O médico me deu alta no dia seguinte. Mesmo com aquele anel lindo reluzindo na minha mão
direita, a minha cabeça ainda estava no ex e não no meu futuro marido. Não estava arrependida de
ter aceitado o pedido de casamento, principalmente porque imaginar a cara do ex quando soubesse
da novidade, me dava um prazer enorme. Ele terminou nosso namoro, ficou com a loira musicista,
mas eu estava noiva e casaria em menos de seis meses. Queria ver a cara do pateta quando
contassem. Sentimento de culpa por usar o clone para me vingar do ex? Nenhuma. Eu gostava do
Rodrigo (clone) e acreditava realmente que poderia me apaixonar com o tempo. Mas, primeiro, eu
daria o troco no ex.
Não demorou muito para que todo o meu despeito se tornasse um grande pesadelo. Rodrigo chegou um
pouco antes dos meus pais no hospital e entrou no meu quarto todo sorridente:
– Meu amor! Como você está se sentindo?
– Bem… bem melhor.
– Contei para os meus pais que vamos casar no fim do ano. Eles querem marcar um jantar na semana
que vem para que as nossas famílias se conheçam.
– O quê? De jeito nenhum! Quer dizer, vamos com calma…
– Calma? Mas nós combinamos ontem de casar no dia do seu aniversário. Precisamos ser práticos.
Não me dei conta de que casar implicava em comunicar à minha família, o que seria um caso sério
na minha vida. Desde a adolescência eu mantinha uma espécie de vida dupla. Não que meus pais não
soubessem quem eu era, mas meus problemas, namorados e farras eram mantidos longe do
conhecimento deles. Não por colecionar histórias muito cabeludas, grande parte até era, mas não
era só por isso. Eu tentava preservá-los das minhas confusões e garantir o meu sossego. Pai e
mãe podem dizer o que for, algumas coisas eles não estão preparados para ouvir. Aquela era uma
delas. Meus pais mal sabiam que eu namorava, como eu poderia apresentar um noivo de uma hora pra
outra?
– Não quero que os meus pais saibam deste noivado. Por enquanto, não.
– Mas porque? Teu pai não parece tão bravo assim…
– Ele é! Acredite. Ele é muito bravo. Se souber que eu estou namorando ele me bota em uma escola
de freiras.
– Alê, você já acabou os estudos…
– É sério. Ele me obriga a entrar para um convento ou coisa parecida.
– Alessandra…
– Não acredita? Pergunta para Marilu. Liga pra ela e pergunta os apuros que nós passamos quando
éramos mais novas.
– Não vou perder meu tempo com as suas histórias. Não vou fazer uma ligação internacional para
tentar compreender as suas maluquices. Teu pai, nem de longe deve ser o bicho papão que você
planta.
– Isso porque ele acha que você é meu amigo. Experimente virar namorado e você conhecerá a fera.
Arrisque dizer que vamos casar e seus dias na Terra estarão contados.
– Seu pai nunca soube de nenhum namorado seu?
– Nunca.
– Nunca desconfiou?
– Acho que sim, mas certeza, nunca teve. Minha mãe desconfiou uma vez. Se eu contar os detalhes
da surra que eu levei, você morrerá de dó de mim. Então encerramos este assunto por aqui.
Usava meus pais de escudo sempre que necessário. No começo, porque eles eram bravos de verdade,
mas depois era por ter acostumado com a idéia. Tornou-se confortável. Filha mais velha e com
pais conservadores – não foi nada fácil conquistar a confiança e a permissão deles para fazer
tudo o que eu quis. Foram anos de brigas e de namorados escondidos para que eu tivesse a
liberdade que eu queria. Nada no mundo me faria contar, por exemplo, o verdadeiro motivo da
minha estada naquele hospital e muito menos o porquê daquela aliança. Para me livrar destes
contratempos, eu usava de toda a minha inteligência e capacidade de improviso para convencê-los
de que não precisavam se preocupar comigo.
– Alessandra, que anel é este no seu dedo?
– Anel? Ah, achei no doce.
– Doce? Muito bonito pra vir em um doce.
– Não é um doce qualquer. É uma confeitaria bacana que vende uns doces invocados… Abriu faz
pouco tempo… Lá no shopping… Que horas são hein, mãe?
– Cinco e meia.
– Vou sair com o Rodrigo. Se ele ligar você diz que eu estou no banho?
– Onde vocês vão?
