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Escrito pela Alê Félix
6, novembro, 2003
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Quem nunca disse isso? Eu já disse, duas ou três vezes. Sou uma briguenta crônica, um
desastre! A última foi há uns três anos em uma tarde de roubalheira generalizada jogando “qual é
a música”, com uns amigos, aqui em casa. Eu ganhando, eles roubando, quase botei todo mundo pra
correr. Acho que nem preciso dizer que fui achincalhada. Meia dúzia de amigos riem e espalham a
história do “sai do meu sofá” até hoje. Certamente serei atormentada por eles até o fim dos meus
dias. Já me conformei.
O grande problema de ditar as regras do jogo só por ser o dono da bola, pode custar caro,
principalmente se elas forem mudadas no meio da brincadeira e de forma pouco madura. Uma atitude
como esta gera, facilmente, a fama eterna de “dodói”, “mariquinha”, louco, imbecil e, em alguns
casos, de não ter o mínimo de inteligência emocional ou a péssima fama de propagar censura por
aí.
Foi o que aconteceu com o pobre do Barreiro. Digo pobre, porque o maior prejudicado nessa história foi
ele. Os blogs e a AllTV são, hoje, duas
ferramentas que prometem boas inovações nos meios de comunicação. O Blog’n’ Roll, comandado por Enio Martins,
Jean Boechat e Rodrigo Rodrigues, era a maior prova disso. Foi uma pena o que aconteceu.
Infelizmente, o senhor Marcos Barreiro, por conta de um ataque de imaturidade, escancarou suas
diferenças entre ele e Marcelo Duarte (convidado do B&R 19), encerrou a programação do
Blog’n’Roll e comprometeu a sua imagem como profissional e a da AllTV como empresa de
comunicação.
O que aconteceu ou deixou de acontecer entre Marcelo Duarte e Marcos Barreiro poderia muito bem
ser resolvido com socos, palavrões e pontapés, mas a sete chaves, entre os dois e não com um
surto de poder que custará a Barreiro críticas que talvez ele nem mereça. Afinal, aquilo não foi
censura; foi uma desinteligência. Marcelo Duarte, inimigo ou não, foi transformado em vítima
pelas próprias palavras de Barreiro (completa desinteligência!).
Quanto aos rapazes que comandavam o programa, acho que não há o que se preocupar. Em breve
veremos aqueles rostos e nomes em projetos tão ou mais bacanas do que foi o Blog’n’Roll.
Inteligentes, carismáticos e competentes, daqui a pouco eles voltam.



Escrito pela Alê Félix
5, novembro, 2003
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Alguns amigos dirão que o que eu vou dizer faz parte do meu repertório de
sensitiva-vidente-charlatona, mas eu eu juro que não. Mesmo porque, esta menina dispensa adivinhações.
Minha intuição sempre disse que ela poderia ser uma boa editora. Eu só não imaginava que ela
fosse um dia largar o direito. Mas quem disse que irá? A Bombril deu um jeito de conciliar as
duas coisas.
Boa sorte para vocês três!

LANÇAMENTO DA EDITORA CANDIDE



Escrito pela Alê Félix
4, novembro, 2003
Comentários desativados em Paula Foschia e Cia.
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Minha irmã, há uns
vinte anos, no enterro do meu bisavô que aconteceu em um feriado de finados:
– Toda vez que morre alguém da nossa família chove.
– E quem, além do bisa, já morreu na nossa família? Você fala como se já tivesse ido em um
monte de enterros. Aposto que esse é o seu primeiro. Deu sorte que o papai deixou você vir,
senão você nunca teria visto um morto.
– Eu já vi sim! Fui no enterro da dona Carmelita.
– E quem disse que a dona Carmelita era parente?
– Era sim. Eu chamava ela de tia e ela não saía lá da casa da vó.
– De enxerida que ela era! E a gente só chamava ela de tia porque criança é obrigada a chamar
tudo que é velho de tio. Mas é só pra eles gostarem mais da gente, sua besta, e não porque são
da família.
– Tio Guto não é nosso tio?
– Esse é.
– E a tia Lila?
– Não.
– Eu chamo ela de tia…
– Chama de trouxa e criançola que você é. Eu não chamo mais.
– Eu tenho sete anos, ô! É claro que eu ainda sou criança.
– Azar o seu.
– Você também é!
– Só porque você quer, bé-bé…
– Claro que você é! Você só tem nove!
– Não sou, não! Você que é.
– …
– E você é tão burra que nem sabe porque está chovendo. Eu não deveria, mas vou contar pra
você. Está chovendo porque, sem querer, o bisa morreu bem no dia de finados.
– Sem querer? Claro que foi sem querer! Como é que um velhinho morre querendo? Depois eu é que
sou burra…
– Quis dizer que foi uma coincidência ele morrer bem no dia dos mortos, sua bocó.
– E o que isso tem a ver com a chuva?
– Está chovendo porque é dia de finados, não porque morreu gente da nossa família. Pode
reparar! Todo dia de finados chove. Ano passado, quando a gente foi para Bertioga. Lembra?
Choveu. Ano retrasado, em Iguape? Choveu também. Finados sempre chove.
– Não é nada disso, sua bestalhona! A tia Guida disse que é porque deus gosta muito da nossa
família e sempre que morre alguém ele chora também.
– Ah, essa é boa! Se deus matou o bisa, porque você acha que ele iria chorar?
– Deus não matou o bisa! Você só fala merda!
– Ah, é? Pergunta pra vó, pra você ver se não foi deus quem matou o bisa.
E lá foi ela…
– Vó, porque o bisa morreu?
– Porque deus assim o quis, querida.
Ela olhou pra mim assustada…
– Viu?
– Deus é mau.
– Eu não disse? Por que você acha que a gente tem que rezar tanto pra ele? Se ele fosse bom a
gente não precisava implorar tanto pra ele fazer o que a gente quer.
– Uau… é verdade.



