A Daniela Macedo, co-autora do livro Balde de Gelo, está procurando personagens para uma matéria sobre mulheres que namoram homens mais velhos. Ela precisa entrevistar a mulher, o namorado e o pai dela. O pai e o namorado devem ter mais de 50 anos. Quem conhecer um trio com essas características, deixe um comentário aqui ou mande um email para danielamacedo@hotmail.com
Vai sair na Revista Veja e tem que topar sair na foto. A matéria é bacana, astral bom. Não precisa ter medo.



Escrito pela Alê Félix
31, maio, 2005
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– Uau! Que noite…
– Dormiu mal?
– Hum? Não… imagina. Tive um sonho erótico da melhor qualidade… E com o Casagrande… Dá pra acreditar?
– O jogador??
– É! O corintiano… Que coisa que é aquele menino. Nunca tinha reparado… Quem diria?
– Eeei, acorda! Foi um sonho. Eu estou aqui!
– Bobagem mozinho… Vai ter ciúme de sonho?
– …
– E que sonho! E que noite! Salve o corinthians…
– É… deve ter sido uma noite e tanto mesmo. Uma noite “Ripa na chulipa e pimba na gorduchinha”!
– Estraga prazeres…



Escrito pela Alê Félix
31, maio, 2005
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Voltei. Ou acho que voltei. Voltando devagarzinho porque pra ser sincera não ando com vontade nem de falar. De qualquer forma, voltando bem, isso é que importa. Quieta, sem muitas vontades, mas fisicamente bem. Às vezes a gente acha que pode não voltar. Acha, assim, meio sem querer achar. Eu tinha fé que voltaria, mas as primeiras vezes são sempre mais intensas então… Sabe como é, né? Não, não sabe porque eu não contei e nem sei se tô disposta a papear sobre isso. Enfim, se não vou contar, vou parar de embaçar com esse papo porque isso parece coisa de quem quer contar, mas tá com viadagem. Creiam, é o caso. Voltei viada e covarde. Mais covarde do que já era e um pouco viada porque eu andava precisando ser, um tiquinho que fosse, qualquer outra coisa além do bicho esquisito que eu estava me tornando.
Onde eu estava não dava pra ler os comentários do post abaixo, mas maridon leu todos por telefone e eu queria dizer que: eu morri de rir com o comentário deixado pela Gabi e fiquei me perguntando como diabos ninguém nunca tinha feito um comentário tão sensato sobre as bobagens sem pé nem cabeça que eu escrevo por aqui, que eu adivinhei que o comentário do Bicu era dele antes que maridon dissesse e que isso me deu aquela sensação gostosa de conhecer bem o amigo-embratel que esse peste virou na minha vida (amo você de paixão!), que, se a semana não tivesse sido tão maluca, eu agora estaria de passeio com essa Menina (meus pais estão adorando Manaus, voltam semana que vem). E diria para a Fabi não se iludir porque eu arrasto o tempo para decidir qualquer coisa e quando decido me arrependo e quando não me arrependo deixo sempre um pedaço de mim no que podia ter sido, diria para o Raael que saber que há alguém para se descobrir é sempre um bom motivo pra voltar (por mais previsíveis que sejam as pessoas, por mais que eu tenha me tornado tão arrogante e intolerante a elas. Eu quero mudar isso. Quem sabe daqui pra frente fique mais fácil. Eu não era assim, não vou morrer assim.), para “a” ou “o” Sfafast que eu estou sarando e desejo o mesmo para “ela” ou “ele”, para a Virgínia que, às vezes, a gente dá graças a deus de não ter como voltar a trás, para a Izza que é uma delícia ouvir alguém ser tão clara, para a Maitê que ela também me fez segurar a barriga pra risada não doer tanto, para o Romenique que o convite já foi, para a Catia que os vícios são sempre amores não correspondidos, para o Fellipe que o nome do blog é de lascar (adorei!), para o João que esse tipo de comentário (mesmo que eu não saiba de onde ele vem) me faz sentir uma farsa (espero que isso passe, esse tipo de sentimento não faz bem às mulheres), para a minha querida Flá Onaga que assim que eu voltar a sentir vontade de conversar ligo pra ela, para a Cami que, o que deu, eu ainda não sei direito como contar, mas que agradeço a força, o carinho e a passagem por aqui de pessoas como você, a Alexandra, a LadyCat, a Mariana, o Bruno, a Deh, a Sidélia e a Maldita Honey. Agradeço a visita de médico de vocês e daqueles que, mesmo sem comentar, pensaram positivamente sobre o que eu deixaria ou tinha que fazer dessa minha vida. Gracias.



