– Uhu! Uhu!
– Livres!
– Cara, eu não acredito!
– Nem eu, nem eu…
– Safardanas! Mereciam uma sova. Essa baderneira me deixou tão agitado que vou ao toalete me recompor. Mas vocês, não saiam daqui!
Livrar-se do Corcel não havia sido nada. Duro seria escapar da bronca do Seu Manuel…
– Falei que não era pra chamar o português…
– Agora já era.
– Ok, galera, está tudo muito bem, está tudo muito bom, mas, antes que a felicidade embaralhe as minhas idéias, eu quero saber: afinal de contas Marilu, você ficou ou não ficou com o Corcel?
– Se liga, Ivo Holando! Claro que não fiquei.
– Então quem era a garota dos gemidos em inglês?
– Garanto que não era eu. Eu estava no banheiro naquele dia do Dancing, mas não fui eu.
– E quem foi? A loira do banheiro?
– Voadora, querido, economize seu veneno. Eu ouvi os gemidos, achei engraçado e pensei até em chamar vocês para ouvirem também, mas não deu tempo. O casalzinho saiu do box e eu é que não ia ficar plantada lá no meio, esperando que eles me vissem.
– Ué! E o que foi que você fez?
– Corri para trás da porta…
– E aí?
– E aí que eles estavam muito bêbados. A Alê chegou a ver o Corcel na saída…
– Mas se você não lembrasse da cara do cara, eu não lembraria.
– Eles estavam muito altos, deviam ter se conhecido ali, na hora e… E rolou. Enfim, o importante é que, apesar da confusão, deu tudo certo.
– Espera aí, vamos com calma. Explica isso direito. Como é que você teve tanta certeza de que o Corcel não lembraria da garota que ele transou? Achar que ele e a “gemidos em inglês” não se conheciam direito era uma coisa; outra coisa foi você se passar por ela com a maior segurança do mundo e o cara cair.
Silêncio…
– … Não posso falar.
– Sem essa, Marilu! Como assim não pode falar?
– Não posso.
– Pára! Foi você. E está escondendo o jogo pra não ficar com fama de galinha
– Mais? Só rindo mesmo… E desde quando eu me preocupo com isso, Voadora?
– Já sei. É alguém que a gente conhece.
– Não vou contar, Zarolho.
– Foi você, Alê?
– Claro que não, Ivo!
– Olha a cara de vocês duas… Ou foi uma ou foi a outra.
– Eu não vi quem era a menina. Mal vi o Corcel. Se vocês estão pensando que a Marilu contou essa história pra mim, estão muito enganados. Ela não é tão amiga minha assim. Se fosse, eu saberia detalhes sobre esse caso, muito antes dessa bagunça toda acontecer.
– Alê, sem chantagem emocional. Eu não contei porque não tinha nada para contar. O Corcel deve ter ido da danceteria para o hospital. Você mesma viu como o cara estava chapado! Não vou ficar me justificando por não ter contado um segredo. Não posso contar e pronto.
– Segredo? Hum… sei.
– É. Isso mesmo! Se eu disser, deixa de ser segredo. Mas o que é que eu estou falando? Vocês nunca souberam o significado dessa palavra.
– Não vai colar esse papo, Mariluzinha. História mal contada…
– Vocês estão procurando pêlo em ovo.
– E pelo visto estamos achando vários essa noite…
– Estranho…
– Eu não falo mais nada.
– …
– …
– Ok, ok… Eu conheço a “gemidos em inglês”. Estão contentes agora? Ela também estava meio alta e, no dia seguinte, me contou o que aconteceu entre eles. Foi um caso de balada. Não era pra ter rolado, mas enfim… Como eu fui a única testemunha e uma testemunha conhecida, ela ficou com medo que eu botasse a história na banca e pediu que eu guardasse segredo. E não me olhem com essas caras porque vocês fariam o mesmo. E eu não sei porque estamos discutindo. Não está tudo resolvido? Foi tudo uma feliz coincidência. Só isso. Agora chega desse papo.
– Então a menina chegou a ver você?
– Sim…
– E por que você se passou por ela? Por mais bêbado que o Corcel estivesse, como você sabia que ele não lembraria da garota, do rosto, do nome…?
– Sabendo…
– Bela resposta…
– Já disse, foi um caso à toa. Bêbado do jeito que ele estava, não tinha como lembrar. Não é o amor que cega, é a quantidade de álcool meu amor! Todo mundo aqui tá careca de saber disso.
– Você está enrolando. Ninguém fica bêbado a ponto de esquecer uma coisa dessas. Você não teria se arriscado, não é de dar ponto sem nó…
– Ou… sabe muito bem o que andou aprontando.
– Está certo. No dia seguinte, a… a garota do don’t stop… Ela foi até a casa do Corcel para saber se ele estava bem, se havia melhorado da bebedeira e…
– E…
– E ele achou que ela era testemunha de Jeová.
– Anh?
– Ah, Marilu! Pra cima da gente? Qual é?
– Meu, é sério! Eu juro pela minha mãe morta.
– Mostra os dedos…
– Hum…
– Testemunha de Jeová é foda…
– É a mais pura verdade. Como ele não fazia a menor idéia de quem ela era, ela ficou com vergonha de contar da noite anterior e foi embora. Foi isso que aconteceu. E se ele não a reconheceu, podia ser qualquer uma que refrescasse a memória dele com os fatos.
