Minha solidão não é inferno, minha solidão não é castigo. Minha solidão é travessia no deserto. Às vezes implorando por oásis, às vezes acompanhada, sempre um pedaço de caminho disfarçado de caminho inteiro. Minha solidão é noite fria, é seu beijo sem a sua lingua, é virar de lado nessa cama vazia. O calor das manhãs não me acalma. Joga no chão, faz rastejar sobre o nada, ensina a sobreviver abaixo da superfície. Minha solidão é deserto e a sua também, você sempre soube… por que não me contou? O silêncio nos distraia das palavras mal ditas que ecoavam no nosso peito, só para nos proteger da loucura. Os sonhos se misturaram com saliva, lágrima, suor e um pouco de delírio no meio e fim da madrugada. Eu achei que éramos iguais, que nós dois estávamos perdidos e que tudo voltaria a fazer sentido quando entrelaçássemos nossas mãos… Mas era só mais um engano, era só mais uma brisa de desejo… Passou.
Carinho nenhum vira orgasmo depois que uma paixão se perde no passado, amor nenhum sobrevive a ausência do toque, nunca houve flores no meu deserto… só ilusões. A ilusão de que a solidão é destino e não um manto de proteção. A ilusão de que você era de verdade e que traria flores do Atacama… Ao menos uma, por uma noite que fosse, por uma miragem que nos guiasse pela saudade e não findasse nossa história sem os abraços que escrevemos enquanto nossa febre nos queimava e distanciava.



Postado por:Alê Félix
01/06/2007
0 Comentários
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Adriano Naveganets

junho 2nd, 2007 às 17:14

Há quanto tempo hem?
“Solidão é fera, solidão devora, é amiga das horas prima irmã do tempo, e faz nossos relógios caminharem lentos, causando um descompasso no meu coração. Solidão”. “Na primeira manhã que te perdi
Acordei mais cansado que sozinho
Como um conde falando aos passarinhos
Como um Bumba-Meu-Boi sem capitão
E gemi como geme o arvoredo
Como a brisa descendo das colinas
Como quem perde o prumo e desatina
Como sol no meio da multidão
Na segunda manhã que te perdi
Era tarde demais pra ser sozinho
Cruzei mares, estradas e caminhos
Como um carro correndo em contra-mão
Pelo canto da boca um sussurro
Fiz um canto demente, absurdo
Um lamento noturno dos viúvos
Como um gato gemendo no porão
Solidão”. Poucos falam de solidão como vocês. Alceu é fantástico e você continua encantadora… Estou rachando de solidão, doi tanto que nem sei onde fazer a massagem. Mas, “tomara meu Deus tomara, que tudo que nos separa, só seja amor, e não pare em nós”. E não “o doido e gris(z?) seteiro com seu capuz escuro e bolorento”. É meu amor, “…eu sei que é junho…”
Beijo
Ciao


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Tatiana

junho 2nd, 2007 às 18:48

Queria te mandar o que é a solidão, do Chico Buarque…


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Vitoria

junho 4th, 2007 às 20:20

Olá, sou sua fã faz um tempinho, mas só adquiri coragem para te escrever qdo senti a necessidade de um favor: vc pode me passar pls o telefone de sua terapeuta, pls? Hehe, mais folgada impossível… Acho que foi a minha solidão.


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Ale Felix

junho 5th, 2007 às 0:26

Vitoria, se estiver precisando de verdade, claro que sim. Escreve pra mim que te passo: alefelix@gmail.com
Beijo.


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Nicolas

junho 5th, 2007 às 15:50

Desilusão. Solidão. Doce ilusão?


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tina oiticica harris

junho 19th, 2007 às 2:06

Salve Alê!
Queria poder te arrastar pra ver “Quanto Mais Quente Melhor” quando a Marilyn está cantando e chorando “I’m thru with Love” e o Tony Curtis, ainda vestido de mulher, tasca-lhe um beijão e diz: –No man is worth it, Sugar.” Não sei se há esse pedacinho no YouTube. Vejo todos os amores do passado no presente; alguns dou graças aos céus que se foram; outros, sei lá. Toca o “Me fez um bem” do Edu Lobo. Não sei quem é o letrista.


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