Escrito pela Alê Félix
25, maio, 2005
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Eu volto. Vou ali tomar uma decisão difícil e já volto.



Escrito pela Alê Félix
18, maio, 2005
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Eu e meu sobrinho (três anos de idade), conversando e indo de carro até o supermercado…
– Quando eu era grande, eu tinha um carro e uma moto. Um dia eu saí de casa com o carro e deixei a moto na garagem. Aí eu peguei uma descida bem grande e acelerei tanto, tanto que o carro bateu, depois bateu de novo, e rodou bem alto, e eu caí, e bati o rosto no vidro.
– Uau! E depois? O que aconteceu com você?
– Nada…
– Nada, nada?
– Nada.
– E como é que você voltou a ser pequeno?
– Eu num comi.
Isso que dá dizer para as crianças que se elas não comerem, não irão crescer. E eu achando que estava prestes a testemunhar um caso de reencarnação, bem na minha família! Patsa…



Escrito pela Alê Félix
15, maio, 2005
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Quando eu insisti para voltar da escola sozinha, ela me esperou no portão.
Quando eu estava triste, ela fazia bolinhos de chuva.
Quando eu estava feliz, ela me observava com um meio sorriso e olhos cheios de brilho.
Quando ela estava triste, acampávamos em cima da laje vendo as estrelas e as luzes que refletiam do outro lado da represa.
Quando ela estava feliz, todos estavam felizes.
Quando eu jurei que podia cuidar dos meus irmãos, ela resistiu, mas permitiu que eu tentasse.
Quando a gente discutia, só voltava a se falar na manhã seguinte.
Nunca falamos sobre como nascem os bebês, menstruação e sexo seguro. Falamos sobre as pessoas, sentimentos, contamos histórias… Mil e uma histórias de verdade e de mentira.
Quando eu quis aprender a dirigir, ela sentou no lugar do passageiro.
Quando eu bati o carro aos treze anos de idade, ela não desgrudou da minha mão. E eu achando que ela fosse me bater…
Quando ela descobriu que eu estava namorando escondido, me deu um tapa na cara. Anos depois eu soube que o pai dela fez muito pior, por muito menos. Não que uma atitude justificasse a outra, mas foi assim que eu aprendi que uma das formas de compreender o presente é olhar para o passado.
No meio da noite, a noite do dia do tapa na cara, ela se aproximou da minha cama, passou a mão pelo meu cabelo, me deu um beijo no rosto e pediu desculpas. Eu fingi que dormia, nós duas tratamos de esquecer.
Quando eu provei que podia ser maior do que era, ela assinou os dois anos a mais que eu precisava.
Quando ela precisou que eu voltasse a dirigir, eu perdi o medo de bater para poder socorrê-la.
Quando eu fazia bobagens que me mostravam que errar não era uma questão de tamanho, nunca deixava que os problemas fossem maiores do que a nossa casa. Eu fingia que sabia resolvê-los sozinha e ela conversava, conversava e conversava… Conversávamos tanto e sobre tantos outros assuntos, que os problemas acordavam sempre pequenininhos.
Ela nunca fez questão de saber quando foi que eu transei pela primeira vez; eu não teria contado nem sob tortura.
Quando eu pirava e precisava meter a mala nas costas para esquecer da vida, onde quer que eu estivesse, ligava todo santo dia pra ela. Eu perguntava de nós, ela perguntava da paisagem.
Quando eu saí de casa, ela insistiu que eu não fosse. Eu prometi que tudo daria certo, que depois do carnaval conversaríamos melhor. Ela fingiu que acreditou, eu fechei o porta-malas, nós duas choramos.
Quando tudo deu errado, ela enlouqueceu tentando me levar de volta. Eu não podia voltar, ela sabia que eu não voltaria, nós duas paramos de chorar.
Quando tudo estava perdido, em um canto da cidade eu entrei em uma igreja à procura de deus. Ela, do outro lado da linha, dizia, da forma mais bonita do mundo, que tinha fé em mim e que não a perderia por nada nessa vida.
Quando eu dizia que precisava mudar, ela me perguntava se eu estava apaixonada. Quando eu desconversava, rezava para ter herdado metade da intuição e sensibilidade dela.
Mesmo sem saber direito por onde eu andei, ela sabia.
Mesmo sem saber ao certo pra quem eu dei ou deixei de dar, ela fazia idéia.
Mesmo sem saber o quanto eu já errei e ainda erro, ela sabe que eu não faria nada errado.
Não somos unha e carne, já brigamos feito gato e cachorro. Não somos e nunca fomos grandes amigas. Não somos mãe e filha de uma geração que distribui “eu te amo” o tempo todo pra compensar a ausência. Nunca usamos uma cartilha, nunca houve necessidade de perdoar ou de ser mais ou menos do que éramos por natureza. E deu tão certo, que eu me pergunto se só um cordão bastaria. Porque, vira e mexe, eu penso nela e dou o mesmo sorriso que ela me dava quando me via descobrindo a vida. Porque, vez ou outra, eu me pego agradecendo por enxergar que, desde sempre, nós crescemos juntas… E penso que nasceria, quantas vezes fosse, filha dela e poderia nascer, outras tantas, sua mãe.



