A Dra. Luciana Cini, está colocando à disposição da população, vagas para tratamento de câncer. Se alguém souber de alguém que necessite deste tipo
de tratamento é só ligar para ela. São 15 vagas para pacientes com câncer de estômago, esôfago, duodeno e intestino. O tratamento é completo na
Gastrooncologia, com o Dr. Fonseca, diretor da Oncologia do Hospital Heliópolis. Se vocês souberem de alguém que tem esse diagnóstico entrem em
contato com a doutora Luciana Cini tel. (11) 9563-5430



Escrito pela Alê Félix
20, maio, 2004
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Minhas paixões desestabilizam o meu estômago. Ando com ele revirado por ansiedades, desejos e inseguranças infantis. Como posso? Como posso ainda
sentir essas dores se eu respirei o mesmo ar que essa figura todos os dias dos dez últimos anos da minha vida? Como posso pensar em separação a cada
bimestre e voltar atrás na primeira tentativa de despedida? Meu estômago voltou a doer… Não do mesmo jeito que dói quando eu sinto ciúmes ou quando
entro na paranóia de que somos amigos demais para sermos amantes. Dói de um jeito estranhamente prazeroso.
Odeio a idéia de passar uma vida inteira ao lado de alguém… É o tipo de romantismo barato que eu sempre achei tedioso, frágil e sexualmente
frustrante. Por que então, ao lado dele, morrer velhinha e de mãos dadas às dele, faz tanto sentido? Só queria saber quando é que essa paixão vai
virar só amor… Sempre vira, não vira? Pois é, não vira. Está colada ao meu estômago. É certo que ela desaparece vez ou outra, mas volta. Volta com
tanta força que se espalha pela na minha pele, meu sorriso, nos meus olhos e se perde na sonoridade das palavras que saem da minha boca. Deve ser
porque eu nunca aprendi a me apaixonar em silêncio… deve ser. Mesmo calada, mesmo sem mexer um músculo, dá pra perceber. Minha euforia é gritante
até quando minhas paixões são segredos. É terrível…
Me sinto ridícula quando escrevo sobre isto. Aliás, de uns tempos para cá, qualquer coisa que eu escrevo por aqui, faz com que eu me sinta ridícula.
Nada que me faça realizar o desejo daqueles que, covardemente, se incomodam com a existência deste blog, mas não deixo de sentir um pouco de
vergonha. Deve ser o que me restou de timidez… deve ser.
De qualquer forma, não estranhe meus posts fantasmas. Alguns navegantes já comentaram em posts que desapareceram no momento seguinte e sabem do que
eu estou falando. É mais patético do que o habitual, mas sou eu. Vou fazer o quê? Guardar como rascunho, embaixo deste meu tapete, é uma das minhas
melhores fugas. Sim, eu também sou covarde. Faço cara de má, de mulher maravilha e de espertinha, mas gaguejo e tropeço toda vez que me estendem a
mão, pedem a minha ajuda ou me olham com carinho. Não sei me aproximar das pessoas, não sei retribuir amor, não sei chorar no ombro. Não por egoísmo,
mas por falta de habilidade. Pessoas sempre me pareceram cristaleiras e eu sou estabanada demais para não causar estragos. Prefiro manter distância,
fingir que não vi, que não é comigo… Cada um a seu modo, acho que todos somos covardes. O meu se resume em esconder sentimentos ou mostrá-los
depois de muito me torturar e morrer de vergonha no momento seguinte. É isso.
Pior de tudo é que eu encanei que declarações de amor em blog dão tanto azar quanto as declarações de amor da revista Caras. Publicou, mais cedo ou
mais tarde rola um estresse. É batata, mas foda-se. Não dou um mês pra gente brigar, pensar novamente em separação ou simplesmente achar que tudo não
passou de um terrível engano, mas foda-se. Estar perdidamente apaixonada, mesmo quando é pelo próprio marido, é assim mesmo. Se eu quisesse uma vida
só de amorzinho mixuruca, sem paixão, sem montanha russa e desses que no segundo ano a gente já está dizendo que não é mais a mesma coisa do começo,
teria casado com o clone.