– Um aniversário…
– Você vê se pára de comer porcarias. Janta antes de sair. Assim não se empanturra de doces por
aí.
Nove horas da noite na sala de jantar, todos vestidos com roupas de festa de formatura, eu
embasbacada. Não sabia se me impressionava mais com os talheres da mesa ou com os pensamentos
sobre as possíveis roupas que aquelas pessoas usariam no dia do raio do casamento. Pai, mãe,
irmãos, sobrinhos recém-nascidos, tios e avós, todos me dando os parabéns e me tratando como se
fosse da família. Eu estava começando a ficar assustada quando a mãe dele pediu que eu a
acompanhasse até o seu quarto. A segui pelo corredor, ela abriu a porta, pediu que eu sentasse
sobre a sua cama, puxou a banqueta sob a penteadeira, sentou-se de frente a um baú e tirou de lá
um grande embrulho.
– Este foi o meu vestido de noiva. Quero que você use no dia do seu casamento com o meu filho.
———————>> Continua.
Clique aqui para
ler o Post I – O começo de toda a história do videotexto
novembro 8th, 2003 às 23:52 
novembro 9th, 2003 às 0:15 ….que isso, aqui é aconchegantessissimo…..ehhehe….doravante me tolere aqui entaum,
ok???…beijus…cri
novembro 9th, 2003 às 0:20 linkar-te-ei
novembro 9th, 2003 às 7:46 Eu poderia dizer “ótimo texto, como sempre” mas não. ESTE AQUI, em particular, eu gostei, há um
trecho que eu me identifiquei, onde você fala da “vida dupla”. É, até hoje eu vivo ainda um
pouco essa vida dupla.
Beijocas!
Anônimo
novembro 9th, 2003 às 9:08A marilu voltouuuu
novembro 9th, 2003 às 13:26 maravilhoso…me diz onde fica essa confeitaria?hehe…axo q a maioria dos adolescentes ou tem
ou já teve uma vida dessas…eu tenho…ñ posso contar tdo q eu faço para os meus pais señ eles
infartam…Bjocas ñ vejo a hora d ler os proximos capitulos…
novembro 9th, 2003 às 13:32 Olá! Eu simplesmente A-D-O-R-E-I seu blog… Voltei nos arquivos, bem no início e li tudo! Li as
histórias do videotexto, da saga do primeiro beijo e da mulher do pires todinhas… Agora eu vou
ter q esperar vc postar de novo, Alê… :-))) Li tudo, tudo… Vc escreve super bem, o blog tá
ótimo! Parabéns! ^_^
novembro 9th, 2003 às 13:46 Esse negócio de vida dupla para salvar os pais de decepções e preocupações é bem legal. Tb faço
assim!!! hehe
EU AMO VIDEOTEXTO.
Bjs
novembro 9th, 2003 às 14:47 MARILU!!! =D MARILU!!! Que lindo! Amei ver o nome dela na história! Sou uma grande fã dela, rs.
Beijão.
novembro 9th, 2003 às 20:36 Caramba, tinha tanto tempo que você não escrevia o video-texto que tive que reler o post 1 para
me situar. E sobre a continuação, fica aquela vontade de ler mais e mais.
Beijos
Darla
novembro 9th, 2003 às 21:31Alê..surra que vc levou fou por causa do Murilo? Será que foi no dia do seu 1º beijo?
Será que foi isso q aconteceu?
Já que vc ñ posta temos que tirar nossas proprias conclusões, né?
agora, acho q vc está nos torturando demais..posta logo a Saga vai….
Darla
novembro 9th, 2003 às 21:32Alê..surra que vc levou fou por causa do Murilo? Será que foi no dia do seu 1º beijo?
Será que foi isso q aconteceu?
Já que vc ñ posta temos que tirar nossas proprias conclusões, né?
agora, acho q vc está nos torturando demais..posta logo a Saga vai….
novembro 9th, 2003 às 21:44 Nossa Alessandra, suas historias sao demais.. A do videotexto é tudo de bom, mas ainda prefiro a
saga do primeiro beijo.. Voltei no inicio de seus posts e li tudo.. Seu blog é demais, nunca
pare de postar.. bjus Yara
novembro 10th, 2003 às 6:32 gente.. nem acredito que li aqui como rolou o tal beijo da saga.. eu pensei que morreria e naum
saberia o final dessa história.. q na verdade ainda naum chegou ao fim.. alê, seja boazinha..