– Não acredito que você se fez passar pela “Don’t Stop” assim, sem mais nem menos.
– Era o jeito mais convincente dele não dar queixa de você, Zarolho! Vocês queriam que eu fizesse o quê?
– Hum… esquisito. Mas tudo bem. Por mim, assunto encerrado.
– Nem pensar, Zarolho. Conta de uma vez, Marilu! Quem é a vagabunda?
– Não vou contar, Voadora. Deixa de ser do mal. Que diferença vai fazer na sua vida saber o nome da menina?
– Ai de você o dia que eu souber de alguma coisa e você quiser saber.
– Voadora, pelamordedeus, vira homem!
– Testemunha de Jeová… Esse Corcel… vou te contar, hein! Mas vamos pensar… Se ele achou isso, a mina deve ser cabeluda, usar saião, roupa de véia e essas paradas todas de crente…
– Foi você Alê!
– Roupa de velha a puta-que-o-pariu, Voadora!
– Confessa de uma vez, Alêzinha! A gente jura que não conta pra ninguém que você é melhor falando inglês do que português.
– Está vendo o que você foi arranjar, Marilu? Agora você conta quem é a garota porque, senão esses manés vão achar que fui eu!
– Alê… desculpa, mas não vai rolar. Eu já falei mais do que devia. Não fui eu, não foi a Alê e eu só não digo quem foi porque a menina é conhecida nossa e vai ser muito foda se ela descobrir que essa história vazou.
– …
– …
– Eu respeito a decisão da Marilu.
– “Eu respeito a decisão da Marilu…” Que respeita o quê, Zarolho! Olha a cara de pateta que você ficou depois desse beijo! Diz isso só porque saiu da secura.
– Arremedando, Voadora! Deixa de ser criança…
– Ah! Ah! Olha só o cara. Só porque levou um beijo, tá se achando. Essa é boa…
– Bom, já vi que desse mato não sai coelho. Vamos ter que morrer na curiosidade sobre a “gemidos em inglês”. Mas, Mariluzinha, mudando de pato para ganso, me conta: já que eu não posso ser o seu futuro marido e já que você ama o Zarolho, posso ser o padrinho?
– Padrinho seu narizinho! Tu é muito cabeçudo, isso sim! Quase matei você e o Voadora quando vi vocês com o delegado. Vocês não tinham nada que aceitar a provocação da namorada do Corcel. Eu e a Alê tínhamos resolvido tudo.
– Que beijaço hein, Zarolho? Por essa você não esperava…
– E, ah! Desculpa, Zarolho. Puxei a sua gola com muita força.
– Tá louca? Ganhei o dia. Acho até que apaixonei…
– Sem essa, querido. Com beijo ou sem beijo, você sabe que eu te amo de verdade. Você é um irmão pra mim…
– Xiiii… irmão é foda. Prefiro ouvir aquele papo do “eu gosto de você, mas só como amigo”.
– Pode crer, Ivo. He he he… Eu também prefiro.
– Difícil é alguém dizer que gosta de você de algum jeito né, Voadora?
– Hen, hen, hen… engraçadinha.
– E, Alê, mesmo eu considerando o Zarolho como um irmão, que papo foi aquele de dizer para o Corcel que éramos irmãos? Horrível! Você sabe que esse tipo de mentira não dá muito certo…
– Ele estava encurralado, morrendo de medo da noiva descobrir, não tinha como dar errado. Horrível foi você melar a minha história, malhando o Zarolho depois do que eu disse.
– Ha ha ha… Tem razão, foi mal… É que na hora todo mundo parecia tão enlouquecido que eu achei que um dramalhão podia funcionar.
– Você é louca. Aquilo podia ter dado uma merda enorme.
– Ahhhh! Agora eu entendi! Eu vi o Corcel com aquela cara de nojo, falando não sei o que de irmãos… Não estava entendo nada.
– Vocês nem tinham como entender. O papo rolou quando estávamos a sós com o Corcel.
– E eu nem acredito que deu tudo certo…
– Rabo. Puro rabo. Não fossem as meninas do vôlei, a essa hora estaríamos todos dividindo cela.
– Eu, jamais! Estou aqui de trouxa. Devia ter ficado em casa dormindo.
– Você que agitou pra gente seguir o Zarolho! Sem essa, Voadora.
– Claro! Idéia de jerico tacar ovo em casal de namorados. Merecia cadeia, sem direito a fiança, visitas e…
Fomos interrompidos por duas moças uniformizadas…
– E aí, Ivo? E a festa dos incompetentes no amor? Nosso time está esperando…
– Putz…esqueci das brotas. E agora?
– Não olha pra mim! A casa está sob reforma.
– Fecha a boca, Zarolho!
– Anh? Me esquece, Voadora. No ônibus, Ivo…
– Que? Onde?
– No ônibus!
– Ah! Boa!
– Então… a festa vai ser em um pico cabuloso! Diz para o time continuar na concentração que logo logo a gente entra em campo.
– Que papinho mais furado… Não é à toa que há séculos você não come ninguém.
– Não difama, Marilu… não difama.
Enquanto cochichávamos, as vôleiboletes riam. Riam e…
– Você vem também, Um?
– …
– …
– É com você babão!
– Anh?
– Ah! Claro… claro.
E cantaram o Zarolho… Pela primeira vez em sua vida.
– Duvido que o Seu Manuel vai liberar o Fofão.
– Cara, ele tem que liberar! Trabalho um mês, um ano, viro escravo do português, mas ele tem que emprestar a chave do fofão. Acho que essas meninas me deram bola!
– Festa dos incompetentes no amor? Que história é essa, Ivo?
——————————–Continua.
Para ler o Post I, clique aqui.