Escrito pela Alê Félix
19, maio, 2004
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Ainda bem que a Mercearia é aqui do lado de casa… Puta frio que está nessa cidade. Pra quem não vai, o livro do Manson pode ser adquirido aqui.
Dia 18 de maio – amanhã – a partir das 19horas.
Mercearia São Pedro: Rua Rodésia, 34 – Vila Madalena (fone 11 3815-7200).



Escrito pela Alê Félix
17, maio, 2004
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Eu achava que motel era só um hotel pequeno; culpa do meu pai, claro! E, se não fossem as boas influências da pré-adolescência, eu teria acreditado
na versão dele por muitos e muitos anos…
Quando eu perguntei a diferença entre um e outro, ele, como um bom pai de uma filha de sete anos, me contou que motel era a mesma coisa que um hotel,
só que sem área de lazer. Disse que os hotéis eram construídos para hospedar famílias e que os motéis não tinham nem parquinho e nem mesa de
ping-pong…
– Nem parquinho, nem ping-pong? Que burros! Vão falir, pai!
– Quem te ensinou o que é falir?
– O seu Joaquim da banca de figurinha…
– Por que ele disse isso?
– Porque eu sempre compro os envelopes com as figurinhas premiadas.
– Compra com que dinheiro?
– Com o dinheiro do meu cofrinho, com o que o vô dá e com o dinheiro dos bolinhos de chuva.
– Que bolinhos de chuva?
– Ai, pai… você não presta atenção em nada, mesmo. Os bolinhos de chuva que a vó me ensinou a fazer e que eu não deixo ninguém comer.
– E o que você faz com aqueles bolinhos?
– Vendo tudo, oras!
– Pra quem?
– Um monte de gente…
– Que monte?
– Ah! Pra todo mundo da escola nova que abriu na rua de cima.
– O que? Como assim, menina?
– Pai, você é tão desligado… Na hora do recreio, pai! A escola ainda não tem cantina e aí eu pensei que muitas crianças devem esquecer a lancheira
em casa… Eu coloco os bolinhos em uma travessa, vou até o portão de grade da parte debaixo da escola e todo mundo compra os bolinhos porque estão
todos com fome.
– Compraram os seus bolinhos?
– Claro! Quentinho, gostosinho, docinho… E os moleques lá da rua me ajudaram.
– Que moleques?
– O Tito e o Rafa…
– É mesmo? E eles ajudaram fazendo o quê?
– Eu disse que daria dez dadinhos pra eles se eles pulassem o portão e avisassem os alunos que os bolinhos de sol e chuva estavam sendo vendidos no
portão de grade…
– Bolinho de sol e chuva? O nome não é bolinho de chuva?
– É, mas o meu é de sol e chuva. Assim as pessoas compram independente do tempo. Entendeu?
– Hum… sei. E os meninos aceitaram ajudar só por dez balas?
– Claro! Não são balas, são dadinhos! E por dez dadinhos até eu teria ido. Além do mais, eles só precisam gritar.
– Gritar? Como assim?
– Ué, gritar… propaganda, pai… “Olha o bolinho de sol e chuva! Olha o bolinho de sol e chuva! Baratinho, quentinho e gostosinho!”
– Eu não acredito… E vendeu bem?
– Tudo! Não sobrou nenhunzinho.
– Nenhum, nenhum?
– Nadinha!
– E a senhorita gastou todo o dinheiro que ganhou?
– Gastei não, investi. Comprei os dez dadinhos que prometi e o resto foi nas figurinhas.
– Dadinhos e figurinhas… E onde está o investimento?
– Nas figurinhas, pai! Onde mais?
– O que tem as figurinhas?
– Ué, vieram premiadas. Já ganhei um monte de prêmios.
– Prêmios?
– É, pai! Ganhei um liquidificador, uma boneca, uma bola dente de leite e uma caixa com dominó e baralho. Por isso que eu sei o que é falir… O seu
Joaquim disse que se eu continuar comprando figurinhas na banca dele, com a sorte que eu tenho, ele vai falir.
– Mas se ele está vendendo as figurinhas, não há motivos pra ele falir. O dono da revista é que deveria estar preocupado.
– Não, pai… não é isso. É que toda a molecada na rua acha que eu sou a maior sortuda. E como eles sabem que eu só compro na banca do seu Joaquim,
eles deixam de comprar lá e vão comprar na outra banca. Eles acham que comprando em outra banca terão mais sorte. Entendeu agora?
– Deixa eu ver se entendi… Só você compra do seu Joaquim, tem a sorte de pegar as figurinhas premiadas e ele perde na quantidade de figurinhas
vendidas?
– Isso, pai!
– Mas era só ele dizer que a banca dele é a banca da sorte! Que não é você que tem sorte, a banca dele é que dá sorte.
– Não, pai. Isso seria mentira. Todo mundo da rua sabe que quem tem sorte sou eu, não a banca.
– E quem te disse que você é melhor que as outras crianças?
– Pai, sorte, ou a gente acredita que tem, ou não vai ter nunca.
– Menina, onde você está aprendendo essas coisas?
– Foi a dona Margarida que disse…
– Dona Margarida mulher do seu Joaquim?
– É…
– E desde quando você conversa sobre essas coisas com a dona Margarida?
– Desde quando ela começou a comprar os prêmios repetidos que eu ganho.
– Dona Margarida faz isso?
– Faz…
– Por quê?
– Porque ela diz que é bom gastar o dinheiro do marido… Principalmente quando ele sai para beber com os amigos e chega tarde em casa.
– Essa é boa… Além de espantar a freguesia, você ainda vende os prêmios pra mulher do homem.
– Mas ela só compra quando eles brigam…
– Eles vivem brigados! Você vai falir o velho!
– Ufa! Achei que não ia entender nunca…
E foi assim que eu cheguei na adolescência sabendo tudo sobre as leis do comércio, um pouco sobre temperamento feminino e nada sobre motéis.



