Noticia boa e um orgulhão danado desse menino.



Escrito pela Alê Félix
26, fevereiro, 2007
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Tô bem, tô feliz, tô em Brasilia. A preguiça pós-carnaval tá passando, já já eu volto a escrever.



Escrito pela Alê Félix
26, fevereiro, 2007
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Para alguém que fugiu de casa aos três anos de idade, eu devia estar satisfeita com o que colho… Não estou. Odeio mentir. Eu minto. Falo um monte de bobagem que não é, nem de longe, o que sou quando estou quietinha no meu canto. Mesmo assim eu digo… Digo o que for preciso para afastar pessoas, não me machucar… mais. Eu sei… Deve ser difícil enxergar que por trás dessa verborragia idiota existe um silêncio cortante. Mas será que ninguém percebe que estou exausta, que cansei de cuidar de tudo e de todos? Que às vezes eu preciso que cuidem de mim sem cobrar honorários? Dane-se que não permito! Qualquer pessoa com o mínimo de dignidade deveria oferecer resistência algum tempo. Por que nessas horas é tão fácil ouvir o que digo? Por que é tão difícil ver que minha guarda é de papel e que eu sorrio quando ela cai de assopro? Por que ninguém me ignora e me abraça quando brigo só pra poder chorar? Do que são feitas as relações afinal? De presentes ou atitudes? De sugestões ou omissão? De mãos estendidas ou pés para trás?
Cansada… Queria saber quem é de verdade e quem é de mentirinha nessa minha vida. Cansada de implorar por respostas que acalmem meu coração. Não, o que você sente não é amor… O nome disso é vaidade. É gostar de gostar, não é gostar de alguém. Que merda… Quem sou eu pra te falar de amor e condenar sua vaidade? Não quero mais que pensem que sou o que digo que sou. Odeio essa casca… Como me livro dela? Não quero mais… Quero abrir a porta do quarto, não quero mais tantos portões, quero a casa cheia de novo…
Preciso ficar aqui. Amanhã não sei… Mas, hoje, eu não vou fugir.



Escrito pela Alê Félix
14, fevereiro, 2007
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Demorei, mas não aguentei. Tá cru ainda, mas abri antes de deixar pra amanhã mais uma vez. Em contrução, mas aberto: Morgando no Sofá.



Escrito pela Alê Félix
14, fevereiro, 2007
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Não guarde mágoa de um final mal escrito. Fui sua amiga, amiga e amiga… Sempre. Você me ensinou a abraçar, eu te ensinei a voar. Não me ignore depois de tantos sorrisos, do nosso tanto de beijo verde. Reinvente minha culpa, rescreva nossa história quando achar conveniente, mas não me diga que esqueceu as tardes de chuva. Não finja que o tempo não passou ao me encontrar por acaso na rua… Não há paixão sem uma dose de lágrima, não há choro apaixonado que mereça uma vida inteira. Não minta somente para me manter distante. Eu só queria dividir lembranças… Mostrar que já sei abraçar demorado, saber por onde você tem andado. Não finja que o tempo não passou… Me deixa saber que num pedacinho bom da sua memória, você ainda sorri quando me estende a mão. E me perdoa… Porque sem perdão a gente não voa.



Escrito pela Alê Félix
8, fevereiro, 2007
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Para gostar um pouquinho mais das pessoas desse mundo.



Escrito pela Alê Félix
6, fevereiro, 2007
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Big Brother, pra ser bom, precisa ser composto de grandes personagens e suspense. Infelizmente, o povo brasileiro tem o hábito de vingar suas frustrações nas votações do programa, em vez de se divertir com ele. Parece que ninguém vê que quem alimenta e expõe a grandeza de um mocinho é o vilão. Enredo bom, meus queridos, não é só mérito do cara legal. Lembrem-se das novelas, pelamordedeus! Dos livros! Dos filmes!
Hoje em dia, lembramos com carinho do Sinhozinho Malta, mais do que do próprio Roque Santeiro. O que seria do Jean, se não fosse o Rogério na edição do BBB5? Foi o Rogério que levou o país a torcer para o Jean, mais do que para a seleção brasileira de futebol na última Copa. Cinderela seria só mais uma loira adotada, se não tivesse a madrasta que teve. Darth Vader morre mocinho no final, Coringa mostrava para nós que as diferenças entre ele e o Batman eram muito menores do que as semelhanças. Professor Moriarty e Sherlock Holmes eram tão igualmente geniais que ficava visível a admiração que um nutria pelo outro. Lex Luthor está fazendo muito mais sucesso em Smallville do que o bonitinho do Superman. Vi muita gente que ignorava questões políticas, passar a discutí-las depois de ser apresentada aos porcos de George Orwell em Revolução dos Bichos. Que garota dos anos oitenta não desejou ser tão sedutora e engraçada como a Mulher Gato interpretada por Julie Newmar? Quem nunca sentiu atração por um desafeto? Quem nunca fez sexo de reconciliação? Nada me tira da cabeça que Jesus Cristo percebeu nossa humana necessidade de odiar o vilão para imortalizar o mocinho, e tramou com Judas a traição que daria peso às suas palavras. Deus e o Diabo! Precisamos deles tanto quanto de água, pão e vinho. É a vida, é o que faz a fila da bilheteria crescer.
Espero que as pessoas se toquem, optem pelo melhor vilão e garantam a nossa diversão nos próximos dias. Um Big Brother só de amorzinho, gente boazinha e amiguinha, mataria todos nós de catapora preta. Pensem. E não sejam tão maniqueístas. 😉



