É só mais um ano. Não preciso de previsões, de revelações nem de exclamações.
É só mais um ano. Com doze meses, trezentos e sessenta e cinco dias e as vinte e quatro horas de cada dia.
É só tempo, é só passagem, é só uma festa.
Não viajo mais nesta época do ano. Foram necessários quilômetros de estradas congestionadas para que eu aprendesse
que a felicidade não se encontra em uma passagem de ano longe do meu dia a dia.
Antes eu ficava péssima de passar o reveillon aqui. Coisa de paulista – virada de ano em São Paulo é o mesmo que dar
um atestado de infelicidade e falta de dinheiro. Queria distância da cidade neste período e viajar era quase uma
necessidade vital.
Por algum estalo de sabedoria maior, eu mudei. Não sei se vai durar, afinal eu sou paulista e sabe lá deus o que vai
ser desta minha cabeça estressada no futuro, mas descobri que é impossível ser feliz com trânsito, praia cheia e
preços abusivos.
Vou ficar aqui, vou parar de procurar felicidade onde não existe, parar de acreditar em sete ondinhas, calcinha
amarela, roupas brancas, dinheiro dentro do sapato, doze uvas, banho de alecrim e alimentação sem penas.
Quase não tenho ficado em casa. Estou visitando uma São Paulo que eu não conhecia, com ruas tranqüilas, cinema sem
fila, Santa Efigênia, Brás, 25 de Março e avenida Paulista. Vou ver a São Silvestre e os fogos de artifício da
sacada de um quarto de hotel que hospeda gente poderosa o ano todo, mas que fica às moscas no reveillon e a estadia
vira uma bagatela com direito a café da manhã, jacuzzi e vista panorâmica da festa na Paulista. Parece que vou
começar bem 2003, com disparos de boas idéias na cabeça – isso é bom. Sem elas minha vida perde muito do sentido,
preciso de idéias em quantidade e sabedoria suficiente para não transformá-las em um grande pesadelo, o resto está
jogado no vento.



Escrito pela Alê Félix
31, dezembro, 2002
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Os casamentos que eu cliquei (Post III):