Escrito pela Alê Félix
16, maio, 2004
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Quem quiser entrar no Orkut e precisar de um convite é só me pedir. Mas faça a bagaça direito. Coloca aqui, ou em um email, o seu primeiro nome,
sobrenome e o e-mail que deseja receber o convite. E não me torrem se a parada não funcionar de imediato. Às vezes demora muito pra chegar e há
convites que simplesmente não chegam. Se acontecer, é só me avisar depois de uma semana que eu envio o convite novamente.
É muito provável que você entre naquele treco, se cadastre e no momento seguinte tenha um milhão de dúvidas sobre o seu funcionamento. Eu gostaria
muito de ajudar, mas estou com trabalho até o último fio de cabelo e ando grossa, estúpida e ignorante (sim, eu sempre estou as três coisas juntas.
Mas é só pra te assustar melhor.).
Ok, não precisa se assustar muito. Veja pelo lado bom, mesmo mal-humorada, anti-social e antipática, estou liberando convites pra quem quiser. Não
gosto desses negócios que excluem pessoas. Mesmo sabendo que aquilo não serve pra nada e que esse papo de convite é só mais uma estratégia de
marketing. E a tonta aqui ainda cai…
Fui.



Escrito pela Alê Félix
15, maio, 2004
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Há quem diga que os livros custam caro por conta das editoras, mas acredite, não é este o motivo. Livros são caros porque o custo de produção é
realmente alto, porque as tiragens aqui no Brasil são ridículas (tiragens iniciais 500/3000 exemplares) e porque existem vários profissionais
envolvidos e remunerados até que o livro chegue nas mãos dos leitores.
Se um livro é posto à venda nas livrarias por R$30,00 (preço de capa), no mínimo metade deste valor (50 a 55%) fica com o comércio (livraria 40% e
distribuidora 15%). O resto é dividido entre: autor 10%, gráfica 15%, impostos 5%, editora 20%. A editora é responsável pelo pagamento dos 15% da
gráfica, 10% do autor, impostos e, dos 20% restantes, são subtraídos os valores de edição, transporte do livro até as livrarias e distribuidoras (em
alguns casos) e divulgação. É assim que funciona e é assim que todos tentam reverter notícias como esta. Dá pra fazer diferente? Dá e as editoras pequenas sobrevivem tentando,
mas é complicado. Dia desses eu conto mais…



