Quem diria? Vou virar “autor desconhecido”.
Nem meu sexo vão saber.
Custa pôr “autora desconhecida”?

Desde que eu me entendo por gente eu fico pensando no que eu quero ser quando crescer. Quando criança eu pensava em
ser aeromoça ou diplomata, na adolescência encanei que seria escritora ou fotógrafa, depois quis ser jornalista ou
advogada, mas de todas as profissões que eu desejei e trabalhos que eu realizei nunca me passou pela cabeça que eu
pudesse me tornar mais um daqueles autores desconhecidos que a gente lê por ai.
Sabe aqueles das marchinhas de carnaval? Tem também os das frases de banheiro público, os que se tornaram ditos
populares. Eu passei a vida olhando e imaginando quem estes caras poderiam ser ou ter sido. Sempre fantasiei em cima
das suas supostas identidades, ficava imaginando que tipo de gente teria dito ou escrito algo que o imortalizaria
como um “sem R.G.”.
E não é que este pode ser o meu futuro? Bem, vamos do começo:
O primeiro blog a gente nunca esquece e as minhas primeiras observações nunca me saem da cabeça. Quando eu conheci a
ferramenta, pensei: isso vai dar merda. É sensacional, mas vai dar merda. Muita gente lendo muitos blogs,
pensamentos repetidos, registros, provas, gente achando que tem idéias originais mas que são resultados das leituras
dos blogs vizinhos e por aí vai. Dito, escrito e copiado!
Canso de ver blogs com copy-paste de conceitos, idéias ou posts na integra. Eu acho ótimo! Sou completamente a favor
deste escancaro de liberdade que é a internet. Quer copiar, copia e fim de papo, mas não assine embaixo dizendo que
é seu, por favor.
Meu pai me ensinou uma valiosa lição que diz que respeito é bom e conserva os dentes. Infelizmente eu não sei bater,
mas acabei aprendendo a respeitar as pessoas como medida de prevenção dentária.
Por obra do acaso, hoje em dia eu tenho uma editora. Descobri com ela que uma das coisas menos respeitadas neste
país é direito autoral. Vários são os casos de autores que nunca viram a cor dos seus dez por cento sobre o valor de
capa de um livro. Muitos acabam se dando por satisfeitos quando pegam a sua obra nas mãos e a colocam na estante de
casa. Compreendo os dois lados, mas não concordo. A parte comercial precisa ser clara e respeitada em todas as suas
etapas, senão não funciona.
Quando você compra um livro, além de valorizar o trabalho de um escritor você contribui para a sobrevivência de
editoras, livrarias, distribuidores, transportadoras, gráficas, diagramadores, ilustradores, revisores entre outros
profissionais envolvidos no processo, mas principalmente existe uma contribuição para a identidade cultural do país.
Em um blog, o exercício da escrita é pessoal, não remunerado e pode se tornar público. Gostar de alguém ou do texto
de um escritor de blog pode ser tão comum quanto gostar de escritores já consagrados como Luís Fernando Veríssimo,
Mário Prata, Paulo Coelho, etc. (exemplos aleatórios). Sendo assim, é natural que outros blogs comentem, adicionem
links, mandem e-mails. Isto é ótimo e todos agradecem. Não gostou? Quer falar mal? Fale. É a vida e é a internet. Na
pior das hipóteses, é só deletar e está tudo certo. Tudo é perdoável, inclusive a cópia sem crédito. Mas eu,
particularmente, teria vergonha de assinar e responder aos comentários de coisas furtadas de outros blogs. A atitude
me cheiraria a falha de caráter e eu acabaria sendo sufocada pelo meu próprio odor.
Isto tudo me faz continuar pensando nas minhas primeiras impressões do instrumento blog e é impossível não levantar
algumas questões: Quem vai reconhecer o trabalho de tantas destas criaturas incríveis que andam preenchendo nossos
dias com seus posts bem escritos, com as descrições de suas vidas e cotidiano, com seus personagens virtuais e suas
idéias inovadoras? Quem? Será que estamos todos condenados a um futuro de autores desconhecidos?
Não deixa isto acontecer não. Você pode mudar a vida de muita gente quando faz apresentações. É como viver uma nova
amizade. Nos empolgamos com o novo amigo e queremos apresentá-lo para todos os nossos amigos antigos. Faça isto com
as coisas que lê por aqui. Apresente o autor. É saudável, ético e eu posso publicá-lo um dia. Será um prazer para
ele, para você, para mim, para o país e para o futuro.
P.S.: Se você não sabe sobre o que estou falando, veja os posts do dia 13 de novembro de 2002 deste blog e compare com os meus posts Ressacas Necessárias e este
sem título
, do dia 16 de outubro. Qualquer semelhança não é coincidência!
O caso Milani foi desvendado pela leitora de blogs Munira. ;o)