libera logo as cenas do próximo capítulo va…
novembro 10th, 2003 às 6:55 Ahhh.. libere estas cenas do próximo capítulo, senão a galera desespera…
rs
alias, nunca comentei, mas as “meninas” no template estão parecendo comigo… aiai
rs
Beijos
Priscila Jammal
novembro 10th, 2003 às 7:01 É, mulher! Você continua cheia de fãs fiéis. Eles nunca a abandonarão! Mandei um texto para
você. Muitos de meus amigos aqui de Campos visitam o Amarula com Sucrilhos de tanto que eu falo,
e depois acabam gostando também. Tem como não se apaixonar????
novembro 10th, 2003 às 9:54 Minina!!!!! Cadê a Saga do Primeiro Beijo?! Já tô super ansiosa! Não aguento mais! Manda logo as
cenas do próximo capítulo!!
Beijos!!
(0: Carol :0)
novembro 10th, 2003 às 11:15 eu quero a saga……snif sinif….=(……eu quero sabeer o q aconteceu…..
bjus
novembro 10th, 2003 às 12:09 como assim alessandra felix?? vc foi ficar noiva sem os seus pais????? meu deus do céu… isso é
loucura, né nao????
andrea
novembro 10th, 2003 às 14:14Ale,
será q agora termina a saga??
tô super curiosa…
bjus
novembro 10th, 2003 às 14:38 (10/11)
Fikei imaginando kem seria tão subversivo ao ponto de comer amarula com sucrilhos hahaha… mto
ilário!
Depois de algum tempo me tokei na verdade q nunca bebi amarula, mas creio q seja tão ou mais
forte q um tal de bacardi, caxaça pura!
Meus namorados sempre foram escondidos. Minha mãe desconfiava, mas meu pai, acho q ele não keria
q eu crescesse. E mal sabem eles q os filhos crescem mesmo. Eles tb são mto conservadores, vi
minha irmã tem, altos kebra-paus com meu pai. Tb, ela era louca, saia mesmo depois da faculdade
(q era à noite) e ia p/ balada em pleno meio de semana! hahaha
Gostei daki. Virei sempre q puder.
Qdfo tiver um tempo, vá ouvir os meus sussurros incomprteendidos lá no Anéis. Espero vc!
Boa semana!
novembro 10th, 2003 às 14:48 Alessandra, se não for pedir muito, passa no meu blog e dá uma lida na história q estou
contando. Acho q vc vai gostar, pois pelo q vi, temos os mesmos pensamentos a respeito de
algumas coisas. Passa lá vai! B-jim, ALINE
Babi
novembro 10th, 2003 às 15:55Alê,
fiquei feliz por ter escrito mais um Video Texto.
Adoro suas hisórias e não sei se fico mais curiosa com a Saga ou com o Video.
Escreva mais assim que possível.
Abraços e tenha uma ótima semana!!!
novembro 10th, 2003 às 20:08 Ale, muito obrigada mesmo pelas suas palavras sobre a editora e tudo mais. Dia 15 espero te ver
aí em Sampa (chego dia 14, se der vamos nos ver antes!). A festita vai rolar no Pão com
Manteiga, às 19:30. Vou colocar os detalhes mais pro fim da semana no blog.
Beijo!
novembro 10th, 2003 às 23:00 (comentário clichê)
Sempre entrei aqui, nunca deixei comentário… mas agora fui incentivada pela amiga Thais
(Foscoforescencia).
Você escreve divinamente.. se minha conexão não fosse tão ruim juro que eu lia toda a saga do 1º
beijo e os videotextos… mas infelizmente levaria semanas para fazer isso 😉
novembro 11th, 2003 às 11:15 Alessandra, por favor escreva logo a continuação dessa história. Diga-se de passagem, uma
história muito boa.
Um abraço.
nickita
novembro 11th, 2003 às 12:12Putz!!!
Como você se metia em encrencas, heim Alê!!!
Nunca vi alguém assim… hehehehe
Ju
novembro 11th, 2003 às 12:29ooooooowwwwwww
jah eh dia 11, tah na hora de colocar a Saga…… jah demorou bastante
l.
novembro 11th, 2003 às 13:58por favorr!
coloca a continuação da saga do beijo lá!
Juliana
novembro 17th, 2003 às 19:11Também amei ver o nome da Marilu na história!! Quer dizer então que ela saiu do país??
Té q enfim, das cinzas se reconstitui… o videotexto! Mas eu ainda sou fiel à saga!
Eternamente…
Beijos