Devido a todos os imprevistos gripais deste mês de fevereiro, deixei muitas obrigações e
diversões de lado. Uma delas, que eu não sei mais se é obrigação ou diversão, foi responder os
e-mails enviados pra cá.
O pior de tudo é que deixei de dar atenção a coisas importantes, como o apelo do Neto para que eu contribuísse na busca pela
amiga dele que desapareceu, o pedido da Amandita que queria presentear a mãe com um filme que que ela não encontrava
em lugar algum e outros e-mails que, infelizmente, já passaram do prazo.
A amiga do Neto, graças a Deus, foi encontrada. O aniversário da mãe da Amanda passou sem o
presente. No caso dos dois, foi na boa, porque são duas pessoas encantadoras e compreensíveis que
sabem que eu não desapareço por mal. Mas o fato é que eu não pude fazer nada, porque estava
fechada pra balanço, porque todos os comentários daqui chegam junto com meus outros e-mails e
porque, muitas vezes, eu acabo não percebendo o que é mais importante que o quê.
Por isso, quero pedir um favor a vocês. Se precisarem falar comigo com urgência, coloque “URGENTE”
no assunto do e-mail. Quem me conhece, sabe que eu prefiro que me liguem do que me escrevam, mas
se for urgente, é só avisar com um pouco mais de ênfase. Assim não acontece mais isso e não fico
depois me sentindo mal por não ter feito a parte que estava ao meu alcance. Precisando de mim, se
eu puder, contem comigo. Acho que quem passa sempre por aqui sabe disso, mas é sempre bom lembrar.
E não pensem que eu não respondo e-mails por arrogância. Faço o que posso e o que não posso pra
organizar a minha vida da melhor forma possível, mas às vezes eu quebro; aí fica bastante difícil
juntar os cacos e, ao mesmo tempo, olhar o mundo a minha volta. Quem não puder entender isso,
sorry.
O problema não são os e-mails, mas a falta de compreensão e, às vezes, de respeito. Longe de mim
bancar a moça indisponível – embora eu acredite que os indisponíveis estejam muitas vezes cobertos
de razão. Um dos principais motivos que faz com que eu goste de ter um blog é o contato que eu
mantenho com as pessoas. O que me deixa bem brava é quando não entendem que, às vezes, o corpo
adoece, precisa de descanso e que julgamentos precipitados fazem mais mal do que as duas gripes e
uma otite que eu tive neste chuvoso mês de fevereiro. Parece simples, não? E deveria ser.

Ah, e a Amanda ainda não
achou o filme. Quem souber onde encontrá-lo, é só avisá-la.
O nome do filme (de 1995) é Paixões na Floresta (The Passion Of Darkly Noon), com Brendan Fraser e
Ashley Judd.



Escrito pela Alê Félix
23, fevereiro, 2004
Compartilhe

Tenho que admitir que o Bobmacjack mandou muitíssimo bem nos comentários abaixo. A frase é ótima.
Eu sinceramente não dou a mínima se me chamam de tia, tia Alê, ou qualquer parada deste tipo. Não
me chamando de tia gorda, está tudo certo. Não que eu não seja uma tia gorda, mas “gorda” ainda me
desperta uma vontade louca de bater. Estou sob terapia – em breve pretendo ter sarado disto também
– não se preocupem.
E parem com esse negócio de se ofender com o fato de eu chamá-los de “pirralhos”. Pirralho é o
mesmo que criança, criaturas! É bonitinho. Pirralhadinha é lindo! Mas enfim, se quiserem, eu paro
e chamo todo mundo de “senhor” e “senhora” (que, detalhe, eu também acho lindo. Vou fazer o quê?
Acho gentil, respeitoso, singelo… Nem entendo porque tantas mulheres se ofendem.). Ok, parei.
Não chamo de nada além do nome. Respeito é bom e blá, blá, blá… Eu já sei. Não vamos brigar por
isso. Até porque, essas coisas só são usadas contra nós quando nos importamos. Se ignoramos, as
pessoas esquecem.
Bando de sádicos que somos, não? É o fim.
Eu considero uma troca justa: vocês nos chamam de “tio” ou “tia” e nós os chamamos de
“pirralhos”. – Bobmacjack
.