Escrito pela Alê Félix
3, novembro, 2003
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A paixão nos tira a graça quando acontece pela primeira vez. Não para sempre – com o tempo
aprendemos a domá-la, mas no começo ela parece incontrolável. Graças a deus, nesta fase, ela
assusta, mas tem os dias contados. A gente até acredita que ela morrerá conosco, mas ela passa.
Sempre passa. Dói pra cacete e não há nada no mundo que cure as dores que ela traz. Às vezes, a
cicatriz é tão profunda que nos faz olhar pra ela a vida inteira, mas a dor acaba. Paixão de
adolescente, ou destrói um pouco do mundo que construímos, ou nos aprisiona. Foi o que aconteceu
com a Marilu. Ela era livre, até que se apaixonou. O Kiko monopolizou sua mente, roubou-lhe o
sorriso e tomou seu coração. Ela não conseguia se concentrar em mais nada. Por horas, eu fui
obrigada a contar tudo o que sabia sobre ele, sua vida, namoradas passadas, família e
interesses. Mesmo ansiosíssima com a proximidade do meu primeiro beijo, não pude deixá-la sem as
respostas que precisava sobre o moço que, dali pra frente, mudaria a sua vida.
O dia acabou. Minha espera também chegava ao fim. Meus pais, que haviam deixado a Marilu dormir
em casa, contrariando todo o sermão do dia anterior, decidiram implicar na hora da chuva de
meteoros. Não nos proibiram de olhar para o céu, não teria lógica, já que eles acreditaram na
estória do trabalho escolar, mas teríamos que fazê-lo do portão para dentro e não na rua. Foi
uma decepção, mas não houve nada que pudéssemos fazer. Nos contentamos em ficar na garagem que
nos separava da rua somente por um portão de grades. Dali, seria possível conversarmos com os
meninos e olharmos os meteoros que os jornais prometeram.
O céu fechou. As nuvens esconderam as estrelas e a minha família desistiu de manter o pescoço
virado para a lua. Eu e a Marilu imploramos pra ficar. Eles deixaram. Barra limpa, não demorou
muito para o Murilo e o Ivo chegarem montados em suas bicicletas e se aproximarem do portão.
Conversamos um pouco – eles do lado de fora, nós do lado de dentro. Não teve mesmo jeito. Rimos
das marcas roxas que a Marilu deixou no Ivo com a guerra de travesseiros e, pouco depois, os
dois decidiram subir no muro pra conversar e me deixaram a sós e entre as grades com o Murilo.
Eu não podia mais fugir. Ele começou:
– E então?
– Então…
Minha voz não saía. Ele riu e me pegou pelas mãos. Um friozinho gelado percorreu minha espinha
de uma ponta a outra. Senti os pêlos dos braços arrepiarem, como nas estórias de assombração que
meu avô contava, com a diferença que, ao invés de lacrimejar e correr pra perto da minha mãe,
aqueles arrepios aconteciam misturados a uma deliciosa sensação corporal que me fazia querer
abraçá-lo bem apertado. Ele percebeu e deslizou seus dedos pelo meu pulso.
– Você está com frio.
– Só um pouco…
Passou as mãos pelos meus braços como se quisesse aquecê-los.
– Você já tem uma resposta pra mim?
Senti um calor que coloriu minhas bochechas. Suspirei, abaixei os olhos e percebi que nossos
rostos estavam próximos. Recuei um pouco.
– Suas mãos estão geladas.
Eu estava inteira gelada. Gelada, trêmula, envergonhada, assustada, preocupada e confusa. E se
ele percebesse que eu não sabia beijar? Ele me deixava tão insegura! Era um garoto tão metido a
sabichão! Lindo, mas galinha demais, falastrão demais. Eu tinha certeza de que ele espalharia
para o bairro todo o quão beija-mal eu era. Eu não conseguia relaxar. Como se não
bastasse, ainda considerava a possibilidade dele estar me fazendo de boba.
– Você jura que não está namorando ninguém?
– Não, Alê. Já disse que não. Pergunta pra Marilu, para o Ivo, pra quem você quiser.
– Eu sei, é que você não tem uma fama muito boa e você sabe disso.
– Com você é diferente.
– Você deve dizer isso para todas as meninas.
– Você acha que eu teria esperado até agora a sua resposta, se eu não gostasse de você?
Abraçou-me como pôde. Eu recuei mais um pouco, mas mantive minhas mãos entrelaçadas as dele.
Mudei de assunto na tentativa de ganhar tempo:
– É, pelo visto será impossível ver esta chuva de meteoros. O céu está muito nublado. Nem a lua
deu as caras.
– Só o fato desta notícia ter permitido que os seus pais deixassem você ficar aqui hoje já foi
suficiente.
– Foi uma boa desculpa…
– A gente pode dizer pra todo mundo que começou a namorar em uma noite de chuva de meteoros. O
que você acha?
– Uma chuva de meteoros que se escondeu de nós.
– Ah, ela deve ser tímida. Como você.
Mesmo que eu não fosse, teria ficado. Sorri avermelhada e ele me puxou de novo pra perto dele. O
portão atrapalhava cada vez mais.
– Parece que essas grades não querem que a gente namore.
– Mas elas não vão impedir, vão?
Encabulada, tentei desviar meu olhar do dele. Não consegui. Senti novamente o rosto dele colando
no meu. Ele me pegou pela cintura, me aproximou do seu corpo e beijou meu queixo, meu nariz, me
apertou um pouco mais contra as grades de ferro do portão. Eu fechei os olhos, tentei me
desvencilhar dos seus braços, mas ele me beijou.
O breu dos olhos fechados misturado com o gelo do meu estômago me causaram comichões que
bloquearam meus pensamentos por segundos e, antes que eu me desse conta do que estava fazendo e
pudesse avaliar se aquilo era bom ou ruim, um estrondo e um golpe do lado direito do meu corpo
me jogou no chão. O Murilo deu um salto para trás apertando uma das mãos. Estava sangrando. A
Marilu e o Ivo, desesperados, vieram nos socorrer.