Postado por:Alê Félix
31/07/2004
0 Comentários
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Mariana Messias

julho 31st, 2004 às 9:52

Pense numa Saga longa!
Affe!
😐
Mas tá muito boa assim mesmo.


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Yse

julho 31st, 2004 às 12:30

Adorei esse texto.. adorei o seu blogger e as coisas que vc publica.. passa lah no meu depois…
Até mais


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Yse

julho 31st, 2004 às 12:39

Adorei esse texto.. adorei o seu blogger e as coisas que vc publica.. passa lah no meu depois…
Até mais


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Lulu

julho 31st, 2004 às 13:10

E a saga do primeiro beijo?


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Lulu

julho 31st, 2004 às 13:10

E a saga do primeiro beijo?


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Daniel

julho 31st, 2004 às 13:44

Que mané saga do primeiro beijo… A melhor é a do videotexto… 😛 Continua vaaai 😀


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Luigi

julho 31st, 2004 às 21:59

Tipow, gosto das duas. Kd o Primeiro Bjo e O Videotexto????


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Janaina

julho 31st, 2004 às 23:54

Estou adorando essa história…
Aliás, gosto muito dos seus textos e do jeito que vc escreve.
parabéns!


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Gaabriela

agosto 1st, 2004 às 13:33

VOCÊ PRESISA COLOCAR UMAS IMAGENS NÃO TEN NENHUMA.


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Débora

agosto 1st, 2004 às 13:34

Nossa tá mto boa essa historia!!
Parabéns!!!!


