Ano passado, logo que me separei, minhas antigas amigas de farra me ligaram para celebrar a passagem. Sim, amigas boas, não choram leite derramado; se reunem em volta de uma fogueira e dançam… Dançam até sobre ela se for pra espantar os maus maridos (não que fosse o caso. Ex-maridon era tão bom marido que ainda mora aqui em casa, segura as pontas da empresa pra eu viajar, conserta coisas que quebram, me ajuda a pensar melhor. Em troca tenho o ajudado a procurar apartamento, carro, essas coisas menores. Sim, porque mesmo tão amigo é punk morar junto depois de tanto tempo casado… A gente não liga muito quando as pessoas fazem cara de espanto quando contamos. Sabemos que o que temos é amizade da boa, que não existe risco de recaída e nada de sexual que nos faça trocar a amizade pelo casamento. Claro que tivemos dias ruins, claro que tivemos dias que quisemos esganar um ao outro. Mas, no meio da tempestade, acho que estamos conseguindo arranjar um lugar seguro pra continuar nossa história. E tá indo bem assim… Melhor que matar uma década de convivência só porque o casamento acabou. Não acho isso normal, não consigo achar… Já perdi tanta gente querida porque inventei de namorar… Não quero que ele seja mais um.).
Mas eu estava falando sobre os dias que fiquei solteira… Pra dizer a verdade, só abri um parenteses pra justificar o porquê de ter ficado tanto tempo sem postar direito e porque talvez isso ainda se estenda. Foi bem dificil acertarmos a mão da rotina e não queriamos magoar ninguém. Pra dizer a verdade de novo, ainda não sei se acertamos, mas eu precisava voltar a ter um diário pra estravazar meus demonios. Não, não levo o blog a sério desse jeito. Não tô nem falando de blog. Tô falando que foi aqui que aprendi a transformar dias ruins em algo que me alivia um pouco dessas minhas neuras todas. É como se escrever servisse de ponte de um lugar apertado e claustrofóbico pra um outro cheio de horizontes. Gosto de ter blog por mais bizarro que isso seja. Sim, é bizarro. Ultra esquisito gostar de fazer da vida um espaço aberto desse jeito. E nem é por vaidade, nem nada disso… Gosto da dinamica dessa merda toda. Sim, é uma merda. É bom, mas é uma merda. E ex-maridon sabe o quanto sinto falta de escrever à vontade, de não me sentir presa as amarras do cotidiano, aos padrões, ao que é aparentemente certo. Aí ele me perguntou porque eu não escrevia e foda-se… E, talvez, já dê pra tentar, mas não sei.
Às vezes, me sinto quase casada novamente… Com aquele moço que me faz voar pra Brasilia sempre, sabe? Casa lá e casa aqui, escritório lá e escritório aqui e eu em nenhum dos dois lugares e nos dois lugares ao mesmo tempo. E ele é um ser humano absurdamente especial, alguém que já me salvou tanto de mim mesma que eu faria qualquer coisa pra não fazê-lo sofrer. Não sei se o coração dele aguenta uma mulher com diário sem cadeado… Acho que nenhum homem aguenta. Também não sei se tenho o direito de pedir a ele mais do que a compreensão e confiança que tem em mim…
Uma amigo sugeriu que eu escrevesse sobre as minhas verdades, mas escrevesse diferente. Aí apareceu uma garota esses dias pedindo que eu desse a ela uma entrevista sobre blogs. E ela disse que mesmo quando escrevo ficção eu sou eu. Então que diferença faz? Sei que tô me dando justificativas pra não escrever só posts ficticios e isso parece foda-se, mas não é. Como é que vocês fazem pra escrever num troço tão primeira pessoa sem atingir pessoas próximas? O que nós somos além da nossa história? O que será de nós se tivermos que abrir mão das coisas que amamos, pelas pessoas que amamos? É melhor tentar lidar com os fatos ou deixa-los como estão só pra não ter que enfrentar situações incomuns e pouco convencionais?
Diários definitivamente são feitos para machucar…
Ah, não sei. Me perdi totalmente… Depois eu conto o que ia contar lá no começo porque não era nada disso.
Que merda… como é dificil falar da vida, como é dificil separar, como é dificil casar, como é dificil ser casada, como é dificil ser solteira, como é dificil se relacionar com as pessoas, como é dificil ter um blog e escrever diferente.
Wil, eu te amo. Ru, eu te amo. Mas acho que preciso disso aqui novamente.



Postado por:Alê Félix
04/06/2007
0 Comentários
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O moço de Brasília

junho 4th, 2007 às 11:19

Ter cuidado com o sentimento das pessoas não necessariamente é algo ruim, pode ser uma demonstração de carinho e afeição, uma demonstração de que você se importa com o que a pessoa possa vir a sentir.
Entretanto cada um sabe daquilo que precisa.
E concordo com você, nenhum homem aguentaria e nenhuma mulher também. É difícil lidar com muitas coisas, mas quer saber, pra tudo dá-se um jeito. 😉
Escreva em paz, Alessandra Felix!


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K

junho 4th, 2007 às 13:52

Só quem sabe o que o ato de escrever pode significar, cai num dilema desses. Se é tão importante assim, não abra mão disso. Não por egoísmo, mas pela saúde de tudo o que você sente – por você e pelo outro.
Sorte pra vc!
K


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Ru

junho 4th, 2007 às 14:52

Bem, eu sou só o ex marido.


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Abu

junho 5th, 2007 às 20:36

AlÊ, quanto tempo! Situação mais bizarra mesmo, a de morar com o ex, a de o atual saber e, pasmem, aceitar! Vc é especial!
bjao


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Elis

junho 6th, 2007 às 19:24

passando por acaso pra dizer que aos poucos me informo de tudo por aqui.Legal a sinceridade!


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Viva

junho 8th, 2007 às 17:53

É dificil estar casada, é difícil estar só, é difícil viver. Mas quem foi que disse que seria fácil? Fácil é estar morto. Mas esta não é a nossa opção, não é baby?
Continue escrevendo. Quero saber mais de você. Beijo.


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Cléo

junho 13th, 2007 às 9:04

Ei Alessandra,
nem sei como achei seu blog, mas gostei muito do que vc escreve. Vou passar por aqui mais vezes!


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