Há quem diga que os livros custam caro por conta das editoras, mas acredite, não é este o motivo. Livros são caros porque o custo de produção é
realmente alto, porque as tiragens aqui no Brasil são ridículas (tiragens iniciais 500/3000 exemplares) e porque existem vários profissionais
envolvidos e remunerados até que o livro chegue nas mãos dos leitores.
Se um livro é posto à venda nas livrarias por R$30,00 (preço de capa), no mínimo metade deste valor (50 a 55%) fica com o comércio (livraria 40% e
distribuidora 15%). O resto é dividido entre: autor 10%, gráfica 15%, impostos 5%, editora 20%. A editora é responsável pelo pagamento dos 15% da
gráfica, 10% do autor, impostos e, dos 20% restantes, são subtraídos os valores de edição, transporte do livro até as livrarias e distribuidoras (em
alguns casos) e divulgação. É assim que funciona e é assim que todos tentam reverter notícias como esta. Dá pra fazer diferente? Dá e as editoras pequenas sobrevivem tentando,
mas é complicado. Dia desses eu conto mais…
– Olá! Quanto tempo, criatura!
– Tudo bem com você?
– Tudo! E contigo?
– Ah, mais ou menos…
– Por que mais ou menos?
– Minha namorada… não estamos muito bem.
– Aconteceu alguma coisa? Algo que eu possa ajudar?
– Não… nada grave. É que ela fez aquela cirurgia de redução do estômago e agora está se achando.
– Anh?
– É… sabe como é, né? Ex-gordo é uma desgraça… Aliás, foi você que me disse isso uma vez.
– É possível… Ex-gordo fica realmente uma coisa eufórica. Mas é na boa… é uma mudança boa.
– Boa pra quem? Pra mim não está nada bom. E não há nada de eufórico nela. A mulher perdeu a vontade de tudo! Não quer mais saber de comer, nem de
dar, nem de nada!
– Iu! Será que todos os tipos de fome vêm do estômago? Iu! Logo agora que eu estava seriamente tentada a fazer esse raio de cirurgia você me dá uma
notícia dessas? E eu preocupada se morria ou não morria… Se é pra perder a vontade de comer, dar, receber, dar, dar com freqüência… não vale a
pena.
– Pensa bem… pensa bem… quem avisa amigo é. Já se foram vinte quilos e eu ainda estou na secura.
– Vinte quilos e nada?
– Nada.
– Mas precisa ver se o problema aí é a fome ou a comida, hein…
– Não… não pode ser. O que há de errado comigo?
– Só falei por falar…
– Será?
– Vai saber?
– Não… acho que não.
– Sabe como é, né? Quanto mais segura a pessoa é, maiores as suas exigências. Se ela não era uma gorducha liberta, vai querer se libertar agora, meu
querido.
– Será?
– Ah, vai! Ah, se vai… E tomara que o problema seja realmente você, porque senão quem vai ficar com cagaço de fazer essa cirurgia sou eu.
– Vira essa boca pra lá!
– Vira você a sua!
– Mas você já marcou?
– Não, não… Pensando, só pensando.
Alguém aí já fez essa cirurgia e perdeu outros tipos de fome? Queria detalhes. Tipo de cirurgia, quanto tempo sem fome de cutuco, se mudou alguma
coisa, se sarou, como sarou ou se o problema é a comida mesmo.
Piada! Isso só pode ser piada! Onde estão as câmaras? Uma estrela ninja e um anel de doce no mesmo dia? Só pode ser piada! Eu falei pra aquele
moleque guardar a estrela ninja… Será que ele não viu que deixou ela aqui? Ah, quer saber? Dane-se. Dane-se a aliança falsa, dane-se a estrela
ninja do tataravô, dane-se tudo.
– Moço! Ei, moço! Tem um telefone que eu possa usar?
– Tem… Ali do lado, naquela porta azul. É só entrar e subir a escada.
– Ok, obrigada. Depois que encher o tanque o senhor pode trocar o óleo pra mim?
– Pode deixar.
– Obrigada.
Entrei, subi a escada caracol e tirei o fone do gancho…
Atende, atende…
– Alô.
– Dona Glória?
– Ela.
– Oi, é a Alessandra. Tudo bem com a senhora?
– Tudo, querida! Quanto tempo…
– É verdade… A senhora está bem?
– Melhor impossível, minha filha… Estou vivendo um sonho.
– Que bom… E como foi o casamento?
– Divino! Até o tempo ajudou. Uma pena você não ter ido…
– Mas a senhora decide casar na Calábria, dona Glória! E logo agora que eu tenho batido cartão.
– Sim, querida… eu sei. Mas sentimos a sua falta. E você? Como está?
– Estou bem… E as fotos? Já ficaram prontas?
– Ainda não, mas assim que ficarem, conto com o seu talento para me ajudar a montar o álbum.
– Claro! Pode me chamar. Estou com saudade da senhora.
– Eu também querida, eu também… Mas venha aqui em casa antes disso.
– Assim que der eu vou. Estou louca pra saber detalhes da viagem. E a Marilu? Voltou com a senhora ou decidiu dar a volta ao mundo?