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DeH

agosto 1st, 2004 às 17:28

eh bom voltar dps de 15 dias e te encontrar no mesmo lugar ^^ tava com saudades..
:***


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paula

agosto 1st, 2004 às 21:58

oi alê!
Espero que esteja dormindo bem….rs…
Estava de férias e fiquei longe, é interessante como no comentário abaixo alguem disse que ficou longe uns dias e ficou feliz de voltar e você continuar aqui, realmente isso é bom, colocamos as fofocas em dia, aqui no seu site colocamos as historias ou estorias em dia, isso é muito bom, mas como alguem reclama que você quase nao coloca figura sendo que nem escreve direito(VOCÊ PRESISA COLOCAR UMAS IMAGENS NÃO TEN NENHUMA), acho que descobri o “ploblema” dela que prefere ver figuras, é mais fácil, do ler as letrinhas certas né?, vai saber estou falando dela sendo que meu “guspe pode cair na minha testa” aqui mesmo neste post…rs….
me explica uma coisa uma vez vi uma foto pequena sua de agora e vendo a da sua mãe e seu pai em lua de mel, me diga, estou enganada ou você é a cara da sua mami? eu achei parecidas ou so eu achei isso a sua vida toda?….rs….
Um ótimo começo de agosto pra você e pro seu maridon!
Um abraço
Arroz com pequí pra todos : )
Paula/goiânia/goiás
ps: é a saga do primeiro beijo melou mesmo né? 🙁


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gggggggg

agosto 1st, 2004 às 22:58

Vc eh burro mesmo né seu filha da puta, da licença colocar só estas merdas de letras, vai tomatecru


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Lila

agosto 1st, 2004 às 23:42

Nossa gente, q chato, fica aí só falando da saga, da saga…. Os textos da Alê são todos maravilhosos…vocês tem de aprender a serem sei lá, mais ecléticos, apreciar outros contos, que afinal não é difícil, pq ela é uma escritora divina, no post do dia 28 ela ja disse q não tava com saco pra ficar postando, poxa respeita… até eu entrei em hiatus pq não aguentava mais enxeção de saco! ^.~ Beijos Alê


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Flavio

agosto 2nd, 2004 às 12:31

Ah, esses comentários são um show a parte…
” Huh, muito texto, bota desenhinhu, muitas letras juntas fazem cabeça doer… ”
Se pessoas assim conseguem acessar a internet, a teoria dos macacos nas máquinas de escrever que eventualmente digitariam toda a obra de Shakespeare não me parece tão improvavel. 🙂


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André Stern

agosto 2nd, 2004 às 13:27

Hmmmm….. não lembro de nenhum outro nome feminino que poderia ser a tal da gemidos em inglês a não ser a Maria dos Pacotes, que ainda é um enigma para mim…
Veremos…..
A propósito, adoro posts gigantes 😉


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Moka

agosto 2nd, 2004 às 19:57

Pronto, agora essa história dos imcopetentes do ar vai durar mais uns 10 posts..rss..
Adorei.
Te cuida
Boa semana pra ti
Besitos


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Carolina

agosto 2nd, 2004 às 20:34

Oi Alê!! Faz tempo que venho vasculhando seu blog mas nunca tive vontade de deixar um comentário. Só queria te dizer que gosto muito do jeito que você escreve e da sua boa memória. Mesmo curiosa para saber o final das suas sagas (como a do primeiro beijo por exemplo), aconselho a não se importar com o que as pessoas falam e cuidar de você. Não deixe esse universo te escravizar heim. Pense nesse blog como um benefício pra você, os outros é só consequência. E olha que funciona, já conquistou um grande público, parabéns.
Um grande abraço.


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Debora

agosto 2nd, 2004 às 20:41

Ale,
Mais uma vez, valeu pelo orkut. Se nao fosse por vc nao teria conhecido ngm. Valeu msm.


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Trinity

agosto 2nd, 2004 às 20:57

Pff, minha irmã ficou reclamando da minha risada, só porque ela tava tentando dormir. E como ela diz que Norah Jones é música de novela(maldita novela…), eu ponho Outkast(Hey Ya), música calminha, sabe? hahahaha.
Beijo!


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Rafael Neves

agosto 2nd, 2004 às 23:07

Alê, pra quem ia terminar a saga dos incompetentes do amor nesse último final de semana, além de ter virado escrava do blog, você já virou escrava dessa saga. Hehehe
Mas liga não. Ela tá excelente. Quanto as figuras, acho que não precisa. Seus textos valem muito mais.
Um abração


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