Escrito pela Alê Félix
5, fevereiro, 2007
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Como é que eu pude esquecê-los durante tanto tempo? Lembro que aconteciam na época que minha avó me obrigava a lavar a louça alegando que tarefas domésticas construíam o caráter. Ela tinha razão, mas eu odiava ter que arrumar as coisas… Talvez, por isso, tenha sido naquele período que os sonhos com a moça da banheira começaram.
Na verdade, eles aconteceram poucas vezes. Lembro da sensação de bem estar ao acordar, lembro de permanecer na cama, apertar os olhos e agarrar o travesseiro na tentativa de não deixá-los escaparem da memória.
Tentava reconhecê-la… Ela, a moça dos sonhos, parecia um pouco com minha mãe, tinha algo das minhas tias, mas era dotada de uma mistura de traços que a tornava filha de todos nós. Gente grande que era, ela passeava de roupão de banho por uma casa arejada e com cores de madeira. Era um sonho bom e recorrente onde eu acompanhava sua rotina, seus dias, seus pés de lã atravessando a cerâmica vermelha e encerada da cozinha.
Pela manhã, uma senhora de olhos indianos preparava um café com cheiro de família… Um perfume a vapor que dançava pelas frestas das venezianas. No centro da casa, um banheiro tão grande que dava pra morar nele. Uma cama bem grandona com lençóis que deslizavam no corpo só pra ela… De vez em quando, só de vez em quando, pra ela e para o namorado.
Perdida em uma nuvem quente e acolhedora, eu e minha infância seguíamos o pingotear do chuveiro sobre uma banheira branca e a espiávamos cochilando abraçada pela espuma. Era um sonho bom… A dela, uma vida boa. A minha, espera e impaciência. Eu só queria crescer logo, queria parar de contar os dedos do futuro.
Acordei hoje de madrugada e fui até a varanda. Não consegui mais dormir. Estendi a espreguiçadeira e deitei sobre o relento a espera de um amanhecer qualquer. Tempo nublado… O dia clareou cinza e sem raios de sol. Na tentativa de aquecer a alma, saí pra caminhar.
Ladeiras, ladeiras e ladeiras… Quase dez anos morando aqui e só agora percebo o quanto gosto dessas ladeiras e ruas tortuosas de paralelepípedo. Paralelepípedo?
Dia desses, voltando de uma viagem, o carro não trepidou ao dobrar a esquina. Ladeira abaixo, percebi no horizonte a faixa de piche que se estendia onde antes eram pedras. Foi uma sensação estranha, mas as lembranças da viagem anulavam meus questionamentos cotidianos.
Meus medos me assombram até vestidos de piche… Antigamente devia dar pra ver o bairro todo daqui.
Do alto de uma das ladeiras, lembrei dos sonhos que eu sonhava quando era garotinha, olhei pra minha casa…
A moça da banheira era eu esse tempo todo. Eram sonhos de um futuro que eu desejava mais do que presentes de Natal e não os reconheci quando eles chegaram. Agora, agora meu bairro está mudando e eu me recusando a mudar. Agora quero parar o tempo, quero café, banho de espuma, quero ajudar a menina de olhos indianos com a louça e saborear em paz as manhãs de café… Não era a vida de alguém que eu guardava no meu travesseiro de arco-íris, aquele era o meu próprio pote de ouro.
Antes de voltar pra casa, parei na padaria pra comprar pão quente e café moído na hora. Feliz por perceber que eu vivia a vida que sonhei quando menina. Uma sensação boa me dizendo que, agora, eu sabia onde estava. Aquela era minha casa, meu porto seguro, não havia o que temer, nem motivos para acelerar o tempo. Dei bom dia para os vizinhos, sorri para pessoas que eu mal via passar…
– Você mora ali perto do antiquário, não mora?
– Moro sim…
– Em cima da mecânica?
– É…
– O pessoal da construtora já foi lá negociar com vocês?
– Que construtora?
– Xi, minha filha… Não lembro o nome. Mas eles estão comprando todas as casas aqui desse quarteirão. Vão construir um grande empreendimento imobiliário.
– …
Sai da padaria e voltei pra casa. Fiquei um pouco no portão olhando o vazio do começo da manhã e imaginando que em poucos anos aquela cena de bairro seria transformada diante dos meus olhos. Ou longe dele…
Das pedras ao piche… Quanto tempo será que eu tenho? Pra onde eu vou agora? Eu devia ter percebido que era hora de mudança, que essa batalha de resistência e pressa é batalha perdida… Como é que se aprende a prestar atenção nos sinais que a vida dá pra gente?
Abri a porta, subi degrau por degrau e voltei para o meu roupão de banho enquanto a água quente acumulava na minha banheira…
Minha? O que será que é realmente nosso nessa vida?
Dei uma volta arrastada pelos cômodos da casa. Abri as janelas, segui até a cozinha. Pilha de louça sobre a pia, seis horas da manhã… Cedo demais pra acordar, tarde demais pra fechar os olhos.
– Bom dia!
– Bom dia…
– Ué! O que aconteceu? Você lavando louça!?
– É… Tentando remendar as coisas.



Escrito pela Alê Félix
2, fevereiro, 2007
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