Passei a semana tentando escrever um post sobre o raio da minha opinião sobre o referendo, mas não consegui tempo para o blog. Não, o post abaixo não foi sobre o meu possível “sim”, “não” ou “talvez”. O post abaixo foi sobre abuso de poder, manipulação e blá, blá, blá…
São cinco horas da manhã, estou completamente acordada e eu só queria ser o tipo de pessoa que acorda sem olheiras as oito da manhã. Tenho trabalhado mais do que o meu normal. Eu sei, eu sei… meu normal sempre foi anormal. Fuga, fuga, fuga. Ando cansada e, ao mesmo tempo, com uma coragem que não permite mais que eu corra sem sair do lugar. Estou feliz e estou confusa. Descobri que eu tentei me matar na última década. Mesmo não suportando a idéia da morte, eu estava tentando acabar com a minha vida. Descobri que eu nasci com uma força que nunca coube em mim. Hoje quero que ela caiba, quero merecê-la.
Não consigo parar de chorar. Acabei de ver a história de amor mais bonita que alguém já imaginou. Por que diabos, pra mim, a paixão é a única coisa que faz sentido nessa vida? As pessoas tentam se matar o tempo todo… eu, você, todos nós. A gente tenta se matar quando se anula, quando deixa de ser quem a gente é, quando constrói um cercadinho e não deixa ninguém entrar porque acha que vai doer. Que doa… mas que não doa antes de acelerar meu pulso, corar minhas bochechas, mexer na minha fé, revirar meus pensamentos e dizer que gosta de mim por algum motivo que repare o meu espelho. Que doa. A gente só reclama mesmo. Odeio reclamações. Elas me lembram inflamações. Inflamação, inflamar, inflamada… Inflamar parece uma palavra bonita, mas é disso que a gente morre. Foi o Perricone que disse isso, eu não sei de nada. Vou só comer o Mirtilo que ele mandou porque eu quero sarar, quero meu espelho reparado, quero parar de reclamar e de inflamar.
Achei que eu nunca mais fosse me embriagar de nada nessa vida. Que engraçado, que ilusão achar que gente louca pode reagir de forma positiva a um tratamento de choque. A gente é o que é e eu não me conformo de ter deixado isso acontecer. Que idéia de merda ter passado tantos anos tentando ser uma pessoa mais equilibrada, mais bacaninha, mais sensata, mais, mais, mas… um “mas” bem grande pra tudo que eu achava que era melhor pra mim. Minha natureza é o que há de melhor em mim, nossa natureza é o que há de melhor em todos nós.
Eu gosto da imaginação da gente… Deus nos deu um Olodeck. Como é que se escreve isso mesmo? Foda-se. Não vou corrigir nada. Eu nunca faço isso, vou fazer agora por que? Como a gente se perde nessa porra de vida. Como a gente se perde pensando na bosta da carreira, da grana, do referendo… hahahahhaha. Tão bom poder escrever nossa risada. Eu ria muito, hoje eu me desespero. Você leu o comentário da Zel? Eu conheci a Xel em um… Xel… hehehe. Eu conheci a Zel em um sushi, mas ela teve que ir embora logo e a gente nem conversou direito. E ela é incrível e eu só percebi depois desse comentário. Ela é de uma franqueza tão absurdamente incrível que isso a torna especial e engraçada. Eu devia ter percebido… aquele casaco de pele, naquele dia, era, no mínimo, um sinal interessante. OK, eu não devia escrever agora. Hora ruim… não bom. Tô ferrada… vou acabar postando essa merda só pra morrer de vergonha e acumular mais uma desculpa pra dar fim nesse treco um dia.
A mãe de uma garotinha me mandou um e-mail lindo que até hoje eu não respondi porque nunca soube como retribuir amor, carinho. Se eu escrever pra ela dizendo que eu a amo por ter salvado meu coração em um dia de tristeza será que ela acredita? Tanta gente que passou por aqui já fez isso por mim, tanta gente vive fazendo… Eu sou uma vaca a maior parte do meu tempo. Que bicha ruim eu virei. Santo deus tô falando igualzinho as minhas tias.
Briguei com meu irmão porque ele não sabe receber presentes. Tô falando do mais velho. O mais novo sabe, o mais velho não. O mais velho entre os meninos porque eu sou a mais velha de todos eles. Mas não é só porque eu nasci primeiro. É porque eu nasci velha e, gente que nasce velha, é muito boa nesse negócio de dar bronca, aplicar sermão, ser chata pra caralho. É por isso que, às vezes, eu faço tipo e alimento a idéia que eles têm de que eu sou uma puta irmã do caralho de legal. Eu sou uma vaca por isso também… Só dou sermão para que eles não vejam o quanto eu preciso de um. Aliás, o Navegantes me deu um bom esses dias aqui nos comentários. Muito bonitinho… Teve também uma garota que disse que eu sou como os gatos. Que só gosto de quem não gosta de mim… Bonitinha ela também. Pior é que eu acho que ela tem razão e eu não gosto nada nada de ser assim. Também não gosto da idéia de ter animais de estimação… Antes eu achava que gostava de cachorros e não gostava de gatos. Mas eu não tenho nada contra os gatos, eles são interessantes. Na verdade eu não gosto muito é de pessoas muito carentes porque, pessoas muito carentes, se enchem de animais de estimação e tratam os pobres como se fossem barbies. Ah! Isso não tem lógica. Esquece. Eu não tenho bichos e sou carente assim mesmo, embora nunca vá admitir isso ou deixar transparecer minhas fragilidades e necessidade de afeto. Mas o meu irmão não sabe mesmo ganhar presente. Isso é fato. A gente dá alguma coisa pro cara e ele fica puto porque diz não precisar de nada. Ele se orgulha de achar que tem tudo o que precisa, de ter conquistado tudo o que tem. O problema é que ele ainda não aprendeu a cuidar do amor que ele conquista… Porque a gente só dá presente quando tenta exteriorizar o que sente no coração e ele ignora tudo o que vem do coração só pra dar uma de durão e não deixar transparecer o quanto ele carece dessas coisas. Vixe, repeti até as palavras… Tô falando dele ou de mim? Ou de nós dois? Ele é ridículo. Assim como muitos de nós não sabemos receber presentes e somos ridículos. Presente, presente, presente…
A gente vive reclamando do presente e sonhando com o futuro ou com o passado. Deve ser como dar um duro danado pra comprar um carro e, depois de adquiri-lo, pensar só no próximo. Ou como faço eu, que acho que nenhum presente vai conseguir superar os presentes que já foram dados. Tem gente que gosta mais das conquistas e quando o presente é um presente, não tem conquista. Deve ser por isso que ele fica assim quando ganha algo. Briguei com ele e eu sou pior do que ele, não igual. Também não sei cuidar do amor que recebo. Não sei cuidar de nada. Nem de bicho, nem de planta, nem de gente. Eu sou uma egoista que só pensa em se auto afirmar e é por isso que, gente como eu e meu irmão, só vai viver feliz para sempre com alguém, enquanto houver jogo de sedução. Porque o amor não nos interessa, nunca interessou.
A história de amor na televisão era linda… Ele deu o coração dele pra ela. Ele vai viver dentro dela. Não, não… foi um caso de doação de órgãos mesmo. Doar um órgão é uma história de amor. Uma história de amor que engana a morte. A única história de amor que tenta ser pra sempre de verdade. E eu vou dormir. Dormir, acordar e afundar esse post no meu mar de rascunhos inúteis, no meu cesto de vexames. Tem gente falando na rua… Tá clareando. Claríssimo. Passarinho. E nem é o passarinho boemio que começa a cantar sozinho as três da manhã. Seis da manhã… Caralho… Tá tudo girando e foi só um copo de vinho… Dois?