O Juízo Final

Aceitei o convite:
– Claro! Tudo bem se for um pouco depois da festa? É que eu prometi fazer as fotos para a Tina. Mas, se você quiser,
pode ser amanhã, depois de amanhã, ou qualquer dia antes que a morte nos separe.
O padre era só gargalhadas.
– Alessandra, minha querida, você sabe onde vai acontecer a festa do casamento? Ali, atrás da igreja, no salão de
festas. Entendeu, agora, o que eu quis dizer?
– Ah! A festa… sim, desculpe padre Giuseppe, eu…
Meu deus, como eu pude ser tão débil? Desejei que meu corpo se desintegrasse e que deus relevasse o meu assanhamento
desmedido – que vergonha!
– Una moça graciosa como tu, non precisa se desculpar.
Interrompeu-me o padre com um sorriso de um canto ao outro do rosto. Na verdade, mesmo depois do mico de achar que
o padre queria me conhecer biblicamente atrás da igreja, eu só ouvia o “minha querida” da frase anterior e tratei de
o acompanhar até o salão.
Encontramos a Rita no meio do caminho. Eu pedi uma intervenção divina e deus me mandou a Rita. Foi bom para que eu
aprendesse a ser especifica nas minhas orações. Minha querida amiga me tirou na marra da companhia do padre.
– Eu não acredito que você disse aquelas coisas para o padre!
– Rita, me deixa!
– Você nunca ouviu dizer que padres não casam, só fazem casamentos?
– E quem disse que eu quero casar? Neste caso, eu sou a mulher ideal: ele continua padre e eu continuo solteira.
– Você deve se achar engraçada, né? Não tem medo de ser castigada por Deus não?
– Olha, se este homem foi feito à imagem e semelhança de deus, quando eu morrer vou curtir muito meu encontro com o
todo-poderoso! Ninguém em sã consciência, nem mesmo com consciência divina, bota um italiano bonito como este no
mundo e deixa para a terra comer.
– Ale, isto é pecado!
A Rita saiu bufando enquanto eu continuava com meus argumentos pagãos:
– Ótimo! Ótimo dia para pecar! Vai, pode ir na minha frente. Quem sabe se eu chegar por último não viro de fato a
mulher do padre?
A Rita só voltou a falar comigo no dia seguinte e eu passei o resto da festa sorrindo para o Giuseppe, tomando Keep
Coller e fotografando o casamento. Eu sorria de um lado, ele sorria do outro; fui ficando à vontade e, no final, o
“senhor padre” já tinha virado “Gigio”. Por fim ele decidiu ir embora e despediu-se de mim:
– Alessandra foi um prazer conhecê-la, você é muitíssimo graciosa e gentil.
Beijou minhas mãos e declarou-se:
– Apareça mais vezes na igreja, espero revê-la. O dia non teria sido tão alegre sem a graça da sua presença.
Suspirou, beijou novamente minha mão, deu uma leve piscada com os olhos e saiu. Em um primeiro momento achei que
aquela era uma tentativa de me converter, mas não era possível. O padre Giuseppe havia realmente se empolgado. Por
algum motivo sobrenatural fiquei roxa, muda e com o queixo no umbigo vendo o Gigio partir sem que eu pudesse esboçar
qualquer reação. Tentei ir atrás dele para deixá-lo com o número do meu telefone, mas meus passos foram diminuindo
conforme minha consciência materializava imagens de um senhor gordo e barbudo, sentado em um trono de nuvens no céu,
me encarando de rabo de olho e esbravejando que eu, a graciosa, gentil e galinha, bem que merecia virar
churrasquinho do capeta.
Parei no meio do caminho. Tirei minha máscara de garota pagã contra o clero, desisti de oferecer uma maçã para o
belo Giuseppe, tomei ares de moça ajuizada e fui fotografar a Tina jogando o buquê.
Tina:
– Amarelou, Ale?
– Amarelei, mas não conta pra ninguém e joga logo este buquê.



Escrito pela Alê Félix
29, dezembro, 2002
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Os casamentos que eu cliquei (Post II)

