Definitivamente não vejo mais graça no processo político brasileiro e mundial.
Acho digna a vitória do Lula, acho o Bush uma mula patética. E, assim como o Caetano, acho o Bin Laden um homem
bonito. Penso sobre os fatos, concordo, discordo, observo, converso, entro em discussões, mas não me pega mais.
Eu lembro de ser uma menina apaixonada por política e cheia de crenças de que este era o caminho para as mudanças no
mundo. Aos quatorze anos já estava envolvida com movimento estudantil, grêmio livre, UJS, PC do B e o escambau a
quatro. Tudo bem que aqueles eram os únicos lugares freqüentados por meninos interessantes, mas eu gostava de
verdade de política; eu acreditava.
Fiz amigos, me apaixonei pelos meninos politizados, vi eles crescerem e alguns deles ganharem e abusarem do pouco
poder que conquistaram.
Foi me embrulhando o estômago ver ideais se transformarem em rebeldia burra e oportunista.
Quando a Globo (depois de ter colocado o cara lá) e o Congresso quiseram tocar o psycho do Collor da presidência, os
famosos caras pintadas acharam que era mérito deles o impeachment. Eu me recusei a participar daquela cabulada de
aula generalizada mesmo achando que os fins poderiam justificar os meios, que bem ou mal era um momento histórico,
que os amigos estariam lá, que eu poderia estar enganada, que na pior das hipóteses seria divertido… Mentira! Eu
não podia enganar a mim mesma. Estavam todos sendo manipulados. Todos.
Ai, vem o Lula, ganha as eleições e o Brasil inteiro (o mesmo Brasil que odiava o PT na época que eu torcia por ele)
decide vestir a camisa vermelha. Uma puxação de saco sem critério algum. Gente como Maluf, ACM e Quercia de mãos
dadas com o PT e todo mundo achando normal. “Esta é a Sua Vida” do Lula, estrelas em todos os peitos e festa com
direito a “Parabéns pra Você” na avenida Paulista no dia da vitória.
Eu, na frente da TV, de madrugada, ao vivo, pensando: Não me emociono mais com política. Caralho, quando foi a
última vez? Acho que foi com a Fafá de Belém na época das diretas. Mas eu era tão nenê. Mas é preciso ser nenê para
se emocionar com política. Envelheci. Foi a primeira vez que me senti realmente envelhecida. Senti as rugas da alma,
a flacidez das crenças e o poder do tempo. Deu uma tristeza estranha, uma falta de sentido.
Semana passada, fui assistir Revolution OS. Um documentário sobre a trajetória do Linux, GNU e todo o movimento a
favor do software livre. Quarta-feira, 4 horas da tarde, na Sala UOL e o cinema lotado. Não era pra menos. Richard Stallman me fez lembrar que eu apenas mudei o foco da minha fé no mundo. E como disse o
meu homem sábio de plantão: O caminho político é um caminho velho. As mudanças virão de outros lugares.



Postado por:Alê Félix
05/11/2002
1 Comentários
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Marianne

janeiro 10th, 2004 às 20:07

Nossa anos de militância política não te ajudaram em nada… que desinformação! O PFL nunca esteve ao lado de Lula.
E daí que um 52 milhões de pessoas resolveram entender que o PT nesse momento era o melhor caminho?? Você é daquelas
que fica do contra quando a maioria está a favor e só por isso? Fala sério…..


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