Escrito pela Alê Félix
17, dezembro, 2002
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Só vou escrever sobre isto mais tarde. Ainda estou
no meu horário comercial.
Fui.



Escrito pela Alê Félix
17, dezembro, 2002
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Primeira. Não sei porque demorei tanto. Como é difícil tomar decisões. Penso tanto e não chego a lugar algum.
Segunda. Tempo estranho, devia ter olhado para o céu antes de sair. Agora é tarde. A garoa vai virar chuva e esta
ladeira parece não ter fim. E se cair um temporal? Eu não vejo nada debaixo dos temporais.
Terceira. Aqui me sinto livre, relaxada, penso melhor em mim, na minha vida, no meu coração. Meu coração… ele bate
tão tranqüilo quando pode olhar pra frente. Também, com essa minha vida cheia de curvas, ladeiras e becos estreitos,
quem é que pode ter um coração batendo em paz? Estava cheia de mim, ainda bem que saí.
Quarta. Vou ouvir música. Este é o único lugar que consigo ouvir direito. Algo me diz que as músicas que tocam aqui
dentro, conversam com os meus pensamentos. Eu não disse? Há anos não ouço esta banda! Eu devo mesmo ser louca. Achar
que este processo randômico de melodias de rádio existe para me dar respostas, só deve ser coisa de gente louca ou
pior, que se acha o centro do universo. Antes fosse egocentrismo, atualmente uma dose não me faria mal. Pronto! A
chuva chegou. Por que eu não saí antes de casa? Chuva forte atrapalha a minha visão, rouba as minhas idéias, acentua
a minha miopia e cega a minha razão. Bendita tempestade, não é que ela é bonita até daqui? Onde estão meus óculos?
Nunca saio com eles. Onde está minha bolsa? Nunca sei onde a deixei. Achei a bolsa… Não sei porque ando com ela a
tiracolo, nunca encontro nada dentro dela quando preciso. Achei. O mundo é mais claro através destas lentes.
Sacanagem de deus ter feito eu ficar míope! Deve ser castigo por eu ter passado tanto tempo sem olhar para os lados.
Caramba, peguei o caminho errado! Por que não coloquei os óculos antes? Lentes de contato! Lentes resolveriam tudo.
Mas enfiar o dedo dentro do olho, nem pensar! Não tenho tanta intimidade assim com meus olhos. Preciso voltar para o
caminho certo.
Quinta. Como as pessoas podem ter vivido tanto tempo sem a quinta marcha? Esse barulhinho de motor, de pneu raspando
o asfalto, de ultrapassagem. Melhor diminuir a velocidade. Não entendo porque eu corro tanto, não estou com pressa
de chegar, posso passar a vida toda aqui, só não consigo respeitar os limites de velocidade. Como é que eu saio
daqui? Nem retorno parece que existe. Será que, no final, todos os caminhos levam para o mesmo lugar? Seria bom.
Assim, paro de me repetir que estou no lugar errado. Por que sempre tenho crise de riso quando erro o caminho? Quem
vê de fora, deve achar esquisito. Quem vê de fora sempre acha mais do que deveria. Meu deus, essa estrada parece não
ter fim. A linha do horizonte está tão distante e esse concreto parece que segue o seu traço o tempo todo. Não é à
toa que eu sempre gostei mais da estrada do que do destino. Quer saber? Chega de óculos! Não quero mais ver placa
alguma. Que se dane aonde eu vá parar. A chuva está parando. Que sol tímido é aquele lá longe? Sol e chuva casamento
de viúva, chuva e sol, casamento de espanhol! Vou bater este carro se continuar rindo e correndo deste jeito. Só não
queria que fizesse muito calor.
Será que, por conta desta indecisão do homem do tempo, vai dar para ver um arco-íris?
Nossa, faz tempo que eu não vejo um. Saudade do tempo que eu achava que era possível pegá-lo com as mãos. Minhas
crenças, bem que poderiam estar perdidas dentro da minha bolsa. Seria um bom dia para encontrá-las.
Putz, olha ele ali! Por que tem sempre esse jeito de mágica? E se eu for atrás dele? Estou no caminho errado mesmo!
Quem sabe não acho um pote de ouro no final?