Pássaros feridos, o retorno


Enquanto todos cumprimentavam os noivos, fui fazer contato com o padre.
– Olá, meu nome é Alessandra. Sou amiga e fotógrafa dos noivos e…
– Si, si, eu percebi a senhorita fotografando.
Minha bochecha vermelho pimentão sorriu.
– Percebeu? Que bom!
Agradeci a deus pela cara de pau que me deste e continuei:
– Como é mesmo o nome do senhor?
– Encantado, Alessandra. Me chamo Giuseppe.
Eu resisto a qualquer tentação, mas sotaques e outros idiomas são golpes baixos. Um padre chamado Giuseppe, com
sotaque italiano, de olhos azuis, que beija minha mão enquanto diz “encantado”, era abusar do meu credo. Perdi a
noção do ridículo e desatei a falar bobagens:
– Linda cerimônia! O senhor é bom nisso… quer dizer, pode ser bom em muitas outras coisas. Já pensou em mudar de
profissão?
Giuseppe soltou uma gargalhada e colocou a mão sobre o meu ombro. Era o tipo de homem que encostava em uma mulher
sem ser abusado ou inconveniente. Sabia a hora de tocar sem desrespeitar o espaço pessoal.
– Non, eu estou feliz com a minha paróquia.
– Imagino que a paróquia também esteja muito feliz com o senhor. Daqui a pouco, até eu, viro beata!
– Será um prazer.
A palavra “prazer” saindo da boca do padre, mesmo que para expressar o desejo de me ver frequentando a igreja, era
desconcertante. Precisei respirar fundo e desviar os olhos daquela boca européia.
– Hum…sei. Mas me diga padre, o senhor fala italiano?
– Nasci em Piacenza na Itália, mas…
– Piacenza…ahn…adoro italiano! Perdão, quis dizer o idioma italiano. Aliás, o senhor não estaria interessado em
dar aulas particulares de italiano? Pode ser uma segunda opção de trabalho, um extra. Uma grana a mais no fim do
mês. Nada que lhe tome muito tempo, umas três aulas por semana no primeiro mês que podem ser reduzidas a uma vez por
semana depois de trinta dias. É o suficiente! Ou eu parlo ou lhe digo arrivederci. O que acha?
O padre caiu no riso. Bom sinal, eu o divertia.
– Non, vim para o Brasil quando era um bambino, no falo mais italiano tão bem. Più successivamente non necessito del
dinheiro Alessandra.
Uma intervenção divina, por favor! Aí já era demais! Além de tudo, o homem era um idealista, não ligava para bens
materiais.
– Ahn… bambino… sei. Padre o senhor me perdoe a pergunta… o senhor e deus, caso ele esteja olhando, mas o
senhor é muito bonito pra ser padre. Por que não desiste?
Nesse momento misturado com o riso do padre eu ouvia os risinhos de meia dúzia de amigas que se engalfinhavam entre
uns arbustos para me ver em ação. O padre, por sua vez, sutilmente, pegou minha mão, olhou nos meus olhos e, com
aquele sotaque irresistível, se aproximou do meu ouvido, falando baixinho:
– São seus olhos menina. Tu és una ragazza veramente encantadora, mas acho melhor irmos para o salão de festas atrás
da igreja.
Era óbvio que aquilo tinha sido uma cantada! Ninguém sussura em italiano no ouvido de uma garota e depois vem com a
desculpa de que é padre. Bingo! A próxima versão de “Pássaros Feridos” estava prestes a se concretizar.
______



Escrito pela Alê Félix
27, dezembro, 2002
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Os casamentos que eu cliquei