Escrito pela Alê Félix
23, fevereiro, 2004
Compartilhe

Aí! Só pra saber: ninguém vai falar nada da imagem nova do template, não? Vai dizer que vocês
são tão novos que não sabem quem são essas pessoas das fotos? Deus do céu, digam que sabem, digam
que sabem, digam que sabem… Sem chance. Só pirralhinhos me visitam… hen hen hen.
Quase me sinto a Gigi do Bambalalão ou aquela outra moça (que eu não vou lembrar nem a pau o nome)
do Pullman Júnior. Uma Gigi gorducha, é verdade, mas uma Gigi. Quem é Gigi? O que é Pullman
Júnior? Eu fui umas das aniversariantes do Pullman Júnior! Como nunca viram? Ganhei até um kit da
Pullman e mandei um beijo para o meu pai, pra minha mãe e pra moça que eu não lembro o nome. Bah!
Também nunca ouviram falar de Bambalalão? Eu mereço… :b



Escrito pela Alê Félix
20, fevereiro, 2004
Compartilhe

Não entendo porque as comemorações das décadas são mais importantes do que as outras. Por que
damos mais importância para a festa dos trinta do que para a dos vinte e sete? Por que dez anos de
casamento parece mais propício a uma grande festa do que nove, oito, dois?
Desde os sete eu queria uma bicicleta, mas precisei ouvir durante três anos que ela só viria no
meu décimo aniversário de vida. Não pelo meu pai, mas pela minha mãe, que o conveceu de que eu
daria mais valor a um presente caro se ele fosse dado na festa dos dez anos e não em um
aniversário qualquer. Não adiantou questionar. Queria ver, se eu tivesse morrido com oito, o
remorso da família. Carpe diem é um papo que definitivamente nunca funciona para presentes
que simbolizam datas especiais. E datas especiais são quase sempre as de fechamento de décadas.
Nem pense, por exemplo, em pedir um diamante no seu sexto ano de casamento. Tente no décimo – caso
contrário, espere pelas bodas de ouro.
Uma tia minha, no aniversário de vinte anos de casamento, quase fez meu tio engolir uma peça de
leitão à pururuca. Ela pediu que ele a levasse para jantar em um lugar bacana. Ele escolheu uma
badalada churrascaria dos Jardins. Ela esperava taças de vinho e luz de velas; ele achou que lugar
bacana tinha a ver com maminha no alho e chope estupidamente gelado (como ele sempre faz questão
de pedir). Ela passou meses reclamando.
– Vinte anos! Esse infeliz comeu nosso aniversário de vinte anos de casamento!
Que eu saiba, nos anos anteriores, nem parabéns ele deu. Mas, porque não era fechamento de década,
ela não deu a mínima.
Já uma amiga, esperta que só ela, avisou carinhosamente e com antecedência de trinta dias, o
marido desatento.
– Meu mozão, em breve completaremos dez anos juntos. O que meu nenê e eu faremos para comemorar?
– Não sei, minha flor de mamulengo. O que você quer?
– Não sei também, namorido, mas eu gostaria de ganhar algo que estivesse sempre ao alcance das
minhas mãos e me fizesse lembrar dos dez anos lindos que vivemos juntos.
Batata! E olha que os dez anos de matrimônio deles, apesar de melados, nem foram tão lindos assim!
A danada me contou que disse isso com a imagem de um solitário reluzindo na sua mente. Dito e
feito, um mês depois, lá estava ela com o anelão no dedo.
Minha mãe fez a mesma coisa com o meu pai. Queria porque queria um anel. Meu pai pediu detalhes e
ela bem que tentou:
– Quero um anel desses, com uma pedra bem bonita e que todo mundo veja o tamanho do seu amor por
mim.
Erro, grande erro… Foi subjetiva demais. Nesses assuntos de amor interesseiro, quanto menos
espaço para interpretação, melhor. O “sem noção” do meu pai apareceu em casa com um anel que ele
podia ter achado de brinde em um doce. A pedra era tão grande e cafona, que minha mãe não tinha
coragem de ir nem até o portão com ele. Foi a deixa para o meu pai reclamar:
– Dez prestações! Comprei essa porcaria em dez prestações de tão caro que foi e você nunca usa!
– Olha o tamanho! Olha o tamanho disso!
– Você não disse que queria um grande?
– Estava me referindo ao tamanho do seu amor, seu jumento! Isso aqui você enfia no seu…
Brigaram dez meses seguidos. Minha mãe só não ficou mais passada com o tamanho da pedra porque,
durante dez meses, todo dia dez, meu pai voltava arrasado da joalheria. A tristeza dele vendo o
saldo bancário diminuindo para quitar o carnê era a vingança pela festa de dez anos de casamento
que ela não teve.
Anos depois, mesmo só querendo fazer quinze anos, eu debutei. Odiava aquele papinho de festa de
debutante, mas acabei cedendo a algumas exigências da matriarca. O aniversário de um e quinze
anos, uma das únicas grandes comemorações que não acabam com um zero, eram uma questão de
obrigação social para os meus pais. Precisava ter uma grande festa e, se possível, algum detalhe
parecido com as comemorações de gente rica. Eu só queria chamar os meus amigos e passar a noite na
garagem de casa ouvindo música e enchendo a cara de ponche batizado, mas minha mãe cismou que eu
tinha que ganhar uma aliança de debutante e me vestir de branco no dia.
– Mãe, pela-mor-de-deus! Festa na garagem e vestido branco é a morte!
– Ótimo, então alugamos um salão de festas.
– Nãooooooo!
A choradeira me livrou do salão de festas, do vestido branco e, certamente, da valsa que deveria
constar nos planos da maquiavélica. Fiz minha festa na garagem, mas não me livrei da cerimônia da
aliança na hora do corte do bolo. Ela não me contou nada sobre a origem daquele anel – nem eu
desconfiei. Talvez, pra me poupar do carma impregnado no presente, ela tenha escondido de mim o
fato de que aquele era o anel da discórdia. Fez que fez e guardou segredo durante anos. Eu só
fiquei sabendo da história verdadeira porque a minha irmã, bisbilhoteira que sempre foi, viu todo
o processo acontecer.
Dona Maria, que já não devia mais agüentar olhar para o tamanho do amor do meu pai, mandou
destruir o anel. Pediu que um joalheiro o transformasse em uma aliança delicada e que coubesse no
meu dedo. Me deu o presente pouco antes da festa na garagem. E eu só soube desses detalhes um mês
depois do meu aniversário de vinte anos e poucos dias antes de brigar com meu pai e sair de casa
para morar sozinha.
Sem dinheiro o suficiente para arcar com o preço da independência, eu estava prestes a pedir
pinico e voltar pra casa quando minha irmã me ligou do seu trabalho e disse:
– Sabe aquele anel que a mamãe te deu quando você fez quinze anos?
– Sei… O que é que tem?
– Ele está aqui comigo. Deve valer uma grana. Passa aqui e pega.
– Não pode ser. Eu perdi aquele anel há anos.
– Perdeu não. Eu roubei ele de você porque sabia que você um dia o perderia.
– O quê?
– Vai, pára de reclamar e vende ele. Ou isso ou vou ter que dividir o quarto com você de novo…
Além do mais, eu não te dei nada de aniversário mesmo… Fica de presente pra você!
– Ei, ele já era meu! Você está reciclando o presente!
– Eu? A mamãe reciclou ele há muitos anos, esqueceu? Esse anel é mais reaproveitado do que roupa
de filho mais velho. E quer saber? Achado não é roubado!
– Você acabou de dizer que roubou ele de mim!
– Quer, quer; não quer, tem quem quer. Você sabia onde ele estava? Não. Então fica quieta e feliz
aniversário de vinte anos atrasado. E sorte sua que é um aniversário de vinte! Se fosse dezenove
eu não daria anel nenhum. Você que se virasse.
– Você é louca! Só pode ser! Diz uma coisa pra mim, ô cleptomaníaca: se fôssemos meninos isso
estaria acontecendo?
– Ah, não me venha com perguntas difíceis! E então? Você vem buscar o anel ou vai amarelar e
voltar a morar lá em casa?
– Passo aí em dez minutos.



