Hoje, à partir das 20 horas, vocês poderão acompanhar a entrevista com a Daniela Abade
no programa Blog & Roll da AllTV.
Aproveitem e comprem de uma vez por todas o livro da moça clicando aqui ou liguem aqui na editora que eu envio pra vocês.
Beijos nas bochechas e voltem logo, porque esta semana eu tenho mais novidades!



Postado por:Alê Félix
30/06/2003
0 Comentários
Compartilhe
gravatar

Anônimo

janeiro 11th, 2004 às 17:21

Os melhores e os piores fatos da minha vida aconteceram e, acontecem, entre meados de novembro a meados de fevereiro. Não é uma superstição, mas sim
uma constatação.
Eu não sei se a minha memória é uma dádiva ou um problema, mas se não fosse por ela, meu olhar para a vida seria tão miope quanto os meus olhos.
Há dez anos eu sai da casa onde eu cresci com a promessa de que eu nunca mais voltaria. Eu e minhas juras eternas. Me faça chorar e eu disparo meia
dúzias de “para sempre”. Dessa vez eu não chorei. Tive vontade, estou com vontade, mas é um choro que não se chora. Carrego uma mágoa filha da puta
no peito, mas eu sinto que ela virou um assunto de menino. Se meninos não choram, meninas fortes também não. E foi assim que eu cresci… Não
consegui engolir metade das minhas lágrimas, mas algumas não sairão nunca mais de dentro de mim.
Não estou triste, estou reflexiva. E dessa vez, não sinto mais o medo que me torturava.
Com poucas roupas na mochila eu prometi para minha mãe que eu passaria o carnaval pensando. Dez anos depois, estou de volta com a intenção de passar
o Reveillon pensando. Eu deveria pensar menos.
Minhas amigas, meu bairro, as pessoas que nunca me apresentaram, mas que me comprimentam quando eu passo… Aqui tudo cheira a passado e parece que a
vida deu um jeito de me fazer fechar um ciclo onde tudo começou. Eu nem sei se quero este ponto final, mas acabou. Daqui pra frente, o que tiver que
ser, terá que vir com um primeiro parágrafo.
Encontrei roupas antigas no guarda-roupa. Não entendo porque minha mãe as mantem aqui… Nem em pensamento eu entraria neste macacão. Meus poucos
discos ruins de vinil… Que horror! Todos guardados. Pra quê?. Nem temos mais toca discos. Encontrei vestígios da minha história no cheiro dos
armários, na textura dos lençois da cama, no silêncio da casa vazia e nas caixas com tranqueiras do depósito.
Aqui não me sinto mais em casa, mas eu sei que ela ainda é minha. Talvez, aqui, eu sobreviva. Mas eu só vim para pensar…
Eu nunca tive bom gosto musical. Mas, como o gosto é meu, mesmo ruim ele é bom


Deixe um comentário