O pecado morava na igreja

– Ale, quanto você cobra pra fotografar meu casamento?
– Puta que o pariu, Tina! Já falei um milhão de vezes que eu não suporto fotografar casamento de amigos. Custa me
convidar pra festa sem que eu tenha que trabalhar?
– Tá bom, tá bom… não está mais aqui quem falou.
– Tá, tá ,tá… eu vou, eu fotografo…
– Agora não precisa mais, né? Depois dessa, você acha que eu vou querer que você fotografe?
– Ai, nem começa! Sai pra lá com essa frescura! Já disse que fotografo, agora não me enche.
– Vocês duas querem parar de falar? Estão atrapalhando o resto da classe.
Fizemos silêncio depois do esporro da professora e não tocamos mais no assunto, nem antes, nem depois do casamento.
Cursávamos o segundo colegial, era todo mundo muito novinho e metido a gente grande, mas a Tina decidiu superar a
maturidade ilusória de todos nós e foi a primeira da turma a casar. Sem gravidez, sem gravidade, sem necessidade
alguma, casou pelo simples fato de estar apaixonada e, como paixão não se discute, fomos todos festejar o matrimônio
da Tina e do Carlos.
E lá fui eu, com a câmera na mão, esperar a mulher entrar na igreja. A (cre)Tina atrasou uma hora e meia, mas chegou
radiante para alívio do noivo que já manifestava um certo medo de levar um balão.
O Santana preto com vidros fumê, top de linha daquele ano, estacionou na porta da igreja com a noiva tremendo e
lacrimejando. Me preparei para iniciar a sessão de fotos, quando chega a minha amiga Rita, toda espevitada e
desajeitada:
– Ale, vou ser sua assistente.
– Rita não precisa, não tem nada pra você segurar.
– Eu arrumo o vestido da Tina quando ela chegar no altar.
– Rita você vai cair e se espatifar no meio da igreja. Fica quieta e me deixa fazer as fotos.
– Nem vem, esta pode ser a minha única chance de entrar na igreja com todos de pé, a me admirar.
– Você quer dizer, admirar a Tina, né?
– É, e logo depois vão olhar pra belezura aqui.
– Talvez você tenha razão, acho pouco provável que alguém se submeta a casar com você um dia. Vem, vem logo que é a
sua última chance mesmo.
As portas da igreja foram abertas, os padrinhos a postos, o Carlos emocionado no altar, a grande porta se abriu e,
ao invés da noiva, o que se viu foi a Rita correndo com cara de papaléguas entre uma extremidade e a outra da porta
de entrada da igreja. Em seguida, ao som de Endless Love, apareceu finalmente a Tina.
Toda a mulherada do primeiro e segundo colegial aos prantos, até a passa mal da Rita, soluçava atrás de mim. Eu
disparando meus cliques quando, de repente, com o olho colado no visor, fiquei parada sem conseguir bater a foto.
– Que foi, quebrou a máquina?
– Ãnnn ? Que é Rita?
– Fala baixo. Que é que você está olhando? Por que não tira logo a foto?
– O Padre.
– O quê?
– Ri, olha este padre! O homem é lindo!
– Era o que me faltava! Tá louca? O cara é padre, sua blasfêmica!
– Pelo amor de deus Rita! Se diz blasfemadora, sua anta!
– Eu falo do jeito que eu quiser. É cada uma que eu vejo! Isso que dá ser pagã, é uma falta de respeito com os
funcionários de Deus. Você vai virar churrasquinho do capeta quando morrer.
– Que funcionário de deus o quê? E para de me chamar de pagã na casa de deus que ele pode passar a prestar atenção
na minha existência.
– Pagã! Pagã! Pagã! Pagã!
– Dá pra falar baixo? Tá todo mundo olhando, sua tagarela.
Deixei ela falando sozinha e voltei a fotografar e a olhar para o padre bonitão pelo visor da câmera. Não era fácil
desgrudar os meus olhos daqueles brilhantes olhos azuis. Eu sorria, disparava flashes e mais flashes, andava de um
lado pro outro e nada do padre me dar bola. Não que ele devesse, mas eu precisava tentar. Nunca compreendi os
desígnios da igreja católica, muito menos a teoria dos pecados. Naquele momento, pecado era aquele padre ter aderido
ao celibato.
Passei toda a cerimônia me perguntando o que o teria transformado em um padre. Devia fazer fila de mulheres na porta
da igreja para pedir-lhe a benção.
Fim do casório e fim do meu tempo para encontrar as respostas para os porquês da opção profissional do padre. Decidi
partir para o plano B: o diálogo… ou seria a conquista?
____________________________>>>> Continua.