Escrito pela Alê Félix
10, maio, 2005
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Eu passei a vida negociando com o meu pai. Perdi todas as vezes, mas ele não sabe disso. Ele, se lesse o que eu acabei de escrever, riria seu riso incrédulo e diria pra vocês: “Mentira! Ela sempre fez tudo o que quis.”. Ele deve acreditar nisso; eu não. Ele deve achar que uma negociação se ganha quando a gente se rebela, vira as costas e vai embora fazer o que bem entende. Mas quem já foi um filho problema, sabe que não é bem assim… Sabe que o “não” de um pai é quase como uma praga rogada para cada passo dado sem a sua compreensão, sua aprovação. Meu pai sempre foi e sempre será o meu grande desafio no que se refere ao exercício da comunicação. É o cara que me emputece por nada, o sujeito que eu me esforço para entender, a pessoa responsável por todos os meus defeitos neste departamento. Não, não tô jogando a culpa em ninguém. Não há nada que eu ache mais baixo do que responsabilizar alguém pelas próprias atitudes. Só tô dizendo que meu pai é a herança genética que eu identifico quando estou brigando, traindo ou indo embora. É a parte que me faz rir do que não tem a menor graça, a parte que me leva à loucura que eu tanto temo, a parte que me faz perder a razão. Minha herança paterna é a raiz dos meus vícios pelos prazeres da vida e do desprezo que eu sinto pelas fraquezas humanas. Meu pai é a minha luta diária comigo mesma. E, quem já esteve de saco cheio de dar tanta porrada e cabeçada pela vida, sabe muito bem que, aos pontapés, a gente não sai do lugar. As pessoas podem achar que estamos longe, mas a gente sabe que a sensação é a de estar preso em um canto da sala, esperando para sair do castigo e, de preferência, com um pedido de desculpas. Não, não precisava um pedido de desculpas…
É engraçado. Eu e meu pai temos uma relação tão mal resolvida, que, mesmo quando eu me preparo para escrever sobre a minha mãe, eu acabo falando sobre ele. Mesmo quando me esforço para falar do bem que ele me faz, eu acabo brigando com o nosso passado. E ele nunca entenderia que o papel que lhe coube foi feito sob medida, que não tinha como ser diferente, que foi perfeito… Não, não era, ainda, pra ser sobre ele. E antes que eu me perca em palavras que não são mais reais, a verdade é que, por mais que ele me irrite com o jeito mais volúvel, engraçado e absurdo que deus lhe deu, ele me faz ter saudade dos vinte anos que eu pude tentar fazer o que bem entendesse porque estava sob a sua proteção. Uma proteção física, financeira e estrutural que me faz chorar nos dias que eu estou de cabelo em pé tentando ser metade do que ele, ainda hoje, consegue ser. Devo a ele meu orgulho, minha sorte, minhas mudanças de humor e de caminho. Devo o gosto pelas viagens, o tesão de pegar estradas sem saber direito pra onde ir, a necessidade de tirar férias, descansar nos fins de semana, tomar sol e viver bem. Coisas que, há dez anos, eu faço pela metade. A metade boa que me aproxima dele.



Escrito pela Alê Félix
10, maio, 2005
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Acho esses encontros bonitinhos…



Escrito pela Alê Félix
5, maio, 2005
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