– Voltou. A contra gosto, mas voltou. Está aqui. Só um minuto que vou chamar.
No telefone, eu ouvia distante as mesmas vozes de tantas outras vezes. Dona Gloria não envelhecia – nem na alma, nem no timbre da voz. Marilu dizia
que era devido à sua capacidade de arranjar um marido a cada dois anos. Talvez ela tivesse razão. Gloria X, como ela mesma se nomeava para explicar
que seu sobrenome era uma variável que dependia do marido da vez, era tudo que eu queria ser quando crescesse: bonita, independente e sensata o
suficiente para terminar suas relações antes que elas se transformassem em rugas. Glória foi casada com o pai da Marilu por anos, viveu o maior
inferno de sua vida, ficou viúva e, seis meses depois, casou novamente. Todos a acusaram e se recusaram a enxergar que aquela decisão não era uma
traição ao marido morto, mas uma tentativa desesperada de ser feliz. Ninguém foi; nenhum parente, nenhum velho amigo. No altar, em uma capela simples
próxima de sua casa, Glória e o segundo marido celebraram sua união. Eu, a Marilu, o Kiko e o Ivo fomos as únicas testemunhas da cerimônia mais
bonita e verdadeira que presenciaríamos – um casamento sem flores, mas com verdades que guiariam nossos corações para sempre.
Infelizmente ou felizmente, o segundo casamento durou dois anos. O terceiro, quase acabou na lua de mel, mas o sujeito era ator, fez o maior drama e
implorou para que ela usasse o seu sobrenome por mais um semestre. Ela bem que tentou, mas se apaixonou perdidamente por um italiano de sobrenome
impronunciável. O italiano ficou, o ator foi embora com promessas de suicídio e, pela quarta vez, dona Glória se vestiu de noiva. Um vestido mais
sóbrio do que o das outras vezes, mas que, segundo ela, não conseguiu esconder a alegria que ela sentiu ao se tornar a feliz proprietária de um
sobrenome difícil de ser pronunciado. Sempre achei que aquela história dos sobrenomes era o jeito floreado que ela encontrava para incrementar o
simples “Silva” que ganhou quando nasceu. E talvez fosse… dona Glória era, acima de tudo, uma mulher de espírito leve. Dizia sempre que os seres
humanos davam importância demais para a vida a dois, que o casamento devia ser somente um adicional para nossa satisfação pessoal e que nunca, de
forma alguma, deveríamos casar com alguém que não nos oferecesse uma grande amizade. Ela dizia que casar era um processo que tinha tudo para começar
como um conto de fadas e acabar no hospital. E que ela, depois do primeiro marido, tornou-se uma especialista em tratamentos preventivos. Sua regra
era clara: separar antes de doer pela terceira vez.
A longa espera para que a Marilu atendesse o telefone, nunca havia sido tão reconfortante como naquele dia. Ouvir a voz da Glória, saber da sua
alegria, do seu quarto casamento e lembrar dos seus preceitos, davam como certa a minha decisão de romper com aquele noivado estúpido.
– Hello, darling!
– Caralho, Marilu! Duas horas pra atender o telefone.
– Eu estava no banho… Minha mãe devia ter avisado você.
– E como foi a viagem?
– Noites e noites de festa… um paraíso!
– Quantos?
– Um “C”, dois “B” e um “A”.
– “C”? Você vai até a Itália pra ficar com um “C”?
– “C” na Itália é B+, querida.
“A” eram os garotos que precisávamos de qualquer jeito conhecer biblicamente, “B” aqueles que teríamos um imenso prazer em conhecer, “C” os
conhecíveis, “D” conheceríamos após uma boa dose dupla de qualquer coisa com alto teor alcoólico e “E”, aqueles que não davam pra encarar de jeito
nenhum.
– Vai ficar em casa?
– Não. Marquei com os meninos de encontrá-los no Tombaqui. Onde você está? A ligação está estranha?
– Em um posto de gasolina… Acho que vou com vocês. Preciso urgente de uma rodada de tequila.
– O que aconteceu?
– Acabei de ter o pior dia da minha vida… Ganhei uma aliança falsa de um noivo que não me interessava levar para o altar e uma estrela ninja de um
locutor de rádio mirim.
– Anh?? Você voltou a misturar vodka com anfetamina? Que história é…
– Ô, dona! Tá achando que eu sou dono da Telesp?
Olhei da janela pra confirmar se o esbregue que vinha do lado de fora era mesmo pra mim…
– Já vai, já vai!
“Dona”… Desde quando eu tenho cara de “dona”? Gente estressada! Não fiquei nem meia hora…
– Marilu, tenho que desligar. Passo aí daqui a pouco.
– Combinado, dona Alê!
———————>> Continua.
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Endereço do homem do balão: www.airadventures.com.br
Pronto! Agora parem de me cobrar detalhes sobre o vôo porque quem andou foi o meu pai e a minha sogra. O que eu posso dizer é que o passeio dura uma
hora, depois do pouso rola um café da manhã em uma chácara maneira e a brincadeira custa R$250,00. Maridon pagou com gosto cada centavo do presente
que deu pra mãe. Já a minha parte eu fiz permuta. 🙂 Mas é porque eu tenho sempre muitos espelhinhos coloridos na manga.
