Não me recordo de um olhar mais triste, mais verdadeiro, que implorasse por mim mais do que o seu. Não tive que lidar com um amor a primeira vista, mas lembro de ter me enfiado em seus olhos e me encantado de tal forma que nem a distância nem a forma como nos conhecemos me impediriam de tocá-los.
Descobri nesses últimos dias, enquanto eu chorava por tudo o que perdemos, que tudo que eu quis, desde o começo, era te ver sorrir… Daquele jeito que você diz que eu pergunto quando começam a me contar uma boa história, sabe? Insistindo, insistindo e insistindo…
Quis saber porque você não queria me dizer palavra alguma, mas me olhava pedindo que eu fosse de verdade, pedindo que eu tivesse a paciência necessária pra te fazer algum tipo de companhia. Quis saber da sua tristeza, quis saber de onde ela vinha e se era possível acalmá-la. Quis aprender como te fazer sorrir desde sempre… Nem que fosse um meio sorriso enquanto acordava ao meu lado, quase desesperado de tanto cuidado que tinha por mim. Te dei um primeiro sorriso, dois, três, sorri todo meu repertório de sorrisos tentando te ensinar através da imitação ou o do despertar de qualquer paixão que o fizesse perceber as graças da vida. Mas você só sabia me olhar com ternura, desejo, tocar a tela como se eu precisasse de abraço e voltar para o silêncio que te protegia… E foram tantos abraços, tanta ternura que retribui desejo com desejo, mais o tanto de verdade que você exigia. Te dei recomeços, você me deu certezas…
Nos dias que parei de tentar fazer você sorrir, no dia precisei sentir que você existia, só fui tão longe porque eu precisava chorar ao lado de alguém que soubesse como ser triste tanto quanto eu estava. E você me acolheu, tomou conta do meu sono, me levou para o teatro, para o circo, pra passear no parque, para todos os lugares inspirados pela alegria. Em troca da sua proteção te dei um único beijo e fui embora…
Quando voltei, voltei achando que você continuava precisando de felicidades e consertos… Te sugeri a roupa que eu julgava certa, o melhor sapato pra você caminhar sobre o nosso caminho. Te pedi um caminho numa época que havíamos desistido das escolhas. Cortei seu cabelo, sua barba, aparei um pouco da sua raiva. Te dei um nome, uma namorada, uma cidade e uma vida alinhada pra sair do quarto e exibir na rua. Como se eu não soubesse que o que era bom pra mim, não era pra você…
Anestesiado por sentimentos que você nunca havia sentido, provavelmente por toda a ilusão, você me levou pra ver o mar, as montanhas, os limites do céu, todos os pedaços espalhados do mundo que eu precisava juntar. E ainda assim eu só queria te ver sorrir… E você não sorria, não perdoava, se protegia, evitava, se preservava… Gozava com a gratidão ingênua daqueles que acreditam ser incapazes de desejar outra pessoa. Achava que era amor o que qualquer criança desconfiaria que era febre… E eu só queria te dar prazer, te ver gozar, te fazer feliz nos traços do rosto pra nunca mais ninguém duvidar de toda a beleza que eu descobria quando estava em seus braços.
Soube das suas mágoas pela sua boca e te beijei todas as vezes que senti seus lábios curvarem de ressentimento. Acariciei seu peito a cada história triste que você conseguiu arrancar do coração e, juro que tentei te compreender e te aceitar, mas só se fosse pra te ver sorrir…
Agora, depois de tanto tempo, sei que tudo o que te ofereci, quase sem querer, foi sim um grande tanto de amor. Mas era um amor egoísta, desses que cismam com o sorriso e ignoram a construção de um vinculo que está longe de ser momentâneo. Enquanto eu tentava te fazer feliz, você me fez feliz… E, apesar das nossas eternas e opostas certezas, que pena que a gente não viu.



Postado por:Alê Félix
31/03/2011
7 Comentários
Compartilhe
gravatar

Elaine

abril 3rd, 2011 às 7:05

Seu texto é intenso, até demais. Lendo-o, senti-me como ontem ao chegar na praia, morrendo de calor, fui logo para o quebra-ondas me refrescar. Mas percebi que não era o melhor lugar, de tão intenso, não me deixava saborear as sensações e desejei estar mais adiante, em águas mais tranquilas e mais profundas. A analogia é proposital. Desejo que você também avance “mar adentro”. Abraços


gravatar

Orlando Weber

abril 3rd, 2011 às 12:48

Isso ressona bastante com o que eu passei com minha atual ex-namorada…


gravatar

marina misiara

abril 5th, 2011 às 4:51

Gostei! Tem verdade neste texto. E você… tem muito mais belezas do que alardeia por aí. Melhor assim. Beleza; tem gente que não compreende.
Beijo


gravatar

Lucivania

abril 7th, 2011 às 6:42

Nós da Escola de Cidadania Padre Bonfim
situada em Crateús- Ceará estudamos seus
textos e achamos legal e esperamos
que goste do nosso comentarios do
diário que meninas más não escrevem
diários .

Lucivania, Libina ,Leidinar .
Beijos e Abraços.


gravatar

Giovanna

abril 7th, 2011 às 10:27

Eu gostei muiitos desse texto,, ele traz expiração, alegria, emoção, carinho…. Ele nos faiz refletir nas coisas da vida , e de tudo q nos vizemos até hoje…
Quem escreveu este texto e uma pesso muiito expiradora e cheia de emoções… Parabéns
BjOos e Abraços


gravatar

reinaldo

abril 7th, 2011 às 12:05

oi eu da cidade senador canedo eu achei maito legau o q vc posto!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


gravatar

igor matheus

abril 7th, 2011 às 12:12

Esse texto é muito legal, voutarei para ler muito outros com muito prazer.


Deixe um comentário