Pra quem vai da zona norte para a zona sul de São Paulo pela 23 de Maio, antes de passar pelo aeroporto, é necessário passar por cima da ponte Bandeirantes. Sempre que passo por ali e vejo um avião pousando encostado sobre as nossas cabeças, minha imaginação fértil cria os mais diversos desastres aéreos… A ponte já foi destruída por um Boing, pousos feitos sobre os carros, prédios enfileirados derrubados. Mas nunca, dentro da minha cabecinha desastrenta, o prédio da Tam seria o alvo de um avião da própria Tam. Talvez, porque meu trabalho me faça ir até a Variglog e a Tam pelo menos três vezes por semana, por conhecer os funcionários, porque não é fácil pensar que as tragédias podem estar tão próximas.
Desde que caiu aquele avião em agosto do ano passado instalou-se nesse país mais do que um problema de estrutura nos transportes aéreos. Além dos fatos, impregnou-se em nós a sensação de que a qualquer momento outro acidente grave aconteceria e, agora, estamos todos com a sensação do “eu avisei!” repetida várias e várias vezes como se fosse um mantra que não salva embora nos torne poderosos.
Viajei mais no último ano do que em todos os outros anos da minha vida… E eu tinha pavor de andar de avião. O medo passou mesmo diante do céu caótico que descobrimos que temos… Nem sei como, mas passou. Passou depois de um dia que tive uma crise de choro dentro do aeroporto sem saber direito se era porque eu estava vivendo uma fase meio frágil ou se eram só meus caláfrios aéreos. Voltei pra casa, cancelei o vôo, liguei a TV e soube da queda do avião que estava voltando de Manaus. Eu acredito em energias, sabe? Acredito que somos capazes de captar energias e de alguma forma materializá-las. Talvez, eu nunca consiga explicar direito essas coisas que penso e entendo que elas possam soar como encanações ridiculas, mas sinto como se todos nós – visualizadores de tragédias – fossemos um pouquinho responsáveis por elas. Quando minhas tragédias mentais eram muito fortes e ocupavam espaço demais na minha mente, ex-maridon dizia que eu devia voltar pra yoga e me dedicar a meditação. Acho que todos nós deveríamos tentar…
Acordei agora pouco, abri a caixa de e-mails e meu irmão dizia:
Fica andando para cima e para baixo de avião, viu???? Sua maluca!!!!!!!!!
É o jeito dele de dizer que me ama mas, na minha cabeça, evitar não é uma forma de solucionar problemas e sim constatar que eles existem. E, se existem, quero mais é estar pronta.



Postado por:Alê Félix
18/07/2007
0 Comentários
Compartilhe
gravatar

Clarice

julho 18th, 2007 às 14:11

Alê, eu nem tenho coragem de dizer como me sentia desde domingo, mas achei que era só emoção por outros motivos.
Verdade,evitar não impede, mas caldo de galinha e precaução nunca fizeram mal a ninguém.
Tomara que a indignação, desta vez supere a maracutaia e a falta de vergonha.
Abraço solidário.


gravatar

Paola

julho 18th, 2007 às 16:32

gravatar

Paola

julho 18th, 2007 às 16:33

gravatar

Honey

julho 18th, 2007 às 18:23

é uma tragedia inaceitável, Ale
tô bege ate agora


gravatar

ane aguirre

julho 18th, 2007 às 18:32

ah…
eu estava escrevendo comentário comprido.
bati numa tecla e sumiu tudo.
acredito: era pra ser.
beijo.


gravatar

Ana

julho 19th, 2007 às 16:43

Sabe o que eu acho engraçado? Quando leio seus posts penso numa pessoa escrevendo que não é essa da foto. Isso acontece toda vez. Vc escreve muito bem.


gravatar

Ana

julho 19th, 2007 às 16:44

Sabe o que eu acho engraçado? Quando leio seus posts penso numa pessoa escrevendo que não é essa da foto. Isso acontece toda vez. Vc escreve muito bem.


gravatar

Bárbara

agosto 4th, 2007 às 13:18

Fiz 13 de 16…


gravatar

Sabrynaa

setembro 11th, 2007 às 22:41

Oiee adoro seus comentarioss !
bjokas


gravatar

Sabryna

setembro 11th, 2007 às 22:43

Oieee da onde vc é ??
bjuss


Deixe um comentário