Das pessoas que me apresentaram originais, desde que eu inventei de publicar novos
autores, dois abriram suas próprias editoras e também estão dispostos a publicar novos nomes além deles próprios. O que parecia uma idéia
inovadora em mil novecentos e noventa e nove – quando eu, maridon, Hugo
e Jaime abrimos a Gênese, hoje é a última moda na junta comercial e eu acho ótimo que seja
assim.
Se as editoras não te querem, publique seu livro você mesmo. Ok, ok, você só quer escrever? Eu entendo. Então, agora, além de poder mandar seus
originais para a Gênese ou para a Candide, você pode experimentar a Churros
Editora também. Sim, isso mesmo: “Churros Editora”. Uma mega empresa que contará com os super poderes do Mr. Manson do Cocadaboa. Eu tentei
persuadi-lo a largar o Vela e a manter sua palavra comigo, mas não teve jeito. E pensar que eu quase financiei aquela viagem… Ainda bem que meu
saldo bancário estava negativo, senão teríamos que disputar blogueiros-advogados a tapa para resolver a pendenga – se bem que eu e o Manson já temos
problemas demais com a justiça. Acho que acabaríamos resolvendo a questão em uma disputa de UÓR (não, eu não escrevi errado. Um dia eu explico),
regada a cerveja.
Meninos, boa sorte e contem comigo. Encontro vocês na Mercearia e a Paula no Na Mata.
Ah! Antes que eu esqueça, se você está lendo este post e a sua mente perturbada está achando que ele é um post pretensioso, irônico ou qualquer outra
estupidez do tipo – considere-se mandado à merda com todo o carinho e respeito. Eu incentivo a concorrência. E não sou do tipo que fala mal do
pãozinho do vizinho para vender o meu. Não é a minha praia e nunca será. Se há uma coisa que eu faço na vida é tentar me manter no extinguível grupo
das pessoas que, quando não podem ajudar, fazem o possível e o impossível para não atrapalhar.
No mais, faço das palavras da Paula as minhas: livro não é como sabão em pó (espero que a frase esteja certa porque eu tenho uma grande vocação para
Vicente Matheus). E, se tudo der certo, em breve o pessoal do Cabeza Marginal também terá
seu próprio selo. Porque quanto mais gente boa, corajosa e talentosa no mercado, melhor.
Quanto a mim? Estou pensando seriamente em abrir uma livraria com cyber-café e espaço para lançamentos. Uma livraria com redes para leitura, um
grande puf verde oliva e comunitário e um mezanino bacana para o escritório da editora. Vou passar o dia no puf, lendo e vendendo esse povo. Ah, se
vou…

Cansei do verde escritório, das imagens grandes, dos posts gigantes… eu estou insuportável. Acho melhor eu transformar isto daqui em um fotolog até
passar.
Rio de Janeiro – 06/05, no Ateliê Culinário do Odeon BR, a partir das 19h;
Brasília – no Carpe Diem, data e horário a confirmar
São Paulo – 27/05, no Na Mata Café, a partir das 20:30h. Para quem quiser esticar comigo, rola show do Leo Jaime depois, às 23:30!
Curitiba – 17/06, no Bar Brahma, a confirmar
Paraty – durante a FLIP, em algum dia entre 07 e 11/07 (a confirmar), no Casarão do Cunha.

A internet tem sido o território mais adequado para desenvolverem produtos capazes de retratar o perfil desta geração.
Eu achava que o kit ego estava completo depois da invenção do Blog, sistema de comentários e do Fotolog, mas faltava o Orkut. Ah, o Orkut… O Orkut é a fogueira das vaidades. E o que me diverte é ver que Larry Page e Sergey Brin (donos do Google e
do Orkut – se é que alguém aqui não sabe), entendem de seres humanos tanto quanto entendem de computadores. Agora, eles sabem o que as pessoas
querem e sabem também quem elas são. Digno de aplausos.
O que me surpreende – por mais óbvio que fosse – é ver que o descaso geral para responder cadastros e questionários desaparece rapidamente quando
existe a possibilidade de se exibir e, quem sabe, arranjar uma meia dúzia de fãs.
Vaidade, vaidade… ah, que merda que é essa nossa vaidade.
Enquanto isso, eu que fui parar naquele treco há poucos dias, confesso que já enjoei. Todas as minhas manifestações por lá me deram tontura e grande
parte das comunidades também. Deletei tudo. Vou deixar o que restou de enfeite.
Os orkuteiros (há exceções), assim como uma boa parte dos escritores made in internet (há exceções), me fazem lembrar de uns moleques podres
que estudaram comigo em um colégio podre, no qual eu fui obrigada a freqúentar nos últimos seis meses do colegial.
Eles tiravam o pau pra fora no meio da quadra e se divertiam falando um do pau do outro para quem quisesse ver e ouvir. Ficavam o tempo todo falando
de seus dotes e fazendo comparações para saber quem tinha o pau maior. Era triste, mas, como todos os bons idiotas do planeta, eles se achavam do
caralho.