Acordei pensando em desligar tudo, comprar uma velha máquina de escrever e respirar fundo até chegar o dia certo para morrer. Acordei precisando de um cigarro e um copo de café, mas eu não fumo e me falta coragem pra levantar, beber e pensar mais do que já estou acostumada. Acordei questionando a inteligência de quem passa a vida dentro de um livro e acredita que pensa ao repetir os pensamentos de um autor que morreu e mal viveu de tanto medo que tinha da vida. Acordei e desliguei o rádio. Eu amava porque choravam nas músicas que eu ouvia, não por ele. Talvez, ele, eu nunca nem sequer tenha ido com a cara. Dores que talvez nunca tenham sido minhas, pensamentos e sentimentos reverberados por quem grita, raramente por quem tem a voz mais suave.
Suavidade… onde é que a gente encontra suavidade, tranquilidade, afetuosidade? Não devia ser tão difícil amar sem se identificar ou proliferar… Não devia.
Preciso parar de acordar pensando em suicídio homeopático… Os semelhantes amam os semelhantes, semelhantes trepam com semelhantes como se pudessem trepar com eles próprios, semelhantes fazem filhinhos com semelhantes, semelhantes dão as mãos e fecham a roda para os dessemelhantes, semelhantes compram vidas semelhantes e se acham diferentes… Semelhantes curam-se pelos semelhantes, mas também se matam. E hoje eu acordei quase chorando de tanta falta que sinto dos meus semelhantes, mas com uma certeza que me tirou da cama. Se é pra morrer, que seja cobrindo alguém de porrada. Ou… Quando eu quiser. Porque, na boa, deus não tem mais nada a ver com isso.



Postado por:Alê Félix
17/12/2010
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