Maridon e eu conversando esses dias:
– O que se sabe sobre Sócrates foi escrito por Platão. Ele levava uma vida de mendigo, achava que discutir as
idéias era a melhor forma para se chegar a verdade. O povo o considerava a pessoa mais sábia entre eles.
– Ainda bem que ele não casou, senão ele ia ver o que é discussão.
– Dizem que ele pode ter sido homossexual.
– Por que?
– Talvez, por não ter casado.
– Ah bom! Achei que ele não tinha casado porque era um homem sábio. : )



Escrito pela Alê Félix
12, novembro, 2002
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Existem duas coisas que me fazem pensar direito na vida: dirigir e andar na chuva.
Na época de colégio, adorava quando caía aquelas tempestades de parar o trânsito, só para voltar a pé para casa
embaixo da chuva. Quando comecei a dirigir, pegar a marginal de madrugada, muitas vezes, era a melhor parte da
noite.
Ontem, fui sozinha até a casa dos meus pais. Dirigi os quilômetros da marginal Pinheiros que separam a zona oeste da
zona sul e fui colocando os pensamentos em ordem; estava uma bagunça completa. O tempo começou a fechar, o céu
desabou, estacionei o carro na frente de casa e saí para dar uma andanda pelo bairro. Precisava tomar um pouco da
chuva que eu desejei no dia anterior.
Foi uma boa caminhada; voltei com a roupa molhada e a mente lavada. Abri o portão de casa, disse “oi” para o meu pai
e ouvi, antes de qualquer cerimônia:
– Corre para o chuveiro antes que você pegue uma gripe!



Escrito pela Alê Félix
11, novembro, 2002
Comentários desativados em Algumas coisas não mudam nunca. Que bom que não mudam.
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Escrito pela Alê Félix
9, novembro, 2002
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E ainda tem gente que não entende porque eu não quero ter filhos. Por quê eu os teria? Para criá-los, perder noites
de sono, dias de dedicação, vê-los crescer, adquirir uma personalidade estranha, escolher entre tantas profissões o
Direito, começar a namorar um
desmiolado qualquer, planejar
a minha morte e ainda por cima fazer um puta estrago nas minhas meias-calças? Nem pensar.
Prefiro dar um nó nas minhas trompas.



Escrito pela Alê Félix
8, novembro, 2002
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Minha vó é uma mulher sábia. Há muitos anos lembro dela ter dito: “Se um dia você decidir casar, case com alguém que
goste mais de você do que você dele. Caso contrário, ele vira um preguiçoso e vai te matar todo dia um pouquinho”.
Eu sempre achei engraçado mas nunca dei ouvidos.
Agora pouco, li isso AQUI. A tese da
minha vó foi comprovada. É mole? Preciso ver quem gosta mais de quem nessa casa.



Escrito pela Alê Félix
7, novembro, 2002
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Depois de ganhar o apelido de tartaruga, dar indícios de abobamento, passar anos com aquela infeliz, levar um chifre
em rede nacional, tentar dar o troco com a cabeluda do Acre e passar pelo pior pesadelo da vida de um homem (a
próstata, não a cabeluda); ele volta a velha forma.



Escrito pela Alê Félix
7, novembro, 2002
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Estou começando a acreditar no poder da mente. Para quem não percebeu ainda: coisas que eu vejo as pessoas desejarem
há anos vem acontecendo nesse país nos últimos tempos. Ou é poder da mente ou então deus é brasileiro mesmo e anda
trabalhando para que os nossos sonhos se realizem. Fatos:

  • Lula presidente.
  • Debates políticos sem grandes agressões e baixarias.
  • A Globo perdendo poder.
  • Ferro nos EUA (este desejo estava sendo transmitido com muitas variações e provavelmente deus quis usar a
    criatividade)

Alguém lembra de mais algum desejo coletivo que se concretizou nesses últimos anos? Acho que agora só falta dar
uma banana para a dívida externa e ver o burrinho do Bush errar o alvo e explodir a Argentina.



Escrito pela Alê Félix
7, novembro, 2002
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Definitivamente não vejo mais graça no processo político brasileiro e mundial.
Acho digna a vitória do Lula, acho o Bush uma mula patética. E, assim como o Caetano, acho o Bin Laden um homem
bonito. Penso sobre os fatos, concordo, discordo, observo, converso, entro em discussões, mas não me pega mais.
Eu lembro de ser uma menina apaixonada por política e cheia de crenças de que este era o caminho para as mudanças no
mundo. Aos quatorze anos já estava envolvida com movimento estudantil, grêmio livre, UJS, PC do B e o escambau a
quatro. Tudo bem que aqueles eram os únicos lugares freqüentados por meninos interessantes, mas eu gostava de
verdade de política; eu acreditava.
Fiz amigos, me apaixonei pelos meninos politizados, vi eles crescerem e alguns deles ganharem e abusarem do pouco
poder que conquistaram.
Foi me embrulhando o estômago ver ideais se transformarem em rebeldia burra e oportunista.
Quando a Globo (depois de ter colocado o cara lá) e o Congresso quiseram tocar o psycho do Collor da presidência, os
famosos caras pintadas acharam que era mérito deles o impeachment. Eu me recusei a participar daquela cabulada de
aula generalizada mesmo achando que os fins poderiam justificar os meios, que bem ou mal era um momento histórico,
que os amigos estariam lá, que eu poderia estar enganada, que na pior das hipóteses seria divertido… Mentira! Eu
não podia enganar a mim mesma. Estavam todos sendo manipulados. Todos.
Ai, vem o Lula, ganha as eleições e o Brasil inteiro (o mesmo Brasil que odiava o PT na época que eu torcia por ele)
decide vestir a camisa vermelha. Uma puxação de saco sem critério algum. Gente como Maluf, ACM e Quercia de mãos
dadas com o PT e todo mundo achando normal. “Esta é a Sua Vida” do Lula, estrelas em todos os peitos e festa com
direito a “Parabéns pra Você” na avenida Paulista no dia da vitória.
Eu, na frente da TV, de madrugada, ao vivo, pensando: Não me emociono mais com política. Caralho, quando foi a
última vez? Acho que foi com a Fafá de Belém na época das diretas. Mas eu era tão nenê. Mas é preciso ser nenê para
se emocionar com política. Envelheci. Foi a primeira vez que me senti realmente envelhecida. Senti as rugas da alma,
a flacidez das crenças e o poder do tempo. Deu uma tristeza estranha, uma falta de sentido.
Semana passada, fui assistir Revolution OS. Um documentário sobre a trajetória do Linux, GNU e todo o movimento a
favor do software livre. Quarta-feira, 4 horas da tarde, na Sala UOL e o cinema lotado. Não era pra menos. Richard Stallman me fez lembrar que eu apenas mudei o foco da minha fé no mundo. E como disse o
meu homem sábio de plantão: O caminho político é um caminho velho. As mudanças virão de outros lugares.



Escrito pela Alê Félix
5, novembro, 2002
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