Escrito pela Alê Félix
26, dezembro, 2002
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Estava aqui me perguntando o que escrever em um blog na véspera de natal. O que eu queria mesmo, era postar umas
histórias engraçadinhas de casamentos que eu já fotografei, mas a que eu estou terminando é muito religiosa para o
dia de hoje. Vou deixá-la pra depois, antes que eu pareça uma tipica pagã. Em breve eu devo postar uma série de
histórias sobre os casamentos da minha época de fotógrafa. Preparem-se para o “Albuns de Casamento, I, II, III, IV,
XIX e por aí vai.” Mas vamos voltar ao Natal…
A grande verdade é que o Natal, para mim e para muitos outros revoltadinhos socialistas como eu já fui, não passa da
grande festa da manipulação. Nunca consegui compreender como conseguiram dar um ar tão pesado para estas
comemorações de final de ano..
Festas de confraternização, ceia de natal, necessidade de unir a família, obrigação de dar presentes, participar de
amigos secretos, distribuição de beijos e abraços com cara de fim de mundo e, no final, é só mais um ano.
Faço parte de uma família que liga cada vez menos para estas datas. Não por tradição, mas por cansaço. Meus pais bem
que se esforçaram: saíamos para fazer compras de roupas, sapatos, presentes. E nas noites de Natal íamos sempre para
a casa dos meus avós. Todos arrumadinhos, penteadinhos de cabeleireiro, cheirando a loja de shopping e com vários
embrulhos de Papai Noel. A mesa farta de comida, a família unida, tudo certinho, com jeito de inverno europeu num
verão de quarenta graus, mas por algum motivo isso tudo começou a ficar insuportável com o passar dos anos.
Não sei se por conta da falta de crianças em casa, se por conta da fartura da mesa que gerava sobras constrangedoras
ou se foram as dificuldades para manter a idéia de união. Sei que, há muitos anos, ninguém se importa. Mas, mesmo
assim, todos sentem culpa.
É esta sensação que me incomoda. Todo mundo se sente culpado no fim do ano e tudo contribui para que as pessoas se
sintam assim. Começa com este papo do nascimento de Jesus, essa coisa dele ter morrido crucificado por nossa causa.
As pessoas carregam a cruz da história bíblica de Jesus até hoje! Se ele foi quem foi, duvido que ele ficaria
satisfeito ao ver o que fizeram da sua estadia na Terra.

Pra não dizer que não falei das boas lembranças

Eu tinha onze anos e meu pai tinha acabado de construir uma casa de frente para a nossa e no mesmo terreno.
Uma família vinda do Norte soube da casa e quis alugá-la. Meu pai, movido pela possibilidade de receber uma grana a
mais por mês, ignorou o fato de dividirmos o quintal com desconhecidos e alugou a casa.
Um marido, uma esposa grávida, três filhos com idades entre três e seis anos e um cachorro vira-lata (nós tínhamos
uma dobermann.).
Logo depois que eles mudaram, vieram as festas de fim de ano. Na véspera do natal, meus pais, na tentativa de unir
as famílias um do outro, acabaram discutindo. Meu pai, bravo, saiu de casa e não disse para onde ia e minha mãe
ficou, lá, desolada perante os quilos de peru que havia assado.
Nove horas da noite e eu fui dormir. Acordei uma hora depois com barulho de música no último volume e um rebuliço de
gente. Nossos vizinhos convidaram todos os parentes, amigos e retirantes para passarem o natal na casa deles,
conseqüentemente, no nosso quintal.
Fiquei putíssima! Minha mãe triste, meu pai fora de casa e aquele povo que mal nos conhecia fazendo aquele auê na
nossa casa. Fui em direção à casa da frente com um quente e dois fervendo, mas o quintal estava tão abarrotado de
pessoas felizes que antes que eu conseguisse localizar alguém responsável por aquela situação, acabei dançando meia
dúzia de forrós.
Vi meus irmãos no meio da festa se divertindo e fui atrás da minha mãe. Entrei em casa pela cozinha e a vi sentada
olhando para a mesa que ela havia preparado com tanto carinho.
– Não vai vir ninguém aqui em casa?
– Não.
– E o papai?
– Não sei…
Não pensei duas vezes: peguei uma travessa de quitutes e ajeitei sobre a cabeça. Minha mãe reagiu à cena e seguiu
atrás de mim:
– Alessandra, onde você vai com essa comida?
– Alguém tem que salvar este dia de merda. Vem mãe, bóra levar este monte de comida para o povo comer.
Sai de garçonete servindo a vizinhança que se espremia entre as duas casas, quando ouço a voz da minha mãe:
– Quem quiser se servir fique à vontade, tem cerveja e refrigerante aqui na geladeira.
Em um segundo, a festa se espalhou pela nossa cozinha, em um segundo não lembrávamos mais dos contratempos das
últimas horas, em um segundo a casa estava cheia de gente alegre e sem as firulas das festas de natal tradicionais.
Meu pai chegou no momento da confraternização entre as duas casas, vi ele olhar para minha mãe no meio da multidão,
beijá-la no rosto e puxá-la pra dançar.
Acho que foi naquele dia que eu aprendi a dar valor para uma boa festa. Também tratei de não dar tanta importância
para as pressões de fim de ano. Passei a pensar nessas festas como se elas fossem festas de forró, o resto é só
protocolo.