———-> Continua

Clique aqui para
ler o Post I – A saga do primeiro beijo.



Escrito pela Alê Félix
1, novembro, 2003
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Acabei de escrever umas três, quatro páginas sobre a saga do primeiro beijo. Fechei o
arquivo e gelei:
– Caraca, esqueci de salvar!
Sorte existir na minha vida um maridon que me conhece a ponto de configurar tudo que é possível
nesta máquina para salvar de cinco em cinco segundos. Se não fosse ele, nunca mais vocês
ouviriam falar daquele beijo.
Agora vou me recuperar do susto e dormir. Amanhã eu dou uma olhada naquilo e posto mais um
capítulo.
E vocês? Já mandaram suas histórias dos primeiros beijos? Mandem, mandem, mandem. Estou adorando
recebê-las e publicá-las.

Beijoca no nariz e bom dia. Daqui a pouco o sol nasce e já é hora de dormir. Inté.



Escrito pela Alê Félix
1, novembro, 2003
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Daniela Abade deu uma
entrevista para a Revista Oi deste
mês. Vejam, vale a pena. A revista é muito bem produzida e, de quebra, vocês ficam sabendo um
pouquinho mais sobre essa moça que escreve, faz e acontece. Eu sei, eu sei que eu vivo puxando o
saco dela. Mas, não é em vão. Primeiro porque defendo com unhas e dentes o trabalho das pessoas
que eu aposto, segundo porque vocês não podem deixar de ler este livro,
caramba!
Aliás, aproveitem e comprem. Ele está à venda na Siciliano, no Submarino, na Livraria Cultura, Sodiler, Livrarias Curitiba, aqui na editora e em várias outras livrarias. Até em Portugal você pode comprá-lo. Então, tá esperando o quê?
Ela aparecer no Jô Soares? Em breve, em breve…
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Escrito pela Alê Félix
1, novembro, 2003
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