Escrito pela Alê Félix
11, maio, 2004
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– Olá! Quanto tempo, criatura!
– Tudo bem com você?
– Tudo! E contigo?
– Ah, mais ou menos…
– Por que mais ou menos?
– Minha namorada… não estamos muito bem.
– Aconteceu alguma coisa? Algo que eu possa ajudar?
– Não… nada grave. É que ela fez aquela cirurgia de redução do estômago e agora está se achando.
– Anh?
– É… sabe como é, né? Ex-gordo é uma desgraça… Aliás, foi você que me disse isso uma vez.
– É possível… Ex-gordo fica realmente uma coisa eufórica. Mas é na boa… é uma mudança boa.
– Boa pra quem? Pra mim não está nada bom. E não há nada de eufórico nela. A mulher perdeu a vontade de tudo! Não quer mais saber de comer, nem de
dar, nem de nada!
– Iu! Será que todos os tipos de fome vêm do estômago? Iu! Logo agora que eu estava seriamente tentada a fazer esse raio de cirurgia você me dá uma
notícia dessas? E eu preocupada se morria ou não morria… Se é pra perder a vontade de comer, dar, receber, dar, dar com freqüência… não vale a
pena.
– Pensa bem… pensa bem… quem avisa amigo é. Já se foram vinte quilos e eu ainda estou na secura.
– Vinte quilos e nada?
– Nada.
– Mas precisa ver se o problema aí é a fome ou a comida, hein…
– Não… não pode ser. O que há de errado comigo?
– Só falei por falar…
– Será?
– Vai saber?
– Não… acho que não.
– Sabe como é, né? Quanto mais segura a pessoa é, maiores as suas exigências. Se ela não era uma gorducha liberta, vai querer se libertar agora, meu
querido.
– Será?
– Ah, vai! Ah, se vai… E tomara que o problema seja realmente você, porque senão quem vai ficar com cagaço de fazer essa cirurgia sou eu.
– Vira essa boca pra lá!
– Vira você a sua!
– Mas você já marcou?
– Não, não… Pensando, só pensando.
Alguém aí já fez essa cirurgia e perdeu outros tipos de fome? Queria detalhes. Tipo de cirurgia, quanto tempo sem fome de cutuco, se mudou alguma
coisa, se sarou, como sarou ou se o problema é a comida mesmo.



Escrito pela Alê Félix
10, maio, 2004
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Piada! Isso só pode ser piada! Onde estão as câmaras? Uma estrela ninja e um anel de doce no mesmo dia? Só pode ser piada! Eu falei pra aquele
moleque guardar a estrela ninja… Será que ele não viu que deixou ela aqui? Ah, quer saber? Dane-se. Dane-se a aliança falsa, dane-se a estrela
ninja do tataravô, dane-se tudo.

