No Rio… Depois de quase ter optado por passar o resto da vida sem sair de dentro da minha casa paulista, passado duas semanas achando que eu era uma completa incompetente porque não conseguia terminar um roteiro com prazo de entrega – ontem, às 20h30m, no Leme – achado força pra parar de pensar bobagem e saído da casa paulista mesmo sabendo que as oito da noite eu estaria de mãos abanando em uma reunião no Leme, depois de ter dirigido triste por quase quatro horas, depois de ter passado duas semanas arrasada, depois de ter tentado achar qualquer téco de pensamento que me fizesse escrever e parar de pensar inutilidades, depois de ter parado quinze minutos em um posto de gasolina pra não perder o sinal e uma conversa que eu precisava nem ter começado mas me incomodava há duas semanas, depois de ter caído o sinal mesmo assim, depois de ter optado por não ligar mais e continuar dirigindo pra não me atrasar na reunião, depois de ter chegado no começo da serra das Araras e ver o trânsito parando até parar totalmente e eu perceber que há momentos que não há nada que se possa fazer. Não dava pra escapar do trânsito, não dava sinal, não havia quem soubesse o porquê de toda aquela estagnação. Aproveitei o nada, aquela uma hora de carga de bateria no notebook e escrevi o que eu tinha pra escrever e entregar na reunião. Quinze minutos de estrada a frente, um acidente horrível que deixou mortos e feridos, um ônibus que rolou uma ribanceira, minha visão confusa sobre os outros carros que se envolveram no acidente. Fiquei quinze minutos pra trás. Provavelmente, graças a ligação que me fez parar um pouco antes do momento da fatalidade e depois do acidente já formado, onde fiquei quieta no canto tentando simplesmente parar de pensar e voltar a escrever. E vi tudo voltar ao normal, as ambulâncias partirem, a estrada ser liberada e o texto de que eu prometi ser terminado. Vi tudo até agora e só agora soube exatamente do tamanho do acidente que me fez parar, entregar, repensar e sarar. É tudo, tudo tão estranho entre o que sinto e vivo, de lá e cá e de cá pra lá… Tão estranho que quase vivo e não entendo o quanto é tudo sobrevivência.

PS – Pra quem soube que eu vinha pro Rio hoje a tarde e soube também do acidente que rolou na Serra das Araras: por quinze minutos, por poucos KM, eu tô bem e sem nenhum arranhão. Nem físico, nem emocional, nem profissional. E me pergunto se é isso que é sorte, quando se vê tantos feridos de fato.



Postado por:Alê Félix
23/10/2012
1 Comentários
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Horácio

outubro 23rd, 2012 às 14:19

Pelo que você escreveu, parece que a conversa era necessária – apesar de ter sido inconclusiva.

E o Homem lá em cima sabe o que faz.

Agradeça à perda do sinal.

Agradeça àquilo que te incomodava.

Pelo jeito foi preciso derrubar a primeira pedra desse dominó, lá atrás, para resultar nesse lapso que só agora houve…

E que bom que você está bem. Pontas soltas são necessárias para esse novelo mais que enrolado que é a vida, não é mesmo?…


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