No final do ano passado comecei uma briga feia com uma empresa de hospedagem de sites. Uma empresa americana
que havia acabado de se instalar no Brasil e, segundo um dos gerentes de vendas, prometia engolir o mercado.
Quando ele disse isso eu deveria ter redobrado minha atenção, mas acabei agindo como de costume. Não por
ingenuidade, embora esta seja a palavra que escolheram para transformar pessoas de boa fé em idiotas, mas porque
não suporto a idéia de viver num mundo filho da puta onde tudo tem que ser assinado para ser levado em
consideração.
Mas vamos à big presepada… Eu e o tal do gerente estabelecemos por telefone os termos do contrato que eu
deveria assinar. Seria tudo muito simples se eles não tivessem tentando me vender o serviço pelo período de doze
meses.
Depois de uma conversa ridícula, onde precisei mostrar a eles que aquilo não tinha lógica, eles me garantiram
verbalmente que a cláusula seria retirada. Usaríamos o servidor o tempo que fosse necessário e cancelaríamos o
serviço quando quiséssemos.
No dia seguinte um portador trouxe os papéis pra eu assinar. Eu estava até o pescoço de trabalho, peru e família
mas, como já sabia de cor os termos do raio do contrato, dei somente uma olhada por cima, assinei e dispensei o
rapaz.
No final do dia decidi olhá-lo com mais cuidado e adivinhem o que eu encontro? Tcharan! A cláusula de doze meses
com uma big multa de 40% no valor total do contrato em caso de rescisão.
Liguei emputecida para o celular do filho da mãe do vendedor e exigi que ele me devolvesse os papéis no dia
seguinte. Ele, por sua vez, pediu que eu ficasse tranqüila. Alegou que no dia seguinte era véspera de Natal, mas
que, logo após as festas, devolveria.
Um ano se passou, eu nunca mais vi o contrato, tive o desgaste de mandar trezentos e-mails para o ombudsman da
big empresa, o serviço era uma big bosta e eu acabei tirando meus sites de lá sem que fosse necessário pagar a
tal da multa. Menos mau, acho – apesar deles me garantirem que estava tudo resolvido, o contrato desapareceu.
Aí você me pergunta? Aprendeu a lição? E eu lhe digo: não. E quer saber? Decidi que será preciso muito mais do
que uma empresa de cretinos pra me fazer desacreditar das pessoas a ponto de registrar tudo em cartório. Eu
nunca vi tanta gente sem caráter como nos últimos dez anos da minha vida, mas não vou mudar. O preço que eu pago
não é tão caro se eu levar em conta que, por essas e outras, mantenho essas pessoas bem longe de mim. Querem me
sacanear? Fiquem à vontade. Perder é muitíssimo relativo em alguns casos.
Não estou pregando um culto à lealdade e aos bons costumes, embora ache de verdade que não seria nada mal se
parássemos de tagarelar e repensássemos realmente algumas questões. Para todo lugar que eu olho, vejo um bando
de engraçadinhos dizendo que têm palavra, compromisso e essa papagaiada toda, mas que na hora que a vida lhe
cobra hombridade, se faz de mané para sorver o maior número de migalhas. É horrível, mas é um fato.
Quanto aos contratos, talvez eu realmente devesse aderir de uma vez por todas a esta merda que é a prova cabal
da bizarria humana, mas não vou. Esses exageros impostos pela sociedade me enojam. Estou cheia das pegadinhas,
das linhas minúsculas, das más intenções e dos redatores dessas porcarias. Não ficarei surpresa se, um dia, o
teste do pezinho que é feito nos recém nascidos pelas maternidades, servir de assinatura para que a pessoa possa
crescer segundo os critérios do mundo.
Quanto a mim, enquanto puder quebrar as regras e a cara, vou continuar aumentando o número de guardanapos e
folhas de sulfite com textos redigidos com caneta esferográfica e texto compreensível por qualquer criança
alfabetizada. Mesmo assim, só para que meus acordos comecem e acabem com o mesmo discurso. Não quero receber
indenização alguma por rompimentos, deslealdade, oportunismo ou mudança de planos. Só quero distância. Distância
de gente com muito gogó e pouca atitude, distância de empresas engolidoras de dinheiro e distância de contratos
na véspera do Natal.