Postado por:Alê Félix
09/10/2005
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Plyn

outubro 9th, 2005 às 12:17

Passei algo parecido de madrugada, queria falar sobre o referendo mas só consegui falar, mas muito superficialmente, sobre minha insônia. Acordei inspirada e escrevi o tal texto que vinha enrolando a dias. Mas agora não to conseguindo fazer a programação visual. Deixo pra mais tarde.
Isso de receber os presentes, me lembra as pessoas do meu convivio que não sabem receber elogios, que desfalam o que eu disse. Sera que também sou assim? E não noto?


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sofia

outubro 9th, 2005 às 12:25

oi amiga, desculpe a menina bonitinha aqi ter te comparado com os gatos, foi metafórico( eu acho)kkkk, hoje você tá mais confusa do que nunca , cho q é o teor alcóolico….ei queria te pedir uns conselhos amorosos, mas tu fala que não entende de amor e só de conquista, fazer o que né…era justamente isso porque me desinteresso quando não há mais receio de perder? saudades dos chats. to precisando.. bjos.


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Guto

outubro 9th, 2005 às 12:36

Eu não devia comentar porque sei que você vai acordar e deletar esse post assim que der conta de que ele foi postado. O que é uma pena. Seus posts mais sinceros foram escritos quando você estava “embriagada de alguma coisa dessa vida”. Você escreve a alma e o coração da gente, Alê. Não devia envergonhar-se do que sente, pensa e muito menos do que escreve. Muito menos quando se expõe.
Um beijo e boa ressaca. Leio você desde a época do blogger. Nunca comentei, mas hoje deu vontade de contar e agradecer por você ter feito eu repensar tantas idéias e tantas pessoas da minha vida. Obrigada, Alê. Obrigada por existir (essa frase é sua e nada melhor do que uma frase sua, pra expressar o quanto você é especial).


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Jana

outubro 9th, 2005 às 13:25

Não vou falar muito pq hoje eu realmente não estou bem…
Mas… Não apaga esse post!


