Cheguei a pensar em passar a véspera do natal sozinha. Durou pouco. De repente me dei conta de que não nasci pra fazer tipo de “moça triste”, de que essa merda de solidão não tem a menor graça e de que virou papinho de gente chata e pouco criativa o discurso do “nunca gostei do natal”.
Antes que eu surtasse com o silêncio do banheiro, corri para a casa dos meus pais. Não havia banheira quente que desanuviasse o monte de neuras existenciais que poluiam a minha mente naquela noite. Eu precisava de tias, todas as minhas tias.
Horas depois, cercada pelas mulheres da minha vida, acabei reclamando mais do que devia e uma delas…
– Do que é que você está reclamando? Sua vida é exatamente o que você sonhou. Ao contrário das outras crianças, você não dizia que queria ser médica, mãe, feliz, essas palhaçadas todas… dizia que só queria ser independente. Completamente independente. Lembra?
Antes que eu desatasse a chatear falando sobre o quanto meus sonhos e crenças me traíram, minha sábia priminha, de uns dez anos, ia passando e…
– Você devia ter sonhado com todas as outras palhaçadas.



Postado por:Alê Félix
26/12/2004
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