Nada como uma espanhola – que fique claro que estou me referindo a vinho com leite moça e abacaxi – para acabar com uma crise de pudores! Que
fresca que eu sou! Eu só precisava fotografar os peladões, nada mais do que isso! Nada que justificasse um momento “oh, céus… oh, vida”. Além do
mais, estava divertido espiar pelas lentes da câmera fotográfica.
Uma coisa era certa, aquela era uma oportunidade única. Quando na vida eu teria tanta gente pelada diante dos meus olhos e com permissão para
fotografá-las? Eu era a versão feminina do Spencer Tunick! O que mais eu poderia querer?
Enquanto fotografava, me questionava sobre como era o dia a dia daquelas pessoas, como elas seriam vestidas, trabalhando, andando por aí… É
engraçado imaginar que as pessoas transam, mais ainda imaginar suas fantasias. Que coragem se deixar fotografar! Impressionante mesmo era a
diversidade de detalhes secretos. Esses que estamos acostumados a esconder, sabe? Bicos de peito por exemplo, incrível como eles tem personalidade!
Juro que durante muitos anos achei que todos fossem iguais. Pipius, então? Valha-me deus, que festa! Defini naquela noite as características
prediletas de um pênis, ao menos pra mim. Depois de analisar os meninos de direita e os de esquerda, descobri que eu prefiro os medianos, os que
ficam em posição de sentido e os que aparentam ser mais grossos que o meu dedão do pé.
Eu já me sentia livre, leve, solta e sorridente quando notei que algumas pessoas demonstravam um certo desconforto com a minha presença. Achei
estranho, mas preferi acreditar que eram casos isolados de timidez, afinal, foram eles que me contrataram para registrar aquela orgia. Quer dizer
eles não, o casal do videotexto, mas seria muito pouco provável que não fosse uma contratação de comum acordo.
A impressão de incômodo durou pouco, claro que graças ao efeito da mistureba de vinho, uísque e bebidas doces… céus, malditas bebidas doces!
Exagerei nas olhadas. Exagerei tanto, que só cai na real quando a dona da festa me puxou pelo braço fazendo com que a minha preciosa Nikon F2A
deslizasse pelos meus braços e caísse bem em cima dos quase vinte centímetros do Long Dong Silver que se exibia com duas moçoilas a tiracolo. Parte
da festa parou. Uma confusão em volta do avantajado, que não dava pra acreditar. Não era possível que tivesse doído tanto assim. Não acertou em
cheio, não! Só amorteceu a queda fatal da minha máquina. Ufa!
O maior bafafá e eu tentando salvar uma parte que fosse do rolo de filme que a máquina cuspira. E em vão, porque a dona só faltou me tirar dali pelos
cabelos. Puxava tanto meus braços que eu deixei o filme se perder no meio do povo e atendi aos apelos da mulher.
– O que houve?
– Menina, o que você pensa que está fazendo?
– Como assim? Fotografando, ué!
– Você é louca?
– Eu? A senhora promove uma festa como esta e a louca sou eu?
– O que você pretende? Acabar com a nossa reputação?
– Anh? A senhora só pode estar de brincadeira!
– Menina, venha cá.
Mania feia essa de arrastar os outros pelo braço. A dor já estava começando e o meu humor já estava acabando.
– Fala, fala logo o que a senhora quer, porque eu vou embora dessa festa de gente maluca!
– Mas não tenha dúvidas de que você em breve estará fora da minha casa. Você acabou com a nossa privacidade!
– O quê? Privacidade? Eu? Ooi, tem alguém aí nesta cachola acaju? O que é que vocês chamam de privacidade?
O casal do videotexto, acompanhado pelo marido da dona louca, nos salvou de uma discussão mais séria. Os dois atropelavam os passos com uma muda de
roupa na mão e outras atravessadas pelo corpo. O dono da festa vestia um roupão de banho no corpo e uma expressão estupefata no rosto.
– Que bom! Só faltavam vocês, mesmo! Vocês dois querem por favor dizer pra essa senhora que eu não fiz nada de errado? Não tenho culpa que a câmera
caiu bem no bigulinho do rapaz. E só caiu porque ela veio, pegou meu braço e saiu me arrastando como se eu fosse um saco de cimento. Se bem que, cá
entre nós, essa daí tem cara de que nunca viu um saco de cimento na vida…
Com o rabo no meio das pernas o casalzinho do videotexto não abriu a boca. Nenhum dos dois! O dono da casa, com sua voz de mordomo da novela das
oito, resumiu os fatos para todos nós. Cinco minutos depois, eu e o casal surreal atravessávamos o jardim em silêncio, junto com um dos trogloditas
da segurança. Eu? Muito, muito indignada e com a cabeça tão quente de vergonha, que o álcool que restava no meu cérebro me fez explodir com aquelas
duas bestas quadradas.
– Mico! Mico gigante! Que tipo de suingueiros não sabe que não se pode tirar fotos das festas? Como é que vocês querem brincar num lugar desses se
não sabem as regras? Eu não! Eu não tinha obrigação nenhuma de saber dessas coisas porque até em sonho eu sou careta! Mas vocês dois… e ainda me
meteram no rolo! Que cabeça, a minha… Eu devia ter desconfiado, mas não… Expulsa do surubão! Era só o que me faltava, nesta vida.
– Dá pra fechar a matraca aí, ô gordinha? – grunhiu o troglodita quando já estávamos com os pés na rua.
– Olha aqui, ô… – curvei o corpo para o lado e alonguei-me o máximo que pude para enfiar o dedo no queixo do sujeito quando ele olhou pra mim e
soltou surpreso:
– Ei, você não é a filha da Dona Maria?
———————–>> Continua
Clique aqui para ler o Post I – O começo de toda a história