Escrito pela Alê Félix
17, dezembro, 2002
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Se eu comer, só, um pedaçinho de queijo de minas, eu deixo de ser vegan e me transformo em uma assassina de
vaquinhas mineiras?
Tédio…



Escrito pela Alê Félix
16, dezembro, 2002
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Amizade é como o amor: se não for recíproca, não tem porque existir
Quem é o seu melhor amigo? Pergunta difícil. A última vez que eu respondi a esta pergunta foi na pré-adolescência e
lembro que, alguns dias depois, eu tive a minha primeira briga física.
Terceira série do primário, oito anos de idade, escola nova. A mudança do colégio particular para a escola pública
ainda cheirava receio e timidez. Não sabia como me apresentar para as outras crianças. Não sabia o que falar, nem
como falar. Escolhi uma mesa e uma cadeira e calei-me diante de todas aquelas carinhas de novidade.
A Silvia foi a primeira pessoa que falou comigo. Nessas horas, o primeiro a se manifestar de forma educada é sempre
o que acaba passando o recreio com a gente. Desde o primeiro dia de aula, eu e a Silvia passamos a dividir
intervalos, conversas e confidências infantis. O suficiente para eu responder, dois anos depois em seu questionário
que circulava pela classe, que ela era minha melhor amiga.
Naquela mesma semana, jogando queimada com uma turma no pátio da escola, estourou uma discussão sobre as regras no
meio do jogo. Não lembro como começou, acho que apaguei da memória esta parte. Em uma briga de alunos, normalmente
ninguém tem razão e nem se sabe porque ela acontece. De repente estamos rodeados de crianças que transformam o local
em arena e fica impossível amarelar. Ou você bate, ou vai levar a fama de fracote por anos consecutivos. Só lembro
da Silvia vindo pra cima de mim com o corpo pedindo para me esbofetear. Não acreditei que ela pudesse aderir aos
apelos dos outros que pediam em coro que a briga começasse, não era possível que ela levasse adiante um bate boca
que nos custaria tanto tempo de boa amizade. Nada do que tivesse sido dito ou feito, justificaria aceitar os gritos
de guerra que nos cercava. Minha memória pode ter apagado provocações, explosões ou qualquer outra manifestação da
minha parte que tivesse despertado a ira da minha amiga, mas lembro de ter tido discernimento suficiente para
segurá-la pelos ombros e dizer: “Sil, você é minha melhor amiga. Não vou brigar com você.” Não adiantou. Ela
precisava daquela briga, não tinha nada a ver com o jogo, era uma questão de sobrevivência. Melhores amigos são como
irmãos. Em algum momento, por ciúmes, rivalidade, inveja, amor, ódio ou excesso de convivência e interferência,
haverá agressão física. Não interessam os motivos, é a única forma de nos defendermos de alguém que amamos mas que
não queremos tão próximos.
Briga de mulher, nenhuma novidade. Tufos de cabelos nas mãos, agarração dolorida, calcinhas aparecendo e um bando de
meninos aplaudindo e pedindo bis. Um vexame público desnecessário. Mulheres não nasceram para este tipo de combate.
Descobri, naquele dia, que eu não sei bater. Defendo-me muito bem, me esquivo o suficiente para não me ferir, mas
não resisto aos ataques às coisas do meu coração.
Em um determinado ponto da briga, minha melhor amiga, da forma mais convincente que pôde, me disse: “Eu nunca fui
sua amiga.”
Queria que a minha memória fosse capaz de apagar esta parte da história, mas ela nunca me obedece. Arquiva e deleta
o que bem entende.
Foi uma briga sem grandes traumas físicos, com perdas, perdedoras e alguns anos de questionamentos necessários para
que eu aprendesse a compreender e a perdoar. Depois disso, todos os amigos ficaram no mesmo patamar, todos os amores
se tornaram eternos. Passei a olhar as pessoas como uma mãe olha seus vários filhos: posso até ter mais afinadades
com um do que com o outro, mas não vou fazer ranking das pessoas que eu amo. Nem por decreto me submeti às brigas de
rolar no chão, nem com amigos, inimigos ou irmãos. Um nocaute como aquele foi suficiente para não querer repetir a
dose. Prefiro a fama de fracote.