Postado por:Alê Félix
24/12/2003
0 Comentários
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Milena

dezembro 24th, 2003 às 16:43

Pô, olha! Super compreensivel a sua indignaçao! Mas, pelo menos por hoje, esquece essa gente. Te garanto que
voce, que eh honesta, eh bem mais feliz que eles. E olha, pelo menos essa sua TPN ja vai passar! Hoje eh
Natal!!! ehhhh, legal legal
Beijinho


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Papai Noel

dezembro 24th, 2003 às 18:17

Olá…. Você sabe como esta sendo uma correria para mim, uma verdadeira loucura.
To correndo para entregar tudo, e esta cada vez mais complicado, mesmo assim resolvi entrar para deixar algo
aqui. Bom preciso ir, sabe como é, estes sistemas de alarme para chaminés, utimamente esta complicado, pois
tambem tem o problema de medo de atentados, e agora tem alguns espaços aonde eu não posso voar tranquilamente
com as minhas renas, pois logo sou confundido com um terrorista suicida.
Bom deixa eu ir correndo pq este cyber café aqui cobra muito caro.
Feliz Natal, tenta melhorar ano que vem e quem sabe tem presente, mesmo assim você é supimpa.


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dezembro 24th, 2003 às 19:16

Alee, brigada por te entrado no meu blog…adorei…Ah desculpa por ter usado a sua imagem sem pedir….desculpa
mm, naum faço mais 🙂 ….Boas festas pra vc!!! Bjos


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Menino do Quarto

dezembro 24th, 2003 às 23:28

Distância deles! Nisso nós concordamo!


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Menino do Quarto

dezembro 24th, 2003 às 23:28

Distância deles! Nisso nós concordamo!


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Trinity

dezembro 25th, 2003 às 2:24

Então… o espírito natalino não me atingiu, mas feliz natal… beijos


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Neto Cury

dezembro 25th, 2003 às 4:18

é foda, toda vez as “big” empresas nos fodem de algum jeito!…rs E viva o procon, único refúgio de pessoas
como nós, que vivem sendo fodidas e enganadas…


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Mafalda

dezembro 25th, 2003 às 9:40

Olha, li por aí ( eu tenho problema em citar fontes, não lembro onde foi, mas acho que foi num livro ) que tem
uma diferença entre a ingenuidade e a inocência. O ingênuo é aquele boboca que não sabe nada da vida, é enganado
por todo mundo, e nem se dá conta que é passado pra trás. O inocente, não; esse conhece a vida como ela é, sabe
da maldade das pessoas, mas, ainda assim, prefere manter-se a salvo e acreditar na bondade das pessoas. O
inocente se ofende, mas não se deixa mudar. 🙂
Beijos, minha cara, você é 10, e a menininha do post aí de cima também. rs


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bobmacjack

dezembro 25th, 2003 às 16:28

Uma vez assisti ao “Provocações” – programa de entrevistas da TV Cultura com Antônio Abujamra. Não lembro quem
era a entrevistada, mas no final da entrevista ela disse:
– E eu continuo acreditando no ser humano.
E o Abujamra:
– Vai se foder até o fim.
Que pena, ele está certo.


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stfex

dezembro 26th, 2003 às 6:32

tem uma frase, não sei se do Bezzerra da Silva, do Dicró ou algum compositor dessa linhagem que diz: “Pra acabar
com a malandragem só mandando prender todos os otários”…acho q é mais ou menos isso q querem fazer com a
gente…


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Daniela

janeiro 2nd, 2004 às 21:21

Nossa. Nossa. É isso mesmo que eu sinto, também sou vítima o tempo todo da falta de palavra alheia. É isso
mesmo. Putz.


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Fernanda

janeiro 3rd, 2004 às 16:48

POXA VIDA, O LINK DO TEU SITE EH LINDINHO MAS ELE EM SI EH UMA VERDADEIRA BOSTA… SOH RETARDADO PRA LER ESSE
TEXTOS QUE MAS PARECEM UM TESTAMENTO!!!! VC NÃO PODIA FAZER UM SITE MAIS LEGAL? UM BEIJO, ESPERO QUE VC RECEBA
ESTA MSG COMO UMA CRITICA CONSTRUTIVA… FERNANDA.


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