Pode parecer sonho, pode parecer fácil, mas toda essa liberdade também dói. Dói demais o primeiro salto. Mesmo quando a natureza fala mais alto e a sua voz atravessa o peito dizendo que asas foram feitas para descobrir o céu e não para rastejar sobre a terra, mesmo assim, dói. Pode parecer leve, pode parecer que a vista sempre valerá a pena, mas você não faz ideia do quanto é difícil acreditar na força do corpo, na proteção do tempo, na sorte do vento, no futuro quando se vive de desprendimentos…
De onde você está, pode parecer bonito me ver de braços abertos, saltando e sobrevoando, respirando do azul que a maioria de nós mal enxerga. Mas você não faz ideia da vontade que às vezes eu sinto de voltar, permanecer e parar de ver o mundo somente daqui.
A imensidão engole tanto quanto qualquer outro tipo de pressão, a solidão bate em qualquer coração… Seja ele humano com suas oitenta batidas por minuto ou entre as duas mil de um beija-flor. No final das contas, o céu é só mais uma casa sem paredes e a liberdade é só mais uma dose. E dói… Dói pra valer ter que aprender a sobreviver no tempo que o tempo quiser fazer. Não tem lareira sobre as nuvens nos dias frios, nunca mais terá o seu abraço. Dói a certeza de que mesmo ao lado de um bom bando, voar não é possível de mãos dadas. Dói saber que eu sou daqui, você é dai e o máximo que experimentaremos juntos é saudade e um ou outro instante de janela aberta pra eu te dar um beijo e partir…



Postado por:Alê Félix
01/11/2011
4 Comentários
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Gregory Zucolotto

novembro 3rd, 2011 às 8:33

poxa, muito lindo esse post… é leve e intenso, leve pelas palavras e intenso pelo mesmo tom delas que remete a quem lê a imaginação do quanto dói a liberdade exagerada e pelo menos a mim fez pensar o quanto é bom estar preso a alguém.

Parabéns.


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Ciça Mosca

novembro 4th, 2011 às 2:15

Sem palavras. Simplesmente adorei!


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João Carlos

novembro 8th, 2011 às 23:51

E dói… Dói pra valer ter que aprender a sobreviver no tempo que o tempo quiser fazer. (Depois dessa frase, vou dormir. O sono ameniza a dor)


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Samuel Mendes

novembro 9th, 2011 às 15:27

Simplesmente perfeito!


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