Hoje é a festa de aniversário do meu sobrinho. Festão! E não é sem motivo, o garoto é foda de legal! Fizemos um
jornalzinho com fotos e textos sobre ele. Maridon fez o layout e eu tentei contar a história. Estranho, pensar que
ele pode ver esta lembrança por anos e anos, estranho.

O anúncio de uma gravidez vem sempre acompanhado de dois sentimentos: surpresa e alegria. E foi assim que
as famílias dos Felix e a dos Alves receberam a notícia de que a Shirley e o Alexandre trariam ao mundo em poucos
meses uma misturinha do amor dos dois.
Foi uma correria! Corre comprar as roupinhas do bebê, corre pintar o quarto, corre comprar um bercinho,
fraudas, muitas fraudas, corre pra lá e corre pra cá. Mas Deus fez tudo direitinho e deu para o casal nove meses de
gravidez saudável e cheios de disposição. Toda a família ajudou: a vó Maria, o vô Oswaldo, a vó Izabel, o vô Carlos,
todos os tios, as tias, os primos, as primas, os amigos, os vizinhos, sobrou energia até para a bisavó Ana e os
bisavós Lourdes e David. Todos aguardaram com ansiedade e felicidade o nascimento do bebê e todo santo mês da
gestação a mesma pergunta se repetia: Já sabe se é menino ou menina? A resposta era sempre a mesma: Não, ainda não.
O danadinho do bebê fez suspense até o dia do seu nascimento e deixou todos mortos de curiosidade. Nem
mesmo a poderosa ultra-sonografia pôde com a rapidez dos movimentos do bebê. – Opa! Ultra-som! Deixa eu me esconder!
Papai e mamãe só vão saber quando eu nascer.
O brilho das árvores de Natal, os presentes e as saudações de felicidade fizeram com que o bebê achasse
que já estava na hora do nascimento. Ficou todo feliz e esperneou tanto que achamos que suas pernas saltariam da
barriga da mamãe.
– Que menino forte, esse! – dizia orgulhoso o papai.
No reveillon de 2001 para 2002 o bebê ouviu os fogos de artifício, viu o colorido mágico no céu e quis
nascer o quanto antes para ver a festa, mas seu anjinho da guarda pediu para que ele esperasse mais um pouquinho.
– Não, bebê. Espera mais um pouco, ainda não é a sua vez. Falta pouco.
No dia 4 de janeiro de 2002, logo pela manhã, o anjinho voltou para dizer para o bebê que aquele era o
dia do nascimento dele, deu-lhe um abraço apertado cheio de saúde, um beijo de boa ventura e um aperto de mão
recheado de sabedoria. O anjo da guarda do bebê era um sujeito muito simpático e brincalhão e havia passado os nove
meses, contando histórias para o bebê sobre a beleza do universo, os seus mistérios, a complexidade dos seres vivos
e dádiva que era ganhar um passeio pela Terra.
Avisou-lhe que estar vivo era um processo de evolução do início ao fim, onde ele teria sempre que
exercitar a comunicação, o corpo e os sentimentos. Que no começo é sempre mais difícil, mas que ele estaria
acompanhando-o o tempo todo em pensamento e pediu para que ele nunca esquecesse, mesmo com o passar dos anos, de que
os primeiros ensinamentos valeriam para a vida toda: antes de andar aprenda a engatinhar, antes de falar preste
atenção na fala dos outros, antes de se meter em encrencas enfie o dedo na tomada. O bebê riu e nasceu sorrindo. Era
um menino realmente forte! Nasceu grande e saudável e, por conta da conversa com o anjo, esqueceu de nascer de parto
normal e nasceu de cesariana, mesmo. Também, quem poderia resistir a um anjo cheio de histórias pra contar? Nasceu
tranqüilo, bem humorado, sem medo, com vontade de descobrir a vida, conhecer as pessoas, nasceu com fome e com sono.
Pensa o quê? Dá trabalho passar de feto para neném! Mas o sono passou logo diante de tantas novidades e rapidamente
ele passou a ter uma vida agitada: pediu logo cedo um cardápio alimentar mais variado, foi parar sorridente em todos
os colos que lhe colocavam, observava todos os detalhes com muita atenção e superou os seus limites em tempos
recordes.
Antes dos cinco meses aprendeu a engatinhar, com seis já sentava, com sete ficava de pé sozinho, com oito
falou “mamã” e “papá”, aos nove arriscou os primeiros passos e, com dez meses, levantou do chão, andou pela cozinha
de um lado até o outro e refestelou-se gargalhando com o bumbum no chão.
Sempre, sempre com a mesma disposição para aprender, com a mesma alegria e sorriso rasgando as bochechas,
sempre feliz com as suas conquistas e avanços, sempre levantando depois dos tombos e andando firme e cada vez mais
forte.
E foi assim que o primeiro ano do Vinícius se completou. O seu primeiro dedinho de vida foi uma aventura
emocionante e repleta de vitórias e agora todos torcem para que no seu segundo ano de vida ele aprenda, entre outras
coisas, que bichinho que anda rastejando pelo chão não é papinha.



Postado por:Alê Félix
11/01/2003
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