– Então, então você acha que consegue distinguir o céu do inferno? Céus azuis da dor? Você consegue distinguir um campo verde de um frio trilho de aço? Um sorriso de um véu? Você acha que consegue distinguir?
– Não sei… Descobri que eu mal sei quem sou, que o meu céu é diferente até dos céus azuis desenhados sobre as nossas cabeças. Tenho chorado todas as noites… Tenho sentido raiva, medo, fiz da minha vida um quebra-cabeça de mágoas. Um dia pareceu conto de fadas, hoje é só mais um final com lágrimas nos olhos.
– Fizeram você trocar seus heróis por fantasmas?
– Talvez porque seja isso o que acontece quando enterramos ilusões no nosso coração…
– Cinzas quentes por árvores?
– Ainda sonho com o barulho do vento nas folhas…
– Ar quente por uma brisa fria?
– Eu queria que você estivesse aqui…
– Conforto frio por mudança?
– Estou tentando lembrar dos caminhos que percorri para poder achar uma saída… Mas é só o meu corpo. Meu desejo, minhas fantasias há muito conquistaram asas para irem em sua direção.
– Você trocou um papel de coadjuvante na guerra por um papel principal numa cela?
– Eram grades iluminadas… Era uma cela clara de onde eu podia enxergar os campos verdes, os céus azuis e idealizar meus heróis. E eu achei que a chave estava sobre a mesa, que eu não estava mais sozinha e que poderia tocar os meus sonhos com a ponta dos dedos quando chegasse a hora. O tempo… Como o tempo passou rápido.
– Como eu queria… Como eu queria que você estivesse aqui. Somos apenas duas almas perdidas nadando num aquário. Ano após ano correndo sobre este mesmo velho chão. O que encontramos?
– Não havia uma chave…
– Os mesmos velhos medos… Queria que você estivesse aqui.
– Eu só queria estar aí.
… Quando eu era garotinha achava que Pink Floyd era um cara. Depois que eu cresci um pouquinho me contaram que pink era rosa e, como deduzi que todas as rosas deveriam ser feminino, achei que era um cara e uma menina: Pink e Floyd. Às vezes, são necessários muitos anos para compreendermos coisas muitíssimo simples.
* Tradução da música Wish You Were Here em itálico.
Johann
janeiro 19th, 2006 às 14:08
janeiro 19th, 2006 às 14:29 Maybe you can´t tell. Surely can write.
How I wish…
janeiro 19th, 2006 às 14:51 Que diálogo lindo.
Nada a ver com o post: quando eu era criança, achava que os New Kids on the Block cantavam “Acho que gosto de São Paulo, gosto de São João, gosto de São Francisco e São Sebastião…”
janeiro 19th, 2006 às 14:58 Sei exatamente o que é este vazio…sinto neste momento, mesmo sem saber o que de fato forma este vazio…
Ronaldo
janeiro 19th, 2006 às 19:45Saudade. A mesma que deixaste em POA, sinto agora, quando deixei SP. Mulheres intensas são assim… infiltram-se nos poros… Brigadão, brigadão, a ti e a Rubão. Diz pra ele que não posso ver urubus sem lembrar dele.. hehe
janeiro 20th, 2006 às 0:21 …e essa é a música que eu mais gosto deles… adorei esse lugar. =*
janeiro 20th, 2006 às 12:47 Pink Floyd me fascina! Poesia também, como seus textos (prosa poética, dizendo o indizível).
janeiro 20th, 2006 às 12:53 Concordo com você nesse negócio de demorar pra entender. De fato, demorei pra entender o post 🙁
Juro! Logo eu que me gabo de entender tudo nas entrelinhas tive que admitir pro maridão que não tinha entendido… Ele riu e me falou da música! Pumf. Caiu minha ficha…
Depois que o tico e o teco se falaram e amei o post. Li ouvindo a música e até arrepiou…
Bjs
janeiro 20th, 2006 às 15:00 Lindo! E ótimo como tudo mais que eu li por aqui…
janeiro 20th, 2006 às 17:43 os mesmos velhos medos…
o passar do tempo nos faz enchergar e o presente passa a ser mais duro quando refletido, assim como sofre mais quemconhece a própria doença.
janeiro 21st, 2006 às 9:09 Nossa, esse diálogo é tão lindo e profundo, é até algo que eu passo no momento, tudo pra mim parecia estar tão sólido, meus sonhos não me pareciam sonhos e sim um reflexo de algo que ganhei, mas perdi tudo, estou numa cela, e eu só posso observar meus sonhos, nada mais, só observar… Acho que é isso que sua prosa passa, a sensação de saber o que quer, mas estar separdo desta coisa por forças superiores, porém não compreendidas.
