O videotexto ( Post I )
O começo de toda a história
Tudo o que eu tenho vivido há nove anos se deve a um caso de polícia, que aconteceu no dia nove de janeiro de
1994.
Mas não tem como eu contar esta história sem antes contar a história do videotexto. Bom, melhor começar
falando dos tempos de fotografia, senão isso não vai dar certo…
Trabalhei como fotógrafa dos quinze aos vinte e três anos de idade. Cheguei a fazer books fotográficos, fotos de
produtos, stands, shows, fotos de casamentos, aniversários, batizados, formaturas, polaroids de bêbados e até de
funerais. Era um misto de diversão, liberdade e dinheiro fácil. Até que um dia eu enjoei daquela vida de farra e,
aos dezenove anos, inventei de mudar de vida e de profissão.
Naquela época eu mantinha um caso sem sentido com um garotinho bonito só porque era apaixonada pela turma de amigos
dele. Eu sei que é um critério no mínimo esquisito, mas eu me amarro nessas coisas de turma e ele tinha uns amigos
que animavam um quarteirão inteiro. De longe, aquela era a melhor turma do mundo. Foi amor à primeira vista e eu fui
obrigada a manter os beijos esporádicos no garoto.
Na verdade, tinhamos uma relação subentendida. Não haviam cobranças e nem muita discussão sobre o assunto. Eram
festas de mais e não sobrava muito tempo para pensar na relação desastrosa que mantínhamos… Festas e noites de
farra no Tombaqui (um bar na Vila Madalena onde nos encontrávamos de segunda a segunda).
Naquela época, fotografar me dava o conforto de não ter horários, trabalhar muito pouco, ganhar bem e levar a vida
louca que eu levava.
Minha história com o bonitinho não durou muito. Ele se tornou um bom amigo e eu conquistei os amigos dele. Não
haviam mais motivos que justificassem alimentar uma idéia de compromisso que nenhum dos dois queria. E tudo teria
sido muito simples se eu não fosse tão nó cega…
Com dó de dizer as coisas que eu deveria ter dito, optei por transformar a decisão em um épico de sofrimento e
acabei fazendo o maior drama para terminar o namorico. Encenei tão bem que acabei sofrendo de verdade! No dia
seguinte, depois de uma noite inteira sem dormir, me mandei para a rodoviária do Tietê. Sem dar explicações e com a
promessa que eu entraria em contato, peguei um ônibus sem destino e só voltei para São Paulo depois de ter sido
picada por todos os insetos sanguessugas da Chapada dos Guimarães e do Pantanal.
Voltei para casa doente, com uma crise alérgica que me impediu de falar, comer e beijar na boca por três semanas.
Tempo suficiente para que eu repensasse minha vida e desse um tempo de toda aquela porra-louquice de vida que eu
levava.
Com a relação devidamente terminada e uma jornada de quase dois meses viajando pelo país, acordei com o cheiro de
café na cozinha de minha mãe e abri o jornal decidida a arranjar um emprego e aderir à vida normal. Precisava acabar
com as farras que atravessavam as noites de sono que eu não tinha, precisava dar um tempo dos amigos e dos amores
que me faziam perder o juízo. Precisava de patrão, horários fixos e férias uma vez por ano e não todos os dias.
Mas o que eu poderia fazer? Trabalhar de quê? Pra ganhar quanto?



————————————>>> Continua.



Postado por:Alê Félix
09/01/2003
1 Comentários
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Nicky

julho 22nd, 2004 às 4:43

Alessandra.
Agora que sei que é quem eu estava pensando, comecei a ler a Historia do Videotexto, mas não sei como continuar.. Um
link me levou para o post I, mas e para ir para o II, III, etc?
Bjs para voce, e abraços ao Rubens


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