– Moço! Ei, moço! Tem um telefone que eu possa usar?
– Tem… Ali do lado, naquela porta azul. É só entrar e subir a escada.
– Ok, obrigada. Depois que encher o tanque o senhor pode trocar o óleo pra mim?
– Pode deixar.
– Obrigada.
Entrei, subi a escada caracol e tirei o fone do gancho…
Atende, atende…
– Alô.
– Dona Glória?
– Ela.
– Oi, é a Alessandra. Tudo bem com a senhora?
– Tudo, querida! Quanto tempo…
– É verdade… A senhora está bem?
– Melhor impossível, minha filha… Estou vivendo um sonho.
– Que bom… E como foi o casamento?
– Divino! Até o tempo ajudou. Uma pena você não ter ido…
– Mas a senhora decide casar na Calábria, dona Glória! E logo agora que eu tenho batido cartão.
– Sim, querida… eu sei. Mas sentimos a sua falta. E você? Como está?
– Estou bem… E as fotos? Já ficaram prontas?
– Ainda não, mas assim que ficarem, conto com o seu talento para me ajudar a montar o álbum.
– Claro! Pode me chamar. Estou com saudade da senhora.
– Eu também querida, eu também… Mas venha aqui em casa antes disso.
– Assim que der eu vou. Estou louca pra saber detalhes da viagem. E a Marilu? Voltou com a senhora ou decidiu dar a volta ao mundo?
– Voltou. A contra gosto, mas voltou. Está aqui. Só um minuto que vou chamar.
No telefone, eu ouvia distante as mesmas vozes de tantas outras vezes. Dona Gloria não envelhecia – nem na alma, nem no timbre da voz. Marilu dizia
que era devido à sua capacidade de arranjar um marido a cada dois anos. Talvez ela tivesse razão. Gloria X, como ela mesma se nomeava para explicar
que seu sobrenome era uma variável que dependia do marido da vez, era tudo que eu queria ser quando crescesse: bonita, independente e sensata o
suficiente para terminar suas relações antes que elas se transformassem em rugas. Glória foi casada com o pai da Marilu por anos, viveu o maior
inferno de sua vida, ficou viúva e, seis meses depois, casou novamente. Todos a acusaram e se recusaram a enxergar que aquela decisão não era uma
traição ao marido morto, mas uma tentativa desesperada de ser feliz. Ninguém foi; nenhum parente, nenhum velho amigo. No altar, em uma capela simples
próxima de sua casa, Glória e o segundo marido celebraram sua união. Eu, a Marilu, o Kiko e o Ivo fomos as únicas testemunhas da cerimônia mais
bonita e verdadeira que presenciaríamos – um casamento sem flores, mas com verdades que guiariam nossos corações para sempre.
Infelizmente ou felizmente, o segundo casamento durou dois anos. O terceiro, quase acabou na lua de mel, mas o sujeito era ator, fez o maior drama e
implorou para que ela usasse o seu sobrenome por mais um semestre. Ela bem que tentou, mas se apaixonou perdidamente por um italiano de sobrenome
impronunciável. O italiano ficou, o ator foi embora com promessas de suicídio e, pela quarta vez, dona Glória se vestiu de noiva. Um vestido mais
sóbrio do que o das outras vezes, mas que, segundo ela, não conseguiu esconder a alegria que ela sentiu ao se tornar a feliz proprietária de um
sobrenome difícil de ser pronunciado. Sempre achei que aquela história dos sobrenomes era o jeito floreado que ela encontrava para incrementar o
simples “Silva” que ganhou quando nasceu. E talvez fosse… dona Glória era, acima de tudo, uma mulher de espírito leve. Dizia sempre que os seres
humanos davam importância demais para a vida a dois, que o casamento devia ser somente um adicional para nossa satisfação pessoal e que nunca, de
forma alguma, deveríamos casar com alguém que não nos oferecesse uma grande amizade. Ela dizia que casar era um processo que tinha tudo para começar
como um conto de fadas e acabar no hospital. E que ela, depois do primeiro marido, tornou-se uma especialista em tratamentos preventivos. Sua regra
era clara: separar antes de doer pela terceira vez.
A longa espera para que a Marilu atendesse o telefone, nunca havia sido tão reconfortante como naquele dia. Ouvir a voz da Glória, saber da sua
alegria, do seu quarto casamento e lembrar dos seus preceitos, davam como certa a minha decisão de romper com aquele noivado estúpido.
Hello, darling!
– Caralho, Marilu! Duas horas pra atender o telefone.
– Eu estava no banho… Minha mãe devia ter avisado você.
– E como foi a viagem?
– Noites e noites de festa… um paraíso!
– Quantos?
– Um “C”, dois “B” e um “A”.
– “C”? Você vai até a Itália pra ficar com um “C”?
– “C” na Itália é B+, querida.
“A” eram os garotos que precisávamos de qualquer jeito conhecer biblicamente, “B” aqueles que teríamos um imenso prazer em conhecer, “C” os
conhecíveis, “D” conheceríamos após uma boa dose dupla de qualquer coisa com alto teor alcoólico e “E”, aqueles que não davam pra encarar de jeito
nenhum.
– Vai ficar em casa?
– Não. Marquei com os meninos de encontrá-los no Tombaqui. Onde você está? A ligação está estranha?
– Em um posto de gasolina… Acho que vou com vocês. Preciso urgente de uma rodada de tequila.
– O que aconteceu?
– Acabei de ter o pior dia da minha vida… Ganhei uma aliança falsa de um noivo que não me interessava levar para o altar e uma estrela ninja de um
locutor de rádio mirim.
– Anh?? Você voltou a misturar vodka com anfetamina? Que história é…
– Ô, dona! Tá achando que eu sou dono da Telesp?
Olhei da janela pra confirmar se o esbregue que vinha do lado de fora era mesmo pra mim…
– Já vai, já vai!
“Dona”… Desde quando eu tenho cara de “dona”? Gente estressada! Não fiquei nem meia hora…
– Marilu, tenho que desligar. Passo aí daqui a pouco.
– Combinado, dona Alê!
———————>> Continua.
Clique aqui para ler o Post I – O começo de toda a história do videotexto



Escrito pela Alê Félix
7, maio, 2004
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