Escrito pela Alê Félix
16, dezembro, 2002
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Descobri a fórmula para garantir o sucesso de um jogador de futebol!
Rivaldo, Romário, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos, Raí, Robinho…
Difícil será aguentar o Galvão Bueno, na próxima copa, com o papo dos trocentos erres.



Escrito pela Alê Félix
15, dezembro, 2002
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Daqui a vinte anos, se a fama e o excesso de dinheiro não estragarem tudo, ouviremos falar do Robinho, o jogador do
Santos, como quem ouve falar hoje em dia do Pelé, Garrincha ou Rivelino.
Fazia tempo que eu não via um jogo tão bonito, mesmo com toda a crise de imaturidade e arrogância do senhor Emerson
Leão que, por um triz, não destruiu toda a festa.
Todo mundo sabe que eu sou corintiana de coração, mas confesso que, no final, escapou um gritinho de gol com ar de
torcedora santista. Nada que me faça virar a casaca, isto jamais! Mas foi muito legal ver que o futebol brasileiro
ainda pode ser bonito, basta que estes garotos possam ser pessoas normais. Salários milionários e glamour matam
qualquer talento. É complicado querer que um garoto que andava com dinheiro contado deixe de se divertir, com toda
sua fortuna, para treinar no dia seguinte de manhã.
Tomara que a vida de rei que espera por esses rapazes do Santos não apague o brilho do futebol que eles apresentaram
hoje.



Escrito pela Alê Félix
15, dezembro, 2002
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Esse universo de blogs tem sido uma das coisas mais legais que a internet trouxe. A impressão que eu tenho é que,
além de proporcionar um processo de autoconhecimento importante para quem escreve, ele ainda traz bons amigos, uma
melhora significativa na forma que nos expressamos e gera uma necessidade automática de vivermos com intensidade.
Eu não sei quanto a vocês, mas quando eu sento para escrever e nada me vem à cabeça, tenho uma sensação
desesperadora de que nada acontece na minha vida. Sinto vontade de correr para a rua em busca de algo, nem que seja
só para caminhar um pouco e pensar em estórias que supram a minha carência de histórias. Sempre nos resta a
capacidade de fantasiar e este é o melhor lugar para despejarmos nossa imaginação, nossos sonhos, pensamentos e
opiniões.
Pena que tudo isto está tão vinculado ao nosso ego. Acho isso um perigo. Temo que ele se transforme em um lugar como
outro qualquer, cheio de grupinhos fechados, discriminação, rixas, ataques de vaidade, inveja e afetação de
estrelas.
Minha intuição diz que a explosão dos blogs é um dos movimentos mais enriquecedores dos últimos tempos. Um espaço
que deveria servir como exercício de controle dos extremos da personalidade de cada um, que pode servir de vitrine
para os grandes talentos escondidos em suas casas ou simplesmente um veículo a mais de comunicação. Qualquer uma das
possibilidades é válida e merecedora de aplausos. Bom ou ruim, é relativo e aquele papo de que gosto não se discute
deveria ser uma regra básica para navegar por este mar de blogs que já surgiram e que surgem a todo o instante.
Eu vou ficar por aqui, fazendo história junto a vocês, escrevendo do jeito que falo, controlando meu ego e,
principalmente, lendo outros blogs. Seguirei os conselhos de uma menina que, sabiamente, soltou um banner em seu
site alertando as pessoas para não escreverem mais do que lêem. Não é a toa que ela sonha com um mundo perfeito.



Escrito pela Alê Félix
15, dezembro, 2002
Comentários desativados em Cuidado com seu blog, cuidado com você, cuidado com seus comentários. Eles podem ser prejudiciais para o
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