Postado por:Alê Félix
25/07/2003
0 Comentários
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Glau

julho 25th, 2003 às 16:37

Huahuahuahua, tá muito hilário isso!!!
Não li desde o começo, mas comecei a ler quando apareceu esse casal maluco… hehe…
Sempre entro pra ver se tem Videotexto ou a Saga do Primeiro Beijo. =)
Você escreve muito bem! Beijão! ^.~


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Juliano

julho 25th, 2003 às 18:51

Parabéns, teu texto é muito bom.


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Paty

julho 25th, 2003 às 19:03

ahuhuahuahuahuhuahua…hilário d+!!!
huahuahuahuahahahu…sem comentários…tu escreve mto bem e é isso! parabéns =0)


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Cynthia

julho 25th, 2003 às 19:57

Hahahaahahha, animal, muito bom mesmo!
Parabéns!


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macaco

julho 26th, 2003 às 1:46

hahhahahhaa
Dona Maria!!
hahhahahhaa
realmente to rindo mt desse post!!!
ta d parabens Alê!!! c ta se superando kda vez mais!!
e pode dexar q dessa vez eu naum vo reclamar!! = /
bjinhusss


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Taci

julho 26th, 2003 às 4:05

Ale tu que me deixar doida é?! antes eu so lia a saga do beijo, ai fui inventar de ler o videotexto e agora to morrendo de curiosidade pra saber como
termina os dois… =D tu escreve muito bem.. parabens! =)
beijoss


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Lua Nua

julho 26th, 2003 às 10:13

Oi Alê, que tal menos armas e mais Paz?
Lua Nua e Marromeno – http://www.marromeno.blogger.com.br – estão entrando na
campanha do desarmamento, pela Paz. Desenhei um selo para a filhota (do Marromeno). Se quiser pode pegar num dos dois. Por nossos filhos e por nós.
Beijos


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Nostra

julho 28th, 2003 às 13:35

Hmmm… Aquela F2 no bingulim deve ter doído pacas. Um amigo meu tinha uma FE… como pesa aquilo…. To louco pra ver o fim dessa história.
Bjs,
Nostra


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Leda

julho 30th, 2003 às 7:58

Simplesmente genial!!


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