Escrito pela Alê Félix
20, fevereiro, 2004
Compartilhe

Esta moça, dona desta editora bacanona e este rapaz, que costuma escrever
muito bem, convidam a todos nós para o lançamento abaixo. Não perca.

bannermvcsp.jpg



Escrito pela Alê Félix
19, fevereiro, 2004
Compartilhe

Depois de duas gripes, uma otite. Já estou melhor, mas, surda, estava difícil escrever. Tem
gente que nessas horas alega estar sem cabeça, eu descobri que, para mim, basta ficar sem um
ouvido. Ainda estou um pouco fraca e parecendo aquele velhinho do comercial (vitrola!)… Será que
alguém lembra? Acho que não. Enfim, acho que já dá pra responder e-mails e ir escrevendo aos
pouquinhos. Vamos lá…
Ah, e obrigada pelos comentários com votos de felicidade. Os dez anos de casório aconteceram no
dia doze, mas eu só postei no dia dezessete porque no dia doze eu estava praticamente morta, surda
e melodramática demais pra levantar da cama. :b



Escrito pela Alê Félix
19, fevereiro, 2004
Compartilhe

– Quem diria, não? Dez anos de casamento…
– É… E acho que ainda temos fôlego pra mais dez.
– Será?
– Dez dias? Claro que sim.



