Delícia ter um carro velho nessa época do ano onde as pessoas estão deseperadas para perder o seu décimo
terceiro. Lembram que um dia desses eu disse que o câmbio da golzeira havia estourado? Então, foi a justiça
divina tentado me dar uma lição, só porque, um dia antes, eu não parei e não desviei do carro de uma dondóca que
tentou furar a fila do trânsito pelo acostamento.
Confesso que há muito tempo eu sonhava em fazer isso, mas me faltava coragem. Aí a dona me pegou em um dia
atravessado e o sonho se tornou uma tática de guerra urbana. Foi uma realização pessoal. Eu sempre disse que
queria ter um jipe só para bater em paz. Mas quem disse que eu precisava de um jipe? A golzeira é ótima! Esses
seres motorizados e endividados da classe média paulistana perderam completamente o bom senso. Eles acham que
podem tudo, dentro de seus carros. Pois muito bem, então é melhor que eles aprendam a dirigir. Direção
defensiva, pra mim, tornou-se coisa do passado. Daqui pra frente, se eu estiver certa, deixo bater. E com toda a
minha paciência, faremos ocorrência, ficaremos sem nossos carros, perderemos nosso tempo… Eu não me importo
mais. Não tenho pressa, respeito as regras e não dou a mínima para essa neura coletiva de fim de ano. Além do
mais, descobri que nada é mais divertido do que ter um carro com a lataria surrada e fingir indignação por causa
de um risquinho. Enquanto a dona se descabelava com o fato da sua lanterna custar o preço do meu carro, eu
exigia que o arranhão do meu fosse reparado em um martelinho de ouro. Difícil foi não rir.
– Quem bate paga, querida. Quer ler novamente o boletim de ocorrência pra ver quem fez a merda?
Adoro usar o “querida” nessas horas…
– Olha o que aconteceu com meu Citroën sua louca! Ainda estou na terceira prestação e acontece isso com o meu
lindinho… O seu não fez nada! Eu não vou pagar porra nenhuma!
– Fofa, quem mandou ser apressadinha? Não tenho culpa que o meu carro é mais forte que o seu. Porque você não
vende e compra um igual ao meu? Pelo preço do conserto ainda vai sobrar uma grana para o peru do dia vinte e
quatro.
– Nem morta eu ando em uma carcaça velha como a sua!
– É velho, mas tá pago. E eu quero martelinho de ouro sim senhora!
Ai, ai… A felicidade é um carro velho, verde água e desbotado. E depois, algumas pessoas, ainda acham que eu
não falo sério quando digo que não troco de carro nem se ganhar na mega-sena. Poupem-me! E aproveitem para se
libertarem dessa fascinação escrota que brasileiro tem por carro.



Escrito pela Alê Félix
22, dezembro, 2003
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Bóra atualizar o Escambo aí do lado? Então vamos fazer assim: uma vez por mês eu coloco quem ficou de fora
por qualquer que tenha sido o motivo. Vou avisar sempre com antecedência o dia da atualização. Assim dá tempo do
povo me avisar. Andei tão atolada de serviço neste fim de ano que até minha irmana eu esqueci de linkar.
Bom, se você me linkou e não está na lista do Escambo, deixe o nome do seu blog e URL no comentário deste post.
Domingo à noite eu coloco todo mundo e aproveito para visitá-los, comentá-los e deixar um beijo escrito, ok?
E obrigada pelo carinho. Em pouco mais de um ano esse blog já passou das duzentas mil visitas (sem delírios
bloguianos). Acho que o mínimo que eu posso fazer é retribuir os links.
Ah! Espero que tenham gostado do Papai Noel aqui em cima. Tenho outros temas natalinos que entrarão neste
período de Natal. Depois das festas as gordinhas voltarão.
Fui.



Escrito pela Alê Félix
20, dezembro, 2003
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Respondendo aos comentários: eu não ia contar, mas agora vou. Juro que não estou dando uma de Forrest Gump.
Eu sei como foi que essa história do liqüidinho preto que mata começou. Só não posso contar agora porque ela
estava prevista para ser contada na Saga do Primeiro Beijo e eu não quero estragar. Aguardem que ela virá. É que eu andei sem
cabeça e tempo pra escrever. Não foi frescurinha. 😉
Um beijo na bochecha porque dois e três me dão tontura… ok, isso sim é frescura.



Escrito pela Alê Félix
19, dezembro, 2003
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Essas novas miniaturas de Coca-Cola também vêm com o liqüidinho preto que vinha nas garrafinhas dos anos
oitenta e matava quem tomasse?



Escrito pela Alê Félix
18, dezembro, 2003
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Eu estranhei quando vi uma figura meio redonda e branca se aproximando do carro. Não foi possível
identificar se era homem ou mulher, mas não acreditei que fosse o Locutor.
A pessoa, a qual eu ainda não havia identificado o sexo, caminhou até a guarita do prédio e me fez rezar quando
o porteiro apontou na minha direção.
Não podia ser. Inconscientemente, me fiz de rogada e apertei o botão que fechava o vidro. Pensei em ir embora,
mas ele bateu no vidro do carro e me deixou sem muitas opções. Meio atordoada, meio indignada e sem acreditar no
que estava acontecendo, tentei ser simpática para não causar traumas na criança. Abri todos os vidros, a porta e
deixei que ele entrasse.
Não resisti. Antes mesmo de cumprimentá-lo eu perguntei:
– Garoto, quantos anos você tem?
Ele parecia preocupado e transpirava muito. Parecia que estava fugindo da polícia.
– Dezoito.
– Mentira! Nunca que você tem dezoito anos! Deixa eu ver seu RG.
Eu e minha mania de ver RG.
– Eu juro!
– Fala a verdade!
– Está bem, está bem… Eu tenho quatorze.
– Eu não acredito…
– Eu não disse antes porque achei que você ficaria brava, e eu gosto de você, e achei que você não falaria
comigo se soubesse a minha idade, e….
– Não é possível… Menino, como é que você entra no videotexto dizendo que é maior de idade, que trabalha como
locutor de rádio, diz uma porção de mentiras?
– Mas é o meu sonho…
– Então diz que é sonho criatura! E onde já se viu mentir a idade? Isso é perigoso sabia?
Por alguns instantes eu fiquei meio abobada. Não sabia se me esbofeteava ou se botava o moleque pra correr dali.
– Olha, não fica brava… eu não posso ficar aqui por muito tempo porque a minha mãe não gosta que eu converse
com mulheres mais velhas e eu não quero que ela te veja, porque senão…
– Como assim mulheres mais velhas?
– É que você não é a primeira mulher mais velha que eu conheço.
– O que? Menino, você é louco!
O meu viking era um garoto gordinho, em fase de crescimento e afetado pela desproporção física que os
homens sofrem na adolescência. A voz, hora grossa, hora desafinada nas horas de desespero, o fazia quase
gaguejar. Não era uma questão de corresponder ou não à imagem que eu havia feito; o que me incomodava era o fato
de ter sido ingênua e carente a ponto de não ter percebido antes. Por mais desenvoltura que o garoto tivesse
para escrever ou falar no telefone, desde o começo eu tive indícios do que se tratava. Não vi porque não quis e
porque aquela era uma forma de fugir das decisões que eu precisava tomar. Me senti uma imbecil e só queria sumir
daquela cena.
– Desculpa não ter contado, só não queria que você deixasse de gostar de mim.
– Você mentiu pra mim! E com essa voz… Como eu podia imaginar que você era uma criança?
– Eu não sou criança!
– Olha, eu não vou discutir com você. Vai embora por favor…
– Tudo bem, eu vou. Mas quero que você aceite o meu presente.
E ele tira uma estrela ninja do bolso.
– Foi o meu avô que me deu… Eu tinha cinco anos e ele morreu dois dias depois. Guardei ela comigo esses anos
todos e agora quero que ela fique com você para que te dê sorte…
– Eu não quero! Desculpa se parece grosseria, mas você guarda isso e dá de presente para alguém que mereça.
Aliás, não dá pra ninguém! Guarda de novo. É um presente do seu avô. Não é coisa pra sair dando. Além do mais,
onde é que eu vou enfiar uma…
Antes que eu terminasse a frase fui interrompida por uma ruiva tamanho família que, enfurecida por seus
instintos maternais, avançou nos meus cabelos gritando que eu era uma velha tarada querendo corromper o filho
dela. Ela não parava de gritar que o moleque só tinha treze anos de idade e que estava cansada da velharada que
se aproximava do garoto. Foi então que eu entendi melhor o que aquele menino fazia dia e noite no videotexto.
Mas da minha boca só saia um número e uma interrogação: “Treze? Treze? Treze?”, como se isso fizesse diferença.
Um tremendo banzé! O garoto, dando com a estrela ninja na mão da mãe para que ela me soltasse e eu tentando me
livrar das garras da progenitora.
Fui salva graças à serenidade e sabedoria da Sueli. Munida do seu Continental sem filtro, ela viu o zelador do
prédio com uma mangueira de água lavando a calçada, pediu emprestado e disparou o jato d’água contra a mãe do
locutor mirim.
Mesmo sem nunca ter olhado diferente para o jardim da infância, voltei para casa me sentindo, o que seria hoje,
a versão feminina do Michael Jackson e, depois de ter chorado duas noites seguidas, jurei que nunca mais
acreditaria em vozes e apelidos sexys. No meio da crise e chorando ao som de Lionel Richie, liguei para a casa
do clone e combinamos de nos encontrar. Eu precisava acabar com aquele noivado.

———————>> Continua.
Clique aqui para ler o Post I – O
começo de toda a história do videotexto



Escrito pela Alê Félix
17, dezembro, 2003
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No ano passado, não me lembro no blog de quem, eu vi umas fotos de um bombom da Garoto com uns bichos
nojentos. Na época eu estava vegan e o único chocolate feito à base de leite de soja era o meio amargo da
Garoto. Foi horrível. Mas, ao menos, a abstinência serviu pra eu resolver de uma vez por todas minha carência
pré-menstrual de doce (desculpa de gordinha viciada em cacau). 🙂 Já que eu estava evitando comer animais, não
tinha porque comer vermes. Lembro de ter viajado para Vitória na época, ter visto chocolate Garoto por todos os
cantos e me recusado a experimentar qualquer uma de suas guloseimas. Pra mim, nunca mais foi possível confiar no
controle de qualidade dos produtos da Garoto.
O veganismo passou, a Garoto continua lá e eu cá, e eu nunca acreditaria que o mesmo pudesse acontecer com a Nestlé. Caramba… afinal era a Nestlé! Não sei se por conta
da associação que eu faço com comida para bebês; deve ser. Sei é que, até então, eu poria na boca e de olhos
fechados, qualquer coisa com o selo deles.
Poria. Não ponho mais. Não depois de ver essa foto no blog
da Lia
. E, antes que alguém me diga que não dá pra ver direito e que deve ser montagem, eu conheço a Lia e
imagino como ela também deve ter sofrido com a idéia de que podia ter comido essa porcaria.
O pior não é isso. O pior é saber que o serviço de atendimento ao consumidor da Nestlé disse a ela que o máximo
que eles podem fazer é repor a caixa de bombom. Dá pra acreditar? Será possível que não pode haver ao menos uma
explicaçãozinha básica para um caso como este? É o mesmo que chamar o consumidor de otário. “Ei, esse tem bicho?
Então como este seu trouxa.” É o fim da picada! Por que eles não treinam as meninas do SAC para dizerem coisas
do tipo “o que não mata, engorda”. O insulto seria menor.
Eu entendo que comida estraga e que não há muito o que se possa fazer, mas e se, ao invés da Lia, uma criança
tivesse comido aquilo? E as papinhas para bebês? São realmente confiáveis? E o nome a zelar, o controle de
qualidade e essas coisas todas?
Bom, dos males o menor. Já que a Nestlé e a Garoto tiveram muito pouco a dizer sobre suas larvas achocolatadas,
espalhamos nós, pobres donos de blogs, que é melhor abrirmos bem os olhos antes de colocarmos uma empresa
confiável goela abaixo.

larvas2.jpg



Escrito pela Alê Félix
16, dezembro, 2003
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– Ela só fez o que toda mulher deseja, mas não tem coragem. No fundo, no fundo, a maior parte das mulheres
adoraria sair pelada na Marquês de Sapucaí do jeito que ela saiu.
– Com uma coleira com o nome do marido? Sei…
– Facilmente. Toda mulher quer sentir que tem um dono, inclusive eu.
– Até receberem a primeira ordem.
– Vocês homens têm uma dificuldade enorme de compreender esses detalhes simples do universo feminino. Ser dono
de uma mulher não significa mandar na vida dela, mas deixar claro que ela é sua.
– Você sabe que não é simples assim.
– É sim. Ter uma mulher é como administrar uma empresa. Por exemplo, se um dia a gente se separar, o fato de
você ter sido casado com uma Votorantim fará você tirar de letra qualquer Editora Gênese que aparecer na sua
vida.
– Sabe que você tem razão? Eu sou o próprio Antônio Ermírio de Moraes! Só trabalho, não tiro férias há anos,
não me envolvo mais com política e vivo andando pelo centro de São Paulo, descabelado e mal vestido.



Escrito pela Alê Félix
15, dezembro, 2003
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Ando pensando em fazer uma viagem com a golzeira. Sem destino, só pra ver quem quebra antes, se ela ou eu.
Não quero pensar em um lugar, mas quero definir um ponto de partida. Por enquanto, estou em dúvida entre a
rodovia Ayrton Senna e a Anhangüera. Alguma sugestão?



Escrito pela Alê Félix
12, dezembro, 2003
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