– Vamos ou não voar de asa-delta?
– Não, dessa vez. Não tô no espírito.
– Que é que cê tem, hein?
– Velhice! É isso que eu tenho.
– Quê? Cê nunca foi disso, pai!
– É… Mas eu já passei dos sessenta. Melhor eu me cuidar, senão ó…
– “Ó” o quê, pai?
– Sua mãe, ué! Você não está vendo?
– Vendo o quê?
– Sua mãe depois que emagreceu! Agora só porque ela está assim, toda bonitona, anda de conversa com todo mundo. E ela é muito mais nova do que eu. Se eu bobear, já vi tudo!
– Você não tá falando sério, né? A mamãe sempre foi conversadeira. Você nunca ligou pra isso! Não viaja, pai…
– Mas antes ela achava que ninguém dava bola pra ela porque ela era gordinha. Agora tá aí… Toda serelepe. O dono da padaria vive dando umas broas de graça quando ela vai comprar pãozinho de manhã. Pensa que eu sou besta? Que eu não vejo?
– Por isso que você tá assim sem correr, sem pular de asa-delta e com essa cara de enfermo na fila do SUS?
– Claro! Vou dar sopa pro azar? Se sua mãe arranjar outro eu tô ferrado! Vou é fazer cara de dó e marcação cerrada!
Que falta de criatividade decidir ter crise ciúmes depois de trinta anos de casamento e por causa de umas miseras broas de milho recheadas (sensacionais! Que meu pai não me ouça.). E eu achando, no post abaixo, que meu pai tinha uma amante. Como minha família é sem graça… :-s



Postado por:Alê Félix
31/05/2007
0 Comentários
Compartilhe
gravatar

Cybelle

maio 31st, 2007 às 19:41

Alê, a existência de seu blog foi mencionado em 1 papo com 1 amigo e desde então tenho vindo visitá-lo e hj resolvi deixar registrado q acho muito legal seus textos. Vc tem 1 humor especial p/ relatar o seu cotidiano. Pelo q sei é editora, acho q deveria começar a pensar na possibilidade de passar p/ o outro lado e virar escritora. Felicidades!!!


gravatar

Thania

maio 31st, 2007 às 19:47

Alê, morri de rir com essa história do seu pai estar fazendo cara de dó pra segurar sua mãe perto dele! O meu pai também fazia isso! Aliás, o meu pai tinha “febres de 40 graus”…. ahahahaha Só pra ela preparar comidinha na cama, encher de cuidados. Um dia eu vi que ela passava com a bandeja e disse: Mãe, ele não tem NADA. Tá suando feito um porco debaixo daquele cobertor, mas continua insistindo na tal “febre de 40 graus”. Ele não tá precisando de NADA.
E ela me respondeu: “Tá precisando sim, de carinho. Deixa ele…”
hehehehehe
Me tira a curiosidade, ele se sentiu melhor quando as perigosas broas estavam a quilômetros de distância?


gravatar

K

junho 1st, 2007 às 12:29

Hahahah! Família é sempre família. Meu avô não deixava minha avó sentar de saia na varanda porque dizia que o vizinho olhava as pernas dela. Pernas de uma senhora de oitenta anos. Depois que o vizinho morreu, tudo bem. Pode isso? Mas é bonito, no final das contas!
beijo
K


gravatar

Ana Paula

junho 1st, 2007 às 12:35

Muito bom o texto!!! E tenho que admitir … muito “fofo” o ciúme do seu pai, mesmo depois de 30 anos! É só um ciuminho saudável.
Adoro seu blog!
B.jinhos!


gravatar

Lara

junho 1st, 2007 às 14:52

Seu pai é o melhor! Perfeito ele, viu? Você é mt tonta de não ter percebido isso antes, ocupada com a merda invisível que você mencionou no post anterior.


gravatar

Clarice

junho 2nd, 2007 às 15:05

Caramba! Que tiro torto, hein? Você como psicóloga é uma excelente blogueira!
Mas já que é pra fazer papel de dodói, por que não criar um clima de que vai saltar por uns dois meses? Aí pula e se quebrar um dedinho já segura a amada em casa uns 6 meses, no mínimo. E fica o resto da vida dizendo: Viu? Você deveria ter-me impedido de pular. Agoro tô aqui todo torto, mal podendo andar…


gravatar

Carol

junho 3rd, 2007 às 19:32

Que bonitinho o seu pai!


Deixe um comentário