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Ana Carolina

outubro 9th, 2005 às 15:53

po ale, concordo com o guto. vc sempre escreveu sobre oq as pessoas sentem, sobre hipocrisia….vc naum pode se envergonhar de ser voce mesma, vc nunca teve problema com isso. um blog, antes de tudo, eh um desabafo, pra qdo as coisas melhorarem voce lembrar do q sentiu e aprender com esses sentimentos e seus pensamentos, mas nunca se envergonhar ou se arrepender do q fez…ser simplesmente voce. e voce eh assim, autentica. todos gostam muito de voce, naum sei, comentei em diversos posts, ja mandei alguns emails, nunca tive resposta, acho q vc naum sabe quem sou, mas naum importa, pq eu tbm naum te conheço, mas eu gosto da pessoa q escreve, eh por aki q eu conheço voce, e eh por aki q eu e todos q vc conheceu virtualmente aprenderam a gostar de voce.


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Mariana Melo

outubro 9th, 2005 às 17:41

Pareceu-se comigo, até.
Eu sei, e até todos dizem, já nasci velha.
E veja que estou tão nova…


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Diguinho

outubro 9th, 2005 às 19:00

soh me responde uma coisa:
vale fazer a cerquinha e naum deixar ninguem entrar quando vc acabou de expulsar alguem de dentro?
eu não estou preparado ainda p abrir a cerquinha…


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Colombina

outubro 9th, 2005 às 19:25

Noooooooooossa! vai emendar um assunto em outro assim láaaaaaaaaaaaaaaaaa…. Mas já passei por aqui também… Tomara que vc volte, tomara… adorei a visita… bjs!


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katia

outubro 9th, 2005 às 21:36

sem palavras…essa na verdade é a vida sem máscaras…vc conseguiu por em palavras aquilo que todos vivemos mas nem sempre admitimos…pior que nascer velha Ale,é morrer sem antes ter provado tudo isso na vida…nada como chorar de paixão,sentir saudades,e olhar pra tráz e ver que tudo passou ,ou ainda tá alí…mas que podemos rir de tudo isso…arriscar sempre é o tesão da vida…beijo gde!!!


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Priscilla

outubro 10th, 2005 às 3:09

As melhores coisas que eu escrevi na vida foram textos de embriagues total…a alma fica mais sincera, e não tem por que esconder o que sente…..parece que dah vontade de gritar pro mundo….eu sou desse jeito e não com a mascara que eu coloco todo dia pro outros aprovarem……
Esse foi um dos melhores post que eu li no seu blog, e mesmo visitando ele a pouco tempo,acho que já li ele todo…
Parabéns por esse post


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Carol

outubro 10th, 2005 às 7:24

A Katia ja disse que esse texto é a vida sem mascaras… e por isso tanta gente (inclusive eu) se identifica. Por baixo das mascaras, fantasias e couraças, nossas fragilidades e medos são tão parecidos. Li esse post EXATAMENTE quando precisava. Obrigada por escrever tão verdadeiro, e tão bem.


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Gilmara

outubro 10th, 2005 às 11:09

E tem a paxorra (é assim que se escreve?) de dizer que não sabe nada de amor… vai dormir e pára de beber….ah não apaga o post não…


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outubro 10th, 2005 às 11:18

Deu saudades do tempo que eu escrevia alguma coisa no blog…. as vezes me dava a louca e eu escrevia o que estava sentindo na hora, sem pensar no depois… queria voltar a ter essa coragem…. hoje só jogo imagens bonitinhas no blog e finjo que stá tudo bem….
Um dia tomo coragem e volto a escrever….
Pq a gente precisa ter medo ou vergonha de que os outros saibam que a gente está sentindo?
Foi mal o puxa-saquismo, mas amo o que vc escreve…
Fui!


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Menina-Prodígio

outubro 10th, 2005 às 11:52

Tu é doido! Eu sempre tive vontade de deixar as idéias correrem sem julgá-las, mas quem disse que eu consigo? Acho que até quando eu penso, coloco vírgula, crase, conjunção coordenativa e o escambau…
Que inveja do você!
O que algumas taças não fazem.
*****
Eu li o que você escreveu pra mim naquele site com nome de Lactobacilo vivo. Eu fiquei em estado de suspensão…Muito obrigada, muito obrigada. Que orgulho eu tenho de ter entrado em contato com você. Ainda bem que nascemos no finzinho do século XX, e temos a internet pra ajudar nossos caminhos a encontrarem o de outras pessoas.
Que bom que você tem esse espaço pra juntar tanta gente e idéias legais. Assim, eu fico sabendo que você é do jeito que é, e crio coragem de ser do jeito que eu sou.
Beijo Grande.


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nielphine

outubro 10th, 2005 às 13:40

wolvs.
só por favor não delete….


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Jane Peralva

outubro 19th, 2005 às 8:46

Maravilha seus textos, gostaria de ser assim: crítica, mas não sou; faço o possível, mas não consigo. Um beijão, Jane


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