Escrito pela Alê Félix
17, fevereiro, 2004
Compartilhe

Ok, ok, lá vamos botar o assunto em dia e falar da patacoada do Blogger, mas não sem antes
agradecer. Eu acho importante ser uma pessoa grata, não me canso de dizer isso. Gratidão e
gentileza nunca são demais. Por isso, obrigada a todos que se propuseram a ajudar. Foi muito
gratificante acordar no dia seguinte de um dos maiores ataques de gripe que eu já tive e me
deparar com tantos comentários de pessoas dispostas a participar do meu plano de recuperação da
URL. Poucas coisas valem mais do que saber que eu posso contar com quase cem pessoas dispostas a
se dar bem ou mal junto comigo. No final, saber disto fez com que tudo acabasse diferente do que
eu havia imaginado na hora da raiva. Também fez com que eu voltasse atrás em umas decisões que não
tinham nada a ver com o peixe, mas vamos por partes, porque eu sou boa de perder o fio da meada.
Em primeiro lugar, queria lembrar, pra quem se esqueceu, que as minhas impressões com relação ao
Blogger eram, até a semana passada, as que ainda estão no meu link “gratidão”. Usei durante um bom
período os serviços deles, saí antes da bomba explodir, fui grata a todas as indicações que me
fizeram e nunca tive do que reclamar. Tirei sarro da ultima indicação, consciente de que poderia
ser excluída do Blogs of Note, mas só se eles não soubessem o que estavam fazendo. A indicação
seria válida se tivesse sido feita por um ser humano e não por uma máquina. Apesar de usar um
servidor próprio, eu ainda mantinha meu velho endereço do blogger e o link para os serviços deles.
Se o idiota que leu meu post não tivesse ficado ofendido, não teria porque excluir o blog. No
entanto, a pessoa se viu no direito, não só de tirá-lo, como de deletar minha conta.
Nem de longe essa seqüência de fatos pareceu feita por um computador como alegaram os atendentes.
Tirar do Blogs of Note poderia ser certo – ridículo, mas certo. Mas excluir minha conta foi
arbitrário, desqualifica e coloca em dúvida os serviços prestados pela empresa. Acho que ninguém
se sente à vontade, sabendo que pode ver seus textos censurados, o acesso bloqueado e a sua conta
sendo usada em seguida para que você dê dinheiro para tê-la de volta.
Fiz piada com o fato e faria novamente. Não sou de perder a piada em troca de marketing. Sempre
agradeci porque sou educada e reconhecimento sempre é bem-vindo, mas nunca fui de ficar babando
ovo porque alguém acha que fez o favor de falar bem de mim. O que eles fizeram foi deixar bem
claro que as indicações estão sujeitas aos comentários que forem feitos em seguida. Se você bancar
o engraçadinho pode ser cortado. Ora, bolas! Fodam-se então essas indicações. Isso foi censura ou
foi impressão minha? Que seja, foda-se!
Foi muito mais legal ver o que muitos de vocês fizeram. Dei muito mais valor para as palavras e
imagens postadas pelo Inagaki e para o jeito que o Marcio, a Helo e
tantos outros de vocês trataram deste assunto. Foi muito mais legal do que ter passado uma semana
no canto inferior da página do Blogger, quietinha e fingindo que não era comigo.
Entendo que um provedor precise cobrir seus custos, que é de dinheiro que uma empresa sobrevive e
tudo mais – afinal, eu também tenho uma empresa. A questão não era essa, era não achar decente a
Globo.com fazer chantagem com os serviços que um dia foram oferecidos gratuitamente. Dependendo do
jeito, poderia ser aceitável. Mas do jeito que eles fizeram, foi o mesmo que cuspir nos usuários
que o levantaram. Fato é que o portal Globo.com, para quem se recorda, antes dos blogs e do Big
Brother não era lá grande coisa. Os números certamente aumentaram. E aumentaram tanto, que eles
agora estão se vendo no direito de dar um belo pé na bunda dos não assinantes. Ou é isso, ou se
deram conta do preço que é ter uma grande empresa virtual. Podem estar mesmo mal das pernas. Devem
ter achado, como tantos outros que já faliram, que espaço na internet era carne de vaca – caíram
do burro se contavam com isso. O trafego gerado pelos sites no Brasil é um dos mais caros do
mundo. Aqui, o preço por visitantes diários é altíssimo. E não me surpreenderia se eles
justificassem que bloquearam o acesso das pessoas que estão no exterior porque estão economizando
no tráfego. O que, acreditem, é muito possível.
Antigamente, tudo na internet era gratuito e ilimitado. E estas eram lendas que todos fingiam
serem possíveis. Ofereça de graça o mundo para o ser humano e ele vai usá-lo e abusá-lo. Foi o que
aconteceu com o Kit.net. As pessoas extrapolavam no uso do serviço. Mas ilimitado é ilimitado e
deu no que deu. Esses empresários do começo da internet não tinham informação. Falavam qualquer
merda para vender seu peixe e muita gente acreditou. Ilimitado e grátis vai acabar sim, mas não se
resolvem problemas financeiros desrespeitando pessoas, mas sim admitindo erros e buscando soluções
razoáveis.
Maridon sempre diz que o erro das pessoas más e achar que as boas são trouxas. Mudando só um
tiquinho a frase, eu diria que o grande erro das pessoas (empresas) que tem poder é achar que elas
terão poder pra sempre. O povo brasileiro não é um povo de processo. Se fosse nos EUA, a Globo.com
estaria atolada em pedidos de indenização e eles não teriam colocado o serviço pra funcionar sem
antes deixar muito claro o que seria oferecido. Lá, eu tenho a impressão que o respeito pelo
consumidor acontece através do medo. Aqui, como somos o povo do “deixa pra lá”, não há medo e nem
respeito. Eu achava isso ruim, mas não acho mais. Acho que somos diferentes. Estamos mais
preocupados com paz de espírito do que com guerrinhas judiciais por dinheiro fácil. Não falo de
todos os brasileiros, falo só dos melhores. Falo daqueles que não torcem o nariz por terem nascido
aqui, daqueles que não querem levar vantagem em cima dos outros, daqueles que só querem viver em
paz e daqueles que ainda não se perderam.
Mas, enfim, não dava pra esperar muito de uma empresa que, no primeiro contrato, já fazia a
bobagem de dizer que seria detentora dos direitos autorais de tudo que ali fosse escrito. Lembram
disso? Pois é. Como a maior parte de nós não dá a mínima nem pra contrato, nem pra bula de remédio
(duas das coisas que mais podem nos foder a vida), mandamos bala no “aceitar”. A história só veio
à tona porque ele, macaco velho, decidiu
ler o raio do contrato. Todos nós botamos a história nos nossos pobres e pequenos blogs e a dona
Globo.com, com um mês de serviços Blogger, teve que se explicar e mudar pela primeira vez seu
contrato. Quem diria que não seria a última, nem a penúltima, nem a antepenúltima? Uma festa de
contratos! Quantos foram feitos até agora? Meia dúzia? Tenha a santa paciência! Eu sempre digo que
a coisa, quando é boa, não precisa de contrato. Meia dúzia de contratos são suficientes pra eu
pendurar uma placa de “otária” no pescoço.
Pois muito bem, apagaram arbitrariamente minha conta e queriam que eu assinasse os serviços deles
para tê-la de volta. Na hora, me dei dez chibatadas por não ter concluído o curso de direito, mas
depois olhei para o lado e vi o quão boa é a minha vida e parei de blasfemar. Fui lá e assinei.
Antes que alguém se apropriasse indevidamente das minhas URLs, eu fiz o que eles queriam. Assinei,
peguei todos os meus blogs, textos, arquivos e URLs de volta. Não vou brigar por causa de quinze
reais. Eles queriam quinze reais? Pois tiveram! Ou quase… Não vou brigar por dinheiro, vou
brigar para que todos saibam como é hoje a mentalidade de um dos maiores portais brasileiros. Vou
brigar para que todos saibam como manter-se independentes dos serviços dessas empresas e torcer
para que um dia essa gente aprenda a trabalhar direito. Não é tão difícil assim, sabe?
Redirecionamento de URLs poderiam ser oferecidos por um período para os usuários antigos, não
custa quase nada e seria bom para a imagem da empresa. É melhor dar um mega do que dizer que é
ilimitado e depois querer cobrar por isso. E não tentem enganar as pessoas com suas clausulas
minúsculas, distorcidas e randômicas. Quem perde são vocês.
Quando eles disseram que o meu e-mail “gratuito” deixaria de existir, fui lá, assinei, fiz as
configurações para baixar todos os meus e-mails bonitinhos para o Outlook e cancelei no dia
seguinte a assinatura. Pela lei do consumidor eu podia desistir do serviço sem pagar nada, por
isso não paguei. Mas se precisasse, teria pago. Eles querem migalhas, deixem que levem as
migalhas. É a imagem deles que está em jogo.
Mas vamos às dicas sobre o que você tem que fazer em caso de delete do blog. Nada de se preocupar
com processos, advogados e homens de perucas brancas e batas pretas. Não ignore a qualidade da sua
vida. Normalmente, o desespero leva as pessoas a atitudes desprovidas de inteligência. Então,
neste caso, você leva vantagem. Eles estão fazendo uma bobagem atrás da outra e bastará você usar
a cabeça que encontrará boas soluções rapidamente.
Em um primeiro momento, procure um amigo que seja assinante da Globo.com e veja se ele pode
oferecer a você um e-mail como dependente dele. Normalmente, um assinante tem direito a até cinco
e-mails. Se a pessoa se propuser a ajudar, ela pode cadastrar seu e-mail deletado. Com ele você
pode continuar com o blog ou garantir o redirecionamento para outro endereço por um período. E
lembre-se, UOL, IG, Weblogger, todos podem passar a cobrar a qualquer momento. Eu não sei como
funcionam os sistemas Blogger.com e Blogspot, mas acho que podem ser mais confiáveis a longo
prazo.
Eu, por um período, tenho assegurado o endereço do Blogger. Me tornei dependente de um velho amigo
que me liberou uma conta. Mas espero que por pouco tempo. Quero voltar em breve à minha vida
independente das organizações Globo.com. Por isso, não esqueçam de atualizar seus links
(amarulacomsucrilhos.com.br). Obrigada!



Escrito pela Alê Félix
15, fevereiro, 2004
Compartilhe