Vida nova. Será?
Meu sentimento de incompetência foi embora no instante em que o contrato foi assinado pelo bebum. O mais engraçado é
que, o que era pra ser um contrato bobo entre empresas, se tornou um evento. Saímos para beber: eu, ele e a
recepcionista-esposa. O Claudio tinha a incrível capacidade de embriagar todos os seres a sua volta. No final, a
noite foi tão boa que juramos amizade eterna e nos ver mais vezes – nunca mais nos falamos.
Fui fechando um contrato atrás do outro. Meu primeiro mês de trabalho me rendeu um carro, um vício terrível em lojas
de shoppings e uma neura louca de arriscar dinheiro em ações e outros tipos de investimentos de risco.
Minha vida tranqüila de fotógrafa, amigos e tardes nos bares da Vila Madalena foi substituída por doze horas de
trabalho diárias, amigos empresários e temporários e fins de tarde em casas de chá com dança do ventre. Pois é, por
obra do acaso fui parar na região do Brás, Pari, 25 de Março e acabei colocando o raio do videotexto em quase todos
os estabelecimentos comerciais daquela região. Descobri que os tão mal falados comerciantes de lá eram pessoas
maravilhosas, divertidas e cheias de histórias pra contar. A maioria imigrantes, batalhadores, apaixonados pelo
Brasil e por mim (eles iam tanto com a minha cara que me apresentavam para todos os “primas”. Cada apresentação um
contrato, era incrível.)
Com o tempo comecei a ganhar tanto dinheiro que a vida começou a perder um pouco da graça e, quando a diversão com a
conta bancária acabou, pensei em largar tudo e voltar a ser pobre e feliz. Mas tinha o problema de perder o terminal
de videotexto… e dele eu não queria abrir mão de jeito algum.
Meu único divertimento era chegar em casa, esticar as pernas, ligar o videotexto e conhecer gente virtual no
videopapo. Se eu pedisse pra ser mandada embora, teria que devolver minha maquininha de fazer amigos. Então decidi
que antes que isto acontecesse, eu faria dos amigos virtuais, amigos reais e tudo estaria resolvido.
A decisão parecia fácil: era só trocar telefones e conhecer as pessoas ao vivo e a cores. Passei um fim de semana
inteiro pendurada no videopapo e com a agenda lotada para o resto da semana: segunda, às quatorze horas, almoço com
o Loiro27a; terça, às dezoito, shopping com o GatãoSP; quarta, às sete da noite, passar na faculdade da Loba;
quinta, depois do expediente, passar no escritório
do (a) <o><o> e, na sexta, ligar para o Locutor e confirmar.
_______________>>> Continua
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ler o Post VII – Quem entende?

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ler o Post VI – Pensa rápido!

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ler o Post III – A primeira noite no videopapo

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ler o Post I – O começo de toda a história



Postado por:Alê Félix
21/02/2003
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