Parabéns,
Namastê.
janeiro 21st, 2006 às 11:10 Pink Floyd são as minhas córneas. Com certeza.
Lindo o que escreveu.
:*
lily
janeiro 22nd, 2006 às 7:43Essa música sempre me arrepiou , mexeu comigo…It’s just great to see your writing o n it , and to see you were able to grasp it (the gist of it ) and to develop it in such a sensitive way !Simply a pleasure to read !!!
janeiro 22nd, 2006 às 13:46 Verdade, às vezes deixamos de aproveitar muita coisa por mitificar demais.
janeiro 22nd, 2006 às 19:13 q coisa. resolvi visitar seu blog ao mesmo tempo que meu MidiaPlayer começou a tocar Pink Floyd.
Li seu post, e pensei: putz!
janeiro 22nd, 2006 às 21:47 às vezes nem com muitos anos compreendemos…
Laura
janeiro 22nd, 2006 às 23:27Olá! Nada a ver com o post também, mas caí de pára-quedas aqui e só dando uma lidinha rápida já gostei muito do blog. Queria saber mais sobre o que fazes e qual é a “proposta do teu trabalho”, que li comentando sobre isso por aí. Um abraço.
Guilherme Bernucci
janeiro 24th, 2006 às 7:58Oi td bem? Não quem é vc, e nunca tinha visto seu blog, caí nele por acaso e me deparei com uma das músicas da banda que mais gosto…Gostei muito do post, ja virei seu fã.
Beijos ate+
Guilherme Bernucci
janeiro 24th, 2006 às 7:59Oi td bem? Não quem é vc, e nunca tinha visto seu blog, caí nele por acaso e me deparei com uma das músicas da banda que mais gosto…Gostei muito do post, ja virei seu fã.
Beijos ate+
janeiro 25th, 2006 às 17:13 É a minha música predileta do Pink Floyd, provavelmente a melhor do álbum de 1975 que foi inteiramente concebido como uma homenagem ao Syd Barrett, o “diamante louco” que embarcou em uma viagem de LSD pra nunca mais voltar…
Viva
janeiro 29th, 2006 às 14:50Falo desta música também no meu post de 29/11/05 (http://www.nos-por-nos.blogger.com.br/2005_11_01_archive.html) , porém por outros motivos.
fevereiro 5th, 2006 às 20:44 Música esplêndida, post demais.
Leandro Venâncio
fevereiro 21st, 2006 às 1:46Fantástico! O disco Wish You Were Here, só foi compreedido anos após seu lançamento. Ele nada mais é do que um resgate do que realmente importa para nossas vidas: a simplicidade de saber o que fazemos nesse período curto de passagem na Terra.
Leandro Venâncio
fevereiro 21st, 2006 às 1:53Vocês já prestaram atenção na letra da música: “Coming Back To Life” ? Também de autoria do Pink Floyd. A mesma salvou minha vida…
março 2nd, 2006 às 11:46 Simples. Bonito. Emocionante.
Parabéns.
🙂
Ricardo
março 2nd, 2006 às 18:36 Poxa amo essa music,tando q colokei ela na primeira foto do meu vibe…..so fã desse site,adoro todos os assuntos q coloca aki,mas oq me comoveu mesmo,foi o depoimento do 1º beijo…do dia: 23 de Outubro de 2003 (A saga do primeiro beijo)…poxa fiz questão d t favoritar so pra mostrar meus amigos akela história linda…hehehe
Beijooos xau
março 8th, 2006 às 16:13 Nossa que lindo!!!
Descobri seu blog nos recomendados de outro blog por acaso, mas fiquei impressionada com as coincidências! AMO Pink Floyd, especialmente esta música. Quero publicar um livro do meu blog, tb tenho posts sobre separação, enfim!!! Coincidências, sincronicidades… Adicionei seu blog aos meus favoritos. Não coloquei ainda nos recomendados pois não sei fazer isto no meu template, mas qdo descobrir o seu estará lá! Parabéns!
TAYNE
abril 14th, 2006 às 15:24MUITO BOM SEU FLOG EU PENSAVA ISSO TAMBEM
Lindo Post !! Pink Floyd é um bisturi na alma !!!!!!