha vítima sem brios. Fechei, junto com
aquela porta, um ciclo da minha vida. Um ciclo de poucos anos, mas o primeiro regido pela consciência. O forte barulho da porta de madeira maciça
contra o batente ecoava como um chicote nas minhas costas. E doeu tanto, que foi impossível não perceber que aquele era o momento de deixar para trás
a menina covarde e mal articulada que ditava as regras dentro de mim.
Toc, toc, toc…
– Entre.
– Eu posso entrar de novo?
– Esqueceu alguma coisa?
– Não, não dona Olga é que…
– Sim, diga.
– É que a Marilu não teve culpa de nada.
O silêncio permitiu que eu ouvisse as batidas do meu coração. Finalmente eu me sentia no caminho certo.
– Alessandra, não tente defender a Marilu. Ela já assumiu a culpa e já recebeu a advertência merecida.
– Não… Eu não sei o que ela disse à senhora, mas a culpa é minha. Eu estava distraída na fila e ela tentou me chamar a atenção. Mas aí a Esther
viu, achou que estávamos conversando e nos trouxe para cá. A Marilu não teve culpa, mas como ela está acostumada a aprontar, acabou pagando o pato
junto comigo.
– Sem gírias por favor.
– Sim, senhora.
– E o banheiro dos professores?
– Eu…
Não havia o que falar sobre o caso do banheiro dos professores, as duas eram culpadas.
-Estávamos muito apertadas…
Mentir para dona Olga era como ser imune ao cinto da verdade da Mulher Maravilha.
– Hum… E os palavrões?
– …
– Estávamos treinando pra ver quem dizia o mais cabeludo.
– Silêncio, Marilu!
– A senhora tem razão dona Olga, foi uma atitude impensada. Levamos um susto quando a senhora abriu a porta e os palavrões escaparam. Não dissemos
por mal. Se a senhora quiser podemos escrever na lousa cem vezes que estudaremos mais para melhorarmos o nosso vocabulário ou que pensaremos duas
vezes antes de falar.
– Opa! Eu não. Pra que escrever, se você continua abrindo a boca sem pensar? Eu prefiro o meu dia de suspensão.
– Chega, Marilu! Aceito a sugestão da Alessandra. Vocês duas podem pegar a caixa de giz e irem até a sala dos professores. Usem a lousa de lá.
Cinqüenta vezes cada uma está de bom tamanho. Isto e esses bilhetes.
– Que bilhetes?
– Estes. Quero que o pai e mãe das duas estejam cientes do que aconteceu. Amanhã, antes da primeira aula, quero os dois bilhetes assinados.
– Mas…
– Bem feito.
– Sem mas. Peguem seus bilhetes e a minha frase do dia. Aproveitem meu bom humor e o meu momento de inspiração: “Os maiores obstáculos
transformam-se nas melhores recordações.” Podem ir.
———-> Continua
Clique aqui para ler o Post I – A saga do primeiro beijo.



Escrito pela Alê Félix
4, agosto, 2003
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Jurema, um caso de amor e traição

“Estrada do M’Boi Mirim, 800 – 15hs – Jurema: 5514-6878.”


Eu queria morrer… ele estava me traindo. Estávamos casados há dois anos, a vida em um momento difícil, ele andava triste e eu também. Mas daí a
esquecer um bilhete rabiscado às pressas com os dados de um caso no bolso da calça, já era demais! Chorei calada um dia inteiro, era óbvio que ele
havia se encontrado com a tal da Jurema no dia anterior…

Clique aqui para continuar a leitura



Escrito pela Alê Félix
2, agosto, 2003
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Eu não conheci o Hugo gago que certamente mordia sofás, mas conheci o Hugo Muffin. Mesmo assim, assim como seus pais, aprendi a admirá-lo pela
genialidade. Minhas lembranças do cabeludão são de fotografias que me fizeram rir do desleixo rebelde e nada mais do que isso. Acho até que o moço
que um dia quis mudar o mundo misturou-se com o cara que catava mulheres nos pontos de ônibus. Eu te conheci em uma época de caldeirão, onde era
difícil reconhecer uma ou outra fase. Uma época de caldeirão pra você, pra mim e para muitos daqueles que passaram pela cozinha do Tombaqui.
Durante muito tempo eu confesso que não tive olhos pra você. Você era só mais um dos nerds do videotexto, só mais um cara de óculos impressionado com
a vida de balcão e farra da Vila Madalena. Mas, aos poucos, fui me surpreendendo e rindo das suas histórias colecionadas nas esquinas e das suas
noites mal dormidas em cima do freezer, embaixo do piano e na cama de desconhecidos.
Aquele ano e o seguinte passaram rápido e foram muito difíceis para mim. Talvez os mais difíceis que já atravessei. Lembro que no primeiro ano da
M’Boi era pelos meus antigos amigos que eu esperava, quando você e o Jaime batiam na nossa porta depois de cruzarem a cidade só para dividirem
conosco o nosso caos, a Baré-Cola e o pão sovado. Você não imagina como era difícil compreender o que vocês faziam por lá, não imagina quantas noites
daquelas eu e o Rubens nos perguntamos o que é que vocês haviam visto na gente pra não sairem daquele fim de mundo e talvez não imagine o quanto
vocês dois foram vitais pra nossa saúde mental. Vocês foram os amigos novos, os amigos que não eram do Rubens e não eram meus. Sabe quando foi que eu
enxerguei isso? Não sei se você vai lembrar, mas foi um dia que você me chamou pra conversar longe do Rubens e do Jaime. Fui crente de que era
fofoca, toda sorridente e , de repente, você começou a me contar sobre alguns problemas pessoais que estava enfrentando… Claro que, na hora, eu
achei que fosse sacanagem, mas no momento seguinte percebi que nós quatro estávamos construindo uma grande relação. Éramos quatro rebeldes em busca
de sustento, éramos amigos de bar, amigos para rir, chorar e eu não havia me dado conta.
Sinto saudades sim. Sinto saudades do amigo 24 horas, do único cara que eu podia ligar as quatro da manhã para tomar café e falar da vida em um
boteco qualquer, do cara que se metia nas badalas mais surreais e nos divertia com sua vida sem lenço e sem documento. Sinto saudade do diariamente.
Um dia eu perguntei para o Rubens porque é que ele não saía mais vezes com o Marcão e com o Tó já que eles eram tão amigos. Ele me disse que não era
preciso. Que eles sabiam que podiam contar um com o outro sempre. A amizade não esfriava por falta de convívio. Naquela época eu era muito nova pra
compreender como uma amizade se sustentava sozinha, mas hoje eu sei. A sorte me deu algumas para que eu pudesse compreendê-las. E é assim que eu
sinto que somos. Eu, você, o Jaime e o Rubens. Não interessa quantas vezes vamos nascer e morrer dentro de nós, fazemos parte da história um do outro de um
jeito muito especial e por maiores que sejam as mudanças e as distâncias. Amigos assim, sempre terão uma estação de trem para poderem esbofetear a
cara de alguns passageiros.

Adorei ontem. Amo vocês três… Que puta papo de bêbado. Ainda bem que o Jaime não bebe e o Rubens não tem blog.



Escrito pela Alê Félix
2, agosto, 2003
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Três mulheres entram no banheiro feminino do restaurante para fumar. Não se espantem meninos, mulheres raramente vão a banheiros públicos para
fazer xixi. Mas no caso das três senhoras em questão, acho que o que elas queriam era bater papo longe dos maridos que se esbanjavam de cervejas e
piadas.
– Desde que ele ficou desempregado ele está com essa cara de derrotado?
– Está…
– Como é que você aguenta esse homem o dia inteiro dentro de casa?
– Vou fazer o quê? Expulsá-lo?
– Deus me livre! Se meu marido passar mais de duas horas acordado dentro de casa, eu peço o divórcio.



Escrito pela Alê Félix
1, agosto, 2003
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Um dia essa moça escreveu um livro, um livro que, alguns anos depois, chegou às
minhas mãos porque eu tenho uma editora e queria muito lançar uma coleção com
novos escritores.
Desde então enfrentamos obstáculos, egos e incidentes, mas todos superados e de grande valia para o aprendizado. Vender livros é muito mais
complicado do que as pessoas estão acostumadas a dizer por aí. E nem tanto pela conquista dos leitores, mas sim porque é trabalhoso, caro, de
delicada administração e divulgação, requer sorte, dedicação, paciência, honestidade, transparência e mais, requer que todos façam a sua parte e
estejam preparados para entrar num universo onde a guerra das vaidades beira o insuportável. É necessário ter um time. Um time que jogue bem, mas que
principalmente jogue limpo e unido. E tudo isso para ganhar cerca de 10% do valor do livro. No decorrer de um ano, vale muito mais a pena guardar
dinheiro na poupança do que investir em uma nova publicação, mas a poupança não tem menor graça e devo confessar que aprecio os grandes riscos.
Desde o lançamento, aprendemos a rir das desgraças e a comemorar as conquistas juntos e isto tem sido tão gratificante quanto ver que, ao contrário
do que estamos acostumados a ouvir, as pessoas lêem sim. Não são todas, é verdade; ainda existem muitos preguiçosos que não se dão a este prazer. Ter
a editora e ter um blog que me aproxima dos leitores me fez ver que as pessoas não só lêem, como se tornam nossas maiores aliadas na divulgação do
livro. Basicamente é com elas que precisamos contar – o resto é consequência dos ventos e do trabalho diário.
Sabe, tudo isto me fez crêr que posso jogar diferente e que ganhar ou perder é bastante relativo quando estamos acima das picuinhas a que somos
submetidos. Tem sido muito bom. Principalmente porque, independente do crescimento pessoal e profissional, sou uma filha de comerciantes
ferenges que tem horror a prejuízo e que vai provar, mais cedo ou mais tarde, que livros e novos escritores valem a pena e dão lucro.
Ah, vocês assistiram a entrevista? O Pedro Bial
gostou e se emocionou com o livro. Que bom, as opniões (boas ou más) de críticos sérios são bem-vindas e importantes.
E, para quem não sabe, a Daniela Abade é a moça por trás das notícias do site Mundo
Perfeito
e a escritora do livro Depois que
Acabou
publicado pela minha editora no começo deste ano.
Outra coisa: não vou mais escrever sobre a saga do primeiro beijo e nem sobre o videotexto. Cansei delas!
… he he! Brincadeira amorecos, foi só para bancar a bestalhona um tiquinho. Vou aproveitar que estou sem sono e escrever um pouco. Esses últimos
dias eu estava odiando essa história de blog, hoje estou adorando. Que bela invenção! Vocês não acham? Eu acho.
Inté!
Espaço Aberto – Pedro Bial entrevista Daniela Abade
Reprises: Sexta (01/08) às 01:30 – 08:30 – 15:30



Escrito pela Alê Félix
1, agosto, 2003
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