Escrito pela Alê Félix
24, dezembro, 2002
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Minha voz está lá no blog do Marmota. A idéia do
mocinho ficou muito legal! Não vão lá ouvir minha voz, não? O que estão esperando? Procurem pelo post de ontem. Ah!
A voz do maridon também está lá. :o)
Volto já!



Escrito pela Alê Félix
24, dezembro, 2002
Comentários desativados em Ei!
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Esse negócio de blog é um pesadelo, estou completamente viciada. Fico escrevendo de madrugada, lendo outros blogs,
procurando imagens, aprendendo HTML, mexendo no meu template. É enlouquecedor e consome parte da minha vida útil.
Minha cabeça passou a funcionar de forma diferente desde que abri este blog. Ainda não tenho certeza se está sendo
bom ou ruim, mas ele tem revirado meu ego, meu dia e minha cara. Por algum motivo, esta merda me deixa com cara de
mulher feliz.
Às vezes me sento ridícula, egocêntrica e sem
autocrítica
e mesmo assim não consigo parar. Quero ver se tem visitas, comentários, ler os blogs de quem passa
por aqui, conferir as estatísticas. Ando escrevendo sem controle, já pensei em começar a fazer anotações nas
paredes de casa para evitar esquecer uma idéia ou outra. Nunca acho papel e caneta quando preciso. E não sei se
estou insana ou se este é mais um vício na minha vida. Uma diária completa no Pinel, por favor!
Sempre foi assim, tenho propensão ao vicio. Foi assim com o “Red Alert” – fiquei um mês sem sair da frente do micro
construindo exércitos. Com o “Pinball Fantasies”, maridon acordou um dia de madrugada e eu tinha batido todos os
recordes; estava há oito horas no mesmo jogo e ainda faltavam três bolas para o “game over”. O vídeo-texto era um
serviço da Telesp que eu conheci antes de se ouvir falar em internet aqui no Brasil. Trabalhei um período para uma
empresa que vendia o sistema só para poder acessá-lo. Atari, minha irmã conta que, quando éramos crianças, ela
sentou na frente da TV para me ver jogar e viu o homenzinho do jogo pular na água e não morrer de tão rápido que
estava. Sou cheia de vícios. Aos dezesseis anos, viciei em bebidas alcoólicas doces, vivia enchendo a cara com
minhas amigas, até que um dia eu acordei, enchi uma tigela de sucrilhos e ao invés de leite coloquei amarula. Foi um
pouco demais, achei melhor parar de beber antes que me internassem no A.A.: açucarados anônimos.
Aliás, será que já existem clínicas que tratam dependentes de internet? Aposto que se não tem, terá. Para mim, falta
pouco para uma internação desse tipo.
Deve ser por isto que eu fico incentivando todo mundo a ter um blog. Vaidade é egoísmo, não quero ficar louca
sozinha. Se eu tiver que ser internada, que seja na mesma ala que meus amigos e muitos de vocês que, mesmo eu não
conhecendo pessoalmente, já fazem parte da minha leitura diária.



Escrito pela Alê Félix
23, dezembro, 2002
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/b>
Meu irmão acabou de colocar um mp3 no blog dele. Ele
está gravando um CD e os meninos aproveitaram para gravar pedaços dos ensaios que estão rolando. Vai lá! Depois me
diga o que achou, tá? O garoto canta bem! Puxou pra
irmã… A outra, não eu. :_(



Escrito pela Alê